Lost escrita por Gabs


Capítulo 5
V


Notas iniciais do capítulo

Olá, eu sei que parece que eu abandonei a fanfic, mas eu não abandonei ok? Eu tive muitos trabalhos e a escola anda bem cansativa, mas eu ainda sou o meu melhor tentando escrever. Espero que gostem, boa leitura!



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É tão estressante quando você pensa, pensa, pensa e pensa tanto em algo que você quer fazer, mas nada lhe vem a mente!

Passei noites em claro tentando achar algo que pudesse me dar uma luz sobre o que é isso e sobre o que está acontecendo aqui, mas surpreendentemente, não consegui pensar em nada. Parece que minha criatividade me deixou junto com minha vontade de viver.

E qual é, os caras dão aulas aqui, aulas! Na boa, se você vai me mandar pra um lugar desconhecido no meio do nada, com gente estranha que tem “poderes”, podia pelo menos tirar a aula de cálculo da minha vida também, né. Mas nãããão, com a Kate não, ela merece sofrer na aula de cálculo todos os dias do resto da vida dela.

Valeu vida, sério.

—Katherine! –a professora bateu com aquela vara maldita que ela usava pra apontar coisas em qualquer lugar, bateu bem na minha mesa. Tomei o maior susto da minha vida! –Katherine, você está prestando atenção?

—Eu... Tô. –abaixei o braço que apoiava meu queixo e o deixei esticado na mesa, tentando parecer o mais inocente quanto pude.

—Então eu deveria exibir seus pensamentos sobre a aula de cálculo para a sala toda? Já que você gosta tanto assim. –ela tirou a vara de cima de minha mesa e apontou bem para o meu rosto, eu preferia que ela me batesse com ela do que usasse-a para fazer aqueles “feitiços” estranhos comigo, ugh.

—Nãonãonãonãonãonãonão! –balancei as mãos em negação, ela não podia fazer aquilo comigo! Cadê os meus direitos?

E eu tinha me esquecido completamente que aqui não é uma escola normal, mal é uma escola, quiçá normal.

—Hum, preste atenção na próxima vez, tem sorte que estou de bom humor hoje. –a professora Alannis nos deu as costas tão rápido que chegou até a bater um ventinho na minha bochecha.

Tipo, ela não é chata, mas ela dá aula de cálculo que já não é minha matéria predileta, aí...

Isso sem contar a irmã dela, a senhorita Elena.

Aquela ali sim eu não gosto nem um pouco.

Como se já não bastasse o fato de ela dar aula de Etiqueta, ela ainda é tipo uma coordenadora.

E que tipo de escola dá aula de etiqueta em pleno século XXI?!

Eu definitivamente devo ter vindo parar no fim do mundo, não é possível.

—Katherine Williams! –a professora exclamou vindo com aquela vara maldita em minha direção, me preparei pra surra.

E o sinal bateu.

Eu NUNCA tinha ficado tão feliz por causa de um sinal em toda a minha vida!!!!!

Quase desmaiei de alívio.

Mas também, que hora pra ficar pensando no quanto eu não gosto da irmã dela, né. Eu sou burra de vez em quando.

—Com licença madame Alannis, vim levar a Katherine para a próxima aula. –Thomas tocou o ombro da professora, que congelou no lugar assim que o sinal tocou.

—Ah sim, tudo bem Thomas. Siga em frente. –ela respirou fundo e ajeitou as suas roupas sorrindo para ele.

Ele sempre conseguia amolecer os professores com esse papo de madame  e senhor  que ele jogava pra cima dos professores.

Revirei os olhos e me levantei.

—Eu sei o caminho, obrigada. –segurei meu livro e meu caderno e passei por ele, saindo da sala.

Ouvi-o respirar fundo antes de me seguir.

—Você sabe que eu não faria isso se não fosse obrigado, não sabe? –ele andava ao meu lado com as mãos dentro dos bolsos de sua jaqueta, sempre parecendo arrogante. Nem fazia questão de me olhar.

—Sei, nem por isso precisa agir como se fosse minha babá, eu já tenho 18 anos sabia? –arqueei a sobrancelha.

—Eu só fui educado. Devia me agradecer por ter parado a professora, ela parecia prestes a te bater. –me deu uma leve olhada pelo canto do olho, sem parar de agir daquela maneira, nunca. Aquilo me irritava.

—Pois devia ter deixado, preferia ter apanhado do que ter você achando que eu preciso tanto assim de você.

—Minha tarefa aqui é justamente fazer com que ninguém te machuque, então por mais que eu quisesse ver nossa professora mais furiosa batendo em você, eu não poderia. –ele deu um cínico sorriso de canto.

—Tanto faz, cadê o Max? Ele é bem mais legal que você. –cruzei os braços, estava frio. Aqui parece que o tempo nunca muda, só piora.

—Não sei, ele não apareceu nas primeiras aulas hoje. –Thomas deu de ombros.

Aposto que nem com o melhor amigo ele não se importa.

Murmurei um “uhum” e apenas continuamos andando em silêncio com Megan e Sophia atrás de nós.

O caminho até o laboratório de Química não era tão longo, mas hoje parecia não ter fim.

E por falar nisso, meu professor de química é de longe, o mais legalzinho de todos. Seu nome é Stuart, ele deve ter uns 35 anos mais ou menos e tem traços asiáticos, talvez seja chinês.

E ele foi o único que perguntou como eu estava me sentindo.

E era tudo o que eu precisava.

Não foi como se eu tivesse contado a história da minha vida para ele e chorado rios e mais rios de lágrimas, mas pude colocar em palavras toda aquela confusão, aquele desespero e aquela tristeza que estavam contidas.

No final ele disse: “entendo.”.

E por mais que fosse pouco, foi de alguma forma suficiente.

As últimas semanas aqui, já que estamos indo para a terceira agora, tem sido muito... Extremas para mim.

Respirei fundo e me recompus, ainda tinha mais uma aula até o intervalo.

—Boa aula. –Thomas comentou roboticamente assim como fazia sempre que me deixava na sala.

Ele era obrigado a fazer aquilo por mim e até aí tudo bem, já que a última coisa que eu queria era apanhar de uns caras estranhos e com poderes, mas o fato de ele deixar tão claro que de todas as coisas que ele poderia estar fazendo ele odiava estar ali, me deixava muito agoniada.

Cumprimentei o professor e me sentei em meu lugar, e até mesmo essa aula pareceu sufocante, cada minuto passou como se fossem horas.

Quando o sinal bateu indicando que podíamos sair para o intervalo do almoço todos nos levantamos tirando os óculos de proteção e os deixando nos suportes da mesa e rapidamente saindo da sala.

—Katherine, tudo bem com você? –o professor segurou meu pulso antes de eu sair da sala.

—Sim. –respondi automaticamente, rápido demais. –Só um pouco confusa, como sempre.

Ele assentiu com a cabeça e me deixou ir. Respirei fundo mais uma vez.

—Está triste? –Megan perguntou colocando seu braço em torno do meu.

—Não, a fase da tristeza já passou, agora estou apenas deprimida. –sorri de leve.

—Aw, não fique assim. Vai dar tudo certo. –Sophia disse gesticulando com as mãos para baixo.

—Eu sei que vai, mas não consigo controlar.

—Humm você não tinha que esperar o Thomas? –Megan comentou depois de olhar para trás três vezes.

—Eu não. Ele que tem que me vigiar, não o contrário. –dei de ombros.

—Você gosta de provocá-lo, não gosta? –Megan sorriu de canto, sempre maliciosa.

—Não estou provocando, e não teria graça de qualquer jeito. Ele só tem duas expressões: uma cara de funeral que ele usa sempre, e a cara que ele fez quando me ameaçou no primeiro dia. –torci o nariz me lembrando.

—Ele é bonito. –Sophia comentou fazendo com que eu e Megan a olhássemos imediatamente.

Sophia não costuma falar coisas sobre garotos ou sobre Thomas ou Max, ou sobre muitas coisas no geral, ela não fala muito.

O que ocasionou nossa surpresa, obviamente.

—Bem, ele é um pouco sim. –Megan comentou olhando para cima ocasionalmente, assim que voltamos a andar.

—Uma pessoa que tem cara de nada não pode ser considerada bonita. –comentei, não conseguia entender de onde elas haviam tirado essa beleza que eu não tinha percebido.

—Eu já o vi rindo com os amigos, ele só é inexpressivo perto de você. –Megan murmurou fazendo bico.

Agora eu entendi de onde elas tiraram essa beleza, mas ainda nunca a vi. Sempre tento aproveitar o curto tempo em que ele não está comigo sem nem olhar pra ele, tento fingir que ele nem existe, e funciona.

—Isso é porque ele me odeia. –concluí com uma expressão satisfeita.

—Ele não te odeia... –Sophia tentou me consolar, fofa.

—Ah é, aquela cara de felicidade que ele tem sempre que fica perto de mim é porque ele obviamente me ama, né. Não precisa me consolar Soph, posso viver tendo consciência do ódio de Thomas sobre mim. –levantei os braços em rendição, aquilo não me incomodava nem um pouco, pra ser honesta.

O refeitório parecia mais cheio hoje, logo percebi o porque.

Os veteranos esnobes também estavam ali aos montes, quase não havia espaço para os da minha classe.

—Kaaaaaaaate! –senti alguém me abraçar forte. –Senti falta de vocês, estava me sentindo sozinho.

Era Joshua, fofinho e animado como sempre. Mal tinha pensado no garoto depois de tudo o que acabou acontecendo.

E o fato de ele não ter aulas conosco não facilitava muito nossa comunicação.

Todos nos sentamos depois de pegar nossas bandejas e finalmente iríamos ter uma pausa quando Max veio correndo do lado de fora em nossa direção.

—Cadê o Thomas? –ele parecia desesperado, sua respiração estava descompassada e ele suava.

—Não sei, ele não foi me buscar agora. Aconteceu alguma coisa? –perguntei me virando para olhá-lo.

—Provavelmente deve estar acontecendo agora mesmo. –ele murmurou olhando para o lado de fora, suas pupilas não paravam de se mexer. Ele me encarou e disse. –Com licença.

E saiu correndo novamente parecendo ainda mais desesperado do que quando chegou.

—Ele parece desesperado. –Megan comentou.

—Parece mesmo. –Sophia concordou.

—Ele parecia estar com medo. –Joshua acrescentou olhando para os lados apreensivo. –Estão olhando para nós.

E estavam mesmo, mas não todos. Surpreendentemente apenas os veteranos babacas nos encaravam como se fôssemos culpados de algo enquanto os de nossa classe comiam como se nada tivesse acontecido.

Quase não consegui comer pensando nisso. O que estava acontecendo com Thomas? Por que eles estavam nos olhando daquela maneira e porque Max parecia tão desesperado?

Todas aquelas perguntas me incomodavam mais do que deveriam, eu já estava ficando nervosa.

O resto do dia se passou sem mais nenhum tipo de atividade estranha, as aulas foram como sempre sem nenhum professor tentando me bater e nem nada. Mas Thomas não veio me acompanhar na troca de aulas, em nenhuma delas ele apareceu.

Aquilo chamou minha atenção, mas eu não podia fazer mais nada senão esperar.

No final do dia eu estava caminhando pelos corredores com Megan e Joshua, já que Sophia já tinha ido para seu dormitório quando Joshua resolveu contar o que havia feito todo esse tempo.

—Sabe eles estão me dando umas aulas especiais quer dizer, não só pra mim. Tem tipo uns quinze alunos contando comigo. A maior parte das aulas são práticas com exercícios físicos, eu gosto. –ele sorriu olhando para o nada, parecendo vagar em pensamentos. –Mas eu gostaria de ter aulas com vocês também. Eles disseram que no próximo semestre podemos ter aulas normais, isso me deu forças pra continuar.

—Você é um garoto esforçado Joshua. Então agora é só esperar mais um pouco. –passei a mão pelos cachos do outro ele sorriu. Joshua me lembrava um cachorrinho de vez em quando.

Ele agia como uma criança inocente na maioria das vezes, mas também tinha dezoito anos, Joshua também é bem alto e possui alguns músculos. Era mais atraente do que muitos garotos daqui.

Essa solidão que ele estava sentindo agora era tão estranha de ver em seu rosto, ele é sempre tão animado e feliz, vê-lo assim parte meu coração.

—Você é incrível Josh. E daqui uns tempos vamos ser o quarteto mais incrível daqui então não se preocupa. –Megan se pendurou no braço do garoto que abriu o maior sorrisão.

—De qualquer maneira, melhor eu ir logo. Meu dormitório fica do outro lado, vejo vocês por aí. –ele nos abraçou e com mais um sorrisão nos deu as costas.

—Espero que ele não pense muito nisso, não quero que ele fique triste. –Megan murmurou parecendo tão afetada quanto eu.

—Eu também, ele merece toda a felicidade do mundo.

Megan riu.

—Merece mesmo. –depois de uma pausa que continuamos andando em silêncio paramos em seu corredor e ela se virou para se despedir. –Mas daqui uns meses vamos ficar todos juntos então é só esperar, te vejo amanhã Kate. Boa noite. –ela me deu um grande abraço apertado antes de se virar e ir para o quarto.

Assim que fiquei sozinha novamente me peguei pensando em Max e Thomas novamente, como diabos meus pensamentos haviam voltado até eles?

Tenho certeza de que eles sabem se virar sozinhos.

—Williams, quanto tempo. –ouvi meu nome ser pronunciado por uma voz roca e um tanto quanto conhecida.

Ergui o olhar e vi o mesmo garoto das calças de couro e o olhar convencido que me jogara de cima do telhado em meu primeiro dia, e bem na porta de meu quarto Frederick me esperava.

Tentei dar meia volta e voltar para o salão de entrada, mas me senti sendo segurada antes mesmo que pudesse sequer pensar em correr.

—É realmente maravilhoso que Thomas não esteja aqui para te salvar com aquele corvo que ele chama de amigo. –ele sorria de canto como se realmente fosse a melhor coisa que já havia lhe acontecido.

—Você consegue mesmo guardar rancor. –comentei tentando me soltar dos braços dele que seguravam ambos os meus pulsos, eu não podia me mover.

—Você me desafiou e questionou minha autoridade na frente de meus colegas, nós vampiros tendemos a prezar muito esse tipo de coisa, sabe. Somos bem hierárquicos. –ele sorriu cínico me encarando bem de perto, mas meu cérebro tinha congelado na parte do vampiro.

—Vampiros?

—Não sabia? Deuses, que tipo de coisas andam ensinando para vocês? –ele riu e apertou meus braços ainda mais.

—Me solta! Eu não fiz nada demais! Você quem me jogou de cima de um prédio! –exclamei, esse cara não faz sentido algum!

—Já te disse o que você fez e não irei repetir. –ele se aproximou me olhando nos olhos, eu ainda tentava me soltar. –Na verdade eu não ia fazer mais nada com você, mas quando vi que tinham colocado Thomas Collins, o precioso da espécie, pra te proteger... Há! Eu tive que fazer algo, adoro desafios. –ele riu alto, sempre arrogante demais.

—Você é estúpido.

—Foi uma surpresa para mim quando logo que eu estava pensando em desistir Thomas simplesmente sumiu, será que ele não liga mais pra você?

—Ele nunca se importou. –grunhi.

—Ele nunca se importa com muita coisa. –concluiu. –De qualquer maneira seu sangue deve ser algo interessante a ser provado. –ele resmungou para si mesmo aproximando-se de mim, eu conseguia sentir deu hálito quente em meu pescoço.

Comecei a gritar e a tentar chutá-lo, uma vez que minhas mãos já estavam dormentes, ele me empurrou contra a porta do quarto, que se abriu fazendo com que eu caísse no chão com ele por cima de mim.

Ele soltou meus pulsos quando caímos e consegui me afastar dele, infelizmente não o suficiente.

Ele se debruçou por cima de mim em um movimento rápido demais e tampou minha boca com as mãos, fui obrigada a ficar observando-o em silêncio e sem conseguir respirar direito enquanto ele esperava eu me acalmar.

—Mas que merda, Williams! –ele observava o quarto e a situação em si, minuciosamente.

Eu o xingava mentalmente e tentava chutá-lo sem muito sucesso uma vez que ele me mantinha imobilizada embaixo de si.

Seus olhos me observaram de cima a baixo, eu tremi.

—Acho que posso comê-la de outra maneira... –ele murmurou baixo, mas o suficiente para que eu pudesse ouvi-lo.

Não precisei de mais nada para começar a gritar e me debater desesperadamente.

—Fique quieta! –ele pressionava sua mão sobre minha boca com tanta força que eu mal conseguia respirar e já estava doendo. –Isso vai ser realmente uma conquista, transar com a prometidinha de-

Ele parou de falar imediatamente e sangue começou a escorrer de seu nariz, suas mãos afrouxaram o aperto e ele já não me imobilizava como antes.

Saí de debaixo dele e joguei-o para o lado, me afastei tanto quanto pude.

—Eu sumo por algumas horas e você acha que pode fazer o que quer? –Thomas segurava uma faca ensanguentada, me recolhi mais ainda ao ouvir seu tom de voz. –E ainda por cima se acha no direito de revelar os segredos que tanto tento manter escondidos? –ele agarrou os cabelos do outro e pude ver onde Thomas havia o perfurado, exatamente no meio das costas onde uma mancha grande de sangue se espalhava pela camiseta.

—Thomas? –murmurei com um fio de voz, eu estava tão assustada que mal conseguia montar uma frase ou sequer pensar em algo.

—Já falo com você. –ele me olhou por um momento e suas íris estava azul como sempre, mas assim que voltou sua atenção para Frederick que ainda estava caído no chão, pude observá-las sendo transformadas em um vermelho escuro que me fez recuar mais ainda. –Você não imagina a sorte que tem por eu não poder matá-lo Frederick, devia ser mais grato.

Thomas me olhou e suas íris continuavam vermelhas eu não consegui olhá-lo por muito tempo.

—Vou levar ele para o quarto, fique aqui. –e saiu correndo.

Foi impressionante quando em menos de dois minutos ele já estava de volta.

Ele se aproximou lentamente quando notou que eu ainda estava assustada, eu devia estar parecendo uma criança encolhida no canto da sala com medo do bicho papão.

—Você está bem? –ele perguntou devagar.

Não consegui respondê-lo, meu lábio ainda doía um pouco e minhas coxas também, mas nada que devesse ser olhado nem nada.

Eu apenas continuava olhando para o chão, não sabia o que fazer. Não sabia o que dizer. Como eu deveria reagir? Não estava triste, estava com medo, assustada.

E eu queria matá-lo, a raiva e de meu peito crescia a cada segundo que passava ali.
Se aquele era supostamente, para ser um lugar que nos protegesse, porque diabos eu havia sido atacada dentro do meu quarto?!

—Estou bem. -respondi já um pouco incomodada com Thomas que continuava a me encarar.

—Hmmmm...-ele pareceu aliviado e atmosfera ficou mais leve, me calmou um pouco. Ele começou a passar a mão pelos cabelos, parecia sem graça. -Perdoe meu sumiço hoje, isso foi culpa minha.

Eu fiquei de boca aberta, juro. Ele parecia arrependido e culpado o suficiente para me fazer não gostar de vê-lo se desculpando para mim, eu sabia que ele era orgulhoso demais e que aquilo devia ser um assunto realmente sério para fazê-lo se desculpar assim.

—Porque sumiu? -perguntei de impulso, me surpreendi depois de ter feito, não era algo da minha conta, mas eu queria saber mesmo assim.

Ele levantou a cabeça assim que terminei a pergunta, parecia surpreso e um pouco confuso, como se de repente houvesse se esquecido com quem estava falando ou algo do tipo.

Logo ajeitou a postura rapidamente e começou a olhar para os lados quase como... Como se não soubesse o que dizer. Deixei-o sem graça de novo?

Deuses, o que há comigo?

—Sabe, eu também tenho problemas. –ele revelou depois de respirar fundo algumas vezes.

—Ah, aquele mesmo problema que fez você ficar com raiva com relação a ter que me vigiar? –me inclinei para ouvir sua resposta, ele pareceu ter sido pego de surpresa mais uma vez.

—Você realmente presta atenção nas coisas, hein? –ele riu fraco, olhando para o chão e sorrindo de lado. Levantou o olhar antes de me responder. –Sim, esse mesmo.

Toda vez que ele sorri, continua sendo impressionante. Tanto porque ele raramente o faz ou porque é muito bonito quando sorri. É uma daquelas coisas que você gosta de prestar atenção nos mínimos detalhes.

—Parece ser realmente algo que te incomoda. E pelo que disse é algo que te persegue há trezentos anos não é? Ou algo parecido, não me lembro bem... –coloquei a mão no queixo tentando me lembrar daquele dia.

—Tudo bem, você já sabe demais. Melhor ir deitar agora. –ia argumentar que eu queria saber mais sobre o assunto quando senti-o colocar a mão nas minhas costas e outra debaixo de meus joelhos e me assustei, ele me pegou no colo e me levou até minha cama, me deixando ali. Eu estava chocada demais para qualquer coisa.

—Você... Porque não quer falar disso? –até pensei em falar sobre ele ter me pego no colo, mas decidi que seria melhor não tocar no assunto.

E só usar isso para chantageá-lo mais tarde, talvez.

—Não é algo agradável para ser discutido, tenho certeza de que iria odiar ainda mais do que eu, se soubesse. –ele sorria tão de leve que mal consegui perceber, e mexia com cuidado em minhas cobertas enquanto arrumava minha cama.

—Hm, eu posso fazer isso sozinha, obrigada. –segurei sua mão que ainda arrumava as cobertas e pedi que me deixasse fazer aquilo, afinal era minha cama e eu não era nenhuma criança. Já não bastava ele ter me trazido até aqui no colo, tanta intimidade repentina assim é estranho demais para mim.

—Ok. –ele tirou a mão das cobertas e começou a olhar o quarto aos poucos. –Ah, tem sangue aqui. –ele se dirigiu a mancha de sangue que Frederick havia deixado no chão depois de ser atingido por Thomas.

Foi até o banheiro e molhou um lenço que tinha no bolso para limpar o chão.

—Você não vai me dizer o que é essa coisa que tanto te incomoda? –perguntei casualmente, na esperança de que ele fosse me contar assim tão facilmente.

—Não. –respondeu ainda limpando o chão, sem nem me olhar. Parecia até que já sabia que eu perguntaria.

—Por que? –fiz manha.

—Não somos tão íntimos assim.

—Hum, você me carregou no colo, eu acho que já somos íntimos o suficiente. –cruzei os braços.

—Eu sabia que você iria falar disso mais cedo ou mais tarde. –ele riu. –Você não quer saber, acredite em mim.

—Como você pode achar que sabe o que eu quero ou não? –franzi as sobrancelhas.

—Eu tenho cem por cento de certeza que você iria se arrepender de ter perguntado se soubesse o que é, isso se eu te dissesse, o que não vou fazer. –entrou no banheiro com o lenço ensanguentado e voltou apenas alguns segundos depois, eu estava ficando com raiva por ele não me olhar ao falar.

—Você-

—Katherine, eu salvei sua dignidade tão preciosa hoje não salvei? –ele se levantou e me olhou, finalmente.

—Sim...

—Então já que você me deve uma, fique quieta e durma. –ele continuava sério e logo se abaixou para terminar de limpar a mancha.

Sabia que insistir naquele assunto não renderia nada, terminei de arrumar as cobertas e me deitei.

Pude vê-lo se sentar na poltrona e continuar me observando como se observar alguém dormindo fosse completamente aceitável e normal.

—Vai ficar me olhando dormir? –perguntei incrédula.

—Vou, caso ele volte. Nossa regeneração é bem mais rápida do que a dos humanos. –explicou.

—Você não pode me observar enquanto durmo!

—Porque não?

—Porque é estranho, me incomoda. –fiz bico.

—Prefere que eu durma aí com você? –ele sorriu de canto, convencido.

—Não! Fique aí e não mova um músculo. –apontei o dedo para ele, como ele pode dizer algo assim? Ugh, esse garoto.

—Então fique quieta e durma logo. –ele ainda sorria de leve, parecia satisfeito.

—Bem então... Obrigada pela ajuda hoje. –agradeci.

E logo depois de terminar a frase me virei e me enrolei debaixo das cobertas, estava com vergonha pelo o que o garoto havia dito  e sem graça por tê-lo agradecido assim. As coisas são estranhas quando se trata dele, temos que estar o tempo todo juntos e só discutimos, de longe a pior relação de todas. Não somos amigos, nem inimigos.

Somos aquelas reticências que ficam no final da frase quando não se sabe exatamente o que responder, aquele vazio indeciso.

—De nada Katherine.


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Notas finais do capítulo

Joshua, o maior amorzinho que a gente respeita. E Thomas, o que dizer sobre você? Te amo.
Bem, amores a parte espero de verdade que tenham gostado e vou tenatr postar com mais frequência agora, comentem! ♥



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