Bulletproof Daughter escrita por Jéssica Sanz, Jennyfer Sanz


Capítulo 32
ALTERNATIVE END: Açúcar


Notas iniciais do capítulo

[Jennyfer] Vocês pediram, e aqui está. Aviso: Relevem minha narração de Exatas.

[Jéssica] Um cap feito só pela Jenny (tá, eu chiliquei alguma coisa, mas quase nada). Espero que aproveitem!

— Desculpem pelo atraso, a semana foi corrida...
— Este final alternativo vem desde Bulletproof Wings.
— Foi feito para ser um Spin Off, por isso é longo comparado aos capítulos normais.
— Tem um Concept Video, mas deve ser visto após a leitura. Link nas notas finais.



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Jungkook puxou Yoongi para cima e o segurou pelo casaco, querendo chorar.

— Para com isso, hyung — pediu ele. — Eu não quero brigar com você. — Embora estivese quase caindo, Yoongi segurou Jungkook pelo casaco da mesma maneira, dando a ele a esperança de que estava parando. — Não quero que nossa amizade acabe!

— Que amizade?! — Gritou ele, jogando Jungkook, que caiu no chão perto do sofá. Jungkook se contorceu de dor. — Eu não sou, não sou amigo de um assassino! — Ainda em seu estado de raiva e embriaguez, Yoongi pegou um banco. Jungkook teve medo de que Yoongi fosse jogá-lo contra ele, mas o mais velho o lançou na direção do espelho da sala, quebrando-o completamente ao mesmo tempo em que berrava. — Eu te odeio!

Dizendo isso, Yoongi simplesmente saiu da casa, batendo a porta com tanta força que fez parecer que a casa ia desabar. Deixou Jungkook completamente sozinho.

Yoongi saiu cambaleando pelas ruas, sem conseguir entender para onde estava indo. Ele sentia-se tomado pela raiva. Não achava que aquela maldita criança conseguiria, sozinha, fazer com que as coisas ficassem tão ruins daquele jeito. Era culpa daquele maknae. Todos os seus amigos tinham ido embora por causa daquele maknae. Como ele se atrevia a jogar tudo, tudo o que eles construíram, na lama, daquele jeito?

Assim eram os pensamentos irracionais do menino embriagado e enfurecido que se embrenhava pelas ruas de Seoul, sem dar atenção à viatura de polícia que passou por ele, no sentido contrário. Não prestou atenção quando ela freou bruscamente e uma menina, que tinha decidido aceitar a carona do colega de trabalho, saiu do carro e foi atrás dele. Ele só reparou quando ouviu uma voz feminina e firme atrás de si.

— Agust D?

Yoongi se virou devagar, porque àquela hora e naquele estado, ele não se importava com nada. Minji, sua amiga de infância, estava bem à sua frente.

— O que você quer? Não vê que eu estou ocupado?

— Não parece ocupado.

— Mas estou! Minha vida está uma merda! Vê se me deixa em paz!

— Não. Você não vai ficar em paz se eu for embora.

— Tudo bem. Então eu vou embora.

Yoongi continuou seu caminho, deixando a garota para trás. Ela voltou à viatura.

— Suho, te dou uma grana se me ajudar a seguir aquele garoto. Jebal, é muito importante.

— Tudo bem, Minji, não precisa de grana, não — disse o policial, rindo e fazendo a volta.

— Não, disfarce. Não deixe ele saber que estamos indo atrás dele.



Depois de andar um pouco, Yoongi chamou um táxi, que o levou diretamente para o motel. Ao notar aquilo, Minji resolveu agradecer Suho e liberá-lo. Yoongi entrou no motel, pegou uma chave qualquer no armário e subiu. Minji entrou logo depois, se preocupando em ir atrás dele. Ela foi interrompida pelo moço da recepção.

— Ei ei, aonde você vai?

Minji sentiu que, de alguma forma, o rapaz iria impedi-la de conversar com um homem embriagado. Então, mentiu.

— Que pergunta. Vou fazer o que as pessoas fazem aqui.

— Mas não é assim, moça. Você precisa preencher ficha, fazer cadastro...

Ignorando o rapaz, ela subiu.

Como Yoongi demorou alguns minutos para encontrar seu quarto, ela descobriu seu paradeiro com facilidade. Ele tirou o casaco e se jogou na cama. Sua cabeça doía, e ele sentia muita raiva. Parecia estar pegando fogo.

Minji entrou no quarto.

— Eu já disse pra você ir embora — disse ele, sem olhar para ela.

Minji pouco sabia sobre o caso dos sete meninos que estavam morrendo gradativamente. Mas soube, nos ritos fúnebres de Jimin, que Agust D era um membro daquele grupo. As coisas estavam complicadas para seu antigo amigo.

— Olha, eu sei que não tem sido fácil, mas... Você não pode continuar desse jeito.

Yoongi se levantou com um pouco de dificuldade.

— O que você sabe sobre mim? — Disse ele, avançando sobre ela. — Você não sabe nada sobre mim!

Yoongi ainda estava tonto, mas queria ameaçar Minji para que fosse embora. Percebendo que palavras seriam inúteis, ela agiu rápido. Segurou os braços dele, prendendo-os ao lado do corpo, e o beijou.

O gosto dele era de álcool, mas ela não se importava.

O gosto dela era de açúcar, mas ele quase não percebeu.

Quando o beijo acabou, ela o encarou para saber qual seria sua reação. A expressão de Agust D era triste, e ele estava cabisbaixo. Estava sofrendo.

— Por que você está fazendo isso comigo? — perguntou ele, com a voz afetada.

— Você já deveria saber. É para você ser mais forte.

Ele olhou para ela. “Ainda se lembra”, pensou. “Ainda é a mesma, só está mais incrível”.

Esquecendo de tudo que tinha acontecido minutos atrás, Agust D segurou os braços dela, girou-a e jogou-a na cama. Na sua embriaguez, colocou-se sobre ela e começou a morder-lhe o pescoço. A pequena parte lúcida em seu cérebro se perguntava se não estava fazendo aquilo contra a vontade dela.

Mas Minji era forte, e Agust D estava fraco. Se ela não quisesse aquilo, já teria dado um jeito de escapar. Já teria gritado ou lutado. Mas ela não lutava. Apenas abraçava ele, e arranhava suas costas por baixo da camisa branca enquanto a removia. Minji sabia muito bem o que queria.

A noite parecia cair lentamente em Seoul.

Deitado na cama do motel, Yoongi estava começando a ficar sóbrio.

— Será que podemos conversar agora? — Ele ouviu a voz dela, que estava ao seu lado.

— Não.

— Por quê?

— Porque eu não consigo me concentrar. Você cresceu, e está tão... Uau. Se vista, por favor.

Com um pequeno sorriso, Minji obedeceu ao pedido, enquando Yoongi começava a se lembrar... E a se arrepender. Ele tinha sido completamente estúpido.

— Agora vamos lá. O que aconteceu?

Yoongi resumiu os fatos a respeito do Bangtan. Contou tudo o que tinha feito, tudo que tinha dito a Jungkook. Ele nunca deveria ter dito que sabia o motivo do suicídio de Jin.

— Ah, ele era só uma criança tola. Havia errado? Sim, mas ele ainda era só uma criança. O que Jungkook sabia sobre a vida, sobre o amor? Nada. Ele não sabia nada. Ele não era um assassino.

— Ei, ei, não fique assim. Você errou, ele também. Por que não... Liga pra ele?

Yoongi procurou o aparelho, mas não encontrou. Certamente havia ficado na casa. Será que Jungkook ainda estava lá? Olhou pela janela. A noite tinha caído, devia ser muito tarde.

Naquele momento, eles perceberam uma luz avermelhada tomando conta de alguns pontos na parede do quarto. Ouviram o som: eram sirenes.

— Quando eu tinha quinze anos, eu não tinha nada.

Yoongi virou a cabeça. Parecia ouvir algo a mais. Mas o que poderia ser? Eram apenas sirenes! Não havia nada demais naquele som. Talvez um assovio. Ele já ouvira várias vezes sirenes como aquela. Mas, estranhamente, algo o estava chamando. Ele hesitou o quanto pôde. Aquela impressão tola de que havia algo de novo nas sirenes só poderia ser um resquício de álcool. Mas continuou inquieto com aquele som, porque aquilo que o estava chamando parecia, de alguma forma, ser Jungkook.

— Agust...

— Eu preciso ir. Preciso ver o que é. Eu não sei se o encontrarei, mas preciso dizer a ele que eu estava errado.

Ele se vestiu e saiu do quarto. Minji o seguia a todo momento. Desceram rápido as escadas e saíram do motel, correndo em direção às sirenes.

Yoongi não sabia se era de um carro de polícia ou de uma ambulância, mas não teve que andar muito para descobrir que era a segunda opção. Aparentemente, havia ocorrido um acidente de carro. Vários curiosos já se amontoavam ao redor do acontecimento, dificultando um pouco o trabalho dos paramédicos. Yoongi sentia cada vez mais que havia algo errado, então se aproximou.

 

Havia muitas pessoas na sua frente, mas algo parecia o estar puxando. Ele as empurrava nervosamente, queria ver o que estava acontecendo, até que finalmente chegou à beirada do círculo imaginário. Seu coração pareceu parar.

Havia apenas um carro, evidenciando que se tratava de um atropelamento, e não de uma batida. O carro não havia sofrido quase nada. O homem que parecia ser o motorista estava sentado na ambulância. Os paramédicos faziam um curativo na cabeça, que provavelmente batera no volante. Outros dois paramédicos estavam abaixados no chão, ao lado da vítima que havia sido atropelada. Yoongi levou a mão à boca, fazendo Minji deduzir de quem se tratava.

Era Jungkook. Ele estava horrível. Muito machucado, parecia ter levado uma surra. A posição de seu corpo era estranha, ele parecia ter quebrado alguma coisa. Uma poça de sangue se acumulava ao seu redor. O primeiro médico colocou a mão em seu pescoço, tentando encontrar pulso.  Ele olhou para o outro e balançou a cabeça negativamente.

Jungkook não tinha resistido.

Yoongi não aguentou mais olhar para aquilo. Deu meia volta para sair dali, mas Minji o interrompeu.

— Não.

— Por favor, eu... Preciso sair daqui.

— Eu sei. Mas eu quero dar uma olhada nisso e descobrir alguma coisa.

— Então me deixa ir embora.

— Não quero que você faça nenhuma besteira. Você vem comigo.

— Não pode me obrigar.

— Eu sou uma policial, e você está detido temporariamente por desacato à autoridade. Vai ter que me acompanhar.

Por um momento, Yoongi sentiu-se arrependido por ter beijado Minji na infância. Ela se tornara tão forte que chegava a estar insuportável.

Arrastando Yoongi consigo. Minji se aproximou do motorista.

— Annyeonghaseyo. Meu nome é Jeon Minji, eu sou policial. Será que posso te fazer umas perguntas?

— Claro, mas já me fizeram um monte.

— Qual seu nome?

— Byun Baekhyun.

Tentando não sentir raiva do motorista, Yoongi se perguntou de onde conhecia aquele nome.

 

Naquele dia, saber que Baekhyun tinha atropelado Jungkook fez com que Minji se dedicasse mais ao interrogatório oficial, de tal forma que conseguiu arrancar todas as informações. Inclusive a culpa de Chung Ho. No entanto, a pedido do jovem rapaz, ela guardou pra si e prometeu que usaria isso apenas se conseguisse mais provas.

Os dias passaram, e Minji cuidava de Yoongi constantemente como ele fizera com ela na infância. Quando ela descobriu que Taehyung também tinha partido, conduziu Yoongi a se reaproximar de Namjoon. Apenas eles haviam sobrado, portanto deveriam se unir.

Yoongi e Namjoon assinaram o destrato de aluguel e procuraram uma nova casa para morar, pois a antiga continha muitas lembranças dolorosas. Minji era extremamente racional e soube que, se acompanhasse a dupla, poderia continuar os ajudando de alguma forma. Sempre mantendo contato com os pais, Minji também saiu da casa onde morava. Com o tempo, muitas coisas foram esclarecidas. Através de Yoongi, Namjoon soube das verdades a respeito da viagem de Jungkook a Tóquio.

Yoongi decidiu tomar coragem e seguir adiante com sua história com Minji. Os dois começaram a namorar. As coisas voltaram a ser como antes da morte de Hoseok. Namjoon trabalhava no posto, Yoongi no motel e Minji na delegacia. Os três se tornaram muito unidos, e seguiam a vida como podiam.

Mesmo que Yoongi tivesse Namjoon, mesmo que tivesse Minji, os cinco que partiram faziam falta. A situação não era a melhor do mundo, mas tornou-se mais agradável a partir daquele dia.

Namjoon estacionou a caminhonete na frente do motel.

— Ei, vem logo!

— O que você quer, doido? Eu estou trabalhando!

— Eu recebi uma ligação do SNUH. Precisamos ir lá, urgente.

— Será que aconteceu alguma coisa com a Minji?

— Não sei. Foi o Dr. Oh que ligou.

— Oh Sehun? Do Hobi?

— Sim.

Preocupado, Yoongi ligou para a namorada. Ela estava fazendo hora na delegacia, e quando soube o que estava acontecendo, pediu para acompanhar.

Depois de pegarem Minji, partiram para o hospital.

O Dr. Sehun os aguardava na sala de espera.

— Annyeong. Que bom que vieram.

— Annyeong, doutor — disse Yoongi. — Ah, esta é Minji, minha namorada.

— Prazer em conhecê-la.

— Igualmente.

— Venham logo, por favor. Eu não aguento mais esperar.

Sehun guiou os três pelos corredores, até que abriu uma porta.

— Podem entrar.

Namjoon e Yoongi mal podiam acreditar. Aquilo parecia impossível, e ao mesmo tempo, tão natural.

Jin estava sentado na maca, com hashis na mão e uma bandeja no colo. Um sorriso apareceu entre as bochechas cheias de comida.

— Ele ainda está fraco, saiu do coma há algumas horas. Eu sempre passava por aqui e o via pelo vidro, dormindo. Mas quando eu passei hoje, percebi que ele estava acordado. Então eu resolvi ajudar, e descobri que... Ele era o amigo que vocês acharam que tinha morrido.

— Então você é o Jin — sussurrou Minji.

— Sim, esse é o Jin. Achei que não acreditariam, então os chamei para verem.

— Acho que eles ainda não acreditaram, doutor.

Sem dizer nada, os dois garotos se aproximaram do hyung. Yoongi tocou sua mão, e Namjoon tocou seu rosto.

— Hyung — sussurrou Namjoon. — Você está vivo! Aigoo, você está vivo! Nós achamos que você tinha...

Um homem abriu a porta.

— Annyeong, doutor Kim — disse Sehun.

Minji sentiu um frio na espinha. Ela soube que estava diante do assassino de Jungkook.

— Você... — disse Yoongi, furioso. — Você disse para nós que o Jin Hyung tinha morrido!

— É verdade isso, doutor? — Perguntou Sehun.

— Sim. Meu sobrinho fica mais seguro longe desses garotos irresponsáveis. Eu não gosto dessas amizades dele, então omiti.

— Não sei do que você está falando, ajussi! Eles sempre foram muito bons para mim!

Namjoon estava furioso e racional ao mesmo tempo.

— Você ouviu, “Doutor”.  Nada que aconteceu de ruim ao Jin Hyung foi culpa nossa. E agora que eu sei que ele está vivo, vou fazer o possível e o impossível para que ele seja feliz. Se é essa a sua preocupação o senhor já pode deixar com a gente.

Mantendo a compostura e sem dizer alguma palavra, Chung Ho deixou o quarto.

— Namjoon.

— Fale, Hyung.

— Eu quero ver os outros.

— Os outros... Veja bem, Hyung...

— Eu sei. Eu sei de tudo. O Doutor me contou que eles se foram. Mas eu quero vê-los. Onde eles estão?

— Não pode, você ainda está muito fraco, Jin.

— Você ouviu o doutor.

— Então fiquem comigo.

— Hyung, eu gostaria, muito mesmo, preciso voltar para o trabalho.

— Está certo, Yoongi.

— Eu também preciso — Disse Minji. — A gente pega um táxi. Fica com ele, Nam Oppa.

— Claro, claro. Eu fico.

— Então vamos indo. Jin Oppa, eu quero te conhecer melhor em breve. Annyeong.

Yoongi e Minji se despediram.

— Vou ligar para seus pais, Seokjin.

— Claro. Faça isso, jebal.

Sehun também deixou o quarto.

— Mas afinal, quem é aquela garota?

Namjoon riu.

— É Minji, a namorada do Yoongi Hyung.

— Yoongi com namorada? Aigoo, quantos anos eu dormi? — Perguntou Jin, também rindo.

— Sim, é bem estranho, mas eu já me acostumei. Os dois são um casal incrível. Ela está morando conosco. Você vai ver, ela é ótima. Eu não sei se eu e o hyung conseguiríamos superar sem a ajuda dela.

— Superar...

— E você também vai, hyung. Nós superamos, você também vai superar. Você vai ver.

— O doutor contou da melhor forma possível. — Jin já derramava lágrimas ao lembrar. — Disse que muitos tinham morrido, e eu chorei tanto. Aí ele disse. “No entanto, alguns ainda estão vivos. Por favor, não se lamente pelo que você perdeu. Celebre o que você ainda tem.”

— Essa foi a chave para que nós sobrevivêssemos. Ainda tínhamos um ao outro. Yoongi tinha a Minji. E agora... Temos você... Aigoo, hyung, eu ainda não acredito que está vivo!

Os dois amigos conversaram bastante. Namjoon passava todo o tempo que podia perto do hyung. Minji conversou muito com Jin, de forma que eles também ganharam proximidade. Até mesmo Sehun acabou se aproximando do grupo. Ver jovens alegres em um quarto de hospital o dava nostalgia. O que antes era Hoseok, Taehyung e Jungkook agora era Jin e Minji.

Sehun antecipou a alta de Jin, para que ele pudesse ver os meninos no terraço. O mais velho precisou usar cadeira de rodas por mais algum tempo. Depois de colocar Jin cuidadosamente na caminhonete, os cinco partiram em direção ao Terraço da Família Bangtan.

Sehun, que estava acompanhando tanto como médico quanto como amigo, conduziu a cadeira de Jin com dificuldade sobre a terra. À medida que se aproximava, as lágrimas ameaçavam escorrer, enquanto ele respirava ofegantemente. Levou a mão ao coração, enquanto sua mente era bombardeada por lembranças. Seus amigos estavam mortos. Ao seu lado, os quatro acompanhantes também se desmanchavam em lágrimas. Jin começou a tossir. Suas lágrimas sugavam todas as suas forças, que eram repostas pelo abraço carinhoso de Namjoon e Sehun. Yoongi e Minji também estavam se abraçando.

Pensou em cada um deles. Primeiro, em Jiminie. Moni dissera claramente que o único motivo de sua morte era porque ele sentia sua falta, porque achava que ele tinha partido. Aquele amigo era muito precioso, suas brincadeiras, seu sorriso de menino. Depois, pensou em Hoseok. Sempre tão alegre, e ao mesmo tempo tão frágil pela sua doença. Ele sabia que o Bangtan era o que o fazia esquecer seus problemas. Jungkook, ah, aquela criança terrível. Yoongi sempre dizia que ele não sabia nada sobre o amor, e era verdade. No dia de sua tentativa de suicídio, Jin sentira muita raiva dele, mas naquele momento só sentia saudade. Ele ainda tinha muito para aprender sobre o amor e sobre a vida, antes de morrer. Taehyung era um bagunceiro, mas Jin sabia que ele sofria muito com os problemas de casa, e gostava de apoiá-lo. Sabia que a irmã praticamente só tinha ele, como estaria agora?

Jin chorava sem parar, produzindo um som agonizante que parecia ecoar no silêncio da ausência dos mais novos. Não conseguia acreditar que nunca mais veria aqueles sorrisos, que nunca mais viveria aqueles momentos que eram os mais bonitos. Nada, absolutamente nada fazia sentido sem o Bangtan. E o sonho? O sonho estava morto. Não havia grupo para debutar, mas não era isso que importava. Nem o début, nem o sucesso, nem a música. Ele só queria seus meninos de volta.

 

O grupo estava tão abalado que não percebeu os passos se aproximando.

— Eu sinto muito — disse a voz. Os cinco arregalaram os olhos e pararam de chorar quase que imediatamente.  Em seguida, se viraram para ver a pessoa que havia acabado de chegar, segurando algumas flores. Não podia ser verdade.

— Você? — perguntou Jin, incrédulo, piscando para afastar as últimas lágrimas de seus olhos e ter certeza de que eles não o estavam enganando.

— Oi, Jin.

Jin enxugou o rosto com as costas das mãos, com muita raiva, como se a pessoa não fosse digna de ver suas lágrimas e sua dor.

— O que tá fazendo aqui? — perguntou Yoongi, com claro tom de ironia. — Veio prestar as últimas homenagens ao seu namorado?

— Na verdade, sim.

Mesmo Sehun e Minji a olhavam com desgosto. Eles perceberam por suas palavras que aquela era a garota. Yumii passou pelo grupo, ignorando suas reações frias. Não esperava por nada diferente. Ela se ajoelhou em frente à lápide de Jungkook. Passou o dedo pelos relevos de seu nome marcado na pedra em hangeul, e depois pela sua foto emoldurada. Uma lágrima fina escorreu pelo rosto. Jin a observou. Ela também deveria estar sofrendo.

— Estava preparando a viagem desde que soube de Jungkook, mas só cheguei ontem. Infelizmente, tive que comprar mais flores do que planejava. Jin... — Yumii se levantou. — Eu não sei o quanto você sabe sobre eu e Jungkook, mas... Ele não sabia que era eu, quando foi para o Japão.

Jin olhou nos olhos de Yumii.

— Por que acha que me importo com isso? — Perguntou ele, com tom lógico. — Ele está morto! Nada do que podemos dizer um para o outro agora vai mudar isso. — Yumii mordeu o lábio e olhou para o lado. Jin sentiu que a estava machucando. — Sinto muito, mas é a verdade.

— Está com pena dela, hyung? — Yoongi estava revoltado. — Não faça isso. Ela não merece essa pena. Você não é bem vinda aqui.

— Bem vinda por vocês, não mesmo. Não que eu não esteja feliz em vê-los, mas não vim aqui para isso. Vim para ver Jungkook.

— Pois já viu — disse Namjoon. — Agora pode ir embora. Você está atrapalhando.

Yumii jogou lentamente as flores que tinha comprado em cada um dos quatro túmulos. Em seguida, encarou os cinco um pouco. Sem dizer nada, se virou e foi embora. Yoongi a segurou pelo braço, chegou perto dela e disse, com a voz baixa, porém repleta de raiva.

— Isso é tudo culpa sua. Espero que eu não precise nunca mais olhar pra você.

Ainda em silêncio e sem olhar para Yoongi, ela se livrou dele e partiu.

Realmente, foi a última vez que eles a viram. Eles nunca souberam se ela tinha voltado para o Japão, ou se tinha morrido, ou como tinha morrido. Isso não os interessava. A verdade é que, sem carona, ela morreu de uma maneira diferente. Nem mesmo nós duas sabemos como ela morreu, já que seu corpo nunca foi encontrado. Eles nunca souberam de Sunghee. Nunca souberam que Yumii foi essencial para que os meninos vencessem Abraxas.

— Ao Juízo, este mundo concede oficialmente seus poderes em respeito à sua morte. Ao Líder Jung Hoseok, o poder da previsão. Que sua esperança torne a justiça inevitável. A Park Jimin, o poder da verdade. Que sua inocência torne o oculto visível. A Kim Taehyung, o poder da água. Que sua coragem seja como escudo contra o mal. A Jeon Jungkook, o poder do ar. Que sua força seja a força do Juízo. A Choi Yumii, o poder da cura. Que sua benevolência salve os réus da injustiça. A partir de agora, vocês cinco são o Juízo deste mundo.

Ao fim das palavras do espectro, os cinco, que estavam ajoelhados, se levantaram. Um por um, subiram as escadas e tomaram seus assentos. No centro, Hoseok. Jimin à sua direita. À sua esquerda, um assento maior pertencia a Jungkook e Yumii. Taehyung sentava-se na escada, o lugar destinado a um Asas-negras.

No primeiro mundo, a sobrevivência dos três mais velhos tornou a investigação em torno de Chung Ho muito mais precisa, de forma que Hoseok não precisou interferir.  Sabia-se que Chung Ho mentiu para o Bangtan sobre Jin, causando a morte de Jimin. Sehun revelou as substâncias incomuns que haviam sido encontradas no organismo de Hoseok. Foi o pretexto para Minji revelar a testemunha de Baekhyun, que foi absolvido e recebeu proteção da Justiça. Chung Ho foi condenado à prisão por calúnia (referente à mentira), formação de quadrilha (contratação do CBX) e duplo homicídio (de Hoseok e Jungkook).

Superar a perda se tornava cada vez menos difícil. A sensação de justiça sendo feita deixava os pensamentos do grupo mais leves. Cinco haviam partido, mas um voltou e dois novos amigos chegaram.

Jin chegou à casa Bangtan cheio de sacolas. Namjoon estava na sala, com um livro nas mãos, tentando ler e sendo atrapalhado por duas vozes dentro do quarto.

— AAAAISH, meu Chakra está acabando!

—  Você fica gastando tudo! Tem que aprender a moderar!

—  Eu estou tentando!

—  Então tente mais, bae! Você consegue!

—  Eu consigo!

— Annyeong —  disse Jin. — Como você está conseguindo ler?

— Não estou! Ela é muito barulhenta! Queria um pouco mais de sossego.

Jin riu.

— Pare de ler. Vamos fazer outra coisa.

— Mas você precisa fazer o bibimbap para levar.

— Eu sei, mas… Aquele dorama que eu gosto vai começar daqui a pouquinho. Já que você não consegue ler, você podia assistir comigo. Quando eles acabarem essa barulheira, você lê e eu cozinho.

—  É uma boa, hyung —  disse Namjoon, tentando não deixar transparecer o quanto havia gostado da ideia.

—  Vai ligando a TV. Vou colocar essas coisas lá dentro.

Jin foi à cozinha e guardou as coisas que tinha comprado. Quando voltou, o livro de Namjoon estava na mesinha e a TV estava ligada no KBS. Ele se sentou ao lado de Namjoon e os dois começaram a assistir ao dorama. Algum momento depois, sem aviso prévio, Namjoon se deitou no colo do hyung. Jin ficou assustado, mas algum tempo depois, estava até fazendo cafuné em Namjoon. Era tão agradável.

Namjoon não estava preocupado em ver o dorama, embora ele fosse excelente. Nada importava enquanto ele sentia os dedos macios de Jin em seu cabelo. Algo que ele achou que nunca mais teria. Jin sempre fora especial para ele, mas isso ficou ainda mais forte depois de quase perdê-lo. Namjoon encarou o hyung com um olhar carinhoso.

—  O que foi? — perguntou Jin, sorrindo.

— Às vezes eu ainda não acredito que você voltou, hyung. Não faça isso de novo. Não nos abandone. Nunca mais.

—  Namjoon, eu te prometo que, não importa o que aconteça, eu nunca mais vou te abandonar de novo.

Os dois se encararam por mais alguns segundos. Namjoon se levantou em um salto quando ouviu o barulho da porta. Yoongi e Minji finalmente haviam acabado de jogar.

—  Cadê o bibimbap? Já fez?

—  Claro que não. Meu dorama, poxa. Já está acabando, daqui a pouco eu faço.

Algumas horas depois, a Ranger estava em frente à casa de Sehun. De uma forma energética cuja existência só era conhecida pelas pessoas mais próximas, ele subiu na parte traseira da caminhonete, junto ao casal. O grupo se dirigiu ao destino final.

— Annyeonghaseyo! Sejam bem vindos.

— Obrigado, Senhora Park — Disse Namjoon.

— Podem entrar. Eu trouxe mais uma convidada, espero que não se importem.

Namjoon temeu que se tratasse de Yumii. Mas a visita era desconhecida e ao mesmo tempo familiar.

— Meninos, não sei se vocês conhecem Kim Yonseo, a irmã do Taehyung.

— Só por telefone — Disse Namjoon, a encarando.

— Annyeonghaseyo. Você deve ser o Namjoon Oppa. Acho que temos muito o que conversar.



De fato, Namjoon e Yonseo conversaram bastante e consertaram as desavenças do passado. Yonseo, cativante como ela só, conseguiu conquistar a confiança da nova família Bangtan, especialmente de Sehun. Não demorou a se juntar à família Bangtan. A proximidade entre os seis só aumentava a cada dia.

Quando Sunghee nasceu, a nova família Bangtan era formada por três casais.

Fim.


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Notas finais do capítulo

------Link do Concept Video------ https://www.youtube.com/watch?v=LkRVfx_Gil0
Foi isso, gente! Esperamos que tenham aproveitado bastante essa fic, nosso primeiro trabalho literário juntas. Gostamos muito de estar com vocês durante o período de publicação. Estaremos todos juntos novamente em Bulletproof Army? Esperamos que sim.
Como sabem, haverá um hiatus entre as duas fics, por dois motivos:
1 - Precisamos organizar nossa vida.
2 - A fic tem muitas passagens temporais, e isso requer organização pré-publicação.
Nos vemos nos comentários e, depois, na parte final da série. Até lá, A.R.M.Y.s!



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