Meu Pecado escrita por Dálian Miller


Capítulo 11
Capítulo 10 – Destino


Notas iniciais do capítulo

Bem, este é o último. Obrigado por quem leu, comentou! Até uma próxima história!



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Muito aconteceu desde o incidente com Arthur. O semestre terminou diferente do esperado por Renan. Diariamente a imagem do garoto sorridente, que sentava ao seu lado, se fazia presente em seus pensamentos, mas distante na realidade. Não havia mais sustos repentinos, picolés na roupa em momentos de fúria ou de diversão. Apenas um vai e vem de pessoas comuns, sem aquela luz dourada sobre elas, mas um cinzento que tornava o clima sem vida e sem animação. 

Suas partidas não eram mais assistidas por ele, assim como não havia mais a quem abraçar no final dos jogos, seja em comemoração ou conforto. 

Em Sun Dioha, Nick já não morava mais com seu pai. Após a tentativa de assassinato em Dri’Flig, ele entrou com um pedido de prisão para o homem. Haviam muitas testemunhas no local e hora do atentado, e logo foi emitida uma busca para encontrá-lo. Além do boletim de ocorrência, Nick, gozando de todas as suas competências adquiridas ao longo do período no curso de direito e o apoio de alguns professores, entrou com um processo para transferência de bens por invalidez de um superior, transferindo todas as posses da família para seu nome. 

Algumas semanas depois, localizado pela polícia, seu pai disfarçou-se de drag queen na tentativa de escapar, contudo, entrou no território de uma gangue de traficantes nas periferias da cidade, onde dezenas de homens abusaram de seu corpo até deixá-lo inconsciente. Em seguida, foi jogado em um rio. 

Cerca de nove dias se passaram desde então, e um forte odor nas margens do riacho, próximo a uma vila localizada a 12 Km de distância da cidade, fora sentido e identificado pelos moradores locais como um corpo humano em decomposição.  

***

Drit’Flig, Alguns meses depois

De tudo o que era especial para os garotos, restou apenas uma tênue linha que ainda os mantinha de pé e os dava força para continuarem: a semente de amor plantada em seus corações por Arthur ao uni-los.

Ao fim de um jogo amistoso, sentado sobre um banco no vestiário e com uma toalha azul cobrindo a cabeça, Renan ouviu seu celular tocar. Estendendo a mão até o lado, ele apanhou o aparelho e atendeu a ligação.

— Oi Nick.

Tenho uma notícia... 

As expressões de Renan mudaram repentinamente. Com velocidade, ele guardou seus pertences numa mochila ao lado, vestiu uma calça por cima do short do time e correu em direção ao hospital. Arthur havia acordado do coma. 

Correndo, ele atravessou a porta principal do recinto e encontrou Nick e a mãe de seu amigo a esperá-lo com grande contentamento. 

— Eu não aguentei e já fui em seu quarto, mas o Nick esperou por você. Meu filho faz questão de vê-los. – Comentou a senhora arrumada com um vestido florido simples e cabelo preso em rabo de cavalo. 

— Tudo bem – respondeu e virou-se para o outro. – Obrigado por me esperar. Vamos? – Chamou-o. 

— Sim. 

De mãos dadas, eles seguiram pelo longo corredor juntos, um ao lado do outro. Pararam na primeira enfermeira que viram e indagaram sobre o quarto onde Arthur estava. Feliz por ter participado de seu caso e o ajudado no momento em ele chegou, ela informou com detalhes seu local de repouso durante esses meses enquanto os guiava até lá, e contou como ele progrediu durante esse tempo. 

— Ainda lembro de seus rostos naquele dia – Comentou emocionada. – O quarto dele é este – Apontou para o lado. – Ele tem bons amigos. – Já de saída, ela virou-se e disse algo que os alegrou. – Ah, felicidades ao casal, merecem depois de tudo que passaram. – Sorriu e seguiu seu antigo caminho. 

— Obrigado. – Responderam. 

A porta foi aberta lentamente por Nick. Seu coração batia forte. Do outro lado, virando a cabeça para ver quem se aproximava, ele sorriu grande, vendo a boa e velha imagem do seu melhor amigo. 

— Arthur! – Berrou, correndo com velocidade e o abraçando forte. Renan o abraçou logo em seguida, formando um amontoado sobre o leito. – Eu tive tanto medo de te perder, cara – afastou-se um pouco e segurou seu rosto, nunca mais me faça um medo desses. – Sorriu. 

— É carinha, as batatas-fritas que fiz você comer serviram para alguma coisa. – Brincou. – Estou feliz que tenha acordado. Olha, conversei com nossos professores, como você tinha excelentes notas e restavam poucas avaliações, que foram trabalhos na verdade, coloquei seu nome no meu grupo e eles aceitaram. Então, ainda vai estudar comigo no próximo semestre. – Tocou seu ombro. 

— Ah gente... – Fez uma pausa. Uma lágrima escorreu por sua face pálida. – Não sei nem o que dizer... vocês fizeram tanto por mim... me trouxeram para cá, pagaram esse hospital e meu tratamento quando minha mãe não podia, salvaram minha vida. Vocês são os melhores amigos que alguém poderia ter. – Puxou-os em um novo abraço coletivo. – Amo muito os dois, obrigado por fazerem parte da minha vida e cuidarem de mim, muito obrigado mesmo. – Chorou. 

— Você merece isso e muito mais, Arthur. – Comentou Renan. – Você me mostrou o caminho quando eu estava perdido e mostrou a felicidade quando colocou alguém especial em minha vida. – Olhou para Nick e o beijou-o. – Será um excelente professor e orientador algum dia. 

— É isso aí! – Seu namorado confirmou. – Já sabe quando terá alta? 

— Ainda precisamos fazer alguns exames, mas ele se recuperou bem dos ferimentos. Acredito que só mais um dia ou dois e estará liberado. – Respondeu a enfermeira que estava ao lado. 

— Eba! Você não perde por esperar, Tetsan. – Nick sussurrou.

***

Uma Semana Depois

O Sol brilhava forte naquele dia. Era início de primavera, os pássaros voavam em bandos, as flores surgiam por toda parte e tudo parecia receber um toque especial da mãe natureza.

Parado ao lado de seu carro, de óculos escuro, short e camisa de botão florida, Nick olhava impaciente para o relógio enquanto chamava por seu amigo frequentemente em frente à porta de sua casa. 

— Vamos Arthur! A gente vai se atrasar. Quero chegar naquela praia o quanto antes e, além do mais, o Renan já deve tá esperando a gente há um bom tempo. 

— Já vou, já vou. – Balbuciou ao abrir e atravessar a porta com uma mala grande, duas menores, uma cesta de piquenique e usando um chapéu de palha. – Você bem que poderia vir me ajudar em vez de ficar só me apressando.

— Tô indo, ou não saímos nunca daqui. – Comentou sorrindo e seguindo em sua direção. 

— Arthur, meu filho, você pegou o protetor? – Questionou sua mãe enquanto se aproximava e secava as mãos com um tecido branco. 

— Peguei, mãe. 

— E as toalhas? 

— Peguei. 

— Sacola com frutas? 

— Peguei. 

— Camisinhas? 

— Mãe? Dá para parar? Eu peguei tudo. E não precisa me constranger na frente do Nick. – Redarguiu envergonhado puxando o chapéu de modo a cobrir o rosto e caminhando apressado até o carro.  

— O que eu disse de errado? Camisinha também é importante, ainda mais para jovens como vocês, nessa idade. 

Em altas gargalhadas, Dailos aproximou-se, pôs o braço sobre seu ombro e brincou com ele. 

— Com certeza você precisará desse último item. 

— Seu idiota, cala a boca! – Deu-lhe um soco do peito e caminhou até o outro lado do veículo. – Vamos logo... antes que eu morra de vergonha aqui. 

— E a despedida da mamãe? 

— Tchau mãe. – Berrou.

— Até mais dona Tetsan. Voltamos em uma semana. – Disse Nick ao entrar no carro e ligá-lo. 

— Até mais meus filhos. Se cuidem! – Acenou e despediu-se. 

No caminho, aproveitaram para colocar todos os assuntos em dia, havia muito que ele não sabia, inclusive que teve ajuda de outra pessoa. 

Algumas horas depois, próximo do final da tarde, chegaram ao seu destino. Da casa alugada por Nick, a algumas dezenas de metros da praia, era possível ver o mar com grande clareza, ouvir o barulho das ondas e sentir seu cheiro. Um paraíso natural. 

Enquanto retirava as malas do carro, Arthur avistou Renan correr na praia acompanhado por outro garoto, um pouco mais baixo e de cabelos escuros. 

— Quem é aquele cara que tá correndo com ele? – Indagou. 

— Você logo vai saber. – Respondeu com um sorriso sarcástico no rosto. – Renan! – Berrou de onde estava, chamando sua atenção. – Vem aqui. 

Aproximando-se na companhia do outro garoto, ele logo chegou e pôs as mãos na cintura. Havia apostado corrida e ganhou por pouco. 

— Você é um excelente corredor. – Comentou Renan. 

Aproximando-se de Arthur, Nick o levou até seu novo amigo e o apresentou. 

— Arthur, quero que conheça uma pessoa a qual você deve muitos agradecimentos, ele doou quase duas bolsas de sangue para salvar sua vida naquele dia, este é o Rafael. – Sorriu. 

— Oi... Rafael... muito obrigado. – Apertou-lhe a mão e o viu sorrir. Rapidamente lembrou-se da imagem do garoto que o havia ajudado no dia que ele conheceu Renan. – Você... é o desenhista? 

— Sim. – Respondeu sorridente. – Vamos nadar? – Agarrou-lhe pela mão antes que pudesse responder, deixando-o rosado, e o puxou em direção à praia. 

E assim, uma nova história começava a ser escrita. A de um garoto que precisou mergulhar na tormenta para enfim, ver o paraíso e encontrar um novo amor. 

 

 

O destino é algo bastante intrigante: Nos mostra nosso futuro de uma maneira tão subjetiva que acabamos por nem notá-lo. Talvez você já tenha conhecido o amor da sua vida, seus filhos... Até o seu EU do futuro, mas nem se deu conta. Então, amigos, olhem para trás e me respondam: O que vocês vêm?

Arthur Tetsan

 

 

Fim!!!


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Gostaram? Não gostaram, mas leram até aqui mesmo assim? kkkk
Deixem nos comentários suas opiniões, dicas, sempre é bom saber o que pensam também.

:D



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