Margaritas escrita por Mille Evans


Capítulo 3
Capítulo 3




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Disclaimer: Inuyasha pertence à Takahashi Rumiko.

o-o-o

Margaritas

Duas semanas se passaram.

Duas semanas nas quais era comum observar o seguinte quadro: onde quer que Sesshoumaru Inokuma estivesse, Rin Nakayama disparava numa velocidade digna de Usain Bolt para qualquer outro cômodo próximo. Nas palavras de Kagome, que teve que dar à Sango, Inuyasha e Miroku uma explicação mais ou menos plausível, Rin estava lidando com coisas.

— Algo que tenha a ver com Sesshoumaru sendo portador da peste negra no século 21? – Miroku questionou, a expressão oscilando entre achar a situação toda esquisita e engraçada ao mesmo tempo.

— Outro dia ela entrou no meu quarto feito o Taz Mania e dormiu na minha cama – Inuyasha disparou, indignado. – Tudo isso porque Sesshoumaru se ofereceu para ajudá-la a ir para cama, porque ela estava cochilando no sofá. Ela levantou bêbada de sono derrubando tudo pela frente e se enfiou na minha cama. Eu tive que dormir na sala, feh!

— Por que não a acordou ou dormiu na cama dela? – Kagome, encostada na pia da cozinha - onde ocorria a pequena “reunião” sem Rin e Sesshoumaru -, encarou Inuyasha com ares de zombaria.

— Bom, ela meio que parecia o Mumm-Ra enrolada nas cobertas. Rin é meio esquisita às vezes, então a deixei lá. Além do mais, o sofá não é ruim, apesar de preferir minha cama.

— Você não a prefere tanto assim. Você já dormiu fora dela. – Sango pontuou, encarando o amigo com uma sobrancelha arqueada. – Chegou bêbado igual um gambá e dormiu no tapete da sala.

— Isto é diferente. Eu estava bêbado, não lidando com coisas.

— Você estava lidando com o álcool. – Miroku pontuou, com uma seriedade fingida.

— Feh, cada um lida com suas coisas do jeito que quiser. – Inuyasha esbravejou, cruzando os braços enquanto fechava a cara.

Kagome girou os olhos, ao passo que Miroku e Sango riam.

— Bom, o fato é: deixem Sesshoumaru e Rin em paz. Eles precisam lidar com isso sem nossa interferência.

— Quem precisa lidar com o quê sem interferência de vocês? – Subitamente uma voz fina interrompeu o momento.

Rin vinha entrando na cozinha. Como de praxe, usava um dos seus muitos vestidos  delicados, jaqueta jeans e o par de all stars que havia visto primeiro ao terminar de se arrumar. Naquele dia, os tênis eram amarelo mostarda.

— Inuyasha. – Sango foi rápida ao responder, apontando para o amigo no outro lado da mesa. – Ele precisa lidar com as memórias constrangedoras do que o álcool já fez com ele sem que façamos piadas.

Inuyasha bufou, fechando ainda mais a cara. Miroku explodiu numa gargalhada escandalosa, enquanto Kagome segurava a ponte do nariz, aparentemente se lamentando sobre alguma coisa.

Rin franziu o cenho, largando a bolsa pendurada sobre uma das cadeiras livres.

— Faz tempo que não vejo Inuyasha beber assim.

— Bom, acontece. Não é, Inuyasha? – Miroku, entre risadas, encarou o amigo.

— É, acontece. Eu sou o Inuyasha, durmo bêbado no tapete da sala. – Inuyasha recitou monotonamente, ranzinza.

— Da minha parte, juro que não haverá piadas. – Rin prometeu, cruzando os dedos enquanto sorria para Inuyasha.

— Quanta consideração. Obrigada, Rin.

Rin abriu um sorriso divertido, encarando o amigo, e estava prestes a perguntar o que almoçar aquele dia, quando outra pessoa entrou na cozinha.

Seu coração imediatamente passou do ritmo normal, no qual vinha se mantendo enquanto ela esteve fora naquela manhã, passeando no parque, para um ritmo frenético que a fazia ter a nítida sensação de que alguém havia injetado adrenalina nas suas veias.

Porque era Sesshoumaru quem vinha entrando na cozinha. Usando jeans e camisa social, ele vinha entrando na cozinha com os cabelos ainda úmidos, provavelmente porque havia tomado banho a pouco tempo. Os olhos dourados, aqueles olhos que faziam-na se sentir envergonhada, desesperada para fugir e eufórica ao mesmo tempo, automaticamente se fixaram nela.

Por que ele tinha que ser tão bonito? E porque ela tinha que ter chamado ele para sair naquela maldita noite?

— Veio almoçar com a gente, Sess? A lasanha está pronta. – Sango anunciou, animadamente.

— Todos vão almoçar em casa hoje? – Os olhos dourados imediatamente procuraram o rosto pequeno de uma pessoa que ele havia visto entrar na cozinha minutos antes. Uma pessoa que vinha fugindo dele desesperadamente a dias.

— Eu vou precisar dar um pulo na rua. – De imediato Rin ficou de pé, desajeitada. Ela agarrou a bolsa pendurada na cadeira e de imediato deu um tchauzinho para os amigos, o rosto vermelho – Vejo vocês mais tarde!

E simplesmente disparou cozinha afora.

Um minuto de silêncio pairou entre quatro na cozinha, enquanto ouviam a porta da frente abrir e fechar novamente.

Sesshoumaru deu um longo suspiro. A expressão era impassível como sempre, mas havia perturbação nos olhos dourados.

— Vou sair também. Não me esperem para o almoço. – Anunciou, enquanto rapidamente pegava as chaves do carro e alcançava a porta da frente. Queria conversar com Rin, mas ultimamente estava difícil. Tão difícil que estava beirando o ridículo.

Com pressa, o homem saiu de casa pensando que ainda iria encontrar a amiga esperando o elevador, mas não havia ninguém lá. Maldição, ela era esquiva igual um sabonete!

Sesshoumaru bufou, irritado. Sabia que não era a pessoa mais maravilhosa do mundo, mas havia sido tão insensível assim ao recusar o convite de Rin?

Ele não sabia dizer, mas baseado no comportamento da garota nas últimas semanas, aparentemente ele tinha feito algo muito errado. E o pior de tudo era que com o passar dos dias sendo ignorado e evitado, ele havia passado a refletir sobre o que Rin significava para ele.

Gostava da presença dela, isso não era surpresa. A garota era uma das pessoas que ele mais gostava, levando em conta todas as demais com que ele convivia (ou tolerava, em alguns casos). A problemática era: o quanto gostava. Além do clima estranho no ar, havia a questão de sentir falta da amiga. Não como sentia falta de Sango ou Kagome; era diferente. E ele havia se dado conta disso apenas naquele momento. De todas as questões que rodeavam sua mente, aquela era que mais martelava seus neurônios: seus sentimentos por Rin pareciam mais profundos que ele imaginava. Aquela fuga dela ante sua presença estava o incomodando profundamente. Ele, Sesshoumaru Inokuma, estava confuso.

Sesshoumaru reprimiu um suspiro e entrou no elevador, que havia finalmente parado em seu andar. Enquanto descia até o térreo, estudou diversas maneiras de abordar Rin. Não era possível que ela estivesse tão longe assim. Talvez se disfarçar fosse uma alternativa, já que com toda certeza, quando visse ele se aproximando, ela dispararia para longe feito um foguete.

Contudo, quando ele finalmente chegou ao térreo, se surpreendeu ao ver a amiga sentada em uma das poltronas da recepção com o olhar perdido. Provavelmente aguardando tempo suficiente para que todos almoçassem – assim ela poderia voltar sem ter que ficar no mesmo cômodo que ele.

Uma onda de irritação o atingiu em cheio. Em passos firmes, ele caminhou até Rin e aguardou pacientemente que ela o visse se aproximar, pensando que daquela vez eles iriam conversar, nem que para isso ele tivesse que persegui-la rua afora.

Como previsto, assim que Rin o viu, todo o sangue fugiu do rosto dela. Era nítido que ela não o esperava ali. Isso fez Sesshoumaru ponderar sobre como aquela cena parecia pertencer a um filme de terror onde que ele era o vilão.

Quando estava próximo, ele viu Rin abrindo a boca para tentar provavelmente dar alguma desculpa fajuta. Por isso a encarou com seriedade quando finalmente parou diante dela.

— Sesshoumaru, eu tenho que…

— Você não vai a lugar nenhum. Temos assuntos pendentes.

— Eu tenho que encontrar o pessoal do jornal.

— Eu não ligo. – Sesshoumaru anunciou, fazendo-a ficar de pé com um simples puxão pela mão. Em seguida, passou a conduzi-la para fora do prédio.

— É um compromisso importante! – Rin relutou em acompanhá-lo. Ele podia sentir a mão dela tremendo entre seus dedos.

— Se fosse importante, você não estaria sentada ali esperando sabe-se lá o quê. – Ele apertou levemente a mão dela entre seus dedos. A sensação foi boa; a mão dela era pequena e morna.

— E-e-eu estou esperando meu Uber!— Rin tentou novamente.

— Eu te dou uma carona.

— Mas o motorista já está vindo!

— Cancele. – Àquela altura do campeonato, eles já estavam na calçada do edifício.

— Mas… - Rin procurou alguma desculpa. Seu coração estava disparado. Será que Sesshoumaru podia ouvir?

— Rin. – Sesshoumaru parou diante do próprio carro e desativou o alarme, soltando a mão pequena da garota. Abriu a porta do passageiro. – Entre. – Os olhos dourados se fixaram nos castanhos. Ele estava sério. Não era um pedido, era uma ordem.

Rin engoliu em seco. Inferno!

Sem alternativa, a garota entrou no carro e fechou os olhos com força, pedindo a Deus que qualquer coisa acontecesse para evitar aquela conversa. Que T-rex passasse de patinete pela calçada, que Beyoncé surgisse do nada numa entrada triunfal, que Shakira aparecesse rebolando…

… Mas a única coisa que aconteceu foi a entrada de Sesshoumaru no veículo.

Por alguns segundos ela não abriu os olhos, apesar de sentir que o carro se movia. O vento suave que entrava pelas janelas abertas bagunçava seu cabelo e foi quando esse mesmo vento parou, depois de alguns segundos, que ela abriu os olhos e viu que estavam parados num semáforo.

Nenhum dos dois disse nada pelos minutos seguintes. Foi quando Sesshoumaru entrou numa rua calma e estacionou sem mais nem menos que Rin soube que o momento tinha chegado.

— Agora que estamos suficientemente afastados de casa para que você não saia do carro e dispare na direção contrária a que me encontro, podemos conversar. – Sesshoumaru anunciou, desligando o carro.

Rin sentiu o rosto ficar vermelho. Aquela conversa não ia ser fácil.

— Eu tenho meus motivos. – Respondeu, encarando as próprias mãos como se fossem a coisa mais importante do mundo.

— Eu sei que tem. Mas eu gostaria de entender se a deixei tão desconfortável a ponto da minha presença ser intragável para você.

Rin mordeu o lábio inferior, sentindo-se mortificada. Ali, longe de tudo e todos, presa em um carro com ele, tudo parecia tão pior. Aquele era o resultado de suas fugas malsucedidas. Aquele era o resultado daquele pedido ridículo – por que ela tinha que ter chamado Sesshoumaru para sair?

Rin respirou fundo e levantou o rosto, vermelho feito um morango, para encarar aquele par de abrasadores olhos dourados.

— Eu pareço muito desinibida no dia a dia. Eu consigo falar na frente de muitas pessoas. Eu sei manter uma conversa sem que falte assunto por horas. Mas eu não sei lidar com a pessoa que… - Ali ela vacilou, a voz soando quebradiça. -… q-que eu gosto dizendo que não quer sair comigo. – Rin finalizou a frase, sentindo que mais uma vez estava se expondo sem reservas e iria se arrepender depois. – Desculpe por fugir. É só… - Ela hesitou, apertando as mãos uma contra a outra. - … Não sei lidar com isso. Desculpe.

Um minuto inteiro de silêncio se passou. Sesshoumaru tinha os olhos fixos no rosto delicado, mas os pensamentos pareciam longe dali.

Rin se remexeu, desconfortável.

— Não precisa me responder nada. Não vou mais fugir. Eu sei que fui infan-

— Acho que temos que analisar com mais calma resposta que lhe dei aquela noite. – Sesshoumaru a interrompeu, e então se recostou no banco do carro, pensativo. Os olhos dourados agora eram vibrantes, os pensamentos organizados. Rin sentiu o coração vacilar numa batida. Parecia que seus ossos estavam derretendo. – Se bem me lembro, eu não neguei seu pedido.

Imediatamente Rin ficou vermelha, sendo inundada por uma vergonha que a fazia se sentir a mais estúpida as criaturas. Junto a isso, um leve ressentimento em relação a Sesshoumaru estava se formando. Ela já não tinha sido clara? Não era suficiente dizer em voz alta que gostava dele, outra vez? Era preciso esmiuçar tudo sobre aquela noite infernal?

— Não precisamos fazer isso. Eu já entendi que você-

— Rin. – Outra vez Sesshoumaru a cortou. Daquela vez o tom dele era mais suave, e quando ele falou novamente, Rin sentiu que o tempo havia congelado ao seu redor. – Eu a aconselhei a ir dormir. Não neguei seu pedido. Ou seja…

Rin arregalou seus os olhos, descrente demais para falar.

— Acho que é hora de sairmos juntos.

Maybe you don't understand what I'm going through

(Talvez você não entenda o que estou passando)

It's only me, what you got to lose?

(Sou apenas eu, o que você tem a perder?)

Make up your mind, tell me, what are you gonna do?

(Decida-se, diga-me, o que você vai fazer?)

(Circles – Post Malone)


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Notas finais do capítulo

N.A: Eu nem sei como começar essa nota. Primeiro, me desculpem. Me desculpem MESMO. Não vou ficar dando desculpas, eu realmente relaxei com minhas fanfics e as coitadas ficaram aqui abandonadas. Culpada.
Mas a meta é finalizar todas. Antes de ser escritora, sou leitora e sei qual é o sentimento de estar acompanhando uma história e ela entrar em hiatos para todoo sempre. Por isso, não me matem! Hahaha peço por favor que vocês comentem, por favor. Eu atualizei meu perfil e lá tem as histórias que focarei em finalizar. Quem se interessar em saber, pode dar uma olhada. E comentários ajudam muito na motivação pra finalizar, real oficial!
Sobre a história, creio que o próximo capítulo é o último. Não quis fazer algo muito previsível com o Sesshoumaru já se dando conta de que gosta da Rin; ele ainda está confuso e a Rin teve uma atitude meio infantil porque é imatura e não soube lidar com as próprias ações (quem nunca?).
Se tudo der certo, próximo capítulo tá aí logo menos com tudo resolvido. A intenção anterior era introduzir Sango/Miroku e Kagome/Inuyasha, mas vou seguir o plano original a focar em Sess/Rin mesmo.
Deixem reviews!
Beijo grande,
Mille



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