A filha de Juventas - A escolhida de Urano escrita por Luana Cajui


Capítulo 7
Espelho Maluco


Notas iniciais do capítulo

Olá, mais um capítulo para vocês e eu queria avisa-los que um novo capitulo ESPECIAL está chegando.



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Capitulo 6 - Espelho Maluco

Deveria ser em torno das oito horas da manhã. Mirage, Leon, Thomaz e Quiron já estavam reunidos no topo da Colina Meio-Sangue, os semideuses devidamente equipados, só estava faltando uma única peça essencial nisso tudo.

—Onde a Daiana se meteu? -praguejou o filho de Ares.

—Ela não costuma se atrasar -comentou Mirage, mexendo um dos pés nervosamente, sentada na grama queimada.

—Ela tinha me dito que ia fazer algo antes de vir para a cá. -comentou Leon se sentando ao lado de Mirage no chão.

—Ela te disse o que iria fazer? -perguntou Quiron. Leon fez um “não” com a cabeça.

Mirage suspirou, Daiana não era do tipo que gostava de se atrasar, muito pelo contrário, ela adorava chegar na hora. Teria acontecido algo ontem? Mirage não tinha lembranças do que aconteceu após ela e a ruiva saírem da Arena. Ás vezes ela tinha esses apagões, no começo ela pensou que poderia ser alguma lembrança tentando voltar, mas conforme o intervalo de tempo entre uma ou outra aumentou, ela descartou tal possibilidade.

Passou alguns minutos e finalmente a ruiva apareceu na base da colina com sua mochila nas costas e sua maleta em mãos.

—Desculpe o atraso -pediu ela assim que terminou de subir a colina.

—Onde você estava? – Perguntou Leon ajudando Mirage a se levantar.

—Eu fui ao chalé de Hefesto, estava precisando de algumas peças para as minhas armas, além disso, eu também peguei um pouco de Ambrosia extra.

Olhando fixamente a ruiva, Mirage percebeu que Daiana mexia incansavelmente nas pontas dos cabelos, ela estava mentindo. Mais tarde quando estivessem sozinhas, ela lhe perguntaria qualquer coisa.

—Vamos logo, antes que os monstros comecem a acampar na “porta” do Acampamento.

Daiana revirou os olhos com a fala de Thomaz, mas não tirou a razão dele. Os mais velhos se despediram rapidamente do centauro e desceram a colina. Mirage encarou o acampamento uma última vez, com um sentimento estranho de liberdade.

—Não se preocupe, você vai voltar e muito bem -Quiron tentou tranquiliza-la – Aqui será o seu lar, criança.

Algo nas palavras de Quiron pareceu soar como uma verdade para ela, mas aquele acampamento, aquelas pessoas não pareciam ser verdadeiras, nem a própria Mirage parecia verdadeira para si mesma.

—Eu não quero voltar e nem vou, foi mau Quiron, mas este lugar não é pra mim.

E sem esperar por uma resposta, Mirage desceu a Colina indo de encontro ao trio,que lhe esperava lá em baixo.

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O terminal de New York estava bem movimentado aquele dia, os mortais iam e vinham empurrando uns aos outros, a fim de retirar as pessoas de seu caminho, era tanto o empurra-empurra que Mirage teve que ser segurada por Thomaz, enquanto Daiana comprava as passagens.

—Caramba menina, você é muito leve! -Comentou.

Demorou mais alguns minutos para que Daiana voltasse, minutos esses que fizeram os corações dos semideuses se apertarem, multidões podiam ser muito perigosas. Quando ela retornou, o grupo se reuniu perto de uma pilastra.

Eai? Conseguiu as passagens? -perguntou Leon olhando cautelosamente ao redor.

—Não -respondeu ela. - Eu tive alguns empecilhos.

Daiana parecia irritada, seu rosto transmitia isso muito bem.

—O que houve? -Perguntou Mirage.

—Talquires. Entre um mortal. Tinha três deles, acho que eles não perceberam nosso cheiro por causa da multidão, temos que sair agora do terminal.

—E vamos para onde?

—Espero que você goste de cereal, Mirage, para onde vamos vai ter muito.

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Produtos e Estilo de vida Orgânicos Arco-Íris

— O nome nem sugere nada, não faço ideia de quem seja a dona da loja.

Daiana riu com o comentário do filho de Apolo.

—Quando você me disse cereal, eu sinceramente estava esperando sucrilhos ou até mesmo aqueles de frutinha, não esses que não tem gosto de absolutamente nada. -Resmungou a menor, levemente irritada por ter sido “iludida”.

—Então, o que viemos fazer aqui? -Perguntou Thomaz ignorando os resmungos de Mirage.

—Pegar informações, claramente. Vamos bancar o CSI e fazer um interrogatório a nossa querida Deusa do Arco-Iris.

A ruiva se exaltou, animada, como se fosse óbvio. Sem esperar por alguma resposta, ela segurou o braço do filho de Apolo e o puxou para dentro, Leon por sua vez, ao ser puxado, segurou a blusa de Mirage e arrastou junto, para dentro, Thomaz os seguiu para dentro da loja.

O interior do estabelecimento agradou bastante Mirage. O lugar carregava um forte cheiro de pimenta, canela e muitas outras especiarias, em especial o Alecrim que estava plantado em alguns vasos perto da vitrine e de incenso que queimava no balcão. A garota torceu o nariz ao ver várias prateleiras repletas de produtos naturais de maneiras nada naturais. Haviam produtos passados, secos, comprimidos, em pó, aquilo era tudo, menos natural, porém um sorriso mínimo surgiu nos lábios dela ao ver um pingente com a imagem de Buda desenhada.

Leon havia abandonado Mirage naquele corredor com Thomaz enquanto os outros dois entravam na fila caixa. Thomaz observava minuciosamente para a menor curioso, algo na morena o incomodava, ela era como uma casca vazia, esperando para ser preenchida, o que era verdade, segundo o que Daiana lhe dissera. Mirage tinha perdido boa parte da memória num acidente e não conseguia se lembrar de nada, mas ao ver a maneira que ela observava aquele objeto ele teve a certeza de que nem tudo tinha se perdido.

Leon e Daiana aguardavam os mortais saírem da loja antes de falar com o atendente, a ruiva olhava de relance para Mirage que não parava de namorar alguns chaveiros e pingentes.

“Buda?.........Buda!...PORRA!” - O rosto de Daiana empalideceu ao ver tal cena, mas logo seu foco mudou ao sentir uma cotovelada em suas costelas.

—Ai!

—Somos nós – avisou Leon quando a última pessoa saiu da fila com suas compras, os dois avançaram até o balconista que sorriu ao ver Daiana.

—Boa Tarde, bela dama, em que posso ajudá-la? -perguntou o atendente com um sorriso levemente malicioso para a ruiva, ignorando completamente o loiro ao lado da mesma.

Daiana continuou séria.

—Quero falar com a Rainbow dash, por favor.

O balconista arqueou uma das sobrancelhas.

—Perdão? -Perguntou.

—A dona – esclareceu – diga que Daiana está chamando a Rainbow dash, ela vai entender.

Hesitante, o atendente se dirigiu aos fundos da loja, não demorou muito e logo ele voltou acompanhada de uma mulher baixa de saia estampada, uma bata indiana laranja, em seu pescoço vários colares de contas, seus cabelos negros caiam sob os ombros e em seu rosto óculos redondos presos ao nariz. Ela sorriu ao ver os semideuses do outro lado do balcão. Thomas e Mirage assim que viram a deusa, se aproximaram dos demais. Quando os quatro estavam do outro lado do balcão a deusa retirou seus óculos e analisou minuciosamente os semideuses a sua frente.

—Presumo que você seja a Daiana, estou certa? -perguntou a deusa a ruiva que assentiu -Como sabiam onde me encontrar?

—O nome da loja foi bem sugestivo, sabe? -Daiana mantinha um sorriso nos lábios – Se me permite ocupar um pouco do seu tempo, eu e me time temos algumas perguntas sobre os tais cristais.

A deusa arqueou uma das sobrancelhas, mas logo ela deu um sorriso cansado.

—Prossiga, querida.

—Como os cristais foram roubados e o que eles são ou fazem?

—Bom,- começou a deusa – os cristais são o que mantem a névoa estabilizada, são eles que fazem com que os mortais não vejam os monstros, criaturas e outras coisas magicas, eles convertem os que os mortais veem e transforma em algo que eles possam compreender e como eles foram roubados eu não sei. Eles ficavam num dos meus templos altamente protegidos e por sorte Hefesto e eu tínhamos planejados um sistema de segurança para o caso de algo acontecer.

Leon fez um leve gesto com a mão.

—Que tipo de sistema, Lady Iris?

A deusa o encarou.

—Em caso de invasão, os cristais seriam dispersados para outros templos de outros deuses como Atena, Zeus, mas ...- a voz de Iris falhou.

—“Mas...”? -disse Mirage.

—Eles se dispersaram para lugares inacessíveis para mim, eu não posso simplesmente ir e recupera-los, o ladrão invadiu o sistema e se certificou disso.

—Então, você não sabe onde eles estão? -Perguntou Thomaz desconfortável.

—Ah, não, eu sei. Todos os cristais foram parar em locais conhecidos por nós deuses, porém não podemos ir lá e simplesmente pegar. Eu teria que preencher uma papelada gigantesca durante dias e mesmo assim não teria garantia de que eu iria conseguir a permissão.

—Que tipo de Lugar? Território de outros deuses?

Iris sorriu com a pergunta de Mirage.

—Também, mas sabe, é muito mais que isso.

—Onde? -Daiana se apressou em falar.

A deusa ergueu a mão por um breve instante, num sinal claro para que Daiana parasse com as perguntas. A ruiva ficou levemente irritada,mas permaneceu quieta, enquanto a deusa procurava alguma coisa embaixo do balcão. Quando a deusa voltou a se erguer, ela colocou um espelho de bolso em cima do balcão.

—O localizador – Iris abriu espelho e jogou um tipo de pó por cima da superfície espelhada. Os semideuses tinham uma grande interrogação pairando em cima de suas cabeças, que só foi percebida pela deusa. – Acabei de reativar o localizador, digam alguma frase ou um poema que ele dirá onde o primeiro cristal esta, mas ele só revela a localização do próximo cristal assim que recuperarem o anterior.

—Ah! -disseram em uníssono.

Daiana pegou o espelho, mas nada nele parecia diferente.

—Vá em frente – disse a deusa com um sorriso bobo no rosto. -Me mostre que eu não errei em escolhe-la para liderar.

Daiana respirou fundo e entoou:

—“A distância faz ao amor aquilo que o vento faz ao fogo: apaga o pequeno, inflama o grande.”

—Que frase bosta, Daiana – Thomaz reclamou.

—Roger Bussy Rabutin, meu filho, respeita!

Daiana revirou os olhos para o filho de Ares e focou sua atenção ao espelho em sua mão, que em sua superfície jazia uma confusão multicolorida como num caleidoscópio.

Mirage ficava encarando Daiana enquanto a mesma estava vidrada no espelho. A menor tentava tirar o mínimo de expressão do rosto da mais velha que indicasse qualquer coisa, animação, medo ou outra coisa que seja. A ruiva fechou o espelho com força, olhando para os demais.

—Já sei aonde devemos ir -Declarou.

Daiana guardou o pó no macacão, agradeceu a deusa, agarrou o braço de Mirage e a arrastou para fora da loja, sendo seguidas por Thomaz e Leon.

—Obrigada pela ajuda, Lady Iris -agradeceu Leon.

—Boa sorte – disse ela- Vão precisar.


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