A Bela e a Fera escrita por Lilissantana1


Capítulo 3
Capítulo 3 - Danças


Notas iniciais do capítulo

Acho q aos poucos vcs perceberão q ele se esconde dentro dele. Acho q nem a família o conhece. Talvez, só talvez, Mabel possa ser a pessoa que vai liberar Dominic. BJ



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Sir Dominic Draytor, marquês de Deeping carregava a irmã mais velha pela mão em direção ao centro do salão para uma primeira dança diante de uma multidão de convidados. Sophie era linda em todo o esplendor de seus dezoito anos e atraía os olhares apenas para si. Cabelos louros dourados, olhos azuis expressivos, corpo bem delineado e um sorriso encantador que a iluminava todas as vezes que seus lábios se abriam.

Mabel olhou os irmãos cruzarem elegantemente eretos entre as pessoas e sentiu uma leve emoção que travou sua garganta. A felicidade de Sophie era com certeza a sua felicidade. Mais do que ninguém, a garota sabia o quanto a amiga esperara por aquele dia, e pela presença de Dominic ao seu lado. E lá estava ele, agindo como um verdadeiro marquês, oferecendo muito mais do que a mão que sustentava a jovem loira. Mesmo que o rapaz não soubesse, a figura dele era o alicerce que Sophie necessitava.

Pela primeira vez em onze anos ela o observou bem e de perto. O garoto que, há anos, já mostrava sinais de que seria alto, se transformara em um homem de quase dois metros, encorpado de ombros largos e estrutura firme. Parecia maior que qualquer outro presente naquele salão.

— Que homem bonito! – Amy falou junto ao seu ouvido em tom encantado e remexeu o leque com rapidez diante do rosto para disfarçar a agitação diante daquela que ela considerava como uma“visão” – Sir Deeping é um espécime único.

O risinho debochado de alguém ao lado delas atraiu a atenção da dupla.

— Sim, único, já que o pai morreu. – Abigail sussurrou imediatamente.

Todos o comparavam com o antigo marquês, mas, a cópia sempre perdia para o original já que Dominic não era considerado tão simpático, tão cortês nem tão gentil quanto seu progenitor costumava ser.

Mabel apenas sorriu. Para ela havia mais do que a simples aparência. O garoto autoritário se transformara em um homem esnobe. Ele mal falava com as pessoas, ele não reagia a sorrisos, ele não interagia amigavelmente com quem quer que fosse além de sua família. Até parecia que era obrigado a manter contato social. Pois o enfado era claro em cada gesto do marquês sempre que alguém se aproximava para cumprimentá-lo. Por esse motivo ela sequer se achegou, o fato de não ser filha de alguém importante a liberava da necessidade de fazer reverências ao personagem mais importante daquela sala.

Sua atenção estava especialmente voltada para outra pessoa. Não tão importante quando o marquês em posição social. Mas deveras importante no que dizia respeito a sentimentos. Elliot. Seu amado Elliot estava lá, ele a vira, e ela o vira, e seu querido já tivera a oportunidade de trocar algumas palavras com ela. Até pedira duas danças. Apenas duas dançar, pois mais do que isso seria chamar a atenção dos pais do futuro visconde e talvez perturbar o relacionamento escondido deles com um matrimônio arranjado.

A orquestra começou a tocar atraindo a atenção da jovem para o centro do salão, em segundos os irmãos deslizavam pela pista e pouco depois outros casais se uniram a eles, inclusive a marquesa e seu parceiro, um velho amigo da família.

Após concluir sua função: comandar o brinde em homenagem a irmã e de dançar com ela. Dominic se colocou em um ponto estratégico do salão, de onde poderia ver tudo o que acontecia sem ficar em evidência. Era a hora de tentar passar despercebido. Havia tantas pessoas ali! Será que convidar tanta gente era mesmo necessário? Ele se perguntou percebendo um homem se aproximar.

Por Deus, ele pensou, quem era aquele homem?

As pessoas se achegavam como se ele conseguisse lembrar de todos, como se os tivesse visto há poucos dias atrás, sem perceberem que fazia onze anos que estava longe de casa e que saíra com apenas nove.

Era um canastrão falador barão Babington. Provavelmente conhecido de seu pai, já que o homem falava em Charles como se o conhecesse intimamente. Silencioso, com as mãos postas nas costas, Dominic acatou tudo em cordata simpatia, agradecendo aos céus por sua mãe não estar ali, pois seria muito doloroso à marquesa ouvir tudo aquilo a respeito do marido logo no dia da apresentação de sua filha mais velha.

Mas, em dado momento seus olhos se perderam pelo salão enquanto o tal barão continuava a tagarelar e a balançar a robusta barriga todas as vezes em que liberava uma risada satisfeita. Havia muitos casais na pista, Sophie fazia parte de um deles, estava dançando com um rapaz que Dominic não conhecia. Mas, para sua irmã, durante aquela noite, isso aconteceria muito. Lentamente continuou a inspeção e viu Elliot, ele dançava com... a mesma garota que ele vira em casa há alguns dias. Aquela que ele sabia que conhecia.

Então, o barão soltou uma sonora gargalhada antes de perceber que havia novos doces na mesa e rapidamente falou:

— Com sua licença sir Deeping. –  fez uma reverência educada, sentindo pesar por se afastar de pessoa tão solicita enquanto recebia um cumprimento curto como resposta.

A dança acabava, Elliot levou a moça até um grupo feminino onde havia outras moças que provavelmente ele conhecia. Mas, também não sabia seus nomes.  A inspeção retornou. A mais alta, não tão alta quanto Sophie, tinha cabelos ondulados de um castanho claro, olhos grandes. A outra, cabelos ondulados e loiros, não como os de suas irmãs, mas loiros e os mesmos olhos grandes. A garota que dançava há poucos segundos com seu primo era a menor de todas, os cabelos eram lisos e escuros, lábios bonitos que formavam covas nas bochechas quando ela sorria. Dominic tinha certeza, ele a conhecia, assim como conhecia as outras duas. Só não lembrava quem eram. Talvez Elliot pudesse retirá-lo daquela dúvida e sem pressa saiu em busca do primo que deveria estar correndo atrás de algum rabo de saia.

Porém, o marquês logo percebeu que essa busca fora definitivamente uma péssima ideia. Já que era obrigado a parar a cada metro para cumprimentar, trocar alguma palavra ou sorrir para alguém. E o que foi pior, não encontrou o primo. Então, sua irmã praticamente resolveu o problema quando se juntou ao grupo feminino. Era a hora de se aproximar também sem levantar suspeitas.

Em passos lentos, sem mostrar qualquer sinal de suas intenções ele caminhou até o outro lado. E quando parou junto a Sophie percebeu a surpresa em cada olhar feminino que o encarou de frente.

Mabel o viu se aproximar, mas não conseguiu dizer qualquer coisa às suas acompanhantes, talvez Dominic não estivesse vindo na direção delas. E quando ele finalmente parou e a encarou com aquele par de olhos azuis determinados e os lábios sérios, ela se sentiu estranhamente intimidada. Mas, foi um olhar rápido e ele se dirigiu às outras. Mais especificamente para a irmã:

— Senhoritas... – falou baixo se inclinando levemente e Mabel sentiu a mão de Amy a apertar a sua.

O que a amiga queria desta vez? Se perguntou sem conseguir tirar os olhos do homem diante delas.

— Dominic! – a voz feliz de Sophie soou mais alta – Você lembra de minhas amigas?

Ele moveu a cabeça refazendo a volta com o olhar determinado, ainda muito sério. A espera de que irmã dissesse o nome de cada uma. Era detestável ter esquecido, e ele se sentia mal por isso.

— Amy e Abigail Strang, filhas do barão Strang – elas eram irmãs, o que explicava a semelhança física, ele pensou, Sophie continuou: – E Mabel Nagle. Filha do escriturário de papai, sir Eduard Nagle – rapidamente seus olhos se dirigiram para a jovem miúda que ereta o observava sem receio.

Sim, ele conseguia lembrar de cada uma delas agora. Amy a chorona, Abigail aquela que o perturbava querendo participar de todas as brincadeiras. E a melhor amiga de Sophie, Mabel, a pequeninha que ele carregara até em casa uma vez.

— É um prazer revê-las. - ele disse por fim ainda sério, sem demonstrar realmente como se sentia.

— Sir Deeping! – Abigail falou tomando a frente com ar altivo – O que está achando do baile?

— Muito ativo. – ele respondeu olhando em volta. Sua curiosidade já fora satisfeita, a vontade de voltar a ficar sozinho reapareceu.

— Está lindíssimo! – Amy comentou sorridente sem largar a mão de Mabel.

— Sim, lindíssimo! – Abigail reforçou sem necessidade e ele encarou os olhos escuros da menor.

O marquês a olhava de cima, como se ela fosse uma criança. Tentando se manter o mais ereta possível, Mabel mostrou-lhe um meio sorriso encabulado.

— E a senhorita Nagle... o que está achando do baile?

Ela suspirou brevemente, não esperava pela pergunta.

— Encantador. Tão encantador quanto a própria Sophie.

As amigas se olharam e sorriram, ele percebeu a cumplicidade entre as duas e também sorriu de leve, pela primeira vez na noite.

— Gostaria de dançar senhorita Nagle? – perguntou de repente sem saber porque recebendo o olhar mais curioso e surpreso da irmã que se mantinha parada ao seu lado e só então compreendendo que fizera besteira. – Se não estiver compromissada para a próxima dança e claro.  – remendou se recriminando pelo ato impensado.

Sophie tratou de responder enquanto atraia Mabel para perto de si com quase euforia.

— Oh! Ela não está Dominic. Elliot já dançou com ela...

O marquês pensou em dizer que sabia disso, mas nada falou, apenas voltou a mostrar o arremedo de sorriso e logo depois a conversa entre as mulheres o calou definitivamente até que a orquestra parou de tocar e os pares se dispersaram para dar lugar aos próximos dançarinos.

Sir Deeping a carregou pela mão até a pista de dança sob os olhares dos convidados, era a primeira dança dele com outra pessoa que não a irmã ou a mãe. E isso foi suficiente para atrair a atenção de todos, inclusive de Elliot.

Ela se movia com delicadeza e segurava sua mão como se estivesse pronta a se afastar correndo no momento em que a soltasse. Mas, quando eles pararam um diante do outro, Mabel não correu, apenas mostrou um breve sorriso gentil.

A música começou, e durou tempo suficiente para que Dominic percebesse que se sentia bem dançando com a magricela filha de sir Nagle. Havia alguma coisa nela que o atraia. Os olhos escuros e misteriosos talvez. Ou os lábios desenhados e atraentes. Ou ainda aquele rosado nas bochechas.

De qualquer forma, a música não foi tão longa quando ele gostaria ou passou mais rápido do que ele gostaria. E em breves passos a conduziu de volta ao grupo, desta vez convidando Abigail para dançar também. Sim, ele faria isso, dançaria com todas para agradar Sophie e também para acabar com as fofocas. Mas, precisava confessar, dançara com Mabel para agradar a si mesmo.

Amy se aproximou do ouvido da amiga enquanto uma encantada Sophie observava o irmão ser gentil com suas amigas e cochichou:

— Oh meu deus... eu serei a próxima! – e apertando a mão de Mabel comentou ainda mais baixo – Que voz maravilhosa ele tem... meu Deus... estou apaixonada!

Mabel acompanhou as passadas do casal até a pista de dança constando que em uma coisa Amy tinha razão, a voz de Dominic era incrivelmente profunda e atraente. E que fora muita gentileza dele agir de forma tão cortês com as amigas da irmã.

De repente ela viu Elliot a se aproximar, com o olhar fechado e o rosto vermelho. Definitivamente ela sabia o que estava acontecendo. Ele não gostara de vê-la dançando com o primo. Soltou um breve suspiro. Tudo o que ela não queria naquela noite, depois de passar tantos meses apenas sabendo do “noivo” pelas cartas que trocavam furtivamente, era um desentendimento por causa de alguém que não tinha importância alguma para ela.


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Notas finais do capítulo

Um obrigada especial para a Lahi pelos reviews adoráveis. Muito obrigada. E todas q estão acompanhando. Espero q continuem acompanhando nosso novo casal. BJ e até o próximo