A Bela e a Fera escrita por Lilissantana1


Capítulo 22
Capítulo 22 - Realmente se entendendo


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo meninas. Vamos em direção ao fim ou ainda termos mais confusão para o coitado do Dominic resolver? Mabel ainda terá dúvidas quanto aos próprios sentimentos?
Cenas dos próximos capítulos. BJO



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Mabel e Lilly, já que Sophie passava a maior parte do tempo com o senhor Hartnett, estavam sentadas junto ao canteiro de rosas, debaixo da armação onde uma trepadeira produzia a sombra necessária para a dupla de amigas quando viram o marquês se aproximar lentamente. Ele parecia distraído, olhava para as pedras do caminho como se tivessem muita importância. Pelo pouco que conhecia do homem, a senhorita Nagle percebeu quase que imediatamente que algo estava errado. Em definitivo Dominic apresentava um real desconforto, ela apenas não sabia com o que.

Porém, quando ele ergueu os olhos azuis e encarou as mulheres acomodadas confortavelmente no banco de madeira, a perene nuvem que encobria o rosto masculino se foi, Dominic sorriu puxando o lábio levemente para o lado, como Mabel também já notara que o marquês fazia. Era um movimento natural que o tornava um pouco mais atraente do que era.

Os cabelos claros submetidos a iluminação produzida pelo sol da manhã provocou uma breve memória em Mabel. De quando Dominic era menino e ainda trazia quase exclusivamente os fios dourados em torno do rosto, e não os castanhos que agora predominavam. Do ar sisudo constantemente presente quando se tratava de levar as garotas para a brincadeira. Da disponibilidade despretensiosa dele em se oferecer para carrega-la por muitos metros até a casa onde poderia ser cuidada.

— Bom dia... – ela ouviu. A voz mudara, perdera o tom incerto da infância, era agora profunda, firme, tão atraente quanto o dono.

— Bom dia... – as duas responderam amigavelmente e imediatamente Mabel ouviu um risinho satisfeito escapar pelos lábios de Lilly. E após um longo e inapropriado suspiro a garota se ergueu do banco dando uma boa desculpa para deixa-los a sós: - Vou falar com mamãe... ela me disse que precisava de ajuda e agora que está acompanhada Mabel, não me sentirei mal por deixa-la.

Os olhos azuis da menina correram do irmão para a possível cunhada e da possível cunhada para o irmão.

— Sei que Dominic será um acompanhante bem mais agradável do que eu... – e outro risinho escapou pelos lábios bonitos.

O marquês compreendia muito bem a intenção da irmã e tratou de ajuda-la:

— Creio que vi a mamãe indo em direção a sala particular dela, seguida de perto por Brandon. Certamente que se ela a chamou deve ser para terminar de organizar as atividades desta noite. –enquanto falava os irmãos trocavam sorrisos cúmplices – E como Sophie está tão ocupada... – ele ainda salientou olhando em volta, buscando falsamente pela irmã. – Sua ajuda será imprescindível Lilly.  

— Ah sim! – Lilly concordou espalmando a mão sobre o peito, com ar afetado – Não se pode mais contar com Sophie para nada! – com os olhos arregalados encarou Mabel – Será que todos os apaixonados se portam assim Mabel?

Aquela pergunta tinha um duplo sentido, e com um movimento rápido de ombros Mabel logo tratou de oferecer a melhor resposta possível para a amiga, persistindo no tom provocador.

— Talvez... de forma geral, todas as pessoas apaixonadas que conheço preferem estar ao lado de quem lhes interessa a fazer qualquer outra coisa.

Entretanto acabou traída por seu próprio desejo, pois enquanto falava, foi impossível reter os olhos, e seu olhar recaiu direto sobre Dominic. Ele sorriu de lado novamente, daquele jeito sedutor e ao mesmo tempo meigo para um homem másculo, de quase dois metros de altura.

Lilly retorceu os lábios.

— Não sei se me agrada a ideia de me apaixonar... prezo tanto meus momentos comigo mesma! Acho que seria entediante demais passar horas e horas ao lado de uma única pessoa.

Mabel riu do comentário inocente. No momento em que se descobrisse apaixonada por quem quer que fosse, Lilly acabaria por esquecer essa teoria.

— Dentro de alguns meses conversaremos novamente sobre esse assunto... – Dominic falou atraindo a atenção da irmã para si, colocando em palavras as deduções mentais de Mabel  – mais especificamente depois de sua apresentação – era provavelmente que a garota logo encontrasse um par entre o tanto de jovens que a marquesa faria questão, estivessem presentes na apresentação da filha caçula. – Certamente que essa ideia mudará!

Lilly balançou o corpo alegremente para a frente, como se estivesse sendo desafiada.

— Estamos falando de uma aposta Dominic? Como aquelas que você fazia com Sophie? – a garota via os irmãos mais velhos se digladiarem em pequenas apostas sobre quase tudo, mas como caçula, e considera muito criança, jamais participou de nenhuma. Seria um evento único na vida dela.

Os olhos do marquês brilharam diante da expressão de felicidade da irmã. Não era uma aposta, mas, ele aceitaria a sugestão apenas para vê-la feliz.

— Sim, estamos falando de uma aposta. Que provavelmente você perderá, pois... – ele observou Mabel por alguns segundos antes de concluir o pensamento: - não há como prever quando seu coração vai obriga-lo a desejar a presença de apenas uma pessoa.

Instantaneamente o rosto da senhorita Nagle corou, o coração estremeceu e as mãos gelaram. Aquela conversa estava aumentando a expectativa que ela sentia desde que praticamente caíra da cama naquela manhã.

Saltitante, e muito mais feliz do que quando se sentara ali com Mabel para saber como, quando, onde seu irmão se declarara apaixonado, Lilly se afastou do casal dando espaço para Dominic finalmente se sentar. Coisa que o marquês não fez de imediato. Contrariando seus desejos permaneceu em pé por mais alguns minutos encarando a mulher de frente.

— Posso? – a voz profunda perguntou quase sussurrante e recebeu um breve aceno de cabeça como resposta.

— Acredito que não teremos paz nos próximos dias... – ele mencionou distraidamente, se acomodando ao lado de Mabel.

Ela se voltou para que pudesse ver melhor o rosto dele antes de perguntar:

— Há alguém lhe importunando?

O ar suave nos traços masculinos demonstrava que a pessoa, ou as pessoas que tentavam perturbá-lo, não tiveram sucesso.

— Estou acostumado a ser importunado senhorita Nagle... minhas irmãs são diplomadas na arte de me importunar. Por qualquer motivo, a qualquer hora. Temo apenas que isso a perturbe... -  depois da desistência dela e do tanto de dias que passaram longe, fingindo que mantinham a mesma relação anterior, Dominic temia que os comentários e as demonstrações exageradas de Lilly acabassem por afugentar Mabel novamente.

— Estou habituada com elas sir Deeping. As conheço há muito tempo!

Ele tocou de leve a mão que ela deixara sobre o joelho.

— Gostaria de ter certeza que os arroubos de Lilly não a perturbarão...

— Pois pode ficar tranquilo... o carinho de Lilly é muito bem vindo.

Um problema a menos Dominic pensou. Mas a irmã caçula certamente que não seria a única a perturbar. Logo que todos percebessem o interesse dele em Mabel, os comentários começariam.

— Outras pessoas comentarão. – ele colocou em palavras os receios

Mabel encarou as mãos deles, levemente unidas. Sabia disso. A língua afiada da sociedade logo estaria tagarelando sobre eles. Alguns de forma amena e natural. Outros mais afoitos procurariam motivos para que o marquês tivesse se interessado pela filha única de um homem simples, que não poderia ser considerada realmente bela ou vistosa e que não possuía uma única moeda como dote.

Ainda silenciosa Mabel ergueu o olhar e encarou o rosto de Dominic. Ele tinha a intenção de alertá-la? Ou pretendia protege-la, preparando-a para o que certamente aconteceria?

— Falatórios sempre existirão. Como o senhor falou estou habituada a eles. E os que realmente me importam serão como os de Lilly... é melhor ser bem quista do que preterida o senhor não acha?

Ele compreendeu que Mabel falava da viscondessa e apenas gesticulou.

— Seus pais...

— Eles o aceitarão de braços abertos. – Mabel explicou sorrindo – Não sei se compreende, mas papai jamais imaginou que um dia um marquês poderia cortejar sua única filha. Ele já se dava por satisfeito com um baronete.

Dominic riu de forma descontraída atraindo a atenção de um grupo que passava pela rua paralela aquela onde eles estavam.

— Mas o senhor é muito mais do que um marquês, é também filho de um grande amigo. – Mabel completou séria – Além de um homem responsável, um bom filho, um irmão preocupado... não há comentários sobre sua vida social que sejam desabonadores... – exceto o mau humor, mas isso Mabel já percebera que dependia da situação e até relevava.

Enquanto ouvia a garota falar Dominic percebeu que todos aqueles itens eram importantes, ele com certeza pensaria assim se Mabel fosse sua irmã. Entretanto, estava agora no outro lado, e para o marquês se fazia necessário que aquela mulher o desejasse de outra forma. Uma forma menos racional e prática.  

— E a senhorita?

Os olhos castanhos se detiveram nos azuis. A pergunta era direta e com certeza exigia uma resposta direta. Todavia, não havia uma resposta direta.

— O que espera que eu diga? Todas as qualidades que citei com certeza fazem do senhor um pretendente perfeito. Desejável. Interessante. Isto qualquer garota nesta casa poderá lhe afirmar sem pestanejar. Mas, se espera saber como me sinto com relação ao senhor como meu “pretendente”...? Bem, creio que a cada novo dia descubro um motivo recente que me leva a gostar mais de sua presença.

Ele nada falou e ela aproveitou a deixa. Se acomodou rapidamente sem liberar a mão que repousava sobre a sua e perguntou:

— E o senhor?

Não havia motivos para esconder. Ele foi claro:

— Eu a amo senhorita Nagle.

Mabel parou de respirar. Sentiu como se o ar sumisse dos pulmões e desaparecesse do entorno. Se se detivesse nas impressões que o marquês lhe proporcionava, era óbvio, claro, límpido que ele estava apaixonado. Mas, ouvir as palavras era totalmente diferente, mais intenso e alentador. Tão intenso e alentador quanto a garota nunca deduziu que seria.  

Dominic sorriu do modo embasbacado com o qual a garota o encarava e continuou:

— Sei que pode parecer surpreendente, inusitado e até improvável falar em amor dado o tempo que tivemos de convivência, porém, acredite. É a verdade. É desta forma que me sinto com relação a senhorita. Se assim não fosse, jamais teria me aproximado.

— Eu... – ela balbuciou e Dominic sentiu necessidade de continuar a falar.

— Sei que a senhorita não me vê da mesma forma, entendo que seu coração precise de um tempo para me ver de forma diferente já que esteve apegado a outrem até pouco tempo... mas de alguma forma percebo entendimento entre nós. Um entendimento que dá margem à esperança que me motiva.

Um longo suspiro escapou pelos lábios de Mabel e acompanhou as últimas palavras do marquês. Ela respirava com calma na tentativa de se recompor da declaração, do modo como a declaração fora dita, do olhar de Dominic enquanto se declarava. Da certeza estampada em cada traço do homem diante dela.  E quanto finalmente falou, buscou explicar em palavras simples como via e sentia a situação deles:

— Já o vejo de forma diferente sir Deeping... sei que gosto do senhor. – era constrangedor admitir que seu interesse se dera com tanta facilidade, mas ela continuou – E um dos motivos que me levava a recusá-lo era exatamente o fato de parecer leviano de minha parte romper com alguém e poucos dias depois assumir sentimentos por outra... pessoa... não sei se entenderia caso um homem agisse de tal forma comigo. Como poderia me portar de igual maneira com o senhor?

Apesar de parecer que eles falavam do mesmo assunto, e da mesma forma, Dominc compreendeu que o medo de Mabel se fixava em outro ponto, a garota acreditava que seu comportamento poderia ser considerado como interesseiro caso assumisse interesse pelo marquês. Dominic acreditou que deveria ser sincero consigo mesmo e concluiu que não se importaria se assim fosse. Estava tão apaixonado que não levaria tal motivo em consideração. Porém, sabia que Mabel não era esse tipo de pessoa. Podia ver em seus olhos, em seu comportamento, em suas atitudes. E a amava ainda mais por isso.

— Se essa alteração de conduta viesse de outra pessoa, nada me faria acreditar na mudança, porém, creio que conheço o suficientemente de seu caráter, sua postura diante das pessoas e da vida para dizer que esse não é o seu caso. Sendo assim, merece minha total confiança.  Bem como meus sentimentos.

Ah! E ela acreditava que as cartas melosas e as declarações de Elliot significavam amor ou romantismo. Em nenhum momento o ex noivo se colocara tão claramente quanto ao motivo de estar apaixonado que não fosse a aparência de Mabel. Seus belos olhos expressivos. Seu corpo delicado. Seus cabelos sedosos e perfumados. Seus lábios sedutores. Chowes a conhecia há tanto tempo quanto Dominic, mas, certamente que o primeiro tivera mais tempo junto a garota para conhece-la melhor. E mesmo assim, parecia não perceber suas outras qualidades.

— Ouvindo suas palavras quase agradeço aos céus, ao destino, à vida e à Abigail – ela sorriu e ele retribuiu o sorriso – por ter me permitido conhece-lo melhor depois daquela fofoca sobre o encontro e o inexistente – lembrando do sabor que os lábios masculinos tinham Mabel erubesceu – beijo no jardim.

Ele se aproximou um pouco mais, sem dar qualquer importância às etiquetas sociais, para sentir e ver mais de perto a mulher amada.

— Fico feliz em saber, pois cheguei a mesma conclusão... que aquela manhã foi realmente programada pelo destino. Bem como a fofoca e toda a repercussão da mentira. Certamente que não estaríamos aqui se nossos caminhos não tivessem se cruzado naquela manhã...

Mabel sorriu, sentia-se plena de felicidade. Ceder aos anseios de seu coração fora a melhor coisa a fazer.

— Gostaria de caminhar um pouco? – ele perguntou de repente.

A garota olhou em volta, havia poucas pessoas no jardim naquele momento em que o sol começava a se tornar mais pensos. Porém, estar a sós com Dominic no jardim já não poderia ser considerado inadequado ou até mesmo um problema.

— Adoraria. – respondeu sorrindo.

Dominic ficou em pé. Estendeu o braço para que ela o segurasse. Mabel se acomodou ao lado do marquês e como acontecera há alguns dias, durante a ida para a cidade, eles caminharam, conversaram e trocaram mais algumas informações preciosas a respeito um do outro. Agora com um novo olhar, com um novo querer, com um novo desejo de estar perto.

Cada vez mais perto.     


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Notas finais do capítulo

Será q as coisas continuarão assim?
Será q esses dois terão paz?
Será q Elliot não os perturbará?
BJOOOOOOOOOOOOOOOO a todas vcs que deixam seus reviews maravilhosos mesmo que eu esteja demorando a postar. Sinto muito, sei que estou em dívida, mas está dificil mesmo escrever todos os dias. Periodo complicado de muito trabalho, mas vou tentar acelerar a vida. BJO amadas!



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