— Saiam da minha frente! – A voz alta ecoou pelo corredor.

— Não pode ir entrando assim, Potter!

— Posso e vou! Ela é minha ESPOSA!

— Será que dá para parar de gritar? – Neville pediu pacientemente – Madame Pomfrey está trabalhando!

— E eu quero vê-la!

— E verá! – Falou Minerva McGonagall, entredentes – Mas só se se comportar.

Harry soltou-se dos professores que o seguravam e que não conhecia. Bufou e jogou-se no banco em frente à enfermaria. Longbottom sentou ao seu lado.

— Não posso viver sem ela, Neville. Não posso...

Neville meneou com a cabeça, meio concordando, meio dando de ombros, incapaz de dizer algo para aliviar aquela dor. Ele mesmo estava assustado demais para falar...

Perdeu-se em devaneios, lembrando-se momentaneamente que pedira insistentemente à esposa que ficasse em casa, apenas aquele dia, para que pudesse aproveitar um dos raros dias de folga do moreno. Harry estava prestes a convencê-la quando uma coruja entrou afobada pela janela de sua cozinha, depositando uma carta do Ministério aos seus pés. Estavam convocando sua esposa para uma missão de última hora, a qual Harry ficara de fora, para tratar de estratégias no quartel-general. Ele não entendeu porque ela tinha que partir em missão no seu lugar, afinal era ele o auror!

Ah, mas se soubesse...

Se soubesse que apenas três horas após sair de casa, abrindo mão de sua folga, receberia uma coruja urgente de Hogwarts, avisando que a mulher de sua vida fora encontrada à beira da morte nas proximidades de Hogsmeade...

Ah se soubesse... O pânico que tomou conta de si fora inacreditável, mil vezes pior que a sensação de dez Voldemorts voltando a persegui-lo, muito maior que qualquer mal que tomasse conta do mundo bruxo de novo. Sabia que era egoísta ao pensar daquele jeito, mas ela... Ela fora sua cura, sua fortaleza, seu porto-seguro quando mais precisara... Ainda era. Não poderia viver sem aquela que fazia do seu mundo um lugar mil vezes melhor.

Saiu de seus pensamentos quando a porta da enfermaria fora aberta e uma exausta Madame Pomfrey saía com o semblante sério.

— A Sra. Potter já pode receber visitas...

Harry não perdeu tempo, levantando-se num pulo e entrando no cômodo. Porém, ao passar pela enfermeira, ela lhe segurou pelo braço.

— Mas preciso falar com o senhor primeiro.

— Depois. Quero ver...

— Verá – interrompeu. – Mas depois de conversarmos. Ela provavelmente não acordará agora.

O moreno engoliu em seco.

— Ela está tão mal assim? – Perguntou trêmulo.

— No meu escritório, Sr. Potter – ela apontou para uma porta quase escondida no começo do aposento. – Por favor.

Harry arriscou uma olhadela na direção do leito mais distante, mas não viu nada. A enfermeira cobrira o leito com cortinas de correr.

— Como ela está? – Perguntou sem rodeios, assim que cada um sentou de um lado da mesa.

— Fiz o que pude, Sr. Potter, e posso afirmar que a sua esposa está fora de perigo. – Harry soltou um suspiro, aliviado – Mas há um problema...

— Problema?

— A Sra. Potter tem um ferimento muito sério no lado direito da cabeça, o que a impedirá de acordar por alguns dias. Cuidei do local machucado por horas a fio, mas vou confessar ao senhor que não sei se ela sairá ilesa disso.

— Como assim?

— Esse ferimento com certeza trará alguma sequela. Não sei dizer qual, mas trará. E eu só posso saber o que aconteceu de verdade com sua esposa, e tratar dela apropriadamente, depois que ela acordar. Se acordar... Se continuar nesse estado, se for mais sério do que penso, teremos que transferi-la ao St. Mungus.

Harry tremia. Só concordou com a cabeça e levantou, ainda zonzo, e não disse nada enquanto andava até o leito dela. Respirou fundo antes de, trêmulo, afastar as cortinas da cama dela.

— Mione...

Sua voz saiu fraca, e só então percebeu que chorava. Sentou ao lado dela. Parecia tão tranquila, tão serena... Podia facilmente passar por uma pessoa levemente adormecida.

— Acorde, minha Mione – implorou, abraçado a ela, emocionado ao segurar aquele corpo tão frágil, quase sem vida. – Não me deixe aqui sozinho. Não me deixe sem você...