Os vampiros que se mordam 2 escrita por Gato Cinza


Capítulo 13
O Estripador e a Gremlin




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 Stefan acordou de repente, sentou-se no sofá. O que tinha acontecido? Ele seria o par de Elena na festa de gala, estava um pouco atrasado demais por que parou para se alimentar, mas ainda sentia sede e encontrou aquela garota bonitinha usando vestido elegante, uma das misses. Ele não se controlou, a fome de sangue falou mais alto que seu autocontrole. Então... Ele matou? Não, foi interrompido por aquela dor indescritível. Bonnie. Foi ela quem o tirou de lá.  E ali estava ela, encolhida no outro sofá, abraçada aos joelhos o observando quieta e atenta.

— Bonnie – disse sem jeito, indeciso entre desculpas e agradecimentos.

Ela se encolheu mais, quase se fundindo ao tecido do sofá. Os olhos fixos nele, assustados. O primeiro pensamento de Stefan foi a possibilidade de tê-la ferido, não seria a primeira vez que perde o controle quando se trata de sangue. Se aproximou com cuidado, as mãos nos bolsos.

— Você está bem? – ela anuiu – Eu te machuquei? – negou com a cabeça.

— O que aconteceu?

Ela comprimiu os lábios, se afastando mais quando ele sentou no mesmo sofá que ela, os olhos indo das mãos do vampiro para seu rosto. Stefan teve uma vaga impressão que o desagradou, não havia reconhecimento algum da parte de Bonnie.

— Você sabe quem eu sou? – perguntou devagar.

— Eumateivocê – ela sussurrou em resposta, tão nervosa que emendou as palavras gaguejando em seguida – É u-um fa-fan-tasma?

— Você sabe quem é você? – indagou ignorando a pergunta dela.

A bruxa ficou pensativa, arregalou os olhos quando se deu conta de que não se lembrava do próprio nome.

— Eu sou... sou... eu matei você – repetiu, disso tinha certeza, não lembrava como, só que havia o matado.

— Bonnie, eu sou um vampiro. Você não me matou só me parou. Tente se lembrar, estávamos na festa de gala do dia dos fundadores e...

— Eu matei você – ela repetiu quase chorando – Eu matei você.

Ele se afastou dela que o seguiu com os olhos. Parou no meio do caminho, não podia deixa-la sozinha ali, por maior que fosse sua vontade de ir procurar Elena e se explicar. Então lhe ocorreu que Damon e Bonnie tinham uma relação qualquer, ele cuidaria dela. Ligou para o irmão que não se demorou á atendê-lo.

“Irmão! Onde foi que se meteu? Está perdendo uma festa das boas”.

Estava bêbado, que ótimo.

— Estou em casa.

“E o que quer comigo? Sentiu minha falta? Sua Elena sentiu”.

Stefan cerrou os dentes, ia dizer uma dúzia de ameaças para Damon e manda-lo voltar para casa por que Bonnie precisava dele, quando abriu a boca para dizer isso, uma mulher ruiva de olhos verdes brilhantes passou pela porta, sem nem mesmo se anunciar.

— Quem é você?

“Quem é você quem?”

— Te ligo depois – disse já desligando.

A ruiva parou á poucos passos dele, e olhava para Bonnie com uma expressão irritada. Tinha algo de repulsivo dela, uma energia estranha que causava calafrios. Usava um vestido marrom que lhe cobria por inteiro se modelando ao corpo curvilíneo, e os dreadlocks ruivos estavam presos em um coque bem feito.

— O que você fez? – a voz entoava raiva.

— Quem é você? – o vampiro perguntou outra vez, agora conseguindo a atenção da ruiva.

— Alguém que não devia estar aqui – reclamou – Se eu estou aqui é por que essa teimosa fez besteira. Diga Bennett, o que fez?

A bruxa negra olhou dele para ela sem dizer nada, confusa.

— Acho que Bonnie perdeu a memória – informou o vampiro – A menos que tenha cruzado com alguém seja capaz de compelir uma bruxa.

A ruiva bufou. Se aproximando de Bonnie que se encolheu automaticamente.

— Sério? Você perde a memória e assume o lado mais medroso da sua personalidade?

Os olhos de arregalaram, trêmulos.

— Não chore – pediu a ruiva – Eu te avisei que isso ia acontecer.

— Avisou que ela ia perder a memória? – Stefan ouvia atento.

— Também – respondeu a ruiva se virando para o vampiro – Eu disse que a magia com qual estava se envolvendo era perigosa e que não devia interferir. Agora está sofrendo as consequências.

— Consequências de que? E mais uma vez, quem é você?

— Me chamam de Mina – disse – O resto levaria uma existência inteira para explicar.

Ela sentou na frente de Bonnie lhe estendendo as mãos.

Oan-et iaref lam. Detenne?* – Bonnie assentiu – Eu não posso acessar suas memórias, é proibido. Você vai ter que fazer isso sozinha, consegue entender?

— Eu não lembro quem eu sou.

— Sei disso, por isso vou te colocar em estado de sono profundo e quando acordar vai ter suas lembranças de volta ou posso apagar tudo. E você recomeça do zero.

— Recomeçar do zero?

— Sem lembranças, pode criar novas memórias sem ser assombrada pelo passado que carrega ai dentro de sua cabeça. Pode ser uma pessoa normal. Humana.

— Eu sou uma pessoa normal – olhou para Stefan – Eu sou?

— É claro que é – ele confirmou – É uma excelente pessoa, uma grande amiga e uma bruxa poderosa.

— B-bruxa?

— Sim Bonnie – Mina respondeu franca – É uma bruxa poderosa, tanto que agora está sofrendo as sequelas de usar uma magia perigosa da qual não tem controle. Contudo é seu passado, sua vida. Se esquecer de tudo ainda terá que pagar o preço de estar aqui, mas se recordar ainda será tentada a cometer erros irreversíveis.

— Não pode sugerir que ela se esqueça de quem é – Stefan interferiu.

— Sei disso. A escolha é sua Bonnie Bennett. Saiba que eu não devo interferir, esta é a segunda vez que faço isso e a última.

Stefan olhou apreensivo para Bonnie que pensava. E se aproximou dela e ao fazer isso, a ruiva se levantou apressada indo para longe dele.

— Eu não vou te machucar – falou começando a ficar incomodado com a reação de fuga das duas – Só quero conversar com ela.

Non... Não se ofenda. É que você é um vampiro, sua presença me faz mal.

Stefan se ofendeu, franziu o cenho olhando a desconhecida com irritação. Ela se explicou, caminhando até ele e o segurando pelo cotovelo. Ele se soltou com força, o toque dela o queimou como se tivesse se exposto ao sol sem seu anel.

— Veja – a mão dela estava seca, igual um vampiro quando morre, ia até metade do antebraço – Me faz mal.

— O que você é?

— Algo com que não deve gastar suas preocupações, Fext.

— Meu nome é Stefan.

— Certo – e se virando para a garota encolhida no sofá – Então, já decidiu? Esquecer ou lembrar?

— O que quer que eu esqueça? – perguntou Bonnie pensativa – Disse que é a segunda vez que interfere, em que? O que eu fiz de errado para interferir se não pode?

— Eu não disse que não posso, disse que não devo. Você também não podia intervir, mesmo assim se intrometeu e agora nem sabe quem somos – Bonnie baixou os olhos, constrangida – Durma, quando acordar me diz se quer esquecer quem é.

Assim que fechou a boca, Bonnie adormeceu.

— Não se preocupe, Steven, ela vai ficar bem.

— Meu nome é Stefan – corrigiu.

Damon desligou o celular e ligou para Elena. Ele tinha bebido sim, mas estava sóbrio o bastante para reconhecer preocupação no tom do irmão. Stefan devia ter feito algo muito estúpido, como quase matar uma garota das famílias fundadoras e deixa-la escapar em pânico dizendo coisas desconexas, agora Elizabeth Forbes estava mais do que nunca determinada á caçar o vampiro que estava rondando sua cidade.

“Quem é você?”

O que será que estava acontecendo. Elena não escondeu a animação quando informou que o namorado tinha reaparecido, após o susto que deu. Quando chegou em sua casa encontrou uma cena inesperada. Stefan estava sentado ao lado de Bonnie que dormia profundamente, ele conversava com uma estranha de cabelo cor de fogo.

— Stefan! – Elena que chegou com ele, se adiantou largando-se nos braços do namorado e o beijando.

Fext demais para uma pessoa só – disse a ruiva se levantando e dirigindo-se a saída – Me chame assim que Bonnie despertar, Stephen.

— É Stefan – reclamou o vampiro interrompendo o beijo de Elena.

Damon viu a ruiva estranha sorrindo quando o irmão a corrigiu.

— Quem é a cabeça de fogo? – perguntou apontando para a porta.

— Não tenho menor idéia, talvez amiga de Bonnie ou algum tipo de professora de magia.

— Fiquei tão preocupada com a Bonnie – começou Elena se aproximando da amiga e acariciando seus cabelos – Onde a encontrou?

Stefan olhou para o irmão antes de responder, então contou a verdade sobre seu descontrole por sangue e sobre como quase matou uma inocente e foi impedido por Bonnie, por fim contou sobre o desiquilíbrio emocional da bruxa e a proposta de recomeçar do zero feito por Mina, incluindo a explicação superficial feito pela ruiva sobre o porquê a amiga deles estava sofrendo colapsos. E como se combinado, Bonnie acordou, no fim da narração. Elena a abraçou, emocionada e preocupada, com o que acontecia com a amiga.

— Me solte Elena – a voz baixa soou fria.

Elena fitou a bruxa com seus olhos lacrimejando, continha as lágrimas com muito esforço.

— Bonnie, sinto muito pelo que está acontecendo – disse sincera – Stefan me contou que aquela mulher te deu escolhas difíceis para fazer. O que decidiu? Vai abrir mão de sua magia?

— Vou. Sem magia não serei útil para vocês, então sairei de Mystic Falls. Vou ser normal.

— Não faça isso – continuou a garota humana mantendo a sinceridade – Com tantas coisas acontecendo e você vai deixar de ser bruxa. Eu entendo você querer ser normal, eu mesma ainda não me acostumei com toda essa realidade sobrenatural, mas não quer pensar mais um pouco? Você só tem usado sua magia para o bem, quem sabe quando aprender a controlar, não fica mais fácil?

— Elena, meu bem, acabei de dizer que vou embora da cidade e a única coisa que escutou foi que abrirei mão do poder?

Elena corou.

— Desculpe, falei sem pensar direito.

— Eu sei que falou sem pensar, por que quando pensa acaba escondendo a verdade para si.

— Bonnie, não fique chateada comigo.

— Por quê? Por você ser sincera quando caiu de cabeça no nosso mundo sobrenatural? Segredos e mentiras fazem parte, Elena.

— Não precisa ser cruel.

— Elena, me conhece desde sempre, logo me conhece o suficiente para saber que não estou sendo nem de longe cruel. E devia saber, pelos anos que me chama de amiga, que eu nunca abriria mão do que sou. Sim, eu queria ser normal, também queria ser alta e veja só. Eu não sou. Sou uma bruxa, não qualquer bruxa, sou uma Bennett.

Deixando Elena sem reação, a bruxa se levantou pronta para desaparecer quando seus olhos cruzaram com os de Damon que a observava. Numa fração de segundo, ele tinha se deslocado a levando consigo para cima. Ele só a soltou quando entraram em seu quarto.

— Não faça isso – pediu ele em um tom de ordem.

— Fazer o que?

— Eu conheço esse olhar de sou uma Bennett, vai se sacrificar. Sabe que vai morrer e mesmo assim quer continuar a usar magia. Por que não aceita a proposta da sua amiga ruiva e vira humana?

— É minha vida – ela ergueu o queixo em desafio.

— E você faz parte da minha vida – confessou – Não quero perde-la.

— E eu não quero esquecer quem eu sou, por que não é só da magia que vou abrir mão se disser sim para Mina, ela vai me apagar de mim. E se eu recomeçar do zero, Damon, você vai me perder, por que eu não serei a mesma.

— Você não sabe.

— Sei. É como... você desligar a humanidade. Ainda é você, só que não – Damon ficou sem argumentos – Eu escolhi ficar e proteger nosso lar.

Silêncio.

— Estou sendo egoísta, a vida é sua – disse o homem com amargura.

— Eu te amo – ela sussurrou o deixando sem palavras – Mas não quero magoá-lo, eu gosto da liberdade de não pertencer á ninguém.

Ela deu um beijo em seu rosto e desapareceu ao abrir a porta. Damon ficou onde estava, o rosto formigando onde ela o beijara.

Ela não tinha enlouquecido, sabia o que estava fazendo. O Damon Salvatore que ela aprendeu a adorar naquele mundo que não existia mais. Esse com quem ela convivia ainda não estava preparado para perdê-la. Ainda não. Ela sabia o que ia acontecer e não era justo tomar Damon para si sem deixa-lo escolher por contra própria.


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