Meu Anjo Caído escrita por Lil Pound Cake


Capítulo 22
Final Feliz


Notas iniciais do capítulo

ÚLTIMO CAPÍTULO



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Em casa eu tentava dormir, mas o sono não vinha. Eu só ficava pensando no Castiel e em por que ele não foi mais ficar comigo antes de eu sair do hospital. Agora eu já estava bem de saúde, já estava livre de toda aquela porcaria que a Charlotte havia me dado e me sentia muito melhor. Mas, faltava algo, ou melhor, alguém. Faltava o meu amor ao meu lado.

Eu sei que ele não ficou tanto tempo longe de mim. Ele estava comigo quando acordei. Ele estava lá ao meu lado me dizendo coisas que me faziam pensar se eu estava delirando ou se era mesmo realidade. Mas, agora, eu não sabia o que estava acontecendo com ele. Eu queria ter tido a oportunidade de estar com ele quando recebi alta, de pegar na mão dele quando voltei feliz para casa e, agora, à noite, de beijá-lo e abraçá-lo, e amá-lo como se não houvesse amanhã.

Eu estava rolando na cama, pensando nele, justamente quando recebi notícias. Meu celular tocou. Era uma mensagem e era dele.

— Castiel! Até que enfim! – Me levantei para ler o que ele havia escrito.

“Senti saudade”. – Era tudo que tinha na mensagem. Eu respondi:

“Também senti saudade”.

“Eu quero te ver”. - Ele mandou em seguida.

“Também queria te ver. Por que não vem aqui amanhã?”

“Porque só amanhã se posso te ver hoje?” – Ele escreveu e eu estranhei.

“Hoje?” – Foi o que perguntei e ele respondeu:

“Olha pela janela”.

Eu imediatamente fui até a janela do meu quarto e quão grande foi minha surpresa quando o vi do outro lado da rua, bem em frente a minha janela, e ainda mais com um balão no formato de coração na mão. Que romântico! Eu jamais poderia imaginar.

Abri a janela toda feliz. Vi quando ele pegou o celular e pôs no ouvido. Ao mesmo tempo o meu  tocou.

— Oi, meu amor! – Exclamei  assim que atendi.

— Boa noite! Espero não tê-la acordado.

— Não, que nada! Eu não estava conseguindo dormir.

— Mas, você está bem, não está?

— Estou, estou bem. Muito melhor agora que estou te vendo.

— Eu sei, eu sou um colírio, não sou?

Ele disse isso todo cínico, eu só podia rir. – É mesmo. Meu colírio, lindo...

— Você que é linda. Se bem que eu tô vendo daqui que você tá usando um daqueles pijamas de criança, né?...

— Não é pijama de criança, Castiel! Eu só queria ficar mais confortável, ora! Eu acabei de sair de um hospital!...

— Tudo bem, eu perdoo dessa vez. Mas, só porque eu estou do lado de fora do seu quarto. Porque quando eu estiver aí dentro de novo quero você com aquele baby-doll vermelho, o que te deixa a maior gostosa...

— Para, Castiel, eu vou ficar vermelha...

— Ah, não, vai ficar vermelha sem eu nem estar aí te abraçando, te acariciando...

— Castiel!

— Ok, parei. Tá dando vontade, né? Em mim também, mas, infelizmente, seus pais estão em casa, eu não posso subir. A não ser que você não faça muito barulho...

— Não estou gostando nada do seu tom de voz malicioso. Como assim se eu não fizer muito barulho?

— É, você sabe, tem que gemer bem baixinho para eles não ouvirem o que a gente vai estar fazendo...

— Castiel! Seu doido!

Ele começou a rir. Como era bom ouvir aquela risada.

— Tá, tá, parei. Não vou te fazer nenhuma proposta indecente... Por enquanto.

— Acho bom. Agora eu quero falar sério.

— Ih! Lá vem...

— Amor, por que você não foi mais me ver lá no hospital. Eu queria que você tivesse ficado ao meu lado. Eu sei que não dava pra ficar o tempo todo, mas... Você não apareceu mais desde que eu acordei.

— Eu sei que não fui mais, mas eu te liguei, se lembra?

— Eu lembro. E lembro também que você disse que havia descoberto o que a Charlotte tinha feito. Ah, e que estava pensando em fazer algo contra ela, era isso?

— Era isso.

— Você fez alguma coisa?

— Fiz.

— O que você fez, Castiel?

Comecei a ficar preocupada com o que ele poderia ter feito, mas ele logo me explicou todo o plano que havia executado junto aos nossos colegas. Também me contou sobre a confusão que se deu ao final, com eles indo parar na delegacia, e que por isso não teve tempo de ir me ver.

— Eu queria muito ter ido, mas ficou tarde demais.

—... Eu entendo. E quer saber? Tudo que você me disse me deixa... Sei lá, pasma. Mas, também contente por terem feito tudo isso juntos. Por mim e pela Íris.

— Tudo vai ficar bem agora.

— E o Armin, coitado! O que vai acontecer com ele?

— Pelo que eu entendi, se ele pagar uma indenização ao ex da Íris, ele fica livre do processo por ter invadido as contas dele. É meio chato, né? Pelo que eu pude ouvir, os pais dele devem cortar a mesada dele pra conseguir a grana. Mas, de qualquer maneira, a justiça tem que ser feita, e o que o Armin fez foi errado mesmo tendo sido por uma boa causa.

— Pois é, é uma pena. Mas, espero que de agora em diante tudo se resolva e fiquemos todos em paz.

— Nós vamos ficar em paz, Paula. Isso eu te garanto. Principalmente você.

O Castiel falou isso com uma determinação tão grande que até me deixou apreensiva.

— Por que fala assim? Principalmente eu?...

— É. Você e a Íris. A Charlotte não vai mais importunar vocês duas. A Íris, pelas provas que o Armin apresentou. Espero que sejam suficientes. E você, pelo que eu vou entregar a polícia, agora mesmo.

— O que é que você vai entregar a polícia?

— A droga que ela te deu.

— Como?! Mas... Você não me disse que não tinha achado nada na bolsa nela no final das contas?

— Eu não achei. Mas, o Dragon achou.

— O Dragon?

— É isso aí! Quando cheguei em casa com a bolsa daquela pilantra o Dragon farejou alguma coisa. Eu procurei melhor e acabei encontrando o potinho com a substância que ela colocou na sua água. Eu vou entregar isso à polícia. Quem diria que o Dragon daria um bom cão policial, hein?

— Ah!... Que bom, Castiel! Eu acho isso muito bom, de verdade, mas... É... Você vai agora? No meio da noite?

— Eu não quero mais esperar. Além disso, quero que amanhã a gente já esteja livre disso tudo para podermos comemorar lá em casa.

— Comemorar? Olha... Eu acho que sei do que você está falando, mas acho muito difícil meus pais me deixarem ficar sozinha com você, na sua casa...

— Quem disse que estaremos sozinhos?

— Não?

— Não. Eu vou te contar logo, já que não deu pra fazer como eu queria.

— Contar o quê?

— Eu havia preparado uma festa surpresa pra você.

— Oh! Sério? – Aquilo me deixou realmente surpresa.

— Na verdade, eu pedi para a Rosalya e o Alexy prepararem tudo na minha casa enquanto eu executava o plano de pegar a bolsa da Charlotte na escola com os outros.

— Com a Rosa e o Alexy preparando tenho certeza que a festa deve ter ficado linda. E sua casa deve ter ficado irreconhecível, né?

— Ficou. Se você entrar lá de novo nem vai saber que é a mesma. E só pra constar... Eu não vejo a hora de você ir lá de novo. Você sabe... Na minha poltrona... Na minha cama...

— Eu também não vejo a hora, Castiel.

Eu o ouvi suspirar do outro lado antes de falar:

— É sério, Paula. Eu tô com muita saudade. Não só de olhar pra você como estou fazendo agora, mas de te ter em meus braços, de fazer amor com você...

Minha vontade era de pular por aquela janela e ficar com ele naquele mesmo instante. Ou, quem sabe, dar um jeito de ele vir até meu quarto...

Mas, me contive em esperar para termos o momento apropriado.

— Eu também tô com saudade de tudo isso, Castiel. – Falei mais baixinho para que meus pais não ouvissem de jeito nenhum. – Fazer amor com você foi uma experiência inesquecível, que eu quero repetir muitas e muitas vezes.

— Hum... Gostei disso. Se aproxima mais da janela que eu vou subir agora.

— Não, Castiel! Ficou louco? Não tem como subir pelo lado de fora e meus pais vão escutar.

Ele riu. – Eu tô brincando, bobinha! Mas, chega mais perto da janela mesmo. E estende os braços.

— Pra quê?

— Faz o que eu tô mandando.

Eu fiz o que ele queria. Desliguei o celular e estendi os braços para fora da janela enquanto ele ia até embaixo dela. Ele esticou o braço dele e o balão que ele segurava ficou quase da altura da minha janela. Ele o soltou e eu pude pegar.

Coloquei o balão de coração para dentro do meu quarto e agradeci o meu namorado mandando um beijo para ele. Ele mandou outro e se despediu.

Quando eu fechei a janela, peguei aquele balão e o abracei, jurando que podia sentir nele um pouquinho do perfume do meu Castiel. Foi só eu começar a me ajeitar para dormir que recebi mais uma mensagem no celular.

“Sonhe comigo.” – Ele escreveu. Como ele sempre sabia o que fazer para me deixar mais e mais apaixonada?

Respondi entusiasmada para que um novo dia chegasse logo para eu estar nos braços dele outra vez...

...

...

“Eu vou sonhar. Já sonho com você há muito tempo. Te amo”. – Foi o que ela me respondeu.

Eu me peguei suspirando sozinho, imaginando como seria bom se eu estivesse nos braços dela naquele exato momento e não no meio da rua. Mas, eu tinha um objetivo: entregar a Charlotte à polícia. Eu precisava chegar à delegacia o quanto antes para mostrar a prova final daquele crime.

Fui correndo para chegar rápido, mas antes que eu pudesse chegar à polícia, a polícia me encontrou primeiro.

— Ei, rapaz! Por que está correndo? Aonde vai?

— Eu...

Eles estavam com um cachorro que começou a latir pra mim antes que eu pudesse responder. Me arrependi de não ter levado o Dragon comigo no mesmo instante.

— O cachorro ficou agitado. Revista ele. – Um policial disse ao outro.

— Espera aí, eu não tenho nada! Eu só queria chegar a...

— Não tem nada? E o que significa isso? – Ele tirou o pacote com a droga do meu bolso.

— Espera! Isso não é meu...

— Ah, não? E surgiu por mágica no seu bolso, foi? Me poupe!

— Eu posso explicar...

— Você vai explicar sim, mas na delegacia.

Eu não estava acreditando no que estava acontecendo. Era na delegacia que eu ia, mas não desse jeito. Não era possível! Devia ser um pesadelo!

...

...

No dia seguinte...

Na minha cama, eu estava sonhando com o Castiel. Sonhando com nós dois fazendo amor... Bem juntinhos... Nossos corpos suados se aquecendo mutuamente... A boca dele na minha... Nossas línguas dançando uma com a outra... Minhas mãos sentindo cada centímetro daqueles músculos...

Ah, que sonho maravilhoso!

E até que enfim um novo dia estava começando!

Levantei da cama ansiosa para ver o meu amor novamente. Vesti uma roupa escolhida especialmente para ele. Um shortinho curto, uma blusa soltinha, botas de salto... Eu sabia que ele ia gostar de me ver assim. Além do mais, eu queria chegar linda na escola só para que todos vissem como eu superei tudo e voltei renovada. Dei uma arrumada legal no cabelo e desci para tomar o café da manhã.

Meus pais se surpreenderam ao me verem tão bem. Entretanto, foram eles quem me deram uma grande surpresa. Uma surpresa que me fez entender muitas coisas. Mas, não sem antes termos uma boa conversa.

— Filha, agora que você está melhor, temos que te perguntar... Como foi que você ingeriu essa... Essa coisa que te fez tão mal? – Meu pai perguntou.

— Pai, mãe... Eu queria dizer que não sei, porque antes eu não sabia mesmo, eu não tinha ideia do que estava acontecendo comigo. Mas, eu já sei o que houve, graças ao Castiel.

— Graças ao Castiel? Como assim?

— O Castiel descobriu que uma garota que estuda conosco era quem estava colocando essa droga na minha água.

— O quê?! Mas, isso é muito grave! Temos que denunciar essa garota imediatamente! – Minha mãe se exaltou, mas eu expliquei:

— Calma, mãe, o Castiel já foi denunciá-la. Inclusive ele levou a droga que achou na bolsa dela para a delegacia.

— Como? Como ele conseguiu isso?

— Bom... Ontem à noite ele me ligou e me contou tudo. Ele, junto com nossos amigos, bolou um plano para pegar a bolsa da Charlotte, a garota que fez tudo isso comigo. Eles queriam achar a droga que ela me deu. E quando o Castiel chegou em casa ele acabou achando mesmo. Eles já tinham se enrolado um pouco, foram até parar na delegacia... É uma longa história. Bem, o negócio é o seguinte: o Castiel foi ontem à noite mesmo levar a droga à polícia e denunciar a Charlotte. Assim sendo, creio que essa hora a polícia já tomou providências quanto a ela. E eu só espero encontrar o Castiel hoje para a gente comemorar.

— Comemorar? – Meu pai indagou meio desconfiado. Claro que eu disfarcei meu entusiasmo.

— É... Sim, o Castiel também me contou que ele tinha preparado uma festinha surpresa para quando eu saísse do hospital, mas como eles ficaram enrolados por conta dessa história, não deu para a gente comemorar ontem.

— Ah, sim, ele nos havia contado sobre isso.

— Hã? Vocês sabiam?

Minha mãe explanou: - Sabíamos sim. Ele nos disse que queria fazer uma surpresa para você quando você saísse do hospital. Ele nos contou que havia ficado muito ocupado durante o tempo que você ficou internada, porque ele estava pegando as tarefas da escola tanto para ele quanto para você.

— Ah!... Que lindo!... – Aquilo me deixou surpresa.

— Também achei super fofo. Além disso, ele disse que estava tentando descobrir o que tinha realmente acontecido com você, de onde havia saído essa porcaria que te infectou... E que não ia descansar até te ver recuperada.

— Ele... Ele disse mesmo isso? – Eu já estava ficando emocionada, e entendi porque meus pais tinham defendido o Castiel.

— Disse. Filha, nós chegamos a desconfiar dele, sim, é verdade... Mas, nós também percebemos logo o quanto ele gosta de você. Esse rapaz está muito apaixonado.

— Eu também estou... – Senti minhas bochechas ficarem coradas.

— Nós sabemos, filha. Você está apaixonada, a gente nota. E você está vivendo essa paixão. E nós queremos que você viva mesmo esse momento da sua vida, seu pai e eu, embora ele não demonstre... – Ele olhou para minha mãe de cara feia e ela riu. – Nós só desejamos que você seja feliz, viu? Só se cuida, tenha juízo, respeite seu corpo e ouça seu coração. E seja feliz, tá?

— Podem deixar. Eu vou me cuidar, vou ter juízo, e respeitar meus sentimentos acima de tudo. E eu serei muito feliz, podem ter certeza disso.

Eu afirmei isso segurando nas mãos dos meus pais. Como era bom ver que a confiança havia voltado a reinar em nossa família!

Foi aí que minha mãe me veio com uma pergunta inesperada.

— Agora que está tudo bem, eu tenho uma perguntinha para fazer pra você. Filha, você, por acaso... Achou um teste de gravidez por aí?

Nossa! Que susto que ela me deu! Na hora fiquei gelada, pensando que eles podiam ter descoberto aquela minha suspeita de antes.

— Um... Um t-teste de gravidez? N-Não... Não... Por que está perguntando isso?

Ainda bem que eles não notaram meu nervosismo. Foi então que ela me deu a notícia:

— É que eu tinha feito um há alguns dias. Foi justamente no mesmo dia que nós soubemos do seu namoro. E depois veio a Rosalya com um teste desses também e aí foi tanta coisa ao mesmo tempo, que nem te demos a notícia.

— Que notícia?

— Paula, por mais de dezesseis anos você tem sido nossa filha única, amada e querida, mas... Você não acha que já está mais do que na hora de você ter um irmãozinho ou irmãzinha?

Fiquei chocada! Acho que ainda demorei uns segundos para entender.

— Espera! Você... Você está grávida?

— Estou!

— Ah! – Fiz questão de me levantar para abraçar forte a minha mãe e em seguida o meu pai, que não segurou a emoção.

— Gostou da notícia, filha?

— Claro! Como não ia gostar? Vocês vão ter outro filho! – Comemorei. – Eu vou ter um irmão! Ou será que é uma irmã?

— Ainda não sabemos, é muito pequeno. Daqui a algumas semanas saberemos.

— Ah, mamãe, isso é maravilhoso! Eu vou te ajudar muito a cuidar do meu irmãozinho e quero te acompanhar pra escolher o berço, viu?

— Acho que vamos ter que nos mudar para uma casa maior. – Meu pai comentou. – Nessa aqui não há espaço para o quarto do bebê.

— Você tem razão, pai. Podemos procurar juntos, que tal?

— Acho ótimo.

E assim eu soube que teria um irmão ou irmã. Eu fiquei imensamente feliz com a novidade. E ainda mais porque depois disso eu entendi por que o primeiro teste de gravidez que eu havia feito deu positivo. Minha mãe havia feito o dela pouco antes, ou seja, ela havia usado o banheiro. Eu estava tão nervosa e ansiosa para fazer o teste que entrei no banheiro às pressas. Quando derrubei o teste dentro da privada, o resultado que surgiu não foi meu, foi dela.

Eu pensei em ligar para o Castiel para contar tudo isso, mas decidi contar pessoalmente quando eu chegasse à escola.

Porém, eu mal havia chegado à entrada da escola quando o Lysandre me parou para me dar uma péssima notícia. Ele estava aflito.

— Você não vai acreditar! Prenderam o Castiel ontem à noite. Encontraram-no com a droga que ele pegou na bolsa da Charlotte e acharam que fosse dele.

— O quê?! Como assim? Ele... Ele foi me ver ontem e... E disse que ia entregar tudo pra a polícia.

— E ele foi. Foi ontem mesmo. À noite. Ele estava indo quando a polícia passou e o achou suspeito. Pararam-no para revistá-lo e quando encontraram a droga o levaram. Eu só soube por que ele pediu para fazer uma ligação e disse que o meu foi o primeiro número que ele conseguiu lembrar.

— Ah, não! Temos que ir vê-lo! Temos que soltá-lo... – Mas, eu parei quando vi quem estava chegando à escola naquele mesmo instante. A Charlotte.

Ela não podia ficar impune enquanto o Castiel estava sofrendo as consequências por algo que ele não havia feito. Isso não ia ficar assim.

Respirei fundo, me controlei e raciocinei. Uma ideia rápida me veio e eu não podia desperdiça-la.

— Espera só um pouquinho, Lysandre. Eu preciso fazer uma coisa antes.

— O que vai fazer?

— Vem cá... Você sabe ser bem discreto. Assim que eu me encontrar com a Charlotte, filma tudo, ok?

— Não estou entendendo o que você pretende fazer, mas... Ok.

Ele entrou na escola, pegou o celular e começou a filmar tudo discretamente. Eu entrei e fui atrás da Charlotte. Ela estava no corredor e eu não pensei duas vezes antes de pegar em seu ombro, virá-la e tacar minha mão na cara dela com toda a força.

— O que significa isso, sua maluca?!

O escândalo começou a se formar. A Peggy, que não perde uma boa fofoca, também começou a filmar tudo logo após o tapa que eu dei na cara da Charlotte. Ótimo. Assim haveria ainda mais testemunhas. A Charlotte, claro, não deixou barato e também foi pra cima de mim, pra me dar um tapa, mas eu esquivei e segurei no braço dela com força, empurrando-a.

— O que você quer, maldita?

— O que eu quero? A verdade, Charlotte. Só a verdade.

— Que verdade?

— Que você confesse...

— Confessar o quê? Você deve ter ficado louca.

Era hora de ser uma boa atriz. Abaixei o tom de voz só para a Charlotte ouvir. As amiguinhas dela que estavam perto como dois urubus também iam ouvir e era o que eu queria.

— Quero que você confesse, Charlotte, que você quer que o meu namoro com o Castiel termine... Porque você está a fim dele!

— O... Quê?!

— Confesse! Confesse que é isso. Você está gostando do Castiel e quer me ver longe, não é? Aposto que comemorou quando eu fiquei doente, aposto.

— Que nada! Você está completamente pirada!

— Não, não estou não e você sabe. E você, Ambre? O que acha disso? Você ainda gosta do Castiel que eu sei. Mas, você esperava que sua amiguinha aqui também queria ficar com ele?

Eu estava conseguindo plantar a dúvida.

— I-Isso é verdade, Charlotte?

— Ah! Claro que não, Ambre. Não seja burra! Eu nunca senti nada pelo Castiel.

— Viu? Viu só, Ambre? Ela ainda te chama de burra. Agora, se ela te acha tão burra assim, é óbvio que ela deve ter te enganado várias vezes, fingindo que estava te ajudando a ganhar o Castiel quando, na verdade, ela só estava fazendo tudo a favor dela mesma.

— Charlotte, isso é...

— Isso é mentira, Ambre! Não vê? Ela está tentando te enganar e você está caindo feito uma imbecil.

— Viu, Ambre? Não falei? Ela também te acha uma imbecil. Você acha mesmo que ela é tão sua amiga assim quanto diz?

—... Charlotte... Você...

— Cala a boca, Ambre! – A Charlotte virou para mim, deu uma risada cínica e, finalmente, se entregou. – Você está falando asneiras. Eu nunca me interessei por aquele perturbado do Castiel. Você deve ter tomado drogas demais, por isso está tendo alucinações.

— Como você sabe que eu ingeri drogas, hein, Charlotte?

Eu a peguei! Ela percebeu o que tinha dito e ficou pálida.

— É... É... Eu...

— Foi você quem colocou drogas na minha água e na minha comida. Não foi?

— Do que está falando?...

— Você sabe muito bem do que estou falando. – Aumentei a voz para todos ouvirem. – Foi você quem colocou drogas na minha água e na minha comida! Por isso eu desmaiei. Por isso fui parar no hospital.

Todos os alunos ficaram boquiabertos. O burburinho foi geral. E claro que a Charlotte se fez de desentendida. Porém, suas amiguinhas não sabiam disfarçar tão bem.

— C-Charlotte... Ela já sabe!

— Cala a boca, Li!

— Mas, Charlotte...

— Ah! Vocês duas são muito burras! Por que não podem ficar quietas?!

— Então, Charlotte, vai confessar? – Indaguei.

— Nunca! Nunca, sua idiota! Eu não fiz nada disso e você não tem como provar.

— Ah, não? Me diz uma coisa... Cadê a sua bolsa? Esqueceu em algum lugar?

Ela percebeu tudo. Tive certeza disso quando ela ficou com o olhar assustado.

Ela baixou a voz para me perguntar: - Cadê a minha bolsa?

Eu não respondi nada. Apenas dei um sorriso desafiador. Ela devia estar achando que eu estava com a bolsa dela e tinha descoberto a droga escondida. Era exatamente o que eu queria.

— Eu vou perguntar só mais uma vez... Cadê a minha bolsa?

E eu dei minha cartada final. – Está com a polícia.

— C-Com... Quê?

— Bom... Ainda não está com a polícia. Mas, estará em breve.

Ela se arrependeu de me desafiar naquele mesmo instante, e igual a um cão assustado, começou a pedir:

— P-Por favor, não entrega pra polícia, eu não faço mais isso, mas não entrega, por favor.

— Vejamos... Se você confessar na frente de todo mundo que foi você quem me deu aquela droga... Eu prometo que eu não vou te denunciar.

Ela parou como se estivesse pensando muito rápido no assunto e indagou:

— Você promete?

— Prometo. De minha parte não sairá nenhuma denúncia contra você. Mas, você tem que confessar. Você sabe que é a culpada, suas amigas também sabem. E se você não confessar, as três sofrerão as consequências.

Foi só eu dizer isso que a Ambre e a Li se denunciaram sozinhas.

— Não, não, eu não quero sofrer consequência nenhuma por causa das ideias malucas da Charlotte! – A Li gritou.

— Ideias malucas? – A Charlotte falou com raiva.

— É! Malucas, sim! Nunca concordei com a ideia de você pôr um remédio pra a Paula tomar e passar mal. Eu pensei que só fosse dar uma dor de barriga nela, e ela foi parar no hospital!

— Você... Você acabou de confessar tudo, sua imbecil! Chinesa burra! – A Charlotte avançou pra cima da Li, mas a Ambre impediu, para minha surpresa e de todos.

— Não, Charlotte! Já chega!

— Ambre?...

— Eu sei que eu queria mais que qualquer um me vingar da Paula por ela ter me roubado o Castiel. Mas... A verdade é que... – Ela se calou como se perdesse a coragem, mas o Nathaniel apareceu nesse momento e a apoiou.

— Ambre! Saiba que eu estou aqui, ao seu lado. Eu sou seu irmão e te amo, e vou te apoiar em tudo que precisar. Só o que peço é que fale a verdade, seja sincera... Principalmente, consigo mesma. Você vai ver que vai se sentir bem melhor depois.

Ambre respirou fundo e confessou: - A verdade é que o Castiel nunca me quis. Eu alimentei essa paixão por ele, mas... Mas, ele nunca foi meu. A Paula não me roubou nada. O próprio Castiel me disse isso e desde então eu pensei bastante... E... Charlotte, você foi longe demais.

— Ah! Eu fui longe demais, Ambre? Eu? E tudo que você já fez, hein? Vai me dizer que tá arrependida agora? Ah, me poupe, Ambre! Você deve ser pior que eu! Lembre-se que eu só fiz tudo isso contra a Paula porque ela era sua rival, não minha. Eu nunca me interessei pelo Castiel, ao contrário de você, que sempre alimentou uma bosta de uma ilusão. E sabe por que era uma bosta? Porque é isso que você tem na cabeça, Ambre!

Pela primeira vez senti pena de como a Ambre ficou com essa declaração da Charlotte. Ela estava finalmente mostrando as garras e mostrando como nunca foi amiga delas nem de ninguém.

— É assim, Charlotte? Tá... Então, vamos ver se eu tenho mesmo isso que você disse na cabeça quando eu denunciar você para a polícia. – Ela virou para o irmão. – Você pode me acompanhar, Nath?

— Claro, Ambre, se é isso que você quer, vamos agora mesmo.

Eu ainda completei. – Se quer ir à delegacia, Ambre, vá logo. Pois, o Castiel está lá... Por culpa da Charlotte.

— Oi?! O Castiel está preso?

— Ontem à noite ele foi flagrado com o restante da droga que a Charlotte tinha na bolsa e que ele achou. Ele ia entregar à polícia quando, por azar, o viram e acharam que era dele.

A Ambre meio que se desesperou, mas a Charlotte caiu na gargalhada. Uma risada digna de uma bandida.

— Ah! Não me diga!... Então, o queridinho de vocês foi pego transportando a droga que eu comprei? Ah, ah, ah!... Então, digam a diretora que ele não vai mais voltar ao colégio, porque de agora em diante, ele deve terminar os estudos no reformatório.

Eu tive vontade de dar-lhe outro tapa, mas o que eu queria já estava feito. Ela tinha confessado tudo diante das lentes das câmeras de diversos celulares, além de todos os alunos como testemunhas. Ela não ia se safar. Mas, minha vontade de dar o tapa foi realizada... Pela Ambre! Quem diria! Ela mesma levantou a mão e deu na cara da ex-amiga. Duas vezes.

— Isso é pelo Castiel! – Primeiro tapa. – E isso é por ter me chamado de idiota! – Segundo tapa.

— Ah! Eu te odeio, Ambre! Nunca te suportei, sempre te achei uma tremenda duma imbecil metida a besta! Eu só andava com você por conveniência!

A Ambre estava quase chorando e eu me coloquei a frente. – Você não fez mal só a mim e ao Castiel, Charlotte. Também fez muito mal a Ambre e a Li com a sua péssima influência. Fez mal a Íris com suas chantagens absurdas e até ao Armin por ele tentar ajudar a Íris.

— Eu não fiz nada contra esse aí.

— Fez sim. Indiretamente, mas fez. Ele recebeu um processo do seu ex-namoradinho virtual.

— Ah, ah! Bem feito! Ele se intrometeu onde não devia! Acho muito bem feito!

— Você não presta...

— Quer saber? Eu vou sair daqui agora mesmo, bando de idiotas! Eu posso até não continuar nessa escola de inúteis, mas vou ter o maior prazer de saber que tudo que fiz valeu a pena e que o queridinho de vocês, o Castiel, vai ficar trancado no reformatório para menores!

Ela foi saindo, mas no mesmo instante, na porta da escola, um policial apareceu.

— Quem vai para o reformatório é você, mocinha.

— Quê?! Não! De onde você surgiu?

O Lysandre surgiu dizendo: - Eu posso parecer antiquado, às vezes, Charlotte... Mas, sei que é incrível o que a tecnologia pode fazer por nós, não é? O Armin me mostrou como se faz um live e, adivinha? O meu irmão é amigo do policial que faz ronda na rua da loja dele. Eu só precisei contatá-lo e ele chegou aqui rapidinho.

A atitude rápida e bem pensada do Lysandre foi a maior surpresa para mim.

— Não! Não podem me levar! – Ela se virou para mim, morrendo de raiva. – Você disse que não ia me denunciar!

— E eu não te denunciei, Charlotte. Você se denunciou sozinha quando confessou tudo que fez. Só que você é egocêntrica demais para ver o tanto de gente que estava te ouvindo e te filmando. As tuas confissões estão gravadas pra quem quiser ver.

...

No fim das contas, o policial levou a Charlotte para a delegacia e o Castiel foi solto. A confissão dela era a prova definitiva que faltava. Agora ela ia pagar pelos erros, por tudo que fez para mim e para a Íris, enfim, para todos.

...

Semanas depois...

O tempo passou e as vidas de todos haviam voltado ao normal. Pelo menos, quase todos.

Depois de a Charlotte ir parar no reformatório para menores, o grupo das três pestes se desfez. A Li ficou sozinha na escola, pois Ambre também pediu para sair, já não queria continuar lá. Li foi, aos poucos, retomando a amizade com a Bia, e agora já não causava problemas para ninguém. Quem diria que a Li é até pacífica? Ela só continuava metida, mas certas coisas não mudam nunca.

Já a Ambre pediu para os pais a tirarem da escola por motivos óbvios. Ela não suportava me ver com o Castiel. Mesmo usando essa desculpa diante de todos, eu via que a Ambre estava superando a mania de perseguição com o meu namorado. Na verdade, o que ela queria mesmo era se superar. E já que não tinha mais amigas na Sweet Amoris, ela preferiu ir estudar e morar em outra cidade. Isso beneficiou não só a Ambre como também o Nathaniel.

A Ambre, porque teria a chance de amadurecer sem a presença constante dos pais, e o Nath, que passou a ficar muito mais calmo e mais bem-humorado sem a presença da irmã pegando no seu pé.

Além do novo humor do Nath, todos os meninos ficaram bem mais amigos desde então. Apesar das particularidades de cada um, eles descobriram pontos em comum que os faziam ter uma bela amizade.

E quanto a mim e ao Castiel... Estamos juntos e muito bem. Aliás, melhor impossível! Com a chegada em breve do meu irmãozinho, meus pais e eu nos mudamos para uma casa maior. E o que era melhor? A casa nova era bem mais perto da casa da minha amiga Rosa e também mais perto da casa do meu amor, que, aliás, eu podia visitar muito mais vezes.

...

...

...

— Então... Foi bom pra você?

— Foi ótimo, Castiel!

Eu adoro quando ela se joga em cima de mim e me abraça depois de a gente fazer amor. Agora que minha namorada morava mais perto de mim, quase todo dia a gente tinha um tempinho pra se ver. Às vezes depois da aula, às vezes antes... Às vezes nos fins de semana... Era bom demais!

Eu adorava pensar em como ela tinha me salvado da última vez. Desde então tudo está em paz, mas eu corri um sério risco de ser acusado por algo que eu não tinha culpa. E ela resolveu tudo tão facilmente! Ela foi meu anjo.

E ela ainda dizia que eu que era o anjo dela. É... Um anjo caído talvez eu seja...

— Ei, Paula...

— Oi?

— Sei que você adorou a nova arrumação da minha casa, mas me fala a verdade... Você adorou mesmo foi minha cama nova, não foi?

— Quer saber? Foi sim! Adorei você ter ficado com a cama de casal que era dos seus pais.

— Da próxima vez que eles vierem eles vão comprar uma nova pra eles. Mas, essa é nossa.

— Hum... Nossa cama? Adoro!

— Já que adora, vamos repetir o que a gente fez há cinco minutos?

— Já? Tão rápido? Hum... Já tá pronto pra outra, é?

— Claro! Pensei que já soubesse.

— Eu sei... Tô vendo...

Ela mordeu os lábios vendo como eu já estava claramente excitado de novo e se envolveu embaixo do meu lençol, abraçando meu corpo e acariciando minha pele com a dela.

É... Talvez eu seja mesmo um anjo como ela diz. Só que um anjo caído mesmo. Pois tinha umas coisas que eu gostava de fazer que só mesmo um anjo caído faria. Afinal, dizem que anjos não tem sexo, né? E comigo essa frase não combinava de jeito nenhum.

Pois é, talvez eu fosse o anjo caído dela... Mas, era ela quem sempre me levava ao céu.

 


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Notas finais do capítulo

FIM



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