Bangtan Boys - Park Jimin

Overcome

Capítulo 27 - Gotta tell you the truth

“A escuridão vem mais perto e mais perto

A batida vem contra o meu corpo inteiro

Ela vem, mas eu vou vencê-la

Eu estou no controle.”

BAP, Skydive.

Eu só podia estar fora de si por estar considerando isso.

Segurei o amuleto de proteção que a avó de Jimin tinha me dado e encarei o enorme corredor da escola diante de mim, eu tremia, tremia de medo e de ansiedade. Desde pequena eu ouvia os adultos falarem que devíamos lutar contra nossos medos, talvez estivesse na hora de eu tomar uma atitude sobre isso.

Olhei para trás. Seokjin e Minjoo ainda estavam lá, eles me olhavam como se me incentivassem a seguir em frente.

Me desculpe Jimin, eu não quero te envolver nisso. Quero que independente do que acontecer quando eu terminar toda essa história, você possa ser o garoto sorridente que eu conheci. Por favor, nunca mais deixe aquele sorriso morrer por nada. Estou fazendo isso para devolver o seu sorriso e a sua infância...E a minha também.

Respirei fundo e comecei a andar para a sala de aula, sabendo que a mesma estaria vazia, e que o único ser que estaria ali seria aquela gwishin.

— Vamos lá, você consegue fazer isso. — sussurrei para si mesma enquanto subia as escadas em direção a sala de aula.

Por todas as brigas dos meus pais sobre Kwon Moonseol.

Eu merecia saber a verdade. Minjoo merecia poder descansar. Amaya não merecia aquele destino solitário. Jimin merecia ter seu sorriso de volta.

Podia sentir que eu não estava sozinha, olhei para o lado e encontrei a criança que um dia apareceu em minha casa. Meu coração se aqueceu ao vê-la ali, seguindo aquele caminho comigo, eu não sabia porque, mas havia um enorme nó na minha garganta. Anteriormente eu detestava ser a única que podia ter contato com as almas, detestava ser tachada de louca. Mas agora a presença daquela criança me confortava. Seu silêncio e sorriso inocente era o suficiente para me fazer sentir um pouco de tranquilidade.

Curvei a cabeça de leve, a agradecendo por estar ali.

Parei na porta da sala de aula, de ali em diante, eu teria de fazer tudo sozinha.

Empurrei a maçaneta da porta decidida, eu iria concertar tudo aquilo de uma vez por todas.

Ela estava ali, sentada naquela mesma carteira, como se todo aquele tempo ela estivesse na verdade me esperando.

— Annyeong.

Cheongwa, Muito Tempo Atrás

Kwon Moonseol

— Você acha mesmo que pode conseguir tudo o que quer? —  a japonesa exclamou nervosa, Kwon Moonseol a tirava do sério. Talvez fosse pelo o fato de a mais  velha sempre querer se sobressair, ou simplesmente a esnobar em qualquer oportunidade possível. — Não é assim que as coisas acontecem Moonseol unnie, nós batalhamos pelas coisas que queremos. Nós corremos atrás. E não pisamos em cima das pessoas para fazermos elas de escada para o nosso sucesso, e sim estendemos a nossa mão para ajuda-las. Talvez seja por isso que eu não desisti de mudar esse teu pensamento egoísta…

A mais velha revirou os olhos.

Era uma tarde nublada, o último dia do segundo ano do Ensino Médio já tinha passado. Agora muitos alunos comemoravam o fato de faltar apenas um ano para saírem daquela tortuosa rotina de estudos desenfreada. Logo estariam no terceiro ano, logo sairiam dali e viveriam as suas vidas de forma que quisessem. Eram as aulas de férias, onde apenas os alunos desesperados por notas melhores permaneciam na escola, deixando-a completamente vazia.

Mas naquela tarde em especial algo parecia estranho, Amaya estava mais afobada e desconfiada que o normal, ela parecia saber de algo que não devia.

— Não me dê lições de moral. — Moonseol rosnou, odiava como Amaya soava perfeitamente certa em tudo o que ela falava. Aquela garota parecia não ter erros.

Mas talvez na verdade, o erro de Amaya tenha sido acreditar que poderia consertar Kwon Moonseol.

— Você nunca deveria ter descoberto! — ela exclamava furiosa.

Sem querer, alguns dias atrás, Amaya descobriu que Kwon Moonseol tinha um plano de derrubar a imagem social perfeita de sua irmã mais velha, Kwon Yeonseol. Assim que conseguisse derrubar sua irmã, a mesma não poderia assumir a empresa Kwon assim que se formasse, já que ela estava com a imagem suja. Então as posses da empresa finalmente estariam em suas mãos.

Aquilo era tudo que Moonseol sonhava e almejava.

E estava a um passo de ser destruído por causa daquela garota.

— Eu estou tentando te ajudar!

— Saía daqui! — gritou possessa, estava uma pilha de nervos naquele momento. Tudo o que ela tinha sonhado por tantos anos iria desmoronar, ela nunca mais conseguiria se sobressair sobre Yeonseol se aquele último plano não desse certo.

Moonseol estava fora de si, a garota surtava internamente.

Aquilo não era justo.

— Eu disse para sair daqui! — gritou com toda a força que existia em seus pulmões empurrando Amaya para longe. Contudo a mais nova se impulsionou para a direção de Moonseol.

Bastou apenas um piscar de olhos.

Abriu os olhos.

O som de um tiro.

Piscou os fechando novamente.

Inalou todo o ar possível.

O grito agudo da mais nova ecoava em sua cabeça.

Vermelho, o chão da sala de química estava pintado de vermelho.

A garota olhou atônita para a porta da sala de aula a ponto de ver um homem armado sair correndo, olhou para a sua dongsaeng no chão sangrando. Seus olhos estavam arregalados.

— Unni — Amaya chorava copiosamente, sentindo uma dor que Moonseol jamais compreenderia — eu não acredito que as coisas acabariam assim.

Moonseol a ignorou, ainda em estado de choque.

— Me ajude por favor.

Olhou mais uma vez para a garota no chão.

Talvez aquilo fosse uma ajuda, talvez seu plano finalmente desse certo.

Talvez.

E foi então que Moonseol cometeu seu maior erro, virou as costas e saiu sala de aula afora.

— Unnie? — Oh Minjoo sorriu ao encontrar Moonseol no pátio junto de Soyeon, incrivelmente nenhuma das duas perceberam o humor abalado da amiga. — O quê é isso?

Se referiram a pequena mancha vermelha em seu braço.

— Vamos embora agora. — disse sombriamente.

Cheongwa, 2012

Kim Eunji

Seu olhar desfocado encontrou-se com o meu, como se ela estivesse com o pensamento em algo que aconteceu muito tempo atrás. Estava começando a me questionar se talvez não fosse melhor eu simplesmente ir embora. Não, eu não podia ser tão covarde a esse ponto.

Eu estava ali para consertar as coisas.

— Kim Eun Ji — ela disse meu nome lentamente me encarando nos olhos — Achei que você nunca viria ao meu encontro.

Não consegui falar uma palavra sequer, eu também não acreditava que eu mesma estava ali.

— Eu poderia simplesmente te matar por ser tão descuidada. — dizia me olhando sem piscar, — você e o seu namoradinho.

Era estranho e até mesmo assustador imaginar que eu estava no meio de tudo isso sem saber o que iria acontecer, e que a gwishin que eu estive o tempo todo me escondendo, era na verdade as respostas que eu sempre estive procurando.

— Eu queria me desculpar, me desculpar pelo o que quer que tenha acontecido contigo. —  disse cabisbaixa, envergonhada demais para erguer minha cabeça e sequer pensar no que poderia ter feito uma garota tão dócil como ela recorrer ao suicídio.

— Isso é interessante. — pela primeira vez eu a vi demonstrar uma expressão facial — , uau, você realmente nunca soube de nada.

Ergui o meu olhar lentamente com a testa se franzindo devagar. Como assim eu não sabia de nada? Será que tinha muito mais coisas por trás de tudo aquilo?

— Kwon Moonseol realmente pensou em tudo. — um sorriso amargo apareceu no rosto daquela gwishin, como se ela quisesse esconder uma emoção que eu pude perceber, apesar da amargura de sua fala, Amaya mencionou o nome de minha tia com tristeza.

— Hm, o quê você quer dizer com isso? —  procurei usar todos os honoríficos de respeito que eu conhecia, não se sabia o que poderia acontecer se ela se sentisse desrespeitada por mim.

— Sente-se. Eu vou te contar uma história.

Cheongwa, Muito Tempo Atrás

Amaya Kinoshita

Sua mãe tinha lhe contado que não deveríamos desistir das pessoas.

Talvez Amaya devesse ter desistido daquela unnie.

Talvez nada daquilo teria acontecido.

Mas por quê ela tinha que ser tão boa com os outros?

Por quê nós insistimos em amar quem faz pouco caso de nossos sentimentos?

Amaya estava em seu quarto estudando para uma prova, faltava apenas algumas semanas para os últimos aulas do segundo ano, o que implicava seriamente nas notas finais. Só mais algumas provas e finalmente ela estaria livre para descansar e sair do país com seus pais para poder viajar.

Sua mente não conseguia se focar nos estudos e sim em sua unnie. Suspirou lentamente, Kwon Moonseol era linda, tinha tudo o que uma garota poderia querer. Era bonita, sempre sabia o que falar e tinha um sorriso angelical. Como alguém assim poderia ser tão ruim?

Por quê ela continuava insistindo em alguém assim?

Desde que sua família tinha feito um acordo com a empresa da família Kim, ela começou a reparar no comportamento do Moonseol. Aquela garota conseguia ser duas pessoas ao mesmo tempo. A amável Kwon Moonseol pela qual as pessoas se apaixonavam e sorriam para onde quer que ela passasse, e a verdadeira Kwon Moonseol, uma garota neurótica com seu sucesso, que faria de tudo e qualquer coisa para ser a melhor e poder ter a atenção de seus pais para si.

Até ela realmente descobrir o porquê daquele acordo tão repentino.

— Está tudo indo como esperado? —  o senhor Kinoshita, um homem de trinta e poucos anos falava baixo com homem sentado na sala de estar.

— Sim senhor, os Kim realmente acreditaram nas nossas intenções.

— Então eles não perceberam…?

— Que nós iremos matar a herdeira da empresa deles? —  o homem deu uma risada áspera — Não, está tudo sob controle.

Mal eles sabiam que Amaya ouvia tudo com a cabeça encostada na porta do cômodo.

Mal eles sabiam que aquele plano nunca teria êxito.

Mal sabiam que aquele plano se viraria contra eles.