Meu Anjo Caído escrita por Lil Pound Cake


Capítulo 2
Novos planos


Notas iniciais do capítulo

O plano era ficar na casa de Rosalya... Mas, Paula acabou tendo outros planos.



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O dia com a Rosa foi bem agradável. À tarde os pais dela saíram de viagem. Eles tinham que comparecer ao compromisso que tinham na manhã do dia seguinte. Foi depois que eles partiram que a Rosa começou a planejar o que fazer com o Leigh.

— O que você acha? Vou com essa roupa ou com essa? – Ela me perguntava mostrando alguns de seus modelos.

— Eu não sei, Rosa. Qual você gosta mais? Ou melhor, qual o Leigh gosta mais?

— Ai, eu não sei! Se não estivesse em dúvida não estaria te perguntando.

— Ok...

— Desculpa, eu tô nervosa.

— Tudo bem, eu te entendo.

Nesse momento o celular dela tocou. Era o Leigh. Ela atendeu rapidamente.

— Alô? Oi, meu amor, como você est...

— Rosa, eu só te liguei para dizer que meu irmão teve alta do hospital.

— Sério? Que ótima notícia! – Ela virou para mim muito contente.

— Pois é... Eu achei que você gostaria de saber.

— Claro que sim, eu... – Ela, então, ficou séria de repente. – Oh, Leigh... É claro que eu gostei de saber por que eu queria muito que o Lysandre ficasse bem.

— Eu sei. ... Bom, era só isso.

— Só isso? Não vai me dizer mais nada?

— O que quer que eu diga?

—... Ah... O que você sempre diz, que me ama... Sei lá...

Vi que ela ficou esperando uma resposta do Leigh, mas parece que ele se calou por uns instantes.

— Rosa, eu...

— Sim?

— Eu... Eu quero que saiba também que estou indo para a fazenda.

— Pra onde? – Ela quase gritou.

— Para a fazenda dos meus pais. O Lysandre aceitou ir para lá por um tempo até se recuperar mais e eu vou passar alguns dias com ele e com a minha mãe, claro, ela precisa de nós.

Rosalya olhou para mim com os olhos cheios de lágrimas.

— E... Vocês vão agora? Já?

— Vamos. Eu já peguei algumas coisas em casa e assim que o Lysandre for liberado nós iremos. ... Tchau, Rosa.

—... T-Tchau...

Ela desligou e sentou perto de mim chorando.

— Rosa, o que foi? Para onde o Leigh vai?

— Para a fazenda dos pais. E-Ele disse que o Lys recebeu alta e vai ficar se recuperando lá por um tempos e... Ele vai com ele.

— Puxa! É... É uma notícia boa o Lys ter saído do hospital. Mas... Ao mesmo tempo... Você não quer que o Leigh vá, não é?

— Eu não queria. Nós precisamos conversar! Você tinha que ouvir a voz dele falando comigo agora, nem parecia o Leigh que eu conheci! – Ela levou as mãos ao rosto. – Eu não posso permitir que esse mal entendido continue!

— Ai, Rosa... E o que você pretende fazer agora?

— Eu não sei, preciso pensar...

— Quer que eu te deixe um pouco sozinha?

—... Sim, por favor...

— Tá bom. Olha, eu vou sair um pouco, mas se precisar de mim me chama e eu venho correndo, tá bem?

— Tá. Obrigada por ser uma boa amiga.

Eu apenas sorri como resposta e decidi sair. A Rosalya não precisava da opinião de mais ninguém naquele momento, só da opinião do seu próprio coração. Além disso, passear um pouco ia me fazer bem, ainda mais com uma boa companhia.

— Castiel! Oi! – Liguei para ele. – Você está em casa?

— Não, estou passeando com o Dragon.

— Ah, que bom! E onde você está?

— Perto do parque. Por quê?

— Não sai daí, eu estou indo pra aí.

Fui depressa até o parque e logo o avistei.

— Ei! Castiel! – Acenei para ele e ele sorriu. Mas, logo vi seu sorrisinho maldoso quando ele, de propósito, soltou o Dragon que veio correndo e pulou em cima de mim.

— Ai! Dragon! Para! – O cachorro me lambeu, lambeu minha roupa, fiquei toda lambuzada.

— Ah, ah! Ele adora você mesmo.

— Não acredito que fez isso, Castiel! Olha como ele me deixou!

— Oh, a blusinha está molhada agora... Por que não a tira?

— Tirar? Tá maluco?

— Não seria a primeira vez que você tira a roupa na minha frente...

— Olha... Quer esquecer o episódio dos coelhos, faz favor!

— Tem como esquecer?

— Castiel, para! Não gostei nada do que fez.

— Eu que fiz? Foi o Dragon quem te lambeu, ora!

— Mas, quem soltou o Dragon foi você! – Olhei para ele de cara feia. Ele pegou no meu rosto e me deu um beijo que eu não estava esperando.

— Já disse que você fica linda quando está zangada comigo?

— É... Não. Isso você não tinha dito.

Ele sorriu e me beijou de novo vendo que já tinha me vencido.

— Vem, eu não solto mais ele. – Ele me garantiu segurando a coleira do Dragon.

— Promete?

— Prometo, prometo...

Começamos a andar e eu fiz um carinho no cachorro. – Não é nada contra você, viu, Dragon. É que eu não quero ser lambida de novo.

Castiel deu aquele sorriso super cínico e comentou: - Nem por mim?

Paralisei na hora. – C-como assim por você? O que você tá falan... – Antes que eu terminasse ele chegou bem perto de mim e passou a língua na minha orelha. Aquilo me fez arrepiar de uma maneira que eu nunca havia sentido igual.

— Era disso que eu estava falando. – Ele comentou e saiu andando na frente enquanto eu permaneci paralisada com aquela sensação.

— Você vem ou não? – Ele me chamou, eu respirei fundo e o acompanhei.

— Então, por que queria tanto me ver? - Ele perguntou.

— É que eu tenho uma novidade sobre o Lysandre.

— O que é?

— Ele já recebeu alta do hospital.

Percebi o quanto Castiel ficou feliz com a notícia, pois sorriu de um modo sincero e contagiante. Uma verdadeira raridade para o Castiel.

— Quando foi?

— Ele deve estar saindo agora. O Leigh ligou para a Rosa para avisar...

— Legal! Vamos vê-lo então, esperar ele sair... – Eu ia contar tudo, mas ele não me deixou falar. – Sabe, hoje eu estava relendo algumas coisas que nós escrevemos. Uns rascunhos de letras de música, coisas assim. Eu me lembrei de um monte de coisa e fiquei pensando... Cara, como deve ser difícil para ele não se lembrar disso tudo!... Eu... Eu quase não acreditei no que aconteceu com ele.

Eu levei minha mão ao rosto dele e o acariciei.

— Eu imagino o que você deve ter sentido. Eu vi sua expressão ao ver o Lysandre caído no chão logo depois do acidente. Você lembra? Eu segurei em seu braço porque você queria correr para socorrê-lo de alguma forma.

— Aquilo me deixou... Não sei, chocado, sei lá... Não sei explicar...

Vi que seu rosto ficou triste e seu olhar distante. Castiel podia se segurar bem na pose de durão, mas não conseguia esconder os próprios sentimentos.

Peguei no rosto dele com as duas mãos e o fiz olhar para mim.

— Por que ficou assim?

Ele só balançou a cabeça em negativo como se não quisesse me dizer nada.

— Castiel... Eu sou sua namorada, se abre comigo. Por que ficou triste? O Lysandre ficou muito mal, eu sei, mas agora ele está bem! Acabei de te dizer que ele já saiu do hospital e vai se recuperar.

— Não pense que não estou feliz por ele, eu estou.

— Então?

— É que... – Ele respirou forte. – Você vai achar que é bobagem, não tem nada a ver, mas tem...

— O que é? Me diz.

— Meus pais...

— O que tem seus pais?

—... Dias atrás eu vi meu melhor amigo quase morrer por causa de um acidente e agora... Meus pais quase sofreram um acidente de avião.

Fiquei completamente assustada com aquela notícia. Além disso, vi que Castiel se segurava, pois não queria demonstrar o quanto estava preocupado.

— Seus pais?... Mas... Como foi?

— Eles estão bem, mas... O avião que meu pai pilotava e minha mãe estava como comissária teve que fazer um pouso de emergência. Houve pane elétrica e sei lá mais o quê. Alguns passageiros e pessoas da equipe se machucaram, ninguém muito grave. Minha mãe não teve nada...

— Ainda bem!

— Mas, meu pai deslocou o ombro.

— Oh!... D-Deslocou o ombro?

— Sim. Minha mãe foi quem me ligou e me contou tudo. É claro que eu fiquei preocupado... Poderia ter sido pior...

— Não diga isso, Castiel. O importante é que eles estão bem.

— Mais ou menos. Esse machucado no ombro pode prejudicar a carreira do meu pai. Se ele não puder mais pilotar eu não sei o que ele fará, isso é a vida dele, entende? É o que ele mais ama.

—... Entendo. – Eu simplesmente não sabia o que lhe dizer naquela hora. Tudo que fui capaz de fazer foi abraça-lo forte e tentar amenizar um pouco a sua dor com o meu abraço.

Acho que deu certo, pois ele me abraçou de volta, beijou o topo da minha cabeça e permaneceu assim por uns minutos até que veio com uma piadinha.

— Dá pra me soltar agora? Nós dois vamos ficar pegajosos por causa da baba do Dragon.

— Eca! Eu tinha me esquecido. – Ri, mas vi que ele não estava rindo junto. Ele ainda precisava de afeto.

— Ei... – Acariciei seu rosto outra vez. – Você tem que confiar que tudo vai acabar bem. Que seu pai vai se recuperar e logo ele estará voando de novo por aí.

— É. – A resposta veio curta e fria. Era como se, de algum modo, ele realmente não quisesse que os pais voltassem a ter a mesma vida de sempre. Eu comecei a ver o Castiel um pouco mais diferente do rapaz que eu havia conhecido até agora.

No fundo, ele se sentia só. Era isso. Eu sabia!

— Você vai ficar bem? – Indaguei fazendo-o olhar em meus olhos, mas ele desviou o olhar.

— Quem disse que não estou bem?

— Castiel...

—... Vou. – Finalmente ele olhou para mim e foi sincero. – Vou ficar bem. Não se preocupe. Afinal... Eu sempre fico... Bem.

Senti um aperto no coração por ver que ele estava sofrendo calado.

Não havia palavras suficientes que eu lhe pudesse dizer naquele instante, então apenas o beijei. Dei-lhe um beijo demorado e repleto de todo o sentimento mais puro e verdadeiro que eu tinha por ele... O amor. Eu não tinha por que mais duvidar. Era amor.

...

...

Quando voltei para a casa da Rosa, eu a encontrei arrumando uma mala com roupas e itens pessoais.

— Rosalya! O que está acontecendo aqui?

— Eu já me decidi. Eu vou atrás do Leigh na fazenda.

— Vai o quê?

— Eu preciso ir, Paula. Já está decidido e não adianta falar nada que eu não vou mudar de opinião.

— Calma, eu não ia dizer nada! Mas... Você tem certeza do que vai fazer?

— Tenho. – Ela parou e respirou. – Eu sei que pareço desesperada agora, mas eu pensei muito antes de tomar essa decisão. Olha só, hoje ainda é sexta-feira, meus pais só chegam segunda, de manhã. Eu vou hoje, sei onde fica a fazenda, pego um ônibus ou um táxi e devo chegar lá à noite. Passo o sábado todo com ele e volto no domingo, a tempo de ainda ficar  um pouco com você antes de você ir para casa na segunda, e antes dos meus pais chegarem.

— Hã... Rosa... Tem certeza que seu plano vai dar certo? Lembre-se que você não vai estar sozinha lá com o Leigh. Tem a mãe dele, tem o Lysandre... Além do mais, ele vai dar atenção ao pai também. Ele não está internado num hospital perto da fazenda?

— Está...

— Então? E se não der para vocês conversarem direito no sábado? Você vai voltar mesmo assim, sem resolver essa situação?

— Eu... E-Eu não sei...

— Rosa, pensa bem...

— Eu já pensei, Paula, não adianta argumentar. Eu já planejei todos os horários, eu só não sei como vai ser quando eu chegar lá, se vou poder conversar com ele a sós, mas... Vou e contarei com a sorte. É o único jeito.

— Rosa...

— Entenda... Eu não posso correr o risco de perder o Leigh por uma bobagem sem fundamento, algo que nem existe, nunca existiu, e que ele nem entendeu! Eu preciso esclarecer tudo e preciso saber se ele confia em mim. O amor sempre vence no final, lembra? Você mesmo me disse isso.

Eu vi que ela não mudaria de ideia por nada.

— Eu lembro, amiga. E você, nunca se esqueça. Eu acredito no amor, e se você quer mesmo ir atrás do seu, vá.

Nós nos abraçamos. Em seguida, ela terminou de pôr tudo na mala e nós saímos até o ponto de ônibus.

...

— Eu vou daqui para a rodoviária. Acho que daqui até a fazenda a passagem deve ser bem barata.

— Te desejo boa viagem.

— Ah, não pense que me esqueci de você. Toma. – Ela me entregou uma chave. – É uma cópia extra da chave da minha casa, eu também tenho uma.

— Mas, por que está me dando?

— Você vai ficar lá, né? Não é justo eu te deixar trancada, a cozinheira não fica o dia todo e você não pode ficar dependendo dela para abrir a porta para você entrar e sair. Então, fica com essa chave.

— Ah, valeu, Rosa! Você sempre pensando em tudo. Mas...

— Mas o quê?

— Enquanto nós estávamos vindo para cá eu pensei numa coisa... Aliás, em muita coisa...

— Em quê?

— Eu estava com o Castiel agora há pouco.

— Eu imaginei.

— Ele me contou umas coisas e eu acho que ele não está muito bem.

— Por quê? Ele está doente?

— Não... Está triste.

— Triste?

— É. Os pais dele quase sofreram um acidente por esses dias e eu acho que ele juntou isso ao acidente do Lysandre e ficou muito abalado, talvez assustado até. Ele não quer demonstrar, claro, mas eu olhei bem nos olhos dele e senti que ele precisa de alguém por perto nesse momento. Ele se sente sozinho e não fala pra ninguém, nem pra mim.

— Puxa! É verdade que o Castiel não é muito de demonstrar os sentimentos. O que você pretende fazer?

— Eu pensei em passar um tempo com ele assim como você vai fazer com o Leigh. Talvez, na casa dele mesmo.

— Na casa dele?

— É. Você acha que não devo ir?...

A Rosa quase me sacodiu quando fiz essa pergunta.

— Como que não deve, criatura, claro que deve! Vai lá! Não seja tão indecisa! O que foi que você acabou de me dizer?

— O quê que eu acabei de te dizer?

— Ah! Que se eu queria mesmo ir atrás do meu amor, que eu fosse, não foi? Então? Vai atrás do seu também, garota! Vai ficar com ele! Se você acha que ele tá precisando de alguém agora, quem melhor do que você para acabar com toda essa solidão?

Eu não podia negar que gostei muito do incentivo da Rosalya. Então, me decidi. Assim que ela fosse embora atrás do amor dela, eu iria cuidar do meu. Quisesse ele ou não.

...

...

Pouco depois...

Rosa se foi e eu voltei depressa a casa dela para arrumar minhas coisas. Tudo pronto, peguei minha mochila e parti para a casa de Castiel. Só havia um pequeno problema...

— Alô?

— É... Oi, Nath. É a Paula.

— Paula, que surpresa? Por que me ligou?

— Então... Não é nada pessoal, é assunto da escola.

— Você me liga no fim de semana por causa da escola? Deve ser importante mesmo.

— Bem... Não. E sim. É que... Lembra um trabalho extra que a professora Delaney passou para quem não respondeu os últimos exercícios?

— Sei. E você precisava fazer? Pensei que você tivesse entregado todos os exercícios...

— É... Não, não, faltou um. Eu esqueci. – Eu precisava contar uma mentirinha para conseguir o que precisava.

— Você quer que eu te ajude?...

— Não! Sou eu quem está ajudando alguém, quer dizer, eu fiz dupla com uma pessoa para fazer o trabalho e preciso levar um material, mas eu não sei onde essa pessoa mora.

— Ah, você quer saber o endereço?

— Isso!

— Claro, eu tenho todos anotados. Com qual das meninas você fez dupla?

— Não foi com uma menina...

— Não?... Com quem?

— Foi... Com o Castiel.

— Como é que é?! – A voz do Nath ficou alterada de repente. Eu não sabia se foi por eu dizer que precisava do endereço do Castiel ou porque ele suspeitava que eu estivesse mentindo.

— Eu disse que fiz dupla com o Castiel. Tá tudo bem, Nath?

—... Sim, está. Eu... Pensei não ter ouvido direito.

— Ah...

— Mas, por que logo com o Castiel, hein?

— Ué... Até parece que você ficou com raiva...

— Não! Sou estou perguntando o motivo de ter feito dupla logo com ele.

— Ah, é que... Ele precisava fazer o mesmo exercício que eu, aí a gente combinou de fazer juntos.

— Exercício? Não era um trabalho?

— É! É sim! É um trabalho sobre o assunto do exercício.

— Sei...

Eu poderia jurar que o Nath estava desconfiado. Eu nunca fui uma boa mentirosa.

— Então, você vai me passar o endereço dele?

— Quer dizer que você vai à casa do Castiel?

—... Não. Quer dizer, sim. Só se for preciso. É que... Caso ele não compareça no local onde marcamos para fazer a pesquisa, eu vou lá chamá-lo, né?

— Tá bom. Vou te passar o endereço, anota.

Respirei aliviada quando o Nath finalmente passou o endereço e eu fui correndo para a casa do meu amor.

...


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Notas finais do capítulo

Continua...