"É para o seu bem!"

A frase de Grissom ainda martelava em sua mente, mesmo após dois anos do divórcio, ainda era difícil aceitar que tudo tinha acabado de uma forma inexplicável e através de um e-mail, ele nem ao menos teve coragem de lhe comunicar aquilo olhando em seus olhos. E para piorar, como Gil poderia achar que ela ficaria bem sem ele, que o fim do casamento seria o melhor para ela.

Não era o melhor!

Sabia que seu casamento estava passando por dificuldades, afinal, moravam em países diferentes, mas antes sempre davam um jeito.

Até receber aquele pedido de divórcio, foi como se um tiro tivesse atingindo em cheio seu coração, aliás, um tiro não teria doído tanto e em poucos segundos a dor teria acabado. E essa dor ainda persistia, dificilmente passaria, e não tinha nada que pudesse fazer para diminui-la.

Infelizmente teria que conviver com ela para sempre. 

Por vários meses teve que se manter forte na frente dos amigos, não queria revelar a eles que seu casamento havia acabado, tinha medo que a jugassem e também não suportaria revelar o motivo. Sempre que o nome de Gil era mencionado por eles na conversa Sara tentava ao máximo não desmoronar na frente deles e com o passar do tempo, esconder deles ficou cada vez mais difícil, Nick e Greg lhe conhecia bem o suficiente para notar que não estava tudo bem, como ela tentava passar, mas sabiam que dificilmente ela se abriria mesmo sendo seus amigos.

Mas infelizmente a revelação veio de jeito não agradável, e se não bastasse estar sendo acusada de assassinato, alguns se importaram mais com fato dela está traindo o marido, o que não era verdade, apesar de ter sido encontrada fotos dela aos beijos com a vítima, tudo não passou de uns beijos em um bar. E ela não era mais casada, embora eles não soubessem. Os olhares os  comentários maldosos e a imbecilidade de Hogdes só a deixaram mau e se sentindo culpada, mesmo que não tivesse culpa na separação e nem com o crime.

Sentiu medo de chamarem Grissom.

Não iria lidar com o reencontro em um momento como aquele.

Por sorte tinha seus amigos ao seu lado e eles foram ótimos como sempre. Mesmo que a dúvida de sua fidelidade existisse, os dois não demonstraram. E no fim, desabafar com Nick e Greg foi a melhor coisa que fez, deveria ter feito antes.

Ainda não conseguia acreditar que não o teria mais ao seu lado, nem dormiria abraçada a ele... Não o teria mais!

E depois de dois anos, Sara resolveu seguir em frente, tentar na verdade, seu primeiro passo foi se mudar. No entanto, sair da casa não foi tão fácil, tinha ótimas lembranças do lugar, todos os momentos de felicidade de amor, os planos que fizeram para o futuro. Também lembrou dos momentos difícil, das discussões, mas nunca demoravam a se entenderem e sempre se reconciliavam fazendo amor. Ambos haviam escolhido e decorado a casa exatamente como sempre planejaram e por isso, ficar ali não lhe ajudaria, tinha que fazer aquilo. Por várias vezes digitou o número dele e faltou coragem para ligar, quando conseguiu, Sara tentou, mas não evitou querer que ele reatasse o casamento ao ver sua determinação de seguir em frente.

Gil pareceu não se sensibilizar. Afinal, era aquilo que ele queria. Ela seguindo com sua vida.

“A casa é sua. Você pode fazer o que quiser com ela.”

Foi o que havia lhe respondido.

E fez, foi duro se desfazer da casa, porém, vendeu e se mudou para uma casa menor, agora sua tarefa mais difícil seria esquecê-lo de vez. 

Isso ela não tinha certeza se conseguiria.

Mas a melhor forma de não pensar nele era trabalhando.

Suspirou ao parar no estacionamento do laboratório, saiu do carro e seguiu para a sua sala, forçou sua mente a se concentrar no trabalho, no começo da descoberta de seu divorcio ela sentia-se mal entrando naquele lugar, mais ainda quando passou a ocupar a sala que antes era de Grissom. Onde antes tinha varias estantes com animais em formou, a sua famosa porca que sofreu radiação e os livros, agora era ocupada pela mesa dela e de Nick, que agora é assistente de supervisor.

Cada um decorou o seu lado de seu jeito!

A sala nem parecia a da época do antigo supervisor.

Balançou a cabeça, nada de pensar nele. Foi até sua mesa, mas antes de sentar, Ecklie apareceu na porta.

—Boa noite Sara!

Ela o saudou de volta. Viu que a expressão dele não era nada boa. O que não era novidade!

Ela o questionou, com medo dá resposta.

—O que aconteceu?

—Recebemos outra correspondência. —Falou, erguendo um pacote amarelo.

Sara suspirou, sabia muito bem o que continha ali dentro, era a gravação junto da localização da nova vitima do Serial Killer que vinha zombando dos detetives e dos peritos. Tinha mais uma chance de colocá-lo na cadeia, mas dado o cuidado dele em não deixar provas, duvidava que fosse resolver o caso dessa vez.

—Os outros já chegaram? —Quis saber. Embora soubesse que sim.

—Sim, estão na sala de convivência.

Ela assentiu, pegou o envelope e os casos da noite das mãos do diretor do laboratório e se caminhou para encontrar a equipe.

Morgan, Greg, Nick e Lindsey e Hodges, os dois novos integrantes da equipe, lhe esperavam.

Uma saudação rápida. Dividiu os casos entre as duplas Morgan, Lindsey e Greg, Hodges.

Olhou para Nick, erguendo o envelope amarelo.

—Nick, temos mais uma vitima.