Os vampiros que se mordam 2 escrita por Gato Cinza


Capítulo 12
Da magia á sedução




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Bonnie estava certa, estar com ela em Miami não foi chato. Tirando o clima pesado do dia em que se reencontrou com Enzo, tudo ocorreu bem. A companhia era bem melhor do que Damon podia supor. Ele ainda tinha a impressão de que Enzo faria algo ruim contra ele, a tal vingança mencionada, e conhecendo o que conhecia do não bom-moço ele esperava um ataque indireto. Mas isso não o impediu de se divertir. Até a companhia daquela Vicki diferente foi prazerosa, sem menor sombra de duvidas, a futura caça-vampiros sentia falta de casa e de ter contato com pessoas “normais”, considerando o fato de tê-los arrastado para uma balada e dançado sem preocupações.

— Há quanto tempo elas são amigas? – Enzo questionou com real interesse observando as duas garotas dançando isoladas em um canto, atraindo olhares.

— Não sei – respondeu honesto – As conheci separadamente, não pareciam se misturar – e não contendo a malicia – Vicki e eu nos demos muito bem na cama, uma pena que Bonnie a levou para você,

Deu para sentir no ar a repentina raiva de Enzo. Damon sorriu de seu modo irônico.

— Não é engraçado quando se ouve não é?

— Vicki é minha – sussurrou o vampiro bem humorado – Independente do que tenha acontecido entre vocês no passado, hoje ela é minha.

Damon riu.

— Ciúme possessivo? Acho que ela ainda lembra bem de como é estar comigo. Será que ela já comparou qual vampiro é mais... – a palavra morreu estrangulada pelo aperto na garganta, Enzo tinha perdido a serenidade.

Damon enfiou a mão do peito do outro, com força, se aproximando do coração. Arrancá-lo-ia antes que o outro lhe quebrasse o pescoço outra vez. Então Enzo o soltou, recostando calmamente no balcão, como se nada tivesse ocorrido.

— Não vale a pena – disse voltando a observar as garotas – A morte não doeria tanto quanto o que eu planejei.

Damon olhou para a pista encontrando os olhos de Bonnie, ela sorriu sacudindo a cabeça negativa e lentamente. Então ele foi se juntar á ela, dançar não era seu passatempo preferido, mas a parceira compensava o esforço. A música eletrônica tocava alto, mas quem ligava para seguir o ritmo pré-imposto? Puxou a bruxa para si a fazendo girar na pista indo de encontro ao seu corpo.

Bonnie ergueu o queixo, a surpresa impressa no olhar e um sorriso se alargando devagar. Deixou-se levar pelo ritmo do vampiro, ignorando as batidas agitadas que ecoava pelo ambiente. Damon fixou os olhos nos dela, não podia compelir uma bruxa, mas tinha outros meios de fazer aquilo. As mãos dele desceram da cintura para os quadris, estabelecendo á ela outro compasso, mais lento ainda, em uma dança obscena sem chegar á sê-lo de verdade. E não havia mais ninguém ali, só ele e ela. Sozinhos com sua própria música. Ao senti-la ligada á ele, Damon fê-la se virar, as mãos ainda nos quadris da bruxa, firmes, possessivos. Se inclinou lambendo seu pescoço, mordiscando a nuca e causando arrepios em Bonnie que arfou. Os corpos se roçando pecadoramente, gritando de um desejo esfomeado e controlado. Virou-a para si, uma mão subindo para seu rosto, tocando com a suavidade de uma brisa. Um beijo profundo os despertou para a realidade de onde se encontravam.

Com apenas um aceno para Enzo e Vicki, voltaram para o hotel. Só foram dormir depois do café da manhã, passaram a madrugada na cama, divertindo-se demais para adormecerem.

 ♀

Devia ser dois dias, era o que Bonnie planejou, mas a liberdade de ser como outros humanos mesmo que com preocupações e responsabilidades, enfeitiçou-a. Não tinha ninguém precisando urgentemente de um feitiço e nem sobrenaturais ameaçando a segurança de humanos, ela sabia que tinha sim, mas estavam fora de seu alcance. Tinha consciência de que ainda devia estar em luto, era o certo. Também tinha consciência de que já passara pelo luto uma vez e não queria passar por tudo outra vez. Sabia que estava sendo fria demais, amava sua avó e sempre a teria consigo, lamentar não ajudava muito. Deu de ombros, voltando a observar o azul do lado de fora da janela do avião. Fora uma semana excepcional, todavia o que é bom tende a acabar.

— Ficou estranha outra vez – comentou Damon ao seu lado, os olhos fechados.

— Não estou estranha, só cansada.

— Cansada? Achei que a intenção de alongar a estadia em Miami fosse para relaxar.

— Damon, passamos metade do tempo trancados no quarto e devo ter dormido menos que alguém que sofre de insônia.

O vampiro sorriu.

— Deve haver um bilhão de hotéis pelo mundo á fora, podíamos conhecer todos.

Bonnie olhou de volta para fora. Tinha sido bom, mas algo estava errado. Algo além do fato de ela e Damon estarem juntos. Seria a Lança enfiada dentro de sua bolsa? Tivera pesadelos duas vezes, Mystic Falls queimava aos seus pés, acordara gritando palavras incompreensíveis em uma linguagem estranha. Não podia se deixar abalar por causa de Q’rey, ia se livrar dele assim que tivesse chance. Mandaria a criatura para um mundo prisão, inalcançável, onde ele não teria poder algum sobre ela. É. Isso talvez fosse tirar aquele desconforto que sentia pesando ao seu redor.

— Por que faz isso? – a voz de Damon a tirou de seus pensamentos.

— Faço que?

O vampiro ergueu o pulso dela, onde o fitilho de cor chamativa estava preso.

— Fica puxando isso toda vez que se cala pensativa, estranha.

— Quando eu precisar de ajuda – explicou – Eu devo queimar isto. Uma bruxa me deu. Só não me deu um manual dizendo qual nível de problema em que sua ajuda se faz necessária.

— São por causa dos pesadelos? – perguntou depois de pensar com cuidado no que dizer.

— São. A sensação de que algo ruim vai acontecer só aumenta.

— É só um mau pressentimento – disse incerto.

Bonnie não disse nada, recostou a cabeça no ombro dele. Ambos sabiam que o mau pressentimento de uma bruxa não devia ser ignorado.

Elena e Caroline disputando o título de Miss Mystic Falls... Bonnie bocejou enquanto escutava a loira tagarelando sobre seu vestido pela quinta ou sexta vez. A bruxa estava curiosa, lembrava-se nitidamente do que aconteceria na festa de gala dos fundadores, e isso lhe deixou tranquila. A insana certeza de que as coisas seriam reparadas a confortava como um manto de sonhos dourados. Stefan se perderia na sombra de seu passado, Damon dançaria com Elena, eles se ligariam em um afeto ridículo e tudo voltaria ao lugar. Tinha acordado com essa certeza e se agarrou á ela.

Estivera com Elena mais cedo e a sonsa falou saudosa de suas razões por prosseguir na competição, atualizou-a sobre seu tio John e Isobel. A bruxa sorria e assentia, distraída com pensamentos á respeito do que fizera com a Lança de Ferro. Havia concentrado mais força do que o necessário para abrir uma brecha no espaço-tempo e largar em um plano vazio aquele pequeno objeto que prendia uma criatura terrível. Esperava ainda pelas consequências, estava se sentindo bem e isso a incomodava um pouco. Afinal, da vez anterior que se “envolveu com assuntos da morte” acabou perdendo.

— O que acha Bonnie? – Caroline a tirou de seu devaneio.

— Desculpe Care, mas preciso ir para casa.

— O que foi?

— Nada, vejo você mais tarde.

Damon estava preocupado com o irmão, Stefan voltara a beber sangue humano e fazia décadas que ele consumia apenas sangue de animal. O mais velho pensou em avisar Elena, mas reconsiderou e ligou para Bonnie, não tinha que envolver ela nesse problema por que sabia que ela tinha problemas próprios, porém não conseguiu evitar. Confiava na bruxa e tinha uma curiosa certeza que ela seria capaz de lidar com a situação.

“Olá, Damon Salvatore” – o tom dela soou angustiante.

— Bonnie? Tudo bem com você?

“Não”.

— O que aconteceu? – perguntou preocupado – Onde você está?

“Não posso dizer”.

— Bonnie?!

“O que quer comigo, Salvatore?”

— Quero que me diga o que está acontecendo.

“Eu fiz algo muito ruim. Brinquei de senhora do tempo e o Tempo está reclamando seu poder de volta. Eu me intrometi nos assuntos da Morte e agora a morte veio me cobrar”.

— Do que está falando?

“Adeus, Damon”.

Silêncio. Damon a procurou durante horas sem nenhum sucesso, Caroline e Elena se preocuparam e procuraram por ela também. Falaram do jeito estranho com que Bonnie estava agindo desde que retornou, distante e fria. Damon se perguntou em que momento ele tinha morrido e ido parar no inferno. Todas suas certezas viraram dúvidas e como num pesadelo, as coisas mudaram repentinamente, para pior.


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Notas finais do capítulo

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