Bulletproof Daughter escrita por Jéssica Sanz, Jennyfer Sanz


Capítulo 28
Monstro fora da jaula


Notas iniciais do capítulo

[Jéssica] Eu sei que vocês vão se decepcionar... Beijos

[Jennyfer] Nada a declarar por enquanto…



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— Você tem certeza de que não quer a fiança?

— É muito dinheiro, Yonseo. Onde você ia conseguir?

— Eu já consegui. Com seus irmãos.

— Aí mesmo que eu não quero. Trabalhamos muito duro por cada won dessa fortuna, não vou deixar que gastem só pra me tirar daqui. O dinheiro é do CBX, e o crime é meu. Eu vou pagar por ele sozinho.

— Baekhyun, não é como se você tivesse feito isso por escolha ou por maldade. Você foi…

— Eu sei muito bem como aconteceu, Yonseo, mas não muda o fato de que eu fiz isso. Você não sabe como aconteceu. Você acha que foi parecido com um acidente? Não. Definitivamente, não. Eu fiquei esperando por ele. Sabia que ele estava vindo, e que ele estava péssimo. Eu disse aos meninos para acabarem com ele. Naquela época, eles nem sabiam quem era Jeon Jungkook. Como sempre fizemos isso com gente ruim, eles não me questionaram. Simplesmente tomaram para si a informação que que Jungkook era uma pessoa ruim. Eu já vi eles fazerem isso antes. Já ajudei eles a fazer isso antes. Já dei muita surra em bandido, muito tiro em estuprador. Minhas mãos sempre estiveram cobertas de sangue, mas isso nunca me incomodou. Era sangue de gente da pior espécie. Mas eu tinha certeza de que Jungkook não era assim. E pedi aos meninos para acabarem com ele. Nossa, eles fizeram isso bem. Quando vi que ele estava chegando, acelerei o carro. Foi muito rápido, mas eu lembro de tudo como se o tempo estivesse parando. Ele olhou pra mim, e me viu, mas não teve nenhuma reação. Parecia que ele estava esperando por isso. Parecia que estava me pedindo. O olhar dele estava manchado pelo que os meninos fizeram. Eu quis frear, eu quis, mas eu sabia que não podia. Eu pensei nos meus pais, então continuei acelerando mesmo que meu coração doesse. Só fiz o que era preciso. Logo depois, eu saí do carro e fui até ele. Ele ainda estava vivo, olhou para mim. Estava marcado pelo violência. O sangue dele se espalhava no chão. Ele estava tremendo um pouco, e parecia desesperado por alguma coisa. Eu não sei o que ele pensava. Não sei se ele soube que era de propósito, ou se achou que foi um acidente. Mas ele disse aquele nome, como se pedisse que eu cuidasse.

— Era Yumii — disse Yonseo.

— Como sabe?

— Se fosse Yoongi, ele diria “hyung”.

— Você está certa.

— Baekhyun… Pare de se importar com isso. Eu te garanto que o Jungkook está muito bem, esperando um bebê. Ele nem lembra disso!

— Mas eu lembro — disse ele, duramente. — Não é algo que eu possa esquecer. Eu sei que o Jungkook me perdoou, mas eu preciso perdoar a mim mesmo. Preciso sentir que paguei pelo que fiz, preciso ser punido como a sociedade quer.

— A sociedade não está nem aí pra você.

— Não é sobre a sociedade, Yonseo, é sobre mim. Eu não concordo com a lei dos homens. Se eu concordasse, ou eu moraria aqui ou estaria morto. Eu fiz coisas que eles chamam de crimes e eu chamo de justiça. Mas também fiz uma coisa que você não chama de crime, mas pra mim é um. Não estou aqui pela justiça dos homens, é pela minha própria justiça. É pra que eu possa voltar a ser o que eu era. Sempre me achei um anti-heroi. Aquele que usa o crime para lidar com os criminosos. Mas isso? Isso não sou eu, e só vou voltar a ser quando o que eu acho justo se cumprir.

— Essa é a sua decisão.

— Sim. Essa é a minha decisão.

— Então está certo. Eu não vou insistir mais, mas a proposta está de pé. Vou continuar vindo pra te ver. Se um dia você achar que voltou a ser o que era, embora eu ache que o que você é agora está ótimo... Você pode me dizer. E eu te tiro daqui. Está bem assim?

— Está. Obrigado por entender.

Yonseo sorriu. Achou que se sentiria péssima por não tirá-lo… Mas de que serviria a liberdade se Baekhyun a odiasse?



Baekhyun foi levado de volta para sua cela, e Yonseo foi ao encontro de Sehun. Ele andava de um lado para o outro, e estava muito nervoso. De repente, deu um chute no banco e sentou, enterrando a cabeça nas mãos.

— Bae? — chamou Yonseo, e correu até ele. Sentou-se ao seu lado e colocou a mão em suas costas. — O que aconteceu?

— Ele fugiu — disse Sehun, com a voz abafada. — Dá pra acreditar nisso?

— Como assim ele fugiu?

Sehun olhou pra ela.

— Minji me ligou. Chung Ho não está no presídio, onde deveria estar. Ela também está muito nervosa, mas já começou buscas em todos os lugares que possa procurar. Na casa dele, na casa dos Kim… Tudo.

— Mas ela deve saber que ele tem muito dinheiro, Sehun. Se ele é esperto o suficiente, já está muito longe daqui.



Kim Chung Ho tinha chegado havia poucas horas. Certamente era manhã na Coreia, mas ali estava anoitecendo. Depois de descansar em sua casa temporária, começou a se perguntar o que um homem da idade dele poderia fazer naquela cidade maravilhosa sem precisar falar português — que era algo que ele não sabia. Decidiu tentar alguma balada, apesar de nunca ter experimentado nada do tipo. Não combinava com sua imagem séria de médico, mas aquele era um recomeço para ele. Mantendo um sobrenome coreano — Jang — e um nome brasileiro — Marcos — ele se apresentaria como filho de brasileiros descendentes de coreanos. Seus supostos pais haviam falecido quando ele era pequeno, e sem ter mais ninguém no país, foi levado à Coreia do Sul e criado pelos avós, por isso nunca soube falar português. Mas que história, hein! Gastara todos os seus miolos para elaborar essa mentirada toda. Precisava de um emprego longe da área da medicina, porque era muito perigoso. Decidiu que o melhor seria ficar se movendo por aí, para dificultar que o encontrassem, mas precisava passar algum tempo na metrópole para aprender o idioma e conseguir alguma estabilidade. Sua fortuna estava tão boa que ele conseguiu alugar aquela boa casa, e ainda contratar uma professora que lhe ensinaria português. Logo, compraria uma caminhonete para trabalhar vendendo alguma coisa Brasil afora. O que venderia, ele não sabia. Estava pensando em procurar legumes e verduras baratos e vender um pouco mais caro em locais com maior custo de vida, mas ainda não sabia se era boa ideia. Ah, ele até gostaria, viver um pouco no campo, visitar cidades pequenas, ver todo tipo de gente, sem compromisso com hora, com ética, com nada. Passando as noites na caminhonete ou em algum hotelzinho fuleiro de um andar só, com aqueles lençóis poeirentos e a luz amarelada das lâmpadas incandescentes. Nada como ele sonhou, de fato, mas seria uma experiência nova e diferente. Mas tudo aquilo era assunto para depois, porque tinha uma noitada esperando por ele. Ia beber todas e, se desse sorte, talvez até conseguisse alguma moça bonita que caísse na sua rede. Ele já estava um tanto velho, sim, mas inteiraço. O corte de cabelo lhe dava uma aparência sofisticada que com certeza agradaria alguém. Naquela noite, ele comemoraria. Como havia se safado bem! Um golpe de gênio molhar as mãos daquela gente pra sair da Coreia ileso. E quem o procuraria nas zonas interioranas do Brasil? Que polícia coreana se meteria ali só para achá-lo? Ah, ele duvidava, e estava certo. Saiu de casa e foi de uber, sem pensar naqueles meninos malditos. Só pensou no coitado do assassino de encomenda, que não tivera culpa de nada e passaria anos em cárcere, enquanto ele, tendo aprontado tudo que aprontou, estava indo para uma noitada no Rio de Janeiro.



— Por que você não me disse que ele fugiria? — Yonseo fez a pergunta assim que Hoseok apareceu no quarto. Estava muito brava. — Eu poderia ter alertado a Minji, poderia ter feito alguma coisa!

— Não te contei porque não sabia. Eu também fiquei bravo, e fiz a mesma pergunta a Eva. E ela me disse: Não é tudo que se pode saber.

— É, talvez não, mas isso é importante demais pra ela ignorar, não? — Yonseo permanecia nervosa.

— A Eva é muito sábia. Se eu pudesse fazer alguma coisa, ela teria me contado. Mas não é sempre que eu posso interferir. Talvez tenha sido melhor assim.

— Melhor? Melhor pra quem? Pra vocês, que não vão ter que se preocupar com esse assassino e vão ter tempo pro bebê? — Hoseok olhou para o lado. Estava começando a ficar chateado com ela. Talvez estivesse entendendo Namjoon. — Vocês só sabem pensar nisso agora! Acha que eu não sei que é por isso que o Taehyung não veio me ver ainda?

— Do que está falando?

— Você sabe. Já passou bastante tempo desde que disse que estava cansado demais para trazê-lo. Cada vez você inventa uma desculpa diferente.

Hoseok começou a rir. Ele não conseguia ficar chateado com ela. Yonseo tinha sim sua razão de estar brava. Ele não conseguiu evitar as lembranças da animação do Taehyung, que passava todo o tempo livre no quarto de brincar, pintando bonecas nas paredes junto com o Kookie e arrumando os brinquedos nas prateleiras. O que realmente o divertia era que ele também estava precisando contar essas desculpas para o próprio Taehyung, já que quem estava enrolando, por uma excelente causa, era o próprio Hoseok.

— Por que está rindo? — perguntou Yonseo, realmente brava. — O que é tão engraçado?

Você, com ciúmes de uma menina que nem nasceu. Ele não vai esquecer de você, Yonseo, mas ele sente sua falta. Não é como se você pudesse ser substituída, nem o contrário, mas você já tem alguém que pode chamar de Oraboni. Alguém que ama como se fosse um. Alguém por quem tenta fazer tudo o que não pôde fazer pelo Taehyung.

— E ele está preso. E o Chung Ho solto. Isso é tão injusto, Hoseok! Você está aliviado por não ter que lidar com ele agora, parece até que não se importa com as pessoas que ele pode prejudicar ficando neste mundo!

— É claro que me importo, mas também sei que ele não vai aprontar nada por enquanto. Ele acabou de fugir de uma pena de morte, Yonseo, ele sabe que tem que ficar na dele. Nós vamos continuar de olho, não vamos deixar que ele machuque ninguém. Agora, eu tenho que ir. A Eva está…

— Eu sei. Ela não quer que você fique tanto tempo aqui.

— Ela não gosta nem um pouco. E os meninos também não. Às vezes parece que eu não estou morto…

— Tudo bem, Hoseok. Você pode ir.

— Okei. Mian. Não queria que as coisas estivessem tão complicadas, Yonseo. Mas tudo dará certo. Basta confiar.

— Hoseok… Seja sincero. Quando vou ver o Taehyung?

Hoseok sorriu.

— Não é tudo que se pode saber.

Yonseo queria perguntar onde Chung Ho estava, mas imaginou que a resposta seria a mesma, então o deixou ir.


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Notas finais do capítulo

[Jéssica] Podem falar, eu sei que vocês estão decepcionados.

[Jennyfer] Tô imaginando a cara de vocês... devem estar todos cheios de raiva do tio do mal. Desculpa, Phaella.

INFORMES: Nossa fic está chegando ao final, galera! Vocês já devem estar enjoados da série Bulletproof, mas não se preocupem, Bulletproof Army é mesmo o fim da série oficial. Talvez haja apenas spin-offs feitos pela Jennyfer, explorando realidades alternativas.
Se liguem no esquema de publicação nesse período final!
Vamos manter a publicação no modo dia-sim/dia-não, EXCETO nos dois últimos capítulos. Em homenagem à The Wings Tour, os capítulos 29 e 30 serão publicados, respectivamente, nos dias 19 e 20. A mudança de capa ocorrerá também no dia 20. Depois, voltaremos ao modo dia-sim/dia-não para postar os capítulos extras. Vamos falar um pouco deles para já deixar a ansiedade.

O primeiro capítulo extra (31) é uma DELETED SCENE com yaoi, sob responsabilidade da Jéssica.
O segundo capítulo extra (32) é um ALTERNATIVE END, sob responsabilidade da Jennyfer.
Os dois capítulos acontecem no PASSADO e têm hot-ao-ponto.



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