Através de um vidro escuro escrita por Scya


Capítulo 19
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura a todos!



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Através de um vidro escuro

Epílogo

Por Scya

 

 

Victoire não ligava para seu aniversário. Adultos não têm festas de aniversário, era o que ela dizia, especialmente quando já passaram dos trinta anos – ninguém gosta de continuar contando depois disso. A senhora Fleur Weasley pareceu ofendida quando Victoire disse que não se encontraria com os pais no dia 2 de maio daquele ano. Segundo ela, estava cheia e afazeres e não poderia largar o trabalho em uma data que Hogwarts estava tão movimentada. Molly Weasley ainda insistia, escrevendo cartas gentis se oferecendo para organizar os preparativos e oferecendo a Toca como local da celebração, mas novamente Victoire havia negado, dizendo que precisaria trabalhar.

Mesmo alegando não ter tempo para organizar uma festa de aniversário para ela própria quando precisava se preocupar em organizar duas festas de aniversário por ano para seus filhos, as cartas insistiam cada vez mais quando o dia 2 de maio estava se aproximando. Havia uma grande paixão de Victoire por seu trabalho, assim como havia um grande cansaço que talvez fizesse Victoire pensar que não conseguiria aguentar tantos parentes e amigos de uma vez só em um único local, não quando ela mesma seria o centro das atenções. Ela era mãe de dois meninos, trabalhava todos os dias e tinha uma família para cuidar, fora os quase 300 alunos de Hogwarts que estavam também sob seus cuidados. Ela os adorava e conhecia a grande maioria deles. Simplesmente não havia tempo para essas bobagens.

Mas não comemoramos seu aniversário esse ano também, ela ralhou com Teddy quando o marido a havia questionado sobre a ocasião que se aproximava. Era verdade, já fazia muitos anos que o aniversário de Teddy se resumia a um bolo caseiro que Victoire fazia no dia 7 de abril todos os anos. Harry e Ginny enviavam presentes e passavam da casa da família Lupin no final da tarde para parabenizá-lo. Andrômeda os acompanhou e deu um abraço apertado no seu neto e nos seus dois bisnetos. O restante da família, ele sabia, mandariam um cartão. Não era preciso nada mais elaborado do que isso, não para Teddy Lupin.

Mas com Victoire as coisas funcionavam diferente. Sua família simplesmente tinha o dia 2 de maio como uma data especial. Mesmo ainda sob a sombra de tristeza pelo o que aconteceu mais de trinta anos atrás, o aniversário de Victoire era uma das únicas épocas do ano onde todos os Weasley conseguiam se reunir – e isso explicava porque Molly Weasley continuava tão insistente. Era uma tradição.

         **

Teddy piscou algumas vezes antes de conseguir encontrar a luz em seu quarto. Quando acendeu o abajur do seu lado da cama, sua visão demorou para se adaptar e ele continuou ouvindo os barulhos vindos do andar se baixo da casa.

Ele acordou com o som de panelas e algo parecido com vidro se chocando contra o chão. Levou os dedos até o criado mudo e colocou os óculos no rosto.

— Que horas são? - Perguntou a voz sonolenta de sua esposa, Victoire, deitada de bruços no seu lado da cama de casal.

— 4 e meia. - Teddy respondeu depois de um longo bocejo. Em alerta, ele pegou a varinha na cômoda ao lado e observou os cabelos loiros pérola de sua mulher sobre o travesseiro. Victoire tinha o sono mais leve do que o dele e com certeza havia acordado primeiro.

— Vou ver o que foi esse barulho e dar uma olhada nos meninos. - Avisou Teddy quando seus pés tocaram o chão frio e ele se levantou.

— Eu vou também. - Victoire respondeu e jogou o cobertor que a cobria para o lado, se preparando para sair da cama.

— Nem pensar. - Teddy a segurou pelos ombros e impediu que Victoire levantasse. Ela o encarou com os olhos entreabertos de sono. Depois que a menção de se levantar passou, Teddy jogou o cobertor por cima das costas de Victoire e beijou-lhe os lábios. - Eu volto já.

Não precisou parar no quarto dos meninos para saber que eles não estavam lá. Já sabia o que estava acontecendo e esperava que Victoire não tivesse juntado todos os pontos com aquela barulheira toda. Desceu as escadas e chegou até a cozinha, se deparando com seus dois filhos cobertos de farinha e chocolate.

— Vocês acordaram mais cedo do que o nosso combinado! - Protestou Teddy enquanto acenava a varinha para a bagunça em cima do balcão e da pia. Lyall e John sorriam sem graça para o pai, e no instante seguinte voltaram a jogar farinha um no outro.

Teddy precisou de muita paciência para limpar tudo e retomar com os planos iniciais. Lyall era o mais velho e nem por isso o mais responsável, mas Teddy permitiu que ele ficasse encarregado de preparar o chá, desde que fizesse silêncio para não acordar Victoire.

John ajudava Teddy com os cookies de gotas de chocolate que estavam sendo assados junto com o bolo. Demoraram mais tempo para limpar as panelas e travessas do que para preparar o café da manhã em si.

Teddy olhou para o relógio. Já eram 6:00 e logo o despertador de Victoire a acordaria. Os três rapazes se uniram e se apressaram para organizar a bandeja e Teddy, com toda a sua desenvoltura de um professor de transfiguração, escrevia em cima do bolo com letras azuis e excessivamente curvadas. O pequeno John, que tinha somente quatro anos, colocou várias pequenas velinhas ao redor dos escritos enquanto Lyall, com sete anos, arrumava guardanapos com cookies e torradas na bandeja.

— O que é que vocês estão fazendo? - Exigiu saber uma voz sonolenta do alto das escadas. Os três rapazes imediatamente pararam o que estavam fazendo e, pegos de surpresa, se desesperaram quando viram Victoire descer as escadas, ainda de pijama e cabelos desarrumados. Ela tinha as duas mãos na cintura e um olhar questionador.

— Mamãe! Mamãe!! - Gritou o pequeno John, quase tropeçando nos próprios pés para correr até a mãe e abraçar-lhe as pernas. - Você estragou nossa surpresa!

Victoire afagou os cabelos no topo da cabeça do filho mais novo e quando seus olhos percorreram a cozinha, ela arregalou os olhos e sorriu, emocionada.

— Feliz aniversário! - Gritaram Teddy e Lyall em uníssono quando Victoire percebeu o que estava acontecendo ali. Ela começou a sorrir e ergueu John para seu colo, beijando-lhe as bochechas, enquanto Teddy e Lyall corriam para abraça-la também.

— Vocês querem mesmo me matar do coração. - Ela se rendeu quando Lyall pulou em seu pescoço depois de colocar o pequeno John no chão. Em seguida, Teddy se aproximou para abraça-la e beijou-lhe os lábios.

— Você acabou com nossos meses de planejamento... - Apesar disso, ele acenou a varinha e as velas em cima do bolo se acenderam e iluminaram os escritos em azul e os detalhes em glacê. Feliz aniversário, mama.

Victoire não teve, porém, chances de assoprar as próprias velas. Lyall e John fizeram o trabalho e os pais os observavam com gargalhadas.

— Eu quero o primeiro pedaço! - Exigia John, se colocando prontamente na frente do bolo.

— O primeiro pedaço é meu porque eu sou o mais velho! - Rebateu Lyall, empurrando o irmão para longe do bolo.

— O primeiro pedaço é da sua mãe - Explicou Teddy enquanto organizava os pratos para colocarem as fatias de bolo.

— Na verdade o primeiro pedaço é seu. - Victoire afirmou, no mesmo instante que fez o primeiro corte no bolo e colocou a fatia no prato de Teddy. Ele podia sentir a fúria de seus dois filhos o observando com inveja.

— Injusto! - Gritou Lyall e, no instante seguinte, enfiou o dedo no bolo, puxando una porção de glacê e massa para dentro da boca.

— Lyall Edward Lupin! - Ralharam as vozes de Teddy e Victoire, em uníssono, conforme o filho mais velho apanhava um punhado de cookies e subia as escadas correndo.

**

Victoire insistiu por muito tempo que não teria tempo para trivialidades de aniversário aquele ano. Recusou a festa que seus pais organizam todos os anos e recusou inclusive um almoço com seus avós, dizendo que teria que trabalhar. Victoire era enfermeira em Hogwarts, onde Teddy também era professor. Os dois teriam muito trabalho pela frente hoje, com os preparativos para o Memorial, mas apesar de todas as divergências, Teddy Lupin conseguiu encaixar uma pequena festa para sua esposa. Em algumas horas estariam no castelo e Lily Luna e Andrômeda estariam na casa deles para cuidarem das crianças até o horário do Memorial.

Victoire guardou um pedaço de bolo para as duas e, depois de obrigar seus filhos a tomarem outro banho pela enorme quantidade de farinha em suas roupas, ela estava pronta para ir trabalhar.

Depois que Lily e Andrômeda chegaram, Victoire enlaçou o braço de Teddy enquanto os dois seguiram juntos pela rede de flu com rumo ao castelo de Hogwarts.

Aquele dia 2 de maio sem dúvida seria o mais interessante de todos.


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Notas finais do capítulo

Bom, é com muita felicidade que estou finalizando essa maravilhosa história! Estou muito satisfeita com o resultado dela e, mesmo que tenha demora muito tempo para terminá-la, espero que todos que acompanharam até aqui tenham gostado e se apaixonado pelos personagens tanto quanto eu.
Obrigada por todos os comentários e pela recomendação. Desculpem os meses de atraso e espero que ainda nos encontremos em outras aventuras por ai!

Não deixem de me dizer o que acharam da história, significa muito para mim.
Um abraço a todos!

Meu novo projeto, como já disse anteriormente, é uma fanfic sobre Andromeda e Ted Tonks. Quem tiver interesse em acompanhar pode procurar no meu perfil, com o nome de Borboleta de madeira.
Um grande abraço!



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