Os vampiros que se mordam 2 escrita por Gato Cinza


Capítulo 5
Missão Impossível




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Talvez a coisa mais bizarra de se viver o futuro e retornar ao passado para reviver tudo novamente fosse o fato das lembranças se misturarem, quando colocou os pés no Whitmore College uma enxurrada de memórias viera com tanta força que Bonnie ficou tonta e precisou de quase uma hora para se recompor, tantas coisas aconteceriam naquele lugar. Mas no momento ela estava ali por uma pessoa, um paciente. Como era fim de semana sua avó estava em Mystic Falls e a maioria dos alunos fora do campus, havia dito ao pai que ia levar a Vicki para uma clínica e retornaria no domingo, isso manteria os curiosos ocupados e lhe daria tempo para resolver o que faria em sua relação com Damon. Antes eles não tinham ideia de que se conheciam e mesmo assim se apaixonaram como seria agora?  Afastou os pensamentos de sua mente e seguiu para o laboratório secreto, apesar de não ter estado lá, conhecia o lugar das descrições feitas por Elena – dali a uns anos.

Enzo estava á tanto tempo preso naquele cubículo que já conhecia todas as rotinas, quando ouviu passos naquela tarde ficou curioso. Quem o Dr. Frankenstein estava trazendo para conhecê-lo agora? Outro cientista maluco que se tomaria a frente dos estudos sobre vampiros? Outro financiador que queria ver pessoalmente a cobaia? Achou que tivesse sofrendo efeito de alguma droga quando viu as duas jovens pararem diante de sua cela, uma negra usando capuz e uma morena vestindo jaleco. A última trazia um transportador-portátil.

— É ele? Não me parece grande coisa – comentou o avaliando.

Podia estar fraco, mas ainda tinha tanto orgulho quanto qualquer prisioneiro torturado podia ter e se empertigou, encarando a jovem de jaleco.

— Ficaria assim também se fosse cobaia de psicopatas – respondeu a negra abrindo a caixa branca que a outra carregava e tirando dela uma bolsa de sangue, informando – Pegamos no hospital, ou seja, não é fresco e não tem verbena.

Ela passou para ele a bolsa-de-sangue e ficou á observá-lo enquanto se alimentava hesitante no começo e sedento após sentir o metálico gosto de sangue.  Quando terminou olhou especulativo para a caixa de transporte, desta vez fora a moça de jaleco quem lhe entregara outra bolsa.

— Quem são vocês? – questionou despreocupado, tinha certeza que a sua situação não ia piorar mesmo.

— Sou Vicki, ela é Bonnie.

— E o que fazem aqui Vicki e Bonnie?

— Viemos fazer uma proposta – começou Bonnie – Sua liberdade em troca de seus serviços.

Ele as olhou com desconfiança.

— Que tipo de serviços?

— Ensinar a Vicki a caçar vampiros e fazer alguns pequenos trabalhos nas quais vampiros são mais eficazes que humanos.

Enzo avaliou Vicki, ficando em pé e largando a bolsa-de-sangue seca no canto da cela.

— O que sabe sobre vampiros, Vicki?

— Mortos-vivos bebedores de sangue, velozes e persuasivos.

— E como as menininhas vão me tirar daqui?

— Antes quero sua palavra de que aceita meus termos para ficar livre.

Enzo refletiu um pouco, elas sabiam o que ele era então não o procurariam sem uma boa quantidade de verbena no organismo, também não iriam até ali se não tivesse um plano de fuga descente ou muito desesperada para seja lá o que estivesse acontecendo. Concluiu que por hora estar livre daquele lugar já seria o bastante, depois se livraria do acordo com as duas.

— Aceito.

Bonnie fez um gesto com a mão e a porta da cela se abriu.

— Uma bruxa.

O laboratório não estava vazio como Enzo imaginara. Dr. Wes estava inconsciente no chão onde alguns frascos de amostras que ele segurava quando foi atacado, caíram e se quebraram. Enzo se aproximou dele, pelo menos um daqueles monstros desprezíveis ia pagar pelos anos que ele estivera preso naquele lugar horrível. Infelizmente para ele, a bruxa tinha outros planos e o impediu de causar uma morte lenta e dolorosa no médico.

— Vou precisar dele vivo por mais uns anos, então poderá fazer com ele o que sua imaginação permitir.

— Para que o quer vivo? – perguntou Vicki – É malvado.

— Te conto quando chegar a hora. Vamos sair logo daqui, aquele segurança não vai ficar enfeitiçado por muito tempo. Invisiqüe.

A desconfiança de Enzo aumentara muito nos 60 minutos que se seguiram desde que saíram do campus do Whitmore College. Tentara escapar de suas “novas amigas” quando pararam em uma lanchonete para comerem e conversarem sobre o que viria a seguir, e descobriu para sua frustação que a bruxa tinha de algum modo o conectado á Vicki e não podia se afastar dela mais que alguns metros. Depois de explicar isso para ele, Bonnie fez um corte profundo na mão de Vicki e o mesmo corte surgiu na mão de Enzo se regenerando em seguida e o mesmo aconteceu com a morena. Acontecia que quando ele aceitou a proposta delas acabou assinando um contrato verbal na qual concordava em seguir as regras da bruxa, que incluíam compartilhar sua habilidade de regenerar com Vicki, não se alimentar dela, não hipnotiza-la, e ficar presa á ela até que a bruxa desdissesse o feitiço. Ele tinha caído em uma armadilha da qual apenas outra bruxa podia livrá-lo, e no momento ela era a única bruxa que ele conhecia.

No fim da tarde seguinte Bonnie voltava para casa, tinha garantido que Enzo não mataria a Vicki e que a humana não voltaria ás drogas, pelo menos enquanto estivesse enfeitiçada. Eles estavam se entendendo bem, de um modo atravessado, Vicki estava ensinando o vampiro a lidar com novas tecnologias e ele tentando ensiná-la sobre vampiros reais, e não aqueles de filmes que brilhavam no sol ou dormiam em caixões e viravam morcegos. A bruxa não estava interessada em como conseguiriam a Lança, queria apenas garantir que nenhum bruxo ou bruxa tivesse a estupida ideia de usar o artefato e acabar libertando Q’rey, ainda que não houvesse razão para isso, ela tinha um pressentimento quase premonitório que tal coisa poderia acontecer.

Damon estava furioso, Stefan e Zach haviam o dopado com verbena e trancado. Agora Zach estava morto e puniria Stefan onde lhe doeria mais, Elena. Tinha acabado de passar pelo ‘point’ dos viciados e nenhum deles sobreviveu, estava no momento observando a cidade na torre do relógio, lá embaixo quase todos já tinham se recolhido para suas casas, ele estava planejando, qual método usaria para fazer seu irmão sofrer. Hipnotizaria Elena para desprezá-lo? Quebraria o pescoço dela? Transformaria em vampira? Seduzi-la-ia?  As possibilidades eram muitas, estava imaginando as muitas reações do irmão para cada situação quando ouviu o som do motor de um carro á se aproximar. Pela falta de luzes escandalosas não era nenhum serviço de emergência. O ruído que se seguiu era reconhecível para qualquer pessoa, freios acionados rapidamente, derrapagem e um baque. Num impulso voltou para a rua. Não costumava ir atrás de vitimas de alto risco, gostava da adrenalina de caçar a refeição, isso não significava que dispensaria um lanchinho noturno.

Ele reconheceu o carro socado no poste perto da prefeitura, ao vê-la inconsciente e com sangue saindo pelo nariz – além do corte na têmpora – teve certeza que algo errado acontecia com a bruxinha. Mordeu o pulso e forçou seu sangue para dentro dela, o ferimento na cabeça se curou, ela, porém permaneceu desmaiada. Grande parte de sua consciência dizia para apenas chamar uma ambulância e ir embora, mas seus instintos ainda agarrados á algo humano e irracional o fez tirá-la do carro e leva-la para o hospital, algo que fora bem mais rápido que esperar pela ajuda no local. Hipnotizou a enfermeira para que ignorasse o protocolo e atendesse logo a moça, e ainda que algo lhe mandasse ir embora dali, ele ficou.

Definitivamente havia algo errado com ele, um feitiço da Bennett era a única coisa que Damon considerava justificável para seu modo de agir, pois no último século ele só havia se importado com uma pessoa, Damon Salvatore e somente Ele. Contudo, depois de voltas e voltas pela sala de espera e de hipnotizar todo funcionário do hospital que passava por ele em busca de alguma informação relevante sobre Bonnie, ele fez uma coisa impensável, inacreditável, chocante... ligou para o irmão.

Stefan estava muito furioso, queria e pretendia arrancar o coração de Damon assim que achasse o mesmo, além de ter matado Zach, atacou também um grupo de jovens na proximidade do antigo cemitério. Damon estava chamando atenção demais e logo teria que apelar para a hipnose por que duvidava seriamente que a conversa de qualquer bicho selvagem fosse ser crível por muito tempo. Ainda tinha Elena que exigira saber o que ele era, a namorada estava chocada com o excesso de informação e ainda não tinha certeza de como ela reagiria na manhã seguinte quando percebesse que tudo o que ele contou era e é a verdade. Lidar com um problema de cada vez não parecia mais uma opção, tinha que ser tudo ao mesmo tempo e sem nenhum nível de controle. Era quase dia, e ainda pensava onde estaria o irmão quando o celular tocou e para sua surpresa era o mais velho.

— Você matou o Zach – começou e foi interrompido

— Eu sei, sou o vilão que mata pessoas. Mas agora preciso de sua ajuda, estou no hospital pode vir para cá?

— No hospital? O que está fazendo ai?

— Vem logo, já hipnotizei todo mundo e ninguém me ajuda neste... Ei! Diga a verdade e sem rodeios...

A ligação foi encerrada. Stefan olhou confuso para o aparelho em sua mão, automaticamente ligou para Elena, se Damon tivesse feito alguma coisa contra sua amada, não ia perdoá-lo. Dois toques depois ela ignorou a chamada e enviou uma mensagem dizendo que ainda não estava pronta para falar com ele. O vampiro suspirou aliviado, mas se não era algo com Elena o que Damon tinha aprontado para estar no hospital?

Por que ninguém dizia nada de útil? Quem ele teria que hipnotizar para que lhe falasse o que queria saber?

— Damon?! – o tom de Stefan misturava curiosidade e desconfiança – O que quer?

O moreno se virou para o caçulê que estava do outro lado da sala o observando.

— Quero que alguém me diga como ela está, mas ninguém aqui parece entender o que eu falo e estou ficando impaciente com a demora.

Lidar com o mais velho em um dia bom já era difícil, fazê-lo em depois de um dia ruim onde tudo saiu errado era mau presságio.

— De quem está falando?

— Da Bonnie Bennett, de quem mais eu estaria falando?

— Por que a Bonnie está aqui? O que fez com ela?

Damon olhou fixamente Stefan, a insinuação de que ele fizera mal á bruxa passara despercebida diante do fato do outro perguntar o que uma pessoa que não trabalha em um hospital poderia fazer num. Revirou os olhos impaciente pelo irmão ser lerdo e falou sobre o acidente. Enquanto escutava o relato sobre tal acidente, Stefan estudou a expressão corporal de Damon. Ele realmente estava preocupado com Bonnie, não, preocupado não. Estava receoso. Tinha medo do que poderia acontecer com a Bennett e aquilo o deixou curioso.

— Há quanto tempo conhece a Bonnie? – questionou quando o outro terminou sua narrativa.

— Anos, só que tinha me esquecido dela até que a vi na casa da Elena.

Stefan ia questioná-lo até onde ia seu relacionamento com a bruxa quando um homem baixo de jaleco branco atravessou uma porta conversando com uma bela enfermeira que gesticulava, ela passou por eles apressada enquanto o médico parou olhando para Damon á quem informou:

— A paciente está estável, mas ainda não recobrou os sentidos e até que isso aconteça não saberemos se houve danos.

— Estou aqui á cinco horas e não sabem me dizer se ela está bem ou não? O que está escondendo? Compelido, o médico respondeu:

— Não há nenhum trauma físico interno ou externo, infelizmente não é a primeira vez que ela desmaia e devido ao tempo desacordada e ao sangramento nasal chamei um neurologista para examiná-la.

— Ela ficará bem? – questionou Stefan

— Quem poderá informar isso será o neurologista. Por hora está sendo assistida, se não acordar nas próximas seis horas irei declarar estado de coma.

— Coma? Ela não pode ficar em coma.

— Lamento, mas isso não depende de mim.

Damon agarrou o médico pelo pescoço, mas fora impedido de estrangulá-lo por Stefan.

— Matar o médico da Bonnie não vai fazê-la acordar mais rápido.

O outro ia retrucar com grosseria, todavia o que ia dizer se perdeu no ar quando ouviu a voz reconhecível da Bennett-avó que acabara de perguntar á recepcionista sobre sua neta.

— Era só o que me faltava – resmungou quando a mulher se virou na direção dele, um misto de surpresa e irritação cruzou seu rosto antes de voltar á preocupação.

Sheila podia tê-lo machucado de mil maneiras, podia sim. E no momento que ia enfeitiça-lo a xerife Forbes, que havia ligado para ela comunicando sobre o carro de Bonnie ter sido achado colidido, entrou em cena estranhando a presença de Damon ali e já o interrogando sobre o ocorrido. Damon repetiu a xerife o que tinha acontecido – omitindo poucos detalhes – e enquanto falava, mantinha a atenção na velha bruxa.


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Notas finais do capítulo

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