Ele olha para ela fascinado. ...

Não entende como alguém consegue sorrir de forma tão boba por um simples sorvete. 

Ele não a entende, nunca entenderia, ela é. . 

....tão estranha. ...

.....

Ela gosta de dias ensolarados. ..

...desde que esteja Muito bem protegida na sombra. 

Ela adora dias de chuva; as vezes fica na janela observando as gotas caírem furiosamente com uma xícara de chá em mãos, ou um de seus preciosos livros, Mas as vezes ela simplesmente corre para o quintal e brinca na chuva como uma criança travessa. ...No dia seguinte está reclamando do resfriado que contraiu e o culpando por a ter deixado fazer algo tão estúpido, hun, como se ele pudesse impedir. ... Garota estranha 

Ela ama filmes, séries, animes e mangás. ...Mas em sua grande maioria, apóia casais impossíveis nestes e adora os vilões. ..Vai entender a cabeça da criatura. 

Ela não sabe jogar vídeo game, mas gosta de lhe assistir jogar, e torcer contra si, e rir de suas derrotas, ficar indignada com suas vitórias, mas as vezes ela lhe sorri e lhe dá um selinho "Vai lá tigrão, pega eles "ela dizia. ...Essa Mulher só pode ser louca. .

Ela pode falar por horas sobre algum livro que gostou, seus olhos brilham e seu sorriso é lindo, Mas aí dele se pedir emprestado pra ler. 

"Encoste seus dedos nos meus livros que eu os arranco com um alicate " ...Psicótica! 

Ela é louca por gatos, mas tem alergia a eles, ainda sim tem quatro deles , ela quase lhe bateu quando brigou com um de seus "Bebês" que afiava as unhas no sofá. ...Garota pirada. 

—Você 'tá fazendo de novo. ...

—Hum. ..-Resmungou sem saber do que ela falava. 

—Me olhando com essa cara de retardado e babando como um idiota. .- Oh sim! Ele é esse poço de doçura. 

—Só lembrando de como você é um amor de pessoa. - Riu da careta indignada que ela fez 

—Imbecil - Ela Disse e  voltou  a tomar seu sorvete. e ele a se perder em lembranças rindo, porque ela é assim mesmo. 

Mas infelizmente, não existem apenas flores no paraíso, existem dias, raros, que ele chamou de dias cinza, em que ela se recolhe em seu próprio mundinho, nesses dias ela não penteado os cabelos, veste a roupa mais surrada que encontrar e seu dia é silencioso, ele a mantém a base de alguns sucos, pois ela não come nada, e a noite depois de banha-la e a vestir em uma de suas camisas ele a coloca na cama e lhe abraça e a deixa chorar. 

Ela apesar de todos os sorrisos, tem tendências depressivas, reflexo da vida que teve . Uma infância ferrada, apesar da família grande, era sozinha, abusada pelo pai, desprezada pela mãe, judiada por seus irmãos, e ninguém nunca fez nada.

Reflexo da adolescência fodida que teve, Repleta de brigas , surras e exploração da mãe, subestimada por toda a família e assediada pelo padrasto. 

Ele não a entende , não entenderia Jamais , como ainda conseguia sorrir?  Como ainda consegue ter esse olhar bobo e inocente mesmo já tendo quase trinta anos?  Ela sempre Seria uma garota estranha para ele. 

Mas ele admirava a pessoa linda que ela se tornará, por isso , em dias cinza, ele lhe acaricia os cabelos, beija suas lágrimas e diz que a ama , muito, mesmo sabendo que, talvez, nunca vá ouvir tais palavras vindo dela. 

Ele ainda lembra da primeira briga de verdade que tiveram, ele questionou se ela o amava, isso depois de 2 anos de namoro, e ela lhe disse "Não" assim, cru ,seco e frio, brigaram feio, ele disse coisas cruéis e ela rebateu a altura, mas ele viu a dor nos olhos dela, ainda sim saiu batendo a porta , apenas pra ter a pior semana de sua vida, morrendo de saudades das loucuras dela, se perguntando se estaria em um dia cinza, lembrando de como á conheceu, na faculdade, de como ela parecia uma onça selvagem, violenta e perigosa de tão arisca, para descobrir mais de um ano depois que ela era apenas uma fera ferida; Então ele voltou uma semana após a briga, cheio de remorso e saudades para a encontrar sentada no chão da sala assistindo Supernatural, de novo, e sim , ele tem a chave da casa dela. 

"Eu nunca vou entender porque gosta tanto de terror, se você morre de medo "—Comentou a observando do batende da sala. 

"Porque esses monstros, demônios e fantasmas eu poderia destruir facilmente "Respondeu tomando mais sorvete e abrindo espaço no cobertor que a enrolava para ele, que logo se acomodou lá, a abraçando. 

"Me desculpe "Ele pediu. 

"Eu não te amo "

"Eu sei "

"Eu perdi essa capacidade a muito tempo, gosto de você, mas amor, vindo de mim, me machuca, eu não sinto ciúmes, e isso te ofende, eu não ligo e nem mando mando mensagem , eu não sou e nunca vou ser a namorada dos sonhos de ninguém"  Ela lhe disse seria, mas ainda olhando para a TV.

"Eu sei, mas eu te amo ainda assim " Ela nada disse, mas se aconchegou a ele, e ele soube que estava tudo bem entre eles. 

"Não seu porque o Dean e o Castiel não se pegam logo, eles se comemora com os olhos"—Ela soltou o cometário de repente e ele gargalhou e a beijou, Céus como sentiu falta dela. 

Se passaram cinco anos após aquele dia, e ela nunca lhe disse as três palavras. E ele parou de se importar com palavras, é ela quem cuida dele quando fica doente, foi ela quem lhe abraçou e consolou quando sua mãe faleceu, é ela quem lhe chuta da cama quase todos os dias para ir ao trabalho, ela quem cuida para que sua alimentação seja saudável, desde que foi parar no hospital com gastrite nervosa , é com ele que ela divide seus segredos, eles pareciam casados, apesar de não serem, ela tem horror a casamento e não que filhos por pelo menos 7 vidas, e ele também não então ótimo, mas ele vivia mais na casa dela que na dele, e apesar das pequenas discussões idiotas, quase sempre culpa dele, oh a vida era bela, ela pode até nunca dizer as palavras ,mas ele sente amor em cada gesto dela. 

Ela ainda liga dificilmente, são raras suas mensagens, ela desconhecia o sentimento de ciúmes vindo dela, sério, ele tinha ciúmes pelos dois, apesar de ter aprendido a controlar, ela ainda é meio louca e psicótica, ela ainda tem gostos estranhos, e e ele ainda não a entendia como gostaria. 

—Sério, você tá planejando dominação mundial pra 'tá viajando desse jeito? -Ela Gracejou lhe arrancando de seus devaneios. -Você está todo sujo de sorvete derretido, crianção. 

—Assim você fere meus frágeis sentimentos -Se fingiu de ofendido, logo sorriu e apanhou lenços de papel para limpar o sorvete que pingou em si. 

—Ah , até aparece -Ela Resmungou rolando os olhos -Você é imune ao meu veneno. 

—E você me ama por isso - Sorriu 

— Vai sonhando. 

—Todos os Dias - Um leve rubor cobriu suas bochechas. -Chata 

—Nossa, sério? -Se fingiu surpresa e arqueou uma sobrancelha bem feita - Descobriu isso só agora gatinho? 

—Hunf, Garota estranha - Ele Resmungou e ela riu, acha isso um elogio. 

—Tenho que ir, meu plantão começa em vinte minutos, te vejo amanhã - Ela lhe deu um beijo doce de sorvete, montou sua moto e partiu rumo ao hospital. 

Ainda havia dias ensolarados e dicas de chuva seguidos de resfriados, ainda haviam brigas bobas, ainda haviam raros dias cinza , mas ainda sim ele ria sabendo que nunca a entenderia completamente, que ela continuaria sendo uma garota estranha mesmo não sendo mais tão garota assim. 

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Mas ela é a Sua garota estranha!