Bulletproof Daughter escrita por Jéssica Sanz, Jennyfer Sanz


Capítulo 10
De volta ao primeiro mundo


Notas iniciais do capítulo

Como será o primeiro encontro de Yonseo e Sehun, acompanhado de perto por Hoseok?



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Hoseok respirou quando sentiu que a água não o cercava. Abriu os olhos e se deparou com um gramado verde, onde crianças corriam. Estava sentado em um banco. Olhou para sua esquerda e viu uma garota de longos cabelos lisos. Ela estava olhando para uma foto de Taehyung e Jimin. Era Yonseo. Ela encarou Hoseok por um momento, mas não o reconheceu imediatamente. Precisou passar para a próxima foto, onde todos estavam reunidos. Observando seus rostos, percebeu que um deles era o garoto sentado ao seu lado. Olhou para ele rapidamente.

— Hoseok?

— Annyeong! Disfarça, só você está me vendo.

—  Ah, tá —  a garota olhou para a frente.

Yonseo teve uma ideia. Pegou seu celular e simulou uma ligação.

—  O que eu faço agora?

Hoseok simplesmente a encarou.

—  Eu estou falando com você, fantasminha.

—  Ah, comigo? Bom, temos… Que achar ele, não é?

—  Isso. Você conhece ele. Dá uma corridinha por aí e procura.

—  Ah, corridinha… Tem tanto tempo que eu não corro. Será que eu não consigo… —  Hoseok levantou e abriu suas asas. — É, eu consigo!

—  Uau —  disse Yonseo. —  Belas asas.

—  Já volto. Fique de olho em mim e me siga quando eu parar.

Hoseok levantou voo e começou a procurar o velho conhecido pelo parque. O juiz se movia com velocidade.

—  Não… Não é ele… Esse não…

Quando finalmente avistou o médico, pousou sem fechar as asas e o observou por alguns instantes. Sehun estava com seus óculos habituais, lendo um livro.

—  Ah, aqui está você, doutor… Já faz tempo, mas o senhor não mudou nada.

Hoseok voou para cima até avistar Yonseo. Ela já estava de pé, e começou a caminhar rapidamente. Quando chegou perto de onde o avistara, Hoseok estava com um grande sorriso, apontando para Sehun freneticamente, quase como um indicador de missão dos games. Yonseo evitou rir e se aproximou do médico.

—  Dr. Sehun?

O médico ergueu os olhos e sorriu ao ver a moça.

— Senhorita Yonseo — disse, fechando o livro. Indicou o lugar ao seu lado para que ela se sentasse. Ela o fez, colocando a caixinha de madeira sobre o colo. — É um prazer finalmente conhecê-la.

— Igualmente. Ouvi falar muito ao seu respeito.

— Ah, é? Quem te contou sobre mim?

Hoseok bateu a mão na testa. Ela tinha acabado de cometer um erro. Percebeu que ela ficou hesitante, e fez uma sugestão.

— A senhora Park.

— A senhora Park — disse ela, aceitando a sugestão.

— Ela é mesmo um doce. Se foi ela que falou sobre mim, você deve me achar um anjo.

— Ha-ha, não é você que tem asas por aqui — brincou Hoseok, e Yonseo não conseguiu evitar a risada.

— O que foi? Ela falou mal de mim?

— De forma nenhuma. É que sinto que eu e você vamos nos dar muito bem. Parecemos ser a dupla perfeita para essa investigação.

— Bom, então vamos dar razão ao seu pressentimento. Por onde devemos começar.

— Pelo começo — disse ela, abrindo a caixa. A primeira foto era do mais velho. — Kim Seokjin.

— Olha ela — comentou Sehun tirando os óculos. — Trouxe um material interessante. Eu também trouxe umas coisinhas. — Sehun abriu a mochila ao seu lado e tirou uma pasta fininha. Abriu-a, dando de cara com a ficha médica de Kim Seokjin. — Uma tentativa de suicídio que resultou em um coma.

— Por que ele se suicidou? — Perguntou Yonseo.

— Depressão — informou Sehun. — Ele estava ingerindo medicamentos antidepressivos, e a família não sabia. Eu não sei muito sobre esse caso, porque não estava responsável por ele. Talvez devêssemos falar com…

— Não — disse Yonseo imediatamente. Sehun olhou para ela, estranhando a reação. — Não acho que haja necessidade.

— Mas ele estava sendo tratado pelo tio. Ele deve saber muita coisa.

— Doutor… Não me leve a mal, mas eu tenho algumas… desavenças com a família de Seokjin. Prefiro não ir até eles enquanto não for necessário.

— Você é quem sabe. Está perdendo uma excelente pista.

— Não estou. Chung Ho não é confiável. — Hoseok balançou a cabeça, indicando que ela não deveria ser tão direta, mas ela o ignorou.

— Como assim? Ele é um dos melhores médicos do SNUH, e é meu chefe. Por que não seria confiável?

— Sehun… Você sabia que os pais do Jimin não sabiam que Jin tinha sobrevivido ao acidente, até receberem uma ligação dele? No dia em que morreu de verdade?

Hoseok acenou, admirando a esperteza dela.

— Como assim? Como eles não sabiam? O que quer dizer?

— Que eles foram enganados. Se eles não sabiam, é porque Jimin não sabia. Como um amigo não sabe que o outro está vivo? Alguém disse pra ele que Jin estava morto.

— E você acha que foi Chung Ho.

— Não dá pra ter certeza, mas ele é o médico responsável, e é o tio dele.

— Mas por que ele faria uma coisa dessas?

— Não sei. Mas acho prudente deixarmos a investigação fora das vistas dele, ao menos por enquanto. Eu não estou revirando essa história à toa, Sehun. Existem coisas mal explicadas.

— Tudo bem. Vamos esquecer a família de Seokjin. Tomemos, por enquanto, que ele teve uma depressão e tentou se suicidar. Sobreviveu, e ficou em coma. É isso o que sabemos.

— Então, o próximo caso, Park Jimin. Hipotermia.

Yonseo vasculhou as fotos e achou uma de Jimin. Sehun virou a página e olhou a ficha dele.

— Ele foi encontrado por Hoseok do lado de fora da banheira, semicoberto com uma toalha. Parece que estava tentando se livrar do frio.

— Mas… Por que ele demorou tanto para tomar uma atitude?

— Não faço a mínima ideia.

— Isso não faz sentido… A não ser que ele tenha um amigo em coma que acha que está morto. Aí ele fica triste, também entra em um tipo de depressão, decide tomar um banho pra talvez relaxar… — Sehun olhou pra ela com uma expressão estranha, como se estivesse surpreso com o raciocínio dela. — Pra ter uma hipotermia ele deve ter ficado bastante tempo na banheira, né? Não foi um simples banho. Ele estava afetado pela suposta morte. — Yonseo notou o olhar de Sehun. — É só uma suposição.

— Uma suposição que faz sentido, Yonseo. Claro que não dá pra ter certeza, mas é o melhor palpite que já vi até agora. Você é muito esperta.

Yonseo sorriu.

— Você não sabia sobre o Jin. Se soubesse, poderia ter pensado a mesma coisa.

— Talvez. Mas você continua sendo uma garota esperta. Por enquanto, vamos assumir que é isso.

— Então, o próximo caso, Hoseok — pediu Yonseo, passando as fotos.

— Agora eu quero ver — disse Hoseok, animado.

— Vai ser rápido... Não tem muito mistério no caso dele.

— Decepcionante, Sehun — disse Hoseok. — Decepcionante.

— Não? — Perguntou Yonseo, ignorando Hoseok como deveria fazer.

— Não, porque esse foi um caso que eu acompanhei de perto. — Sehun virou a página e deu na ficha de Hoseok. Sorriu ao ver a foto dele. — É engraçado. Foi uma morte muito triste, e tive pouco tempo com ele, mas... É uma lembrança boa. Música, risos, amigos. O último dia de Hoseok foi no hospital, mas eles... Eles o fizeram ser um dia bom.

Yonseo sorria olhando para a expressão nostálgica de Sehun, resistindo a olhar para Hoseok. Mas não precisava ter os olhos nele para perceber que ele também estava feliz. Ele também se lembrava. O silêncio continuava.

— Você também o fez, doutor — disse Hoseok. — Nem me conhecia, mas foi como um amigo para mim.

— Sabe o que Hoseok diria se estivesse aqui? — Perguntou Yonseo, sem tirar os olhos de Sehun. — Ele diria que você foi como um amigo para ele. Você também fez o último dia dele ser bom.

Sehun balançou a cabeça levemente.

— Não dá pra saber o que ele diria.

— Dá pra imaginar — disse ela, dando de ombros.

Sehun riu baixinho.

— Mas eu não fiz nada demais. Só fiz o meu trabalho. Eu não fiz nada para tornar o dia dele melhor. Bem que eu queria, mas dificilmente Hoseok me consideraria um amigo.

— Ah, que isso? — Disse Hoseok, incrédulo.

— Não é o que dizem as evidências, doutor.

Yonseo revirou sabiamente as fotos na caixa que estava em seu colo, e achou uma preciosidade: a única foto daquela caixa em que Sehun aparecia. A colocou em cima da ficha de Hoseok. Sehun olhou para Yonseo com um sorriso emocionado, como se ela lhe tivesse entregado ouro. Pegou a foto para analisar bem. Namjoon estava bem perto da câmera, do lado esquerdo, fazendo a selfie. Hoseok estava sentado na cama, entre Sehun e Taehyung, sobre quem se apoiava com sua sonolência costumeira. Yoongi estava abaixado na frente deles, mostrando dois dedos em cada mão, e Jungkook um pouco mais à frente, do lado direito. Hoseok era o único que não olhava para a câmera: os olhos estavam em Sehun, mais especificamente no chifre que o próprio Hoseok colocara. O sorriso era inabalável.

— Posso ficar com ela? — Perguntou Sehun, com a voz rouca.

— Claro que pode — respondeu Yonseo, sorrindo. Sehun colocou a foto sob o clip que prendia as folhas da ficha de Hoseok. — Quer terminar por hoje?

— Olha, não vou mentir, não é fácil falar de Hoseok. Mas acho que podemos terminar de falar do caso dele, pelo menos.

— Você quem sabe, doutor.

— Ah, para de me chamar de doutor, não tô trabalhando. Vamos lá. O caso dele começou com um desmaio por causa da narcolepsia. É uma doença do sono que ele adquiriu na infância, depois que a mãe faleceu. Fazia uso de medicamentos controlados. Teve uma crise de narcolepsia na ponte e foi levado para o hospital. Fiz um curativo na cabeça dele, que machucou na queda, e coloquei no soro. Depois, peguei o celular e liguei para a última chamada, Namjoon. Hoseok teve dificuldades para lembrar das coisas depois que acordou. Eu conversei com ele antes dos meninos chegarem. Ele falou do Namjoon, do Taehyung, do Yoongi e do Jungkook, disse que eles viriam logo. Depois, falou do Jimin, e disse que ele não poderia visitá-lo. Quando estava levando os meninos para vê-lo, me disseram que Jimin tinha falecido. Taehyung assumiu que isso poderia estar interferindo na saúde dele. Quando eles entraram, conversaram um pouco, e depois eles cantaram. Mais tarde, Yoongi chegou. Eles continuaram cantando, conversando sobre coisas boas, fazendo brincadeiras, tirando fotos e se divertindo. Depois disso, eu fiz algumas perguntas. Estava adiando, porque sabia que o clima iria pesar. Foi o que aconteceu. O assunto da mãe dele o deixou com sono, e Yoongi o colocou para dormir. Minutos depois, Namjoon foi embora com os mais novos e Yoongi fez o registro como acompanhante. Não demorou muito para que me chamassem dizendo que o pai de Hoseok queria vê-lo. Infelizmente, as regras não deixaram que ele visse o filho vivo uma última vez. No começo da manhã seguinte, entramos no quarto. Os dois estavam dormindo, mas percebemos que Hoseok não estava respirando. A gente não sabia o que tinha acontecido. Eu só pensei em tirar Yoongi dali. Mais tarde, fizemos os exames, e encontramos uma dose extremamente alta das substâncias que ele tomava contra a narcolepsia.

— Tá, como isso foi parar no organismo dele? Ele estava no hospital, Sehun, se tem uma coisa da qual ele não deveria morrer é overdose!

— Foi ele que tomou. Achei uma cartela vazia no bolso do casaco dele.

Yonseo olhou para Hoseok como se olhasse para o nada. Suspeitava que Chung Ho pudesse ter feito alguma coisa.

— Ele tá certo — confirmou Hoseok. — Eu tomei por conta própria. Mas não tinha a intenção de causar uma overdose. Eu só queria estar acordado, ter mais tempo com os meninos. Eles foram embora sem se despedir, porque eu estava dormindo.

— Isso é uma pena —  disse ela, olhando para Hoseok, mas estava falando com os dois. — Terminamos por hoje?

— Acho que sim. Quando te vejo de novo?

— Na sua próxima folga —  disse ela, sorrindo e guardando a caixa. — De preferência, em um lugar onde tenha uma mesa onde possamos nos organizar. Sabe, estou montando um mural lá em casa, com todas as informações que consigo. Coloquei até algumas fotos.

— Isso é um convite para a sua casa, é?

— Pare de ser bobo, Sehun, estamos trabalhando.

Sehun riu.

— Eu nunca insinuei o contrário, moça — disse ele, fechando a mochila. Ele se levantou e a colocou nas costas. — Vou indo então. Até breve, detetive Yonseo.

— Até breve, detetive Sehun.

Sehun deu um tchauzinho e se afastou. Hoseok sentou no lugar dele, rindo.

— Ah, doutor Sehun. Ele é mesmo uma pessoa ótima.

—  É sim.

Hoseok olhou em volta, admirando as pessoas vivendo suas vidas no parque.

— A vida é legal. — Olhou para Yonseo. — Aproveite-a bem, tá? Agora, tenho que ir. Deve estar quase na hora do julgamento.

— Boa sorte com isso.

— Goma woyo — disse Hoseok, se levantando abriu as asas, e antes de voar, olhou para ela de novo. — Você foi muito bem hoje, detetive. Está de parabéns. Fighting.

— Fighting — disse ela, enquanto Hoseok já voava.


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Notas finais do capítulo

Aviso importante: o capítulo está sendo postado beeem mais cedo do que de costume, porque amanhã nós vamos viajar, então a fic não será atualizada até semana que vem. O Capítulo 11 será postado ainda hoje para compensar. Capítulo 12 na segunda ou, no máximo, na terça.



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