Margaritas escrita por Mille Evans


Capítulo 2
Capítulo2


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, eis mais um capítulo para vocêês! Peço que por favor comentem, okay? Dá mais ânimo para continuar a história. É sempre bom saber a opinião dos leitores e, no caso de Margaritas, o plano inicial era ser apenas Rin e Sesshoumaru, mas andei pensando em introduzir Inuyasha e Kagome. Dei até alguns indícios nesse capítulo, contudo preciso saber a opinião de vocês, caso contrário mantenho o plano e sigo com Sesshy e Rin, firme e forte hahah então, por favor, comentem, tá bem?
Boa leitura!

E ah sim. A música utilizada no começo do capítulo um e desse capítulo também é "Houdini", do Foster the people.



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Margaritas

“… Fear can make you compromise

With the lights turned up, it's hard to hide

Sometimes I want to disappear”

(Medo pode fazer você se comprometer

Com as luzes acesas, é difícil se esconder

Às vezes eu quero desaparecer)

xxx

Aquele era um típico dia de primavera.

O clima estava gostoso para quem curtia um céu azul acompanhado de temperaturas elevadas e nenhuma nuvem num céu que se estendia gloriosamente acima das cabeças de alguns poucos cidadãos que andavam na rua logo cedo. Abençoados fossem os sábados e corajosos fossem aqueles que acordavam cedo aos fins de semana.

Rin Nakayama não se enquadrava naquela categoria, mesmo porque as dez e trinta e sete daquela manhã de sábado ela mal havia se mexido. Enfiada no que parecia ser uma montanha de lençóis, a morena tinha o rosto enfiado no travesseiro, os cabelos longos e enegrecidos espalhados pelas costas delicadas enquanto uma das pernas pendia molemente para fora da cama. Olhando o cenário de cima, era possível perceber, inclusive, que ela havia conseguido a proeza de vestir a calça do pijama do avesso, embora aquele fato não tivesse importância frente a uma verdade incontestável: ela ia morrer. Tinha certeza disso.

Fosse porque sua cabeça estava doendo miseravelmente (malditas margaritas!), fosse porque ela tinha falado demais na noite anterior ou porque estava com uma vergonha absurda, que lhe permitiria imitar um avestruz, caso fosse possível, Rin sabia, no seu íntimo, que levantar daquela cama seria o mesmo que assinar sua sentença de morte.

A morena reprimiu um suspiro. Por que, em nome de qualquer divindade celestial, ela havia dito tudo aquilo na noite anterior? Por que ao invés de parar e ir atazar Sesshoumaru ela simplesmente não havia ido para seu quarto dormir, como as pessoas normais teriam feito?

Rin! – A voz de Kagome do outro lado da porta vez a garota interromper a linha de raciocínio. – Vamos, levante. É sua vez de ir fazer compras! E eu já vou tirar a mesa do café da manhã.

Rin girou o rosto lentamente para a porta de mogno envernizada. A claridade que entrou pela janela a fez franzir o rosto inteiro, questionando-se se era daquela maneira que os vampiros se sentiam diante da luz do sol. Não duvidaria nada se comer alho a fizesse se sentir mal também.

Com mais um suspiro Rin levantou-se lentamente, colocando o antebraço no rosto ao se deparar com a claridade daquela manhã. Tropeçando, a garota foi para o banheiro, onde tomou um rápido banho, seguindo em direção à cozinha logo em seguida. Os trajes que a morena usava aquela manhã, um vestido floral azul marinho e um par dos primeiros calçados que viu pela frente – naquele momento, seus all stars surrados –, foram a escolha para encarar a ressaca do dia. O cabelo ficou solto, ainda úmido, caindo pelos ombros e pelas costas. No rosto havia um par de óculos escuros.

— Nossa. – Kagome exclamou, risonha, no momento em que viu a amiga entrar na cozinha. – Rin-chan, quem te atropelou?

— Aparentemente, algumas taças de margaritas. – Rin declarou, largando-se de qualquer jeito em uma das cadeiras. A expressão de morte era incontestável. – Eu gostaria de saber porque fiz isso comigo mesma.

Kagome gargalhou, fitando uma Rin que lhe devolveu uma expressão de poucos amigos, as mãos pequenas massageando as têmporas.

— Você estava feliz, oras. Afinal, pelo o que Sesshoumaru disse, você conseguiu public…

— Oh não… - Rin murmurou, passando a mão pela franja enquanto baixava o rosto. – Você viu Sesshoumaru hoje?

Kagome, que até então estivera encostada à pia da cozinha olhando a amiga, arqueou uma sobrancelha. Os grandes olhos azuis tornaram-se repentinamente desconfiados.

— Vi. Ele saiu hoje cedo dizendo que tinha um trabalho para entregar na faculdade.

— Tomara que ele fique lá. Aliás, seria melhor se ele começasse a morar lá. – Rin meditou, num tom de voz choroso.

Kagome arqueou ambas as sobrancelhas.

— O que diabos aconteceu ontem a noite, Rin-chan?

Rin endireitou a postura levemente, as mãos se entrelaçando sobre a mesa. Kagome era a única que sabia da sua paixonite secreta por Sesshoumaru. Ela vivia dizendo que Rin deveria no mínimo tentar chamar o homem para sair, ou dar ao menos uma abertura para ele se tocar sobre seus sentimentos…

— Eu… Hm, meio que cheguei bêbada ontem e… - Pausa. Rin suspirou pesadamente. Dizer aquilo em voz alta fazia tudo parecer uma verdadeira tragédia. -… Segui seus conselhos. – A garota declarou, a voz num fiozinho baixo e constrangido.

— RIN-CHAN! – Kagome apontou para a amiga, os olhos arregalados enquanto sacodia o dedo indicador, subitamente animada. – VOCÊ…

— Eu fiz. – Rin confirmou, suspirando.

— MAS VOCÊ…

— Eu estava bêbada.

— RIN-CHAN, EU SIMPLESMENTE…

— Fui idiota?

— NÃO, QUERO DIZER, ISSO É…

— Isso é horrível.

— ISSO NÃO É HORRÍVE…

— Ele me mandou ir dormir, Kagome. Quão deprimente é escutar isso do cara que você gosta?

Kagome emudeceu. Subitamente compreendia o que Rin estava sentindo.

— Ok, talvez isso seja um pouco deprimente.

Rin arqueou uma sobrancelha. Kagome suspirou, colocando as mãos na cintura.

— Tudo bem, você venceu. Eu faço as compras enquanto você… Tenta sobreviver, eu acho.

— Tenta não morrer de vergonha, de ressaca ou das duas coisas juntas é o mais apropriado.

— Rin-chan, isso não é o fim do mundo.

— Minha dignidade jaz em algum lugar dessa casa, minha cabeça parece que vai explodir, e eu estou com uma sede que me faz questionar se me transmutei num camelo em quanto dormia. Então ao menos hoje é o fim do mundo.

Kagome girou os olhos azuis enquanto Rin dava ombros, um sorriso nascendo nos lábios rosados pela primeira vez no dia. Antes de sair da cozinha, Kagome deu uma última olhada na amiga e suspirou, resignada, vendo-a encostar a cabeça na mesa da cozinha. Que enrascada era gostar de qualquer um dos irmãos Taishou…

xxx

Passava do meio dia quando Sesshoumaru estacionou diante do apartamento onde morava. Pouco antes de descer o rapaz suspirou, fechando os olhos, e permitiu-se alguns segundos de silêncio, ouvindo o típico som de pessoas rindo e conversando ao seu redor.

Estava cansado e se sentindo deveras estranho. Não havia dormido direito em decorrência do trabalho que ele tinha concluído na madrugada daquele mesmo dia, e ainda havia aquele fato no mínimo curioso que havia acontecido nesse mesmo período.

Os olhos dourados se abriram novamente. Estava tentando evitar pensar no que havia acontecido, mas diferente do que comumente ocorria, ele não estava conseguindo suprimir aqueles pensamentos. Era tudo tão absurdo que refletir sobre o assunto beirava o irracional. Como ele ia sequer imaginar que Rin Nakayama, a pequena Rin Nakayama, tagarela, sempre animada e perspicaz, pudesse gostar dele?

Sesshoumaru não conseguiu responder aquela pergunta. Ele podia dominar vários assuntos e ser muito inteligente, mas no tocante ao campo de sentimentos não fazia muita questão de se aprofundar. Relações físicas muito lhe interessavam, não era a toa que ele tinha fama de sair com muitas garotas, mas nada além disso fazia parte de seus interesses. Ele definitivamente não teria percebido o que Rin havia lhe revelado na noite anterior se a própria garota não tivesse dito.

Impaciente com o rumo de seus pensamentos, Sesshoumaru saiu do carro e ativou o alarme, finalmente se encaminhando para o apartamento. Menos de um minuto depois estava no elevador, as mãos nos bolsos enquanto aguardava chegar ao seu andar. Assim que as portas metálicas se abriram, entretanto, o homem encontrou uma Kagome apressada, que ao colocar os olhos nele congelou onde estava.

— SESSHOUMARU! – A morena deu um berro, assim que o viu ali.

Sesshoumaru não se moveu por alguns segundos. A expressão continuou impassível, com a mínima alteração de uma das sobrancelhas ter se arqueado levemente.

— Sim?

O rosto de Kagome tomou uma leve coloração avermelhada na altura das bochechas. A morena encarou a porta do apartamento nervosamente, voltando a olhar o homem diante de si novamente. Mas que diabos! Não era boa ideia deixar Sesshoumaru e Rin sozinhos naquele momento. Por que ele tinha que aparecer justo naquela hora?

— Você pretende me dizer alguma coisa ou apenas berrou meu nome por diversão? – A voz grave quebrou o silêncio.

Kagome engoliu em seco. Tinha que fazer alguma coisa!

— Sesshoumaru, me dê uma carona até o supermercado. Por favor! – A morena pediu, tentando dar seu melhor olhar pidão.

— Onde está o inútil do meu irmão? – Foi tudo que ela teve como resposta.

— Ele… Ele… - Kagome iniciou, sem saber o que dizer ao certo.

Foi então que o segundo elevador do prédio chegou, e de dentro da caixa metálica saiu ninguém menos do que um Inuyasha, que trazia entre os braços fortes pacotes de compras, a expressão até então tranquila. A julgar pelos trajes esportivos, ele estivera fora fazendo algo além de compras.

O trio se entreolhou.

— Pelo visto não será necessário ir até o supermercado. Até que fim Inuyasha fez algo de útil. – Sesshoumaru anunciou e, tranquilamente, se colocou a andar em direção à porta do apartamento.

— Feh, eu mal cheguei e já estão falando de mim. – Inuyasha ralhou, fechando a cara.

— Sesshoumaru! – Kagome voltou-se para o irmão Taishou mais velho. – Mas você…

— Kagome. – Sesshoumaru suspirou, parando de andar, e encarou a garota com ares de cansaço. – Eu realmente quero dormir um pouco. Seja lá o que estiver precisando, conversamos depois sobre isso.

Kagome entreabriu os lábios, mas nenhum som saiu da boca rosada. Ela observou Sesshoumaru abrir a porta tranquilamente e entrar em casa em seguida sem conseguir pensar em mais nada.

Sua resposta para aquilo foi um palavrão que raramente estava em seu vocabulário. Inuyasha a olhou desconfiado e espantado.

— O que diabos você precisa falar com tanta urgência com aquele imbecil do Sesshoumaru?

— Droga. – Kagome murmurou, olhando para a porta do próprio apartamento, alheia ao que Inuyasha dizia, e então o fitou estreitamente, colocando as mãos na cintura. – Por que você fez compras?

— Feh, até parece que cometi um crime! Eu acordei cedo para ir correr e vi Rin parecendo um cadáver quando passei em frente à porta do quarto dela. Então fui eu mesmo fazer as compras, bruxa. – O rapaz se explicou, dando ombros com uma expressão emburrada, para então estreitar os orbes dourados em seguida. – E você não me disse o que tanto queria conversar com o idiota do Sessh…

— Anda, vamos logo. – Kagome interrompeu o rapaz com impaciência, o puxando pelo braço para que os dois seguissem para o elevador novamente.

— Ei! Por que vamos pegar o elevador? - Inuyasha reclamou, sem entender nada.

— Vamos dar a privacidade que eles precisam. Mesmo porque… - Kagome apertou o botão do térreo. – Em algum momento eles vão ter que conversar.

Inuyasha encarou a garota diante de si sem entender absolutamente nada.

— Feh, que inferno, ninguém nunca me diz nada!

xxx

Sesshoumaru destrancou a porta e entrou em casa tranquilamente, olhando em volta para se certificar de que ninguém o importunaria ou irromperia pela porta berrando seu nome sem razão aparente. Ele estava realmente cansado e precisava de paz e silêncio naquele momento.

Notando que não havia ninguém por ali, o rapaz caminhou até a cozinha no intuito de buscar um copo d’água. Seus planos para aquela tarde se resumiam em dormir e se recuperar da madrugada anterior. Um gole d’água antes ajudaria a relaxar e aquietar a mente que fervilhava de pensamentos. Aquilo o estava incomodando e dormir parecia o remédio certo para abstrair.

Contudo, ao entrar na cozinha, ele imediatamente soube que não iria relaxar de modo algum. Porque a pessoa que ele vinha tentando não pensar nas últimas horas estava ali, com a cabeça encostada na mesa, braços estendidos pela madeira escura do móvel e cabelos escuros espalhados pelas costas, visivelmente úmidos.

Rin Nakayama.

Eram raras as ocasiões em que Sesshoumaru não sabia o que fazer. Em verdade, ele se lembrava de algumas poucas ocasiões que inicialmente prometiam algum constrangimento ou receio, mas nessas mesmas situações ele logo retomou o controle sem maiores transtornos. Era uma pessoa calculista e apta a tornar qualquer situação simples com um estalar de dedos. Era bom naquilo porque suas emoções eram disciplinadas, calmas, ordenadas.

Naquele momento, contudo, ele não tinha ideia do que fazer. Aquela era Rin, uma das poucas pessoas por quem tinha real apreço e de quem havia escutado um pedido para sair na noite anterior. Em resposta a havia mandado dormir, já ao fazer o convite ela estava bêbada.

Era tudo tão absurdo que ele mal sabia o que pensar.

Parecendo tomar ciência desse fato, Rin se mexeu, ficando subitamente ereta. Num pulo ela estava de pé, girando o corpo rapidamente enquanto as mãos tampavam os lábios rosados.

Ao ver Sesshoumaru ali, contudo, a morena arregalou os olhos de uma maneira que eles poderiam ter caído do rosto delicado, congelando no meio da cozinha abruptamente. O que, em nome de todos os infernos, Sesshoumaru estava fazendo ali a observando enquanto ela sentia uma ânsia absurda de colocar no mínimo sua alma pra fora?

Ela não soube responder. Por alguns segundos os orbes dourados se cravaram no seu rosto com uma intensidade abrasadora e Rin soube que infelizmente tinha cometido a grande besteira de realmente apaixonar por Sesshoumaru. E pior do que aquilo: tinha descoberto isso enquanto sentia uma vontade sobre humana de vomitar. Se aquilo não era paixão, ela não sabia o que poderia ser.

Nenhum pensamento a mais foi formulado pela garota, já que no segundo seguinte ela disparou para o banheiro numa corrida desenfreada, parando apenas para trancar a porta e abraçar a privada.

Estava tão ferrada.

Quer dizer, quem poderia não estar ferrada se apaixonando por sujeitos que a mandavam dormir depois de um convite para sair feito enquanto se estava sob efeito alcoólico?

Rin sabia muito bem a resposta. A morena permitiu-se encostar na parede gelada do banheiro, passando a mão pela testa. Não sabia o que era pior: a ressaca ou a percepção de sua deplorável situação. Não poderia piorar, poderia…?

— Rin. – A voz grave ressoou através da porta de mogno envernizada. – Você está bem?

…Poderia. Sesshoumaru poderia bater na porta do banheiro e perguntar como ela estava, como se aquilo não fosse óbvio.

A garota respirou fundo, tentando soar como sempre:

— Estou ótima, como você pode notar.

Silêncio.

— Para me responder assim, certamente está muito bem.

— Eu e a privada queremos privacidade, Sesshoumaru.

— Rin…

— Estamos tendo um momento aqui, se você não percebeu.

Silêncio.

— Eu estarei no meu quarto se você precisar. – E então passos anunciaram que Sesshoumaru tinha se afastado.

Rin suspirou aliviada.

Se dependesse dela, não ia passar sequer perto do quarto do rapaz.

Tudo o que não precisava naquele momento era lidar com um sentimento não correspondido.

 Maldito Sesshoumaru.


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