A Bela e a Fera escrita por Lilissantana1


Capítulo 16
Capítulo 16 - Um beijo, Um pedido


Notas iniciais do capítulo

Olá queridas! Mais um capítulo, acho q este ficou mimoso. kkkkk



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Os lábios de Mabel se moviam com calma correspondendo a cada movimento seu. Ele não queria assustá-la, já se considerava como um aproveitador por estar usufruindo de um momento tenso, impregnado pela confusão que a vida deles se transformara nos últimos dias para conseguir algo que tanto desejava. Mas, ao mesmo tempo, queria, precisava de mais proximidade. Com cuidado desceu uma das mãos pelas costas femininas sentindo toda a extensão do corpo dela sob o casaco fino. Impulsionada, a garota terminou de se encostar nele e passou os braços por sua cintura.

Uma das mãos de Dominic acariciava suave, de maneira cadenciada, sua nuca. Afagando e relaxando os músculos do pescoço. A outra circulava sua cintura num gesto quase possessivo. Mas, o mais confuso de tudo aquilo, de saber tudo aquilo, de sentir tudo aquilo, era perceber que nada daquilo incomodava. Nada daquilo perturbava. Nada daquilo parecia errado.

Dominic lentamente se afastou liberando a boca feminina da sua, com medo que ela o agredisse com um tapa ou fugisse assim que seus lábios se separassem. Porém, isso não aconteceu. Mabel piscou, abriu os olhos e o encarou levemente confusa, mas com um olhar tranqüilo.

— Por quê? – ela perguntou baixinho.

Ele sabia a resposta? Ele queria aquele beijo. Ele desejava aquele beijo.

— Desculpe... – a voz profunda pediu sem que o dono dela tivesse movido as mãos dos lugares onde se encontravam, da nuca e da cintura dela.

— Sir Deeping... se nos virem aqui... assim. – ela começou indecisa e ele a interrompeu rapidamente, o pedido de desculpas era uma mentira, ele não queria se desculpar. Por isso foi mais claro:

— Vou fazer o que tenho vontade de fazer agora.

Aquela conversa parecia totalmente desprovida de nexo.

— E o que o senhor tem vontade de fazer? – de onde saia aquela coragem de interpelar um homem como o marquês? Pior do que isso, por que ela interpelava o marquês? Mas era fato que a pergunta apenas escapara de seus lábios.

— Tenho vontade de pedir que aceite minha mão...

Mabel não acreditou que estava ouvindo aquilo.

Então ele continuou:

— Não haveria meios de fazer isso antes, mas, e apesar de tudo o que aconteceu – nesse momento ela lembrou de cada palavra agressiva e repleta de desprezo  que dissera a ele na tarde anterior e se sentiu mal – eu quero você... quero que seja minha... – ele completou provocando uma variação de sentimentos no coração feminino.

Estava sonhando? Mabel se perguntou. Será que tudo aquilo não passava de um sonho louco? Desde que acordara até aquele momento. A conversa com Abigail, o duelo sem sentindo, o beijo... e de repente outra coisa lhe veio a mente, algo que poderia confirmar o que os olhos do marquês lhe garantiam: que era verdade.

Elliot lhe falara na tarde anterior sobre o interesse de Dominic em cortejá-la, ele até considerara essa hipótese como uma alternativa proposital para os planos deles de manter em sigilo o noivado. Mas, também lembrava de Chowes lhe garantindo que o marquês jamais se interessaria por ela.

— Sir... – ela começou baixinho sem saber o que dizer. Sem saber porque não sabia o que dizer. Era fácil, era só dizer que não. Que ela não o queria. Que ele não serviria como marido. Como seu marido. Que ela não sentia nada por ele... a mente feminina deu um giro conectando informações, certamente que se esse mesmo pedido tivesse sido realizado há poucos dias atrás a resposta seria um sonoro e muito claro não. Mas, naquele momento, Mabel não tinha certeza de mais nada.

— Eu sei que você ama Elliot. – ele voltou a falar, acreditando que esse seria o motivo para uma possível recusa.

— Eu não amo Elliot... – uma absoluta verdade escapava de seus lábios, o amor morrera depois de tanta decepção. – não mais.

Dominic sorriu brevemente movendo os dedos pelos fios do cabelo dela, eles ainda estavam na mesma posição, levemente abraçados, com os rostos muito próximos. Ele sabia que se os vissem ali, naquele comportamento tão íntimo, seriam obrigados a casar. Entretanto, o marquês esperava que Mabel tomasse essa decisão sozinha. Sem precisar ser obrigada a tanto.

— E também não me ama...

Havia uma grande inclinação por ele, uma empatia inesperada, um acelerar pulsante de seu coração. Mas tudo era tão novo para ela! Nunca se sentira assim com relação a Deeping. Nunca se imaginara casando com ele. Não com aquele temperamento azedo, com aquele ar esnobe, com aquela prepotência, com aquela... delicada generosidade com a qual vinha sendo tratada ultimamente. Se aqueles dias serviram para lhe mostrar um pouco desse outro lado de Dominic, ela queria saber quanto mais ainda estava escondido sob aquela capa sóbria e repleta de defeitos.

— Mas gosta um pouquinho de mim?

Tom era suave, brincalhão, tão carinhoso quanto os movimentos que as mãos dele faziam de encontro ao seu corpo.

— O senhor gosta um pouquinho de mim? – ela perguntou de repente, querendo saber porque ele a queria como esposa. Se o motivo era algum sentimento novo ou se era porque a marquesa o estava induzindo a isso.

Sem querer percebeu que isso fazia muita diferença em sua resposta. Se fosse porque ele a queria, talvez ela estivesse inclinada a dizer sim. Mas se fosse porque a marquesa queria que o filho se cassasse com alguém, então, ela logo diria que não.

— Eu gosto um pouquinho de você Mabel Nagle... – ele confessou sem receio antes de intimar - mas você não respondeu a minha pergunta, você gosta um pouquinho de mim?

Mabel desviou o olhar para o peito dele, para o movimento cadenciado do sangue que vinha diretamente do coração, sob a pele branca e rosada do pescoço masculino.

— Não sei como me sinto a seu respeito... mas gostaria de conhecê-lo melhor... – confidenciou sinceramente voltando a encarar os olhos azuis translúcidos.

— Para?

— Para ter certeza de que não vou me enganar novamente...

Era justo, ele pensou. Ainda havia alguns dias para que eles tivessem a oportunidade de estar próximos, de dançar, de conversar e já não teriam a presença ou o compromisso secreto entre eles. Pois o noivado parecia completamente encerrado.

— Elliot? – ele perguntou em tom inseguro causando certa surpresa na garota – Está definitivamente encerrado?

— Sim! – para aquela pergunta ela tinha uma resposta exata. Uma resposta da qual não se arrependeria.

Outro breve sorriso e eles ouviram o som de passos, um grupo se aproximava, rapidamente Dominic a liberou pedindo:

— Volte para casa. Nos falamos mais tarde durante o desjejum... vou esperá-la.

Mabel sentiu a mão dele a liberar a sua lentamente enquanto dava alguns passos para trás. E antes que o grupo finalmente surgisse diante deles, correu para a porta mais próxima, sorrindo para si mesma, sentindo-se encantadoramente leve e quase... feliz. O duelo acabara em nada graças ao senso prático de Dominic, a chantagem agora já não tinha qualquer razão para existir. E se Abigail voltasse a lhe falar sobre os últimos incidentes, se voltasse a ameaçar, não teria a mesma força de antes.

Enquanto corria e pensava na falsa amiga, Mabel esbarrou em Sophie que descia as escadas em direção a cozinha para confirmar o cardápio para aquele dia. E assim que viu a amiga se surpreendeu pelos trajes que ela usava.

— Mabel! – a outra a observou dos pés a cabeça - Onde estava vestida deste jeito?

Abraçando calorosamente a amiga a senhorita Nagle respondeu sem responder:

— Preciso lhe contar muitas coisas... mas não agora... podemos nos falar depois do desjejum?

— Claro! Você sabe que pode me contar o que desejar... – os olhos azuis de Sophie, tão parecidos com os de Dominic desviaram do rosto da amiga por alguns segundos, ela parecia encabulada – Também tenho algo a lhe contar...

Um breve e encabulado sorriso escapou pelos lábios da irmã do marquês antes que ela voltasse a falar:

— Senti tanto a sua falta no baile ontem a noite...! Não havia com quem falar sobre o que estava acontecendo já que Lily se reuniu a suas amigas e me deixou sozinha a mercê de mamãe e de Abigail. E você sabe que não confio nelas.

— Sinto muito. – Mabel começou – Mas, prometo compensar essa falta hoje, pelo tempo que desejar serei sua ouvinte.

Outro sorriso, como aqueles que Mabel não via há dias no rosto da senhorita Deeping surgiu.

— Promete? Vou cobrar!

— Sim, prometo. Agora me deixe subir, preciso de um banho e de roupas mais adequadas...

Outro abraço rápido e Mabel retornou á corrida até seu quarto para novamente se surpreender com a presença de Abigail a sua espera. A garota ainda trazia no rosto aquele olhar de quem está se sentindo como uma vencedora. Mas, assim que encarou a recém chegada, percebeu que algo que não lhe agradaria saber havia acontecido.

Mabel não a poupou e foi muito direta nas informações:

— Acredito que agora você pode retornar ao seu quarto com o coração leve Abigail... o duelo, como você desejava que fosse, acabou sem mortes, sem problemas, sem qualquer incidente mais grave. Obrigada por ter me contado, se não fosse por sua interferência eu não teria saído deste quarto, não teria encontrado... e tudo não estaria tão...! – as propositais interrupções serviam para provocar a curiosidade da senhorita Strang, e impulsionar nela as mesmas tensões que Mabel passara nos últimos dias. – Agora, por favor, se me der licença, preciso de um banho.

Mabel viu a garota se erguer, encará-la de frente ainda com incredulidade no olhar antes de comentar, com a voz mais tranqüila possível:

— Realmente, tem razão, fico satisfeita em saber que tudo acabou bem, e que ninguém morreu por sua causa...

A porta se fechou e Mabel voltou a se jogar sobre a cama. Encarou a colega de quarto que de boca aberta dormia pesadamente e agradeceu aos céus pela escolha feita por Sophie. Aquela era mais uma prova de que nada acontece por acaso.

**************

O grupo formado pelos remanescentes do duelo se arrastava pela estrada de cascalho quando topou com Dominic a fechar o casaco. Elliot em um tom choroso reclamava de dor. O sangue escorria lentamente e já empapara a camisa branca. Dominic não sabia o que ficara acertado entre o advogado e seu primo para justificar aquele machucado, mas acreditava que Chowes não desejaria contar a verdade já que se sentiria humilhado diante especialmente das garotas ali presentes.

— Vamos para o meu escritório. – falou sério – Lá poderemos cuidar desse ferimento sem fazer alarde.

Tonto pela dor Elliot não reclamou, tudo o que o rapaz queria era se ver livre daquele sangue e da dor perturbadora e incômoda.

— Qual o melhor caminho milorde? – o criado pessoal de Elliot interferiu – Sei que sir Chowes não gostaria que muitas pessoas o vissem assim.

— Faremos a volta, há uma porta que dá para um corredor, e sai diretamente a frente do meu escritório.

A ideia foi prontamente aceita e todos se encaminharam na direção indicada. Dominic os acompanhou pois queria saber que desculpa deveria oferecer caso lhe questionassem o motivo do machucado do primo. Mas seus pensamentos estavam todos voltados para a necessidade de agir com rapidez e retornar ao próprio quarto, tomar um bom banho e voltar para realizar o desjejum com Mabel.


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Notas finais do capítulo

E então? Mabel tomou a decisão certa? Dominic parece ter mudado de sorte... e Elliot? E a marquesa? Muitas coisas precisam d resposta não acham?
BJO e muito obrigada pelos reviews, pela presença, a todas vcs. Espero q gostem. Vou postar a foto depois, não consegui acessar o site onde hospedo a imagem.