Bulletproof Daughter escrita por Jéssica Sanz, Jennyfer Sanz


Capítulo 24
Doutor Reverso


Notas iniciais do capítulo

[Jéssica] Esse capítulo também pode ser conhecido como "A morte de Sehun Pt.2". Prepara o coração.

[Jennyfer] Tô sentindo cheiro de treta...



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Sehun tinha trabalhado desde as seis da manhã no maior pique. Nada poderia tirar a alegria daquele médico. Os companheiros de trabalho estavam até mesmo lhe perguntando o que havia acontecido para deixá-lo daquele jeito.

Depois de atender várias pessoas com tanto ânimo, Sehun estava sozinho em uma das salinhas de assistência. Era onde davam as notícias ruins, mantinham as pessoas em espera, e também onde os médicos faziam intervalos. Havia uma sala só para os médicos, mas ficava muito longe daquele setor, então eles preferiam ficar ali mesmo. Sehun estava sentado à mesa, ouvindo Sober na maior animação, batendo na mesa com os dedos como se fosse a bateria do Daesung. De repente, chegou uma mensagem da Yonseo. “Não beba o café”. Ele ainda estava com os olhos na tela quando a porta se abriu.

— Bom dia, meu caro — disse Chung Ho, entrando. Colocou dois copos sobre a mesa, enquanto se sentava de frente para Sehun. — Trouxe um pouco de café pra você.

Sehun o fitou seriamente enquanto um sensação ruim se apoderava de seu coração. Decidiu que seria melhor atuar, e iniciou um sorriso.

— Obrigado pela preocupação, chefe, mas eu estou bem. Eu amo o que eu faço.

— Eu também. Amo cuidar das pessoas.

Sehun fechou a mão com força. Aquele comentário completamente hipócrita o enfurecia.

— Mesmo assim, Sehun, hoje parece mais cansado que o normal.

— Estranho comentar isso, Dr. Kim, porque muitos colegas estão elogiando meu bom humor.

— Humor não tem a ver com isso. É possível dar sorrisos mesmo tendo uma péssima noite de sono. Também notei que está bem alegre, mas vejo o cansaço em seus olhos. Foi dormir tarde na noite passada?

— Na verdade, sim.

— Imaginei. Sabe, Sehun... Ontem à noite uma gangue invadiu o hospital psiquiátrico. Mas eles não levaram nada, não machucaram ninguém... Consegue imaginar o que foram fazer lá?

— Não, doutor. Mas é realmente estranho. O que uma gangue pode estar querendo num hospital psiquiátrico?

— Esperava que você pudesse me responder. Já que eles usaram o seu crachá para passar pelas portas — Chung Ho tirou do bolso do jaleco uma folha de papel dobrada. — Isso é o registro de passes de ontem. O seu nome aparece na hora da invasão, nos mesmos pontos frequentados por eles. A recepcionista também me disse que você estava lá.

Sehun, inesperadamente, começou a rir, como se Chung Ho tivesse contado uma boa piada.

— Isto é um engano, doutor. Eu perdi meu crachá ontem, quando saí do hospital. Naturalmente, esses delinquentes devem tê-lo encontrado e aproveitaram para usar na invasão. Eu nem sabia que ele dava passe em outros hospitais.

— E como entrou hoje?

— Só falei com o pessoal da portaria. Eles me conhecem, me liberaram. Já solicitei um novo.

— Então, onde você estava ontem à noite?

— Na casa da minha namorada, jogando.

— Você pode provar?

— Claro. Basta eu ligar pra ela.

Sehun tirou o fone do aparelho e fez a ligação no modo viva-voz. Como ele esperava, ela atendeu.

— Annyeong, bae — disse Yonseo, com sua melhor voz de namorada de estudante de medicina.

— Annyeong, minha querida. Será que você pode me lembrar o que fizemos ontem à noite?

— Aigo, Sehun, nós nem bebemos, não tem motivo pra ter esquecido uma noite tão incrível.

— Eu só quero lembrar.

— Sei. Você quer é jogar na minha cara que me ganhou três vezes seguidas na Batalha Naval. Me esculachar no jogo eu aceito, mas ficar cantando vitória assim é demais.

— Não foi isso, meu amor, eu esqueci mesmo.

— Tudo bem. Esta noite, vou dar um jeito de preparar algo que você não esquecerá. Então volte logo pra casa, está bem?

— Está bem. Beijos, querida.

— Beijos, meu amor. Saranghaeyo.

Sehun hesitou por um momento. Aquilo era muito estranho para ele.

— Saranghaeyo — disse ele, contudo, e desligou. Colocou o telefone em cima da mesa cuidadosamente, como se fosse uma arma. — Suas dúvidas foram sanadas, doutor?

— Sim, foram. Só que, infelizmente, eu não consigo acreditar em uma palavra do que você diz.

— Por que não? — Questionou Sehun, tentando esconder sua insegurança. — Não sou confiável?

— Não, porque você está mentindo pra mim.

— Qual o motivo da sua desconfiança?

— Nada, a não ser o fato de que seu passe foi registrado esta manhã. É realmente muita coragem mentir para o maior mentiroso deste hospital. É realmente muita audácia desafiar uma pessoa como eu.

Sehun parecia ter congelado. Ele olhou rapidamente para o café, com a certeza de que sua morte estava bem ali. Ele havia sido descoberto por Chung Ho, e estava sozinho com ele. Ele faria o que quisesse e o que pudesse para acabar com seu aprendiz.

— O que foi, Sehun? Parece tão pálido... Acho que está doente — Chung Ho se levantou. — Devo preparar um remédio pra você.

Chung Ho foi para o balcão e começou a preparar a injeção. Sehun queria sair correndo dali, mas estava tão nervoso que não conseguia se mexer.

— Afinal, amo cuidar das pessoas, principalmente meninos jovens como você.

— Meninos jovens que vão contra o que você determina.

— Meninos jovens que aparecem no meu caminho. Isso soa melhor.

Chung Ho virou-se com a injeção pronta. Sehun continuava parado. Ele não tinha mais medo de morrer, como Namjoon. A máscara de Chung Ho estava prestes a cair, então ele havia cumprido sua missão, e sabia que os meninos o esperavam do outro lado. Só temia por Yonseo. Não queria deixá-la ainda mais sozinha.

— Você sempre faz isso? Mente sobre a saúde das pessoas que sabem sobre você... E usa a medicina para dar fim a elas?

— Claro que não. Eu seria um tanto limitado se tivesse apenas um método. Como você recusou o primeiro...

Sehun olhou novamente para o café.

— É um método interessante que eu uso com frequência em meninos inocentes — informou Chung Ho.

— Meninos inocentes. Como Jeon Jungkook.

— Ah, não — disse Chung Ho, aproximando-se para aplicar a injeção. — Como Jung Hoseok.

Sehun olhou para Chung Ho na mesma hora, sem acreditar no que ele dizia. Hoseok? Seria possível que ele havia matado Hoseok? Ou será que era mais uma mentira? O batimento cardíaco dele acelerou-se.

Chung Ho já estava bem próximo de Sehun quando virou a cabeça bruscamente para seu lado esquerdo, como se tivesse sido atingido por algo.

— Parece que eu invoquei um espírito. Veio salvar seu amiguinho do mesmo fim que você, Jung? — Perguntou, se virando lentamente e encarando o anjo com uma expressão macabra. — É uma pena que seus truques não se apliquem a mim.

Hoseok entrou em pânico. Sua arma de pílulas havia falhado, e ele não sabia o que mais poderia tentar fazer para ajudar Sehun.

Repentinamente, a porta se abriu com um estrondo.

— Dr. Kim Chung Ho — anunciou Minji. — O senhor está preso pelo assassinato de Kim Namjoon.

Finalmente, Sehun conseguiu se mover com um reflexo no exato momento em que Chung Ho, numa última tentativa de eliminá-lo, atacava-o com a injeção. Com um movimento rápido, Sehun a arrancou das mãos de Chung Ho.

Os dois policiais que acompanhavam Minji já iam em direção ao criminoso, quando este usou a mão livre para desferir um forte soco no rosto de Sehun. O impacto fez o médico cair sobre a mesa e derramar algumas coisas que estavam sobre ela, inclusive o café. Algumas coisas ainda caíram no chão. A seringa também fugira de sua mão.

Os policiais imediatamente o algemaram. Sehun respirou fundo.

— Seu medicozinho de merda! Você vai pagar por isso! Você e todos os outros!

Com um sorriso quase maléfico, Sehun respondeu.

— Não sou eu o criminoso. Quem vai pagar é você, seu assassino.

— E se depender de mim — Disse Minji — Por todos os seus crimes. Levem ele, por favor.

Os policiais obedeceram, levando Chung Ho, que ainda praguejava.

— Desculpe o atraso, doutor. Você está bem?

— Eu sou médico, Minji. Eu vou ficar bem. Obrigado por seu trabalho duro.

— Eu vou chamar uma faxineira pra consertar essa bagunça. Agora está tudo sob controle. Nos vemos em breve. Annyeong.

— Annyeong.

Minji fechou a porta.

— Hoseok, não sei se ainda está aí, mas... Só queria dizer que você também trabalhou muito duro. Eu estaria morto se não fosse por você. Gomawoyo, amigo.

Sehun ficou encarando a bagunça pela mesa e pelo chão: Na mesa, o copo caído, o café envenenado derramado, um porta-trecos com canetas e lápis. No chão, alguns dos lápis e canetas, um pote de remédios que abriu com a queda, a seringa com líquido letal. Enfim, se abaixou para recolher as coisas que não iriam para o lixo.

O médico estranhou quando notou que as pílulas caídas começavam a se mexer sozinhas. Elas se organizavam lentamente para formar um desenho: Uma carinha sorridente. Emocionado, constatou que aquela era a resposta de Hoseok.

Depois de se recompor, colocou os lápis e canetas em seu lugar, e tampou o pote de remédio contendo as pílulas que não haviam caído no chão. Recolheu e separou as possíveis evidências da tentativa de homicídio: a seringa e um restinho de café que sobreviveu no copo.

Enquanto esperava a faxineira, Sehun se encarou no espelho e passou uma pomada no local do soco de Chung Ho. O impacto deixaria um hematoma arroxeado, que sumiria com o tempo. Doía, mas era uma dor que ele carregaria com orgulho. Ele era um sobrevivente. Tinha certeza que esse era o desejo de Namjoon e todos os outros. Pensou carinhosamente em cada um dos espíritos da família Bangtan.

Pensou em Hoseok, que havia lhe salvado, e mesmo que tenham se visto por apenas um dia, o tinha como amigo. Um amigo que foi cedo demais, pelas mãos do tirano Chung Ho, se ele não havia mentido.

Pensou em Namjoon, sua outra vítima direta. Alguém que ele sentia que deveria ter salvo, mas mesmo assim, estava feliz apenas por ajudar a vingá-lo.

Pensou no pequeno Jungkook, e em todo o sofrimento que ele havia passado naquela noite. Era outro que deveria estar vivo, mas foi morto por Baekhyun. Ainda assim, não sentia raiva dele, pois seu arrependimento e colaboração o haviam absolvido de certa forma.

Pensou em Yumii, a quem não conhecia, nem tampouco à sua pequena criança. Porém, algo dizia ao médico que a família estava muito bem.

Pensou em Seokjin, o garoto em coma. A causa de todas as atrocidades de Chung Ho que ele tinha conhecimento. Fez aquilo para proteger seu sobrinho, que no final, teve o mesmo fim que todos os outros. Um completo desperdício de honra e energia. Seokjin amou seus amigos mais do que sua própria vida.

Pensou em Jimin, o único Bangtan Boy que ele nunca vira, mas que estivera presente, protegendo Yonseo e os meninos da gangue. Porém, conhecera seus pais, pessoas tão adoráveis, e que a partir daquele dia estariam um pouco mais seguras.

Pensou em Yoongi. O famoso Agust D que iluminou a infância de Minji. Quatro faces, talvez mais que isso. Yoongi tinha muito mais personalidade do que aparentava. Minji tinha sorte de tê-lo conhecido tão a fundo.

Por fim, pensou em Taehyung, o irmão de Yonseo, que a cuidara dela em sua infância assustadora na medida do possível. Ele apenas a abandonou por causa de seus possíveis problemas emocionais. Era tudo consequência das armações de Chung Ho. A missão de Sehun estava completa, mas agora ele tinha mais uma. Ser o irmão que Agust D foi para Minji. Que Taehyung foi para Yonseo.

“Beijos, meu amor. Saranghaeyo.”

Irmão, não é? A quem ele estava tentando enganar? Ele queria muito mais do que isso.

“Esta noite, vou dar um jeito de preparar algo que você não esquecerá. Então volte logo pra casa, está bem?”

A alegria que Sehun tinha no começo do dia se multiplicou. Ele mal podia esperar para voltar para casa.

 

 

Hoseok saiu do espelho d’água tentando conter sua felicidade. Ele não podia deixar tão óbvio para todas as pessoas da casa, se bem que estava esperando muito para contar aquele segredo. Os outros meninos estavam ansiosos para descobrir o que tanto ele, Namjoon e Jimin escondiam. Foi andando pelo corredor, conseguindo conter seu êxtase o suficiente para não voar ou ficar dando pulinhos, mas não evitou um daqueles seus sorrisos radiantes. Estava esperando encontrar alguém com quem pudesse dividir sua emoção, mas a primeira pessoa que apareceu foi Jungkook.

— Ah, hyung! Aí está você. Sente-se melhor?

— Achei que estivesse bem perceptível — disse Hoseok, rindo.

— É, na verdade, está. Jimin Hyung me disse que você tem trabalhado muito, não sei como consegue dar conta disso tudo.

— Eu tomei uma pílula.

— Achei que estivesse evitando...

— Sim, eu estava, mas às vezes é necessário. Precisei trabalhar muito duro em uma questão, não podia falhar.

— Huhum. Será que eu posso saber que questão é essa?

Hoseok sorriu e repousou as mãos nos ombros do maknae.

— Você saberá, Kookie. Ainda hoje. Agora, preciso ir. Tenho que achar Jimin e Namjoon-ssi!

Sem conseguir se conter mais, Hoseok começou a saltitar pelo corredor, deixando Jungkook sem entender nada. Enquanto ele sumia, o maknae sorriu, envolvido por aquele sentimento que Hoseok semeava todo o tempo: esperança.

Hoseok encontrou Namjoon, na sala do Juízo, estudando sobre um caso complicado.

— Namjoon-ssi, sei que deve estar ocupado, mas preciso de sua ajuda! Temos muito trabalho hoje!

— Do que você está falando?

— Da exposição, o que mais seria?

— Eu disse pra você tomar cuidado com aquelas pílulas. Elas estão afetando o seu cérebro. Será que pode ser mais claro?

— Vamos apresentar o caso Bangtan aos moradores da casa... Para comemorar sua conclusão.

— Conclusão...? Você está falando sério? — Perguntou Namjoon, boquiaberto.

— Sim. Chung Ho foi preso hoje.

— Isso é... Muito bom! Parabéns, Hoseok. Você conseguiu.

— Nós conseguimos, líder.

— É. Nós conseguimos. Ninguém saiu ferido, e nossas famílias estarão a salvo em breve.

— Sobre isso...

— O que houve?

— O doutor foi atingido por um soco no rosto. Mas vai ficar bem. Depois eu te conto, agora precisamos achar o Jimin e começar os preparativos. Quero fazer essa surpresa ainda antes do jantar.

 

 

O sol já se punha enquanto Sehun dirigia até a casa de Yonseo. Chegando lá. desceu do carro e foi correndo tocar a campainha. A tia de Yonseo atendeu sorridente, e disse que ela estava esperando no quarto dela. Ele foi até lá e entrou timidamente. Yonseo estava tirando os post-its da parede.

— Annyeong — disse ela, virando-se entre um post-it e outro. — Como você está?

— Estou bem. Tirando o fato de que fui atacado três vezes pelo nosso maior inimigo, é claro.

Yonseo jogou os post-its no lixo e se aproximou de Sehun.

— Ele machucou você?

— Não foi nada. Perto das outras coisas que ele fez, pelo menos.

— Deixa eu dar uma olhada.

Yonseo começou a examinar a ferida de Sehun, como fizera muitas vezes com ela mesma.

— Eu disse que não foi nada, Yonseo. Mas então... Você disse que tinha uma surpresa pra mim.

— Eu tinha, mas com esse machucado não vai rolar...

— Aish, deixa de frescura, menina — Sussurrou Sehun, com um pequeno sorriso. — A gente já não esperou demais?

Quase sem hesitar, Yonseo se aproximou ainda mais, e beijou Sehun de forma lenta e cuidadosa. Por muito tempo, eles tinham mantido oculto o que sentiam, mas bastava que olhassem nos olhos um do outro e eles sabiam. A investigação e o perigo tornava tudo entre eles muito sério e profissional. Eles descobriam coisas terríveis todos os dias, não era um momento propício para que se entregassem àquele novo amor. Mas, finalmente, conseguiram prender o culpado, e dar espaço para libertar aquele sentimento. Não estava terminado, é claro. Chung Ho ainda seria julgado, e eles precisavam unir provas para aumentar seu tempo na cadeia. Mesmo assim, eles estavam precisando de uma folga. Estavam felizes, e estavam livres.


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Notas finais do capítulo

[Jéssica] Aaaaaaiiin que bonitinhoooo. Até que enfim, hein...

[Jennyfer] Finalmente chegou na parte que eu queria! Tô feliz.



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