Fetiche escrita por NaRa


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

A história é orginalmente postada no site: https://naraoriginais.wordpress.com/ e lá os caps não vão estar separados em partes como aqui no Nyah.
Os capítulos lá serão postados completos toda quarta-feira, então se não aguentar a curiosidade, por favor, leia lá.^^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/722707/chapter/1

Ela virou-se e foi embora.

Aquela vadia simplesmente falou que bem quis na frente de todo mundo e virou-se e foi embora.

Puta desgraçada. Puta, babaca, imbecil e desgraçada. Ela devia ir tomar no cu! Ah, isso não a ofende já que esse é um dos fetiches dela.

Puta desgraçada. PUTA DESGRAÇADA!

Eu devia ir lá e meter o cacete nessa puta. Eu devia fazer algo para me vingar por ele. Eu...

Olhei para ele. Alex estava sentado no chão em choque. A sua respiração estava entrecortada, respirava pesado, mas parecia que não conseguia respirar.

Os alunos olhavam pra ele cochichando entre si. Aquela multidão se acercando ia fazer tudo piorar. Ele precisava de ar. Ele precisava se acalmar. Ele puxou o ar com força, mas a respiração entrecortada, não ajudou muito.

Suspirei. Merda de professor que não sabe a hora de ter um ataque de pânico.

Olhei ao redor, os alunos começavam a filmar e o falavam coisas desagradáveis. Ele ia ser pego pelo maldito sistema, ele ia ser engolido por tudo.

Eu precisava fazer algo. Mas o que? O que eu, estando eu malditamente longe dele podia fazer? O que eu podia fazer quando ele nunca tinha me aceitado? O que eu podia fazer quando ele me mantinha longe de si?  

Alguns professores se esgueiraram entre os alunos e enquanto uns ficaram de pé olhando Alex no chão tentando respirar, outros foram até ele e o abanaram. Tatsuo tentava entregar uma garrafa d’água para ele tomar enquanto falava algumas palavras de força.

Ele tentava respirar mais fundo como Tatsuo mandava, mas isso não resolvia de nada.

Droga, eu não sabia o que estava passando naquela mente de merda dele. Ele me mantinha longe, eu não podia saber e...

Ele olhou pra cima pela primeira vez. Ele estava arrasado. O rosto encharcado de lágrimas, tentando respirar, mas não conseguindo. Ele estava tão vermelho que até suas orelhas estavam chamando atenção.

Ele olhava para a multidão como se procurasse alguém. Ele estava num aparente e absoluto desespero procurando alguém.

Era demais pra mim.

Me esgueirei pela multidão e parei em sua frente. Ele me olhou como que dizendo o que precisava pelos olhos. E eu entendi o que passava na cabeça dele.

Peguei a garrafinha do Tatsuo com violência, me abaixei para ficar da mesma altura dele. Ele me seguiu com os olhos. Eu calmamente derramei todo o conteúdo da garrafa na sua cabeça com ele me olhando nos olhos.

Alunos e professores começaram a me xingar e maldizer cada vez mais alto, mas só importava ele me ouvir.

— Eu não quero ver um lixo desses na minha frente, eu quero ver alguém que eu respeito como professor. – disse com a voz fria. Os alunos voltaram a me xingar mais fervorosamente lá atrás.

E eu levantei e ele me olhou respirando fundo, mas agora do jeito certo. Ele deu um sorriso de lado entendendo o que eu queria. Colocou a mão no rosto tampando sua expressão, respirou fundo umas três vezes e quando tirou, seu rosto era o rosto normal de um professor.

Não havia lágrimas, não havia vermelhidão. A única coisa que restara fora a água em sua roupa e seus cabelos. 

Não esperei ele se levantar: me virei e saí dali, me esgueirando novamente por entre os alunos.

—Me desculpem pelo ataque de pânico – ele começou num tom frio – Agora o show acabou. Se algum aluno estiver nesse estacionamento quando eu contar até 3, eu vou colocá-lo de castigo no fim de semana.

Sorri de lado. Era isso que eu esperava.

Fui até o último prédio da escola. Subi todos os degraus e fiquei lá sentada na grama esperando. Já era quase perto de meia noite quando eu o vi chegar ao nosso local.

Ele estava com outras roupas, seu rosto parecia normal, como se sequer tivesse começado a ter um ataque de pânico a algumas horas atrás.

Nos olhamos rapidamente e começamos a nos despir em silêncio.

Ele me olhou nua, não era a primeira vez que me via. Mas era a primeira vez que me enxergava. Duas lágrimas rolaram de seus olhos. E mais duas e mais duas. Caiu de joelhos, chorando como uma criança.

Eu me acerquei dele e o abracei de pé. Minha barriga abafava seu choro e minhas mãos afagavam seus cabelos, como se dissessem que ele podia chorar sem problemas.

E então estávamos lá abraçados, nus, no jardim do terraço da escola onde ele era professor e eu aluna nos aceitando como pessoas pela primeira vez.

Aquilo era errado. Fudidamente errado. Escrotamente errado. Porra. Era tão errado que não sei nem como falar que era errado.

Lágrimas escaparam dos meus olhos.

Definitivamente não tinha como ser certo.

Mas, só pra nós dois. Só naquele instante. Era isso que a gente precisava.

Não precisávamos ser sozinhos, não precisávamos nos esconder atrás de fetiches, não precisávamos de máscaras, não precisávamos de pessoas nos discriminando por quem somos.

Aquilo era definitiva e fudidamente errado.

Mas era tão malditamente certo para nós dois.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Hum... Não sei bem o que falar. Espero que gostem da fic.
Deixem seus comentários para eu saber que estão acompanhando...
Beijinhos.
NaRa



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Fetiche" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.