Fetiche escrita por NaRa


Capítulo 2
Alex Salvador


Notas iniciais do capítulo

A história é orginalmente postada no site: https://naraoriginais.wordpress.com/ e lá os caps não vão estar separados em partes como aqui no Nyah.
Os capítulos lá serão postados completos toda quarta-feira, então se não aguentar a curiosidade, por favor, leia lá.^^



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— Acorda, Alex – uma voz suave e sedutora lhe disse ao pé do ouvido. Ele sorriu, sem precisar abrir os olhos. Esticou os braços e a puxou para si em um abraço apertado. – Não, me largue! Eu estou com bafo de acordar!  - ele gargalhou da vergonha da outra.

—Eu te amo mesmo assim, meu bafo de onça – ele disse sorrindo, enquanto acariciava de leve as costas dela. A mulher enterrou o rosto em seu peito e ele pode sentir o quanto o rosto dela estava quente.

Aquela mulher era com certeza sua perdição. Como uma mulher tão linda e maravilhosa quanto aquela tinha caído em suas mãos?

Helena era uma jovem de 20 anos de classe média, cabelos longos castanhos claros e olhos cor de mel. Era dona de um corpo escultural e de uma beleza de virar cabeças. Podia ter qualquer homem que quisesse, se não fosse por sua extrema timidez e por ser incapaz de conversar com o sexo masculino.

Ela ficava gaguejando e nem uma palavra sequer conseguia ser pronunciada perfeitamente até a terceira ou quarta tentativa.

Ele mesmo precisou de gastar meses na faculdade para apenas conseguir falar o básico com ela. E até hoje, em dois anos de namoro, ela ainda corava e gaguejava quando estavam conversando algum assunto mais pervertido ou que causasse alguma ansiedade nela.

De certa forma era legal saber que ele era um dos poucos homens da vida dela, já que ela conseguia falar bem com a família. E o problema dela também vinha a calhar para medir seu humor e também para saber quais assuntos evitar perto dela.

Na maior parte das vezes ele a achava adorável assim como era, embora tivesse que admitir que de vez em quando se irritava com isso. Mas quem não odeia o parceiro por um motivo ou outro de vez em quando?

— Temos o que para fazer hoje? – ela perguntou contra seu peito numa voz abafada

—Podemos aproveitar essa cama maravilhosa! – ele deu um sorriso safado e deslizou a mão pelo corpo da outra. Ela fez um bico e se levantou da cama enrolada no lençol o deixando nu na cama

— Isso podemos fazer em qualquer lugar, nós estamos viajando e PRECISAMOS conhecer o local! – ela apontava a janela do apartamento. – Olha essa vista linda! Imagina ir lá de verdade!

Pronto, agora ela entrara no modo Turista e não havia Cristo que a parasse...Hum... mentira, ele até podia convencê-la... O sexo ia ser ótimo, mas o clima ia ficar horrível. Era melhor agradar ela um pouco.

Além do mais, era verdade: tudo naquele lugar realmente parecia maravilhoso. Eles estavam de férias em um resort na praia. A praia era limpa e tinha águas cristalinas, os lugares davam ótimos fundos para as fotos de férias. 

Uma da tarde, o sol a pino na cabeça, eles resolveram que era hora de parar e comer algo. Foram para beira-mar e pediram um prato de frutos do mar. O mar estava calmo e uma brisa passava por eles de vez em quando.

Era realmente um lugar adorável.

—Pena que hoje é o último dia que eu posso ficar aqui – ele reclamou olhando a paisagem.

— Bem, de certa forma, você vai ter paisagem pra olhar lá na escola também, Alex – ela disse emburrada –E lá você nem sequer precisa procurar porque elas vem até você.  Ali está até uma de suas alunas. – ela indicou o lado, mas ele não quis nem olhar para ver se tinha alguém ali e aumentar a implicância da outra.

—Você está falando igual meus pais, Helena. – reclamou – Você sabe o quanto eu odeio isso e que sequer de brincadeira eu ficaria com uma das alunas. – ele tinha tentado por uma manhã inteira ser agradável e fazer o que ela queria e ela vinha com essa merda. - Caramba! Quantas vezes eu tenho que dizer isso? Pelo amor! Elas são crianças ainda! Eu nem as vejo dessa forma! 

Se tinha algo que ele realmente se irritava era o fato de seus pais ficarem pedindo para que casasse com uma de suas alunas por conta do dinheiro delas. O pior é que as vezes, Helena soltava uma ou outra implicância sobre o assunto.

Para Alex, aquilo era como ser chamado de pedófilo. E ele nunca fora, nem jamais seria um. Ele jamais abusaria de um anjo puro e inocente que lhe fora confiado para mostrar o caminho do conhecimento.

Então, sim. O assunto era um tabu para ele.

Helena deu um suspiro longo, mas logo abriu um sorriso debochado. 

— Bem, eu tenho que ser insegura, né? Eu tenho um namorado gato pra dedéu e tem um monte de adolescente novinha lá dando em cima dele 24 horas por dia... – ele se forçou a rir da brincadeira sem graça dela – Mas eu sei que você me escolheu e me ama.

—Sim, eu te amo. – respondeu carrancudo.

—Sendo sincera, eu confio em você – ela sorriu fraco – O que eu não confio é nas suas alunas. Aposto que elas caem matando em cima de você. – ela riu antecipadamente chamando a atenção do namorado pra si – Só que eu sei que até elas rebolarem no seu colo, você não repararia em nenhuma delas.

—Claro que eu sei quando tem alguém a fim de mim. – ele disse indignado – Elas apenas não estão.

—Ah, claro. Vou fingir que acredito....Sério, Alex, metade do curso feminino de física era a fim de você – ela ignorou um “Era?” dele e continuou falando – porque você sempre tratava elas bem e você nunca descobriu. – ela segurou a mão dele. – Enfim, você é um amor de pessoa, mas é tão tapado... Não consegue enxergar nada mesmo que esteja escancarado a sua frente – ela continuou rindo. Alex voltou a olhar o mar com um riso frouxo nos lábios.

Alex era realmente um amor de pessoa, tinha 23 anos. Era alto, magro, mas não muito, tinha um rosto simétrico, um sorriso bacana, cabelo castanho curto. Era bem comum em sua própria opinião, mas na das alunas, ele era um galã.

Ele trabalhava no colégio Quota: um colégio interno, grande espaçoso para filhos de famílias ricas. Não apenas filhos de famílias ricas, mas os mais inteligentes filhos de famílias ricas. Tinha uma bolsa aqui e outra acolá (geralmente para gênios), mas só pra poder pagar menos impostos porque o real motivo desse colégio existir é para os filhos de famílias ricas poderem conhecer e se casarem com outros filhos de famílias ricas e então haver união de empresas e todos eles ficarem mais ricos.

Babaquice, na humilde opinião dele.

Mas o que podia fazer? É assim que a vida funciona. Sempre foi assim que a vida funcionava. Ele sabia disso.

Então ao invés de reclamar ele resolveu que iria aproveitar uma brecha nesse sistema educacional degradante e lucrar com isso. Foi para uma das melhores faculdades, se matou de estudar e com 22 anos já era professor de física do renomado colégio Quota.

Ele era um homem determinado no fim das contas.

Algumas coisas eram diferentes nesse sistema de ensino para ricos, a começar por ele ser um colégio interno: as aulas começavam às 09:00 e terminavam às 17. Das 12 às 14 era horário de almoço e estudo para que eles pudessem fazer tarefas ou coisas assim. Além disso, as salas de aulas de cada professor era diferente, então entre uma aula e outra eles tinham 5 minutos para se deslocarem de sala, irem ao banheiro e conversar um pouco no corredor.

Cada aluno morava num quarto junto de outros 2. O quarto era chique, mas não tinha muitas frescuras: tinha apenas as 3 camas com armário embaixo, 3 guarda-roupas e 1 banheiro. Eram quartos muito bem decorados e bonitos, mas perto do que estavam acostumados em suas casas, aqueles quartos eram simples demais.

Um barulho veio da sua lateral e ele achou melhor dar atenção à mulher ao seu lado ao invés de divagar sobre o trabalho.

— Alex, você acha que a gente vai se ver mais durante esse ano? – ela perguntou depois do almoço – Digo, ano passado nem parecia que eu tinha um namorado...

—Eu era calouro no trabalho, Hel. O que eu podia fazer? Todo mundo aproveitava disso pra ficar trocando de horário comigo. Mas esse ano eu já sei como funciona as coisas. – Ele deu um sorriso fraco e deu um leve aperto na mão dela – No fim do ano passado as coisas já tinham melhorado bastante, não era?

Ela assentiu um sim com um sorriso fraco.

Ano passado eles tinham vivido vários altos e baixos no relacionamento por conta do trabalho dele. Mas ele não podia fazer nada a não ser esperar que as coisas se acalmassem e voltassem ao normal.  

A maior parte dos problemas foi causada por conta da carga horária de trabalho. Mesmo ele não trabalhando dia e noite seguidamente, ele era impossibilitado de sair do trabalho em quaisquer dia que não fosse sua noite de folga ou fim de semana. Isso porque os professores também ficavam internamente no colégio nos primeiros anos de serviço. Eles tinham que ser professores e monitores também.

Claro que eles ganhavam a mais, muito, muito, muito mais por isso. Mas era um pouco trabalhoso ter que lidar com as consequências da falta de tempo.

Principalmente tendo pais como os dele e uma namorada como a dele também.

Ainda assim, de certa forma, ele era feliz com a vida que tinha.  


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Notas finais do capítulo

Primeiramente, eu gostaria de agradecer a todos que resolveram dar uma chance para essa fic.
Ela é bem complicada de escrever e eu agradeço muito a todos que vieram prestigiar um pouquinho do meu esforço.
Então obrigada, mesmo!
O primeiro arco é só de apresentação e se chama prazer. Ele é um pouco lento, por favor não desistam da fic por conta do primeiro arco já que isso é como uma montanha russa: a gente pega lentamente o embalo e depois que tudo fica divertido. ^^
Bem, se você está acompanhando, por favor deixe seu comentário pra deixar saber.

NaRa



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