Bulletproof Daughter escrita por Jéssica Sanz, Jennyfer Sanz


Capítulo 29
Aquele dia tão esperado


Notas iniciais do capítulo

[Jéssica] Vamos sofrer juntos :´)

[Jennyfer] Segura na mão de G-Deus e vai.



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Jungkook estava tão nervoso que ninguém conseguia entender como ele não tinha desmaiado ainda. E olha que a hora nem tinha chegado. Hoseok previra corretamente o dia e a hora exatos em que começariam as contrações. Desde o começo da manhã, a Casa estava agitada, com espectros se movendo de um lado para o outro seguindo ordens. Várias mães-sem-filhos estavam hospedadas desde o último mês para se prepararem para ajudar Seohyun a cumprir com êxito aquela difícil tarefa. A eomma de Hoseok tinha as emoções controladas, como era necessário. Estava segura, pois não era a primeira nem a segunda vez que fazia aquilo, mas era a primeira vez do pobre maknae, que envolvia as habilidosas mãos da mulher entre suas mãos trêmulas, enquanto fazia mil pedidos e mil recomendações.

— Não é que eu não confio na senhora nem nada, mas…

— Não se preocupe, meu filho, vai dar tudo certo — insistiu Seohyun, pela nona vez.

Yoongi bufou. Estava com vontade de arrancar Jungkook dali pelo colarinho e perguntar se ele tinha ficado surdo, mas a situação delicada não permitia decisões extremas. Não era assim que pensava a gestante da casa, que comandava a relação com punhos de ferro, desde que Jungkook estava extremamente sensível com a prematura paternidade que se aproximava.

— Recomponha-se, Jeon Jungkook! Até parece que você vai parir e não eu. Você é um homem ou não é?

— Eu sou um homem morto que está prestes a ter uma filha, me deixa!

— Vai dar tudo certo, meu amor, a ajumma já falou. Anda logo, está quase na hora, vá com os meninos para a Sala do Juízo.

— O quê? Não posso ficar com você?

— Ah, tá, pode sim. Fala sério, oppa, você vai mais atrapalhar do que ajudar. Yoongi Oppa, pode levá-lo, sim?

— Deixa comigo, flor.

Yoongi arrastou o sempre hesitante Jungkook, acompanhando os outros meninos até a sala do Juízo.

— Estou ansioso para conhecer minha sobrinha! — animou-se Taehyung, tentando não dar pulinhos pelo caminho.

— Sobrinha? Que sobrinha, Taehyung? Ela é MINHA sobrinha, esqueceu? Filha da minha irmã.

Durante os últimos meses, enquanto fazia suas leituras, Namjoon descobrira, por acaso, que Jin e Yumii tinham se tornado irmãos gêmeos, por morrer no mesmo local, hora e situação. Assim como dois seres que nascem juntos, dois seres que morrem juntos são irmãos gêmeos. Ou seja, por ironia do destino, Jungkook e Seokjin eram cunhados no segundo mundo. Jin adorava enfatizar aquela informação, quase tanto quanto enfatizava que era o mais belo entre os juízes.

— Aish, você deveria compartilhar sua sobrinha, hyung — murmurou Taehyung, embora não estivesse realmente chateado. Nem ele nem nenhum dos outros julgava Jin por enaltecer seus pontos fortes. Sabiam bem que ele sempre estivera para trás, porque a empresa nunca valorizava seus talentos na época de trainee, e aquela era uma marca que Jin carregava aonde quer que fosse. Mesmo depois de passar para o segundo mundo, aquele hábito se mantinha com uma pequena dose de humor, o que era realmente escasso em Jin e em suas piadas.

— Gente, espera a garota nascer pra começar a brigar por ela, coitada — pediu Namjoon. — Não é hora disso, mas vocês deveriam saber muito bem que nós seis teremos igual importância pra ela. Vamos, entrem — disse, quando chegaram às portas da sala. Os seis meninos entraram e ele, por último, fechou as portas.

Imediatamente, começaram a acomodar-se. Yoongi foi o primeiro a deitar no sofá da direita e começar seu sono. Dava pra ver o quanto estava preocupado com os acontecimentos da manhã… Jungkook continuava de pé, andando de um lado pro outro e fazendo barulho.

— Eu quero dormir — murmurou Yoongi. — Fica quieto, criança.

— Não dá! Eu tô nervoso demais.

— Jura? — perguntou Jimin, irônico. — Ninguém percebeu.

Eles ouviram um barulho na tranca. Imediatamente, Jungkook foi até lá e tentou abrir as portas.

— Trancaram a gente aqui! — gritou ele, desesperado. Continuava puxando as portas e tentando destrancá-las de alguma maneira.

— Foi uma decisão sábia… Você não ia parar quieto, de qualquer jeito. — falou Taehyung.

O asas-negras decidiu sentar-se no chão, perto de Yoongi, já que estava acostumado, e deixar as poltronas e cadeiras para os mais velhos. Ficou brincando com a boneca que estivera costurando para a menininha que chegava. Ele sempre andava com ela, o que era um tanto bizarro, já que ela ainda não tinha uma roupa.

— Quando você vai fazer um vestido pra essa boneca, cara? — questionou Hoseok, enquanto sentava-se na cadeira à esquerda da lareira fria, junto a Jimin, que estava na cadeira do outro lado.

— Ora, não é você o vidente? Me diz você.

Namjoon aproximou-se da lareira e escolheu um dos livros.

— Ah, isso aí ninguém precisava prever — disse Jimin, olhando para o hyung que vivia sempre na companhia das páginas amareladas.

— Parem de cobrar o Hoseok — pediu Namjoon, mais uma vez cumprindo seu papel de líder. —  Parece que agora ele é só um vidente, nada mais.

Namjoon se sentou no sofá da esquerda, ao lado de Jin.

— Eu fico pensando — disse Hoseok. — Às vezes as coisas não têm graça se você souber antes. Por isso que… Larga essa porta, Jungkook, coisa mais irritante! Enfim. Foi por isso que eu decidi não fazer nenhuma previsão sobre hoje.

— Quer dizer que não sabe se vai dar tudo certo? — perguntou Jungkook, voltando-se para o hyung.

Hoseok abriu a boca para responder mas, no mesmo instante, fizeram-se ouvir em toda a casa os gritos. Altos, muito altos, estridentes. Longos, pareciam infinitos. Arranhados, desesperadores, pareciam estar carregados de dor, de pedidos de misericórdia. Jungkook virou-se para a porta na mesma hora, horrorizado, e começou a bater, gritar e ordenar que abrissem aquela porta imediatamente, enquanto todos os juízes paravam o que estavam fazendo e olhavam para aquela porta. Aqueles gritos entravam pelos ouvidos dele e faziam o coração doer, de alguma forma. Até mesmo o sonolento Yoongi conseguiu se preocupar com o que estava acontecendo.

— Isso é normal? — perguntou Taehyung, mas ninguém conseguiu ouvi-lo, naquela sala estrondosa. Parecia que, a qualquer momento, o teto desabaria, as paredes desmoronariam. O quarto onde Yumii estava era, certamente, bem longe dali. Como aqueles gritos conseguiam atravessar as paredes tão longínquas e ressoar com tanta força? Às vezes, a Casa tinha aquelas coisas. Os sons importantes nunca encontravam barreiras.

Jungkook batia na porta sem parar, chorava e chorava como uma criança, e implorava que o deixassem sair. O som era tão nítido que parecia que ela estava do lado dele, gritando e gritando. Aterrorizante. Os juízes mantinham-se tensos, como se se preparassem para agir, mas não havia algo que pudessem de fato fazer… Havia?

O maknae já estava sem forças para ficar de pé. Suas pernas o deixaram cair aos poucos, enquanto suas mãos deslizavam na madeira. A aflição era tanta que parecia sólida, como se fosse uma névoa densa que se movia pela sala, como se pudesse ser tocada. Jungkook chorava sem parar, os olhos fechados, a cabeça apoiada na porta, a frustração já o fazia desistir daquela busca incessante pela sua inalcançável esposa. Quando, de repente, parou.

Jungkook abriu os olhos, tal foi seu susto com aquilo. Ele queria que parasse, era óbvio, mas por que havia sido tão repentino? Certamente não passara tempo suficiente para o nascimento de sua filha. Ele não deveria ouvir seu choro de bebê, se fosse isso? Aigo, o que estava acontecendo? Era o que ele se perguntava, enquanto afastava a cabeça da porta e, ainda ajoelhado, encarava a porta fechada, com a respiração falha, tentando entender o que estava acontecendo.

Foi quando Jungkook percebeu alguma inquietação atrás de si. Mais que isso, um brilho leve que iluminava a porta parecia ser proveniente de onde estavam os meninos. Ele virou-se pela esquerda, rapidamente, para fitar o que acontecia atrás de si. Um sorriso desacreditado esboçou-se em seus lábios.

Kim Seokjin estava de pé no meio da sala do Juízo, com a mão direita estendida para a frente, em direção às portas. Ali, em sua mão, brilhava o lírio cujos efeitos eram conhecidos por todos. Os juízes olhavam atentamente para ele, admirando aquele poder. Como se também tivesse sido regenerado, Jungkook levantou-se, sorridente por encontrar em sua frente o hyung a quem devia tudo, e que lhe dava a esperança: era possível que aquilo tudo desse certo. Jin também tinha no rosto uma expressão de leve felicidade. A felicidade de saber que ele a estava salvando. Mas, de repente, desfez-se. Suas pernas fraquejaram, e ele caiu de joelhos num segundo. Jungkook o acompanhou aquela queda com os olhos enquanto seu sorriso se desmanchava, com a preocupação com o hyung. Na mesma hora, Namjoon, que já compreendia o fenômeno, saltou do sofá direito e posicionou-se ao seu lado, apoiando-o para que não caísse de uma vez. A mão do mais velho baixara, o lírio perdera o brilho e força enquanto ele se deixava cair no ombro do líder. Assim, por um momento, aquele grito ressoou mais uma vez. Aflito por aquilo, Jungkook ajoelhou-se e ergueu a mão de Jin, que de alguma forma conseguiu força para dar ao lírio o poder necessário para curar Yumii.

— O que está acontecendo? — perguntou Taehyung, já de pé. Os outros também haviam se levantado. Movimentavam-se pela sala em busca de respostas ou de alguma forma de interferir.

— É uma cura contínua, e de alto nível — informou Namjoon. — Ele vai precisar de toda a nossa ajuda para manter. Jimin, diagnóstico.

Obedecendo o líder, Jimin ajoelhou-se ao lado de Jungkook e encarou o olhar cansado que Jin dirigia a ele. Pressionou os lábios e olhou para Namjoon.

— Está tomando tudo dele.



Jungkook queria pedir que Jin parasse, — não queria destruí-lo mais uma vez — mas não tinha coragem. Não sabia se ele aceitaria parar, de qualquer jeito. Era sua irmã que estava do outro lado.

— Eu vou te ajudar, hyung — disse, então, com a voz firme, embora aparentasse nervosismo. — Pode contar comigo para o que precisar.

— Aigo — murmurou Jimin. — Não, isso não…

— O que foi? — perguntou Namjoon, aflito.

— Ele está esfriando. Precisa de calor.

— Yoongi — chamou Namjoon. — Aceda a lareira, rápido. Traga alguma chama para perto.

Ainda sendo apoio do mais velho, Namjoon abriu as asas e o cobriu com elas, enquanto Yoongi obedecia suas ordens. Em poucos segundos, a lareira tinha chamas altas e calorosas. Ele correu para perto de Jin e acendeu uma chama que pudesse aquecê-lo.

— Ótimo trabalho — elogiou Jimin. Vindos dele, reconhecimentos eram valiosos.

— O que mais? — perguntou Hoseok, querendo ajudar.

— Por enquanto, nada — esclareceu Jimin.

— Posso fazer uma pílula…

— Não — disse Namjoon, imediatamente.

— Por quê? — questionou Hoseok, confuso. — Dá a força de uma refeição…

— Pro Jin Hyung? — perguntou Jungkook. — Deveria ser umas cinco…

— Eu consigo…

— Eu disse que não, Hoseok — repetiu Namjoon, mas firmemente.

Hoseok piscou algumas vezes, sem entender. Dava para ver um pouco de tristeza que se acumulava nele. Jimin olhou para ele com compaixão por alguns segundos e voltou sua assistência ao Jin.

— Ele tem sede — revelou.

— Tae — chamou Namjoon. O mais novo soube o que fazer. Os meninos que se acumulavam à frente de Jin abriram espaço. Taehyung colocou as mãos em concha e conduziu a água aos lábios de Jin. Namjoon notou que a expressão de Jimin estava preocupante.

— Jimin? O que houve?

— Ele não vai aguentar por muito tempo, líder.

Namjoon segurou Jin direito. Ele estava amolecendo cada vez mais.

— O que a gente faz? — perguntou, tentando conter seu desespero.

— Tem um jeito — disse Jimin. — Um jeito que eu não gosto, mas vai servir bem. Se chama mentira.

— Quê? — perguntou Taehyung incrédulo. — Você pirou, é?

— Não é nada impossível, gente — esclareceu Yoongi. — Se o Jin Hyung achar que ele está bem, não vai desmaiar. É bem simples.

— Mas isso não vai acabar com ele no final? — perguntou Hoseok.

— Ele será capaz de se recuperar rápido — garantiu Jimin. — Não tem muita opção. Ou ele cura a Yumii agora e desmaia depois… Ou desmaia agora e não cura a Yumii.

Namjoon soltou um palavrão.

— Façam logo.

— É melhor ele se sentar — disse Yoongi, apagando a chama. Jungkook usou sua força para ajudar Namjoon a colocar Jin sentado no sofá. — Todos nós precisamos acreditar.

Yoongi cobriu os olhos do hyung com a mão. Um por um os outros também o fizeram. Jimin foi o último, e teve que se esforçar muito para fazer aquilo. Aos poucos, Jin foi se recuperando.

— Vai dar certo — disse ele. — Falta pouco.


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Notas finais do capítulo

[Jéssica] Respira que amanhã tem mais...

[Jennyfer] Nasce logo, criatura, quero te ver...

CONTEM PRA GENTE! Vocês vão no show? Quem não vai vai acompanhar por live? A Géh do BCK tá na fila desde cedo, estamos torcendo por ela. Vamos tentar acompanhar por live, mas a internet tá meio complicada. De qualquer jeito, que seja uma boa noite para todos nós.



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