Conte Nossa História escrita por LilyMPHyuuga


Capítulo 2
O Despertar


Notas iniciais do capítulo

Voltei! Mais cedo que o esperado! xD
Resolvi postar logo o primeiro capítulo, que já estava pronto e revisado, aproveitando a noite de folga. Não sei quando acontecerá novamente, mas também não deve demorar.
Boa leitura! ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/722371/chapter/2

Os dias passaram devagar enquanto ia e vinha de Hogwarts. O ministro insistiu para que tirasse alguns dias de folga, para cuidar de Hermione e se recuperar mentalmente. Harry até concordava com o “mentalmente”... Durante o trabalho andava distraído demais, e até mesmo Rony lhe dera uma bronca por isso. “Seu lugar não é aqui! É em Hogwarts, ao lado de Mione!”, dizia o ruivo praticamente dia sim, dia não. Mas não era tão simples assim...

Podia até distrair-se com o resto das missões a qual era designado... Podia até visitar Hermione apenas no fim de seu turno e ficar com ela até o início do próximo... Mas não era só isso para Harry. Por mais que seus superiores tenham lhe dito que era um caso perdido, Harry não conseguiu deixar um pensamento de lado:

Vingança.

Sim, porque o acidente dela não era bem o que parecia (um acidente). O moreno, sem o consentimento de Madame Pomfrey, fez variados testes em Hermione e em sua varinha. O ferimento na cabeça fora profundo, uma pancada forte demais para quem só “caíra”. E os últimos feitiços realizados por sua esposa foram altamente defensivos, fazendo o Protego parecer brincadeira de criança. Não, não fora apenas um acidente. Foi um ataque friamente calculado... Um ataque para matar. Harry tremia cada vez que se lembrava disso. E em seguida recuperava a compostura, decidido a encontrar quem fizera aquilo com sua Mione.

A investigação avançava lentamente, afinal não tinha o apoio do chefe do Departamento de Acidentes e Catástrofes Mágicas, que achava toda aquela teoria de Harry bastante maluca. “Se quisessem matá-la, com certeza teriam conseguido, não acha? Ela ficou desacordada perto deles, não foi?”, rebatia o homem. Harry engoliu em seco e deu-lhe as costas, engolindo um grosseiro “Matar Hermione Potter? O senhor definitivamente não conhece minha esposa!”.

— Você é forte, minha Mione! – Harry repetiu baixinho, ao lado do leito da mulher. Hermione recuperava a cor aos poucos, e sua mão já mostrava a maciez natural que o moreno tanto gostava. – É forte. Sei que vai sair dessa. Confesso que fiquei desesperado quando te vi assim, mas... Como não ia ficar, não é? – Ele abriu um pequeno sorriso – Vamos lá, Mione, me mostre que é mais forte que eu! Acorde logo, por favor, eu...

Haviam passado oito dias desde que ele entrara pela porta da enfermaria como um louco, exigindo desesperadamente que abrissem passagem para ver sua esposa. Oito dias de sofrimento, solidão, vingança, esperança...

Esperança.

Ela não lhe abandonara.

Os olhos castanhos abriram-se de leve, encarando-o fixamente... Harry quase caiu da cadeira. Levantou num pulo, sorrindo bobamente para Hermione.

— Mione! – Ele segurou seu rosto com carinho – Você acordou, meu amor! Mione...

E Hermione continuava encarando-o, impassível.

— Mione?

Madame Pomfrey aproximou-se, afastando o moreno de leve. Talvez ele tenha se exaltado demais... A enfermeira mexeu nos olhos de Hermione, verificou sua pulsação e voltou-se para Harry, o semblante desapontado.

— Ela está dormindo.

— Mas... Mas como? Eu... Ela abriu os olhos, a senhora mesmo viu!

— Pode ter sido um reflexo involuntário. Ou um sonho. O fato é que ela continua dormindo.

Harry suspirou, entristecido. Virou as costas e saiu da enfermaria, murmurando um “já volto” para que ela não visse seus olhos marejados.

 

~*~

 

— Mione! Você acordou, meu amor!

Teve a sensação de ouvir tais palavras. Elas chegaram muito baixas, então não teve certeza se eram verdadeiras. Mas uma coisa era certa: seu coração acelerou com aquela voz grossa, mas gentil. Surpresa e carinhosa. Teve vontade de sorrir, mas o rosto inteiro doía. Não só o rosto, mas o corpo todo. Abrir os olhos fora um sacrifício, e mal conseguira identificar o rosto a sua frente. Era um homem bonito, com certeza. Mas quem?

“O que está acontecendo?”, perguntou-se. Não se lembrava de nada. Só tinha uma pequena intuição de que algo a esperava. Ou alguém... Seus pais? Seus amigos? Não sabia.

Mas precisava sair daquele lugar escuro e sem vida urgente.

 

~*~

 

— E como ela está?

— Dormindo.

— Alguma melhora?

Harry abriu um pequeno sorriso.

— Madame Pomfrey acha que foi um reflexo, mas eu não... – divagou.

— O quê?

— Ela abriu os olhos ontem.

— Sério? – O ruivo sentou ao seu lado empolgado.

— Sim. Foi rápido, mas eu a reconheci.

— Ah! Aquilo?

Harry sorriu, confirmando com a cabeça.

— Ela está desorientada – continuou. – Mas está se recuperando. Isso é ótimo depois de tanto tempo sem progresso.

Rony confirmou também, um sorriso bobo no rosto. Fizera bem em ir visitar a amiga. Teve medo de encontrá-la desacordada e com um rosto esquelético e pálido, como quem está à beira da morte. Graças a Merlin se enganara. Hermione tinha o rosto já corado... Harry tinha razão: ela estava se recuperando.

— E Gina? – Perguntou o moreno – Ela ficou de vir ontem, mas não apareceu.

— Ela ficou enjoada. Sabe como é, não é? Os primeiros meses são horríveis.

Harry riu pela primeira vez em dias.

— Lembro que Luna ficou insuportável – provocou.

— Ah, nem me lembre! Graças a Merlin que Richard não demorou a vir. Rezo todas as noites para que o próximo não dê tantos enjoos quanto meu ruivinho.

— Aposto que será loirinho.

Rony teve vontade de espancar o homem ao seu lado.

— Você está impossível hoje.

— Perdoe-me, eu só... – sorriu, bobo – Fazia tempo que eu não ficava tão tranquilo.

O amigo sorriu também, dando tapinhas em suas costas.

— Ela vai melhorar, cara. Sabe disso, não é?

Harry confirmou.

— Então aproveite o sossego. Aposto que quando ela acordar vai ficar reclamando que você não limpou a casa direito, nem a piscina, nem a biblioteca...

Rony pôs a mão no queixo, fingindo pensar.

— Ah! E aposto dez galeões que vai reclamar por você não ter comprado um livro para cada dia que ela passou dormindo!

Harry deu um soco no ombro do outro.

— O quê? Vai dizer que estou mentindo?

 

~*~

 

Uma nova tentativa. A voz que ela ouvira estava mais uma vez por perto. Parecia rir um pouco com outra voz vagamente familiar. Familiar demais...

Espere... Aquela voz era de Rony! E se Rony estava ali, Harry com certeza devia estar. Será que era ele o dono das risadas, da voz grossa e gentil? Mas por que mudara tanto?

Abriu os olhos devagar, tentando evitar maior dor. Não enxergava nada.

— Veja – falou a voz que pensava ser de Harry. – Ela está acordando.

— Mione! – Sim, aquela voz era definitivamente de Rony.

Teve vontade de responder, de se contorcer inteira e dar um abraço naquele ruivo guloso. Conseguiu mexer um pouco a mão, só então percebendo que outra a segurava. Era grande e forte, e seu dono pareceu sobressaltado com seu movimento.

— Ela se mexeu! – Falou o outro homem surpreso – Você viu, Ron? Ela mexeu a mão!

— É a minha presença – gabou-se o ruivo.

Hermione teve vontade de rir, dar umas tapas naquele garoto convencido. Porém, antes que pudesse decidir qualquer coisa, a escuridão voltou a tomá-la por completo.

 

~*~

 

Rony foi embora algumas horas depois. Aproveitando que Hermione voltara a dormir, Harry acompanhou o amigo até Hogsmeade. Não sabia se era por hábito ou por saudade, mas comprou um livro novo para a biblioteca da esposa. Talvez a ideia de Rony (de comprar um livro para cada dia que Hermione passasse desacordada) não fosse assim tão ruim. Conhecendo bem Hermione (e ele conhecia!), ela adoraria a ideia...

Voltou animado, disposto a ficar ali até que ela acordasse novamente, e quando isso acontecesse, faria o possível para que ela permanecesse assim. Esperançoso, sentou na poltrona ao lado da cama dela, acariciando aquele rosto bondoso que ainda preservava a beleza da juventude.

— Está acordada? – Murmurou perto dos ouvidos dela – Mione?

Ela abriu os olhos, como se soubesse que Harry lhe pediria isso, encarou-o por um momento, mas logo voltou a fechá-los. O moreno soltou um suspiro inconformado. Madame Pomfrey, no entanto, que passava pelo corredor naquele exato momento, estancou no lugar, boquiaberta.

— Por que não me disse que ela estava acordando? – Brigou a mulher depois do susto. A enfermeira, porém, não quis saber de respostas ou desculpas, ignorando-o completamente enquanto examinava Hermione.

— Ela está com dor... – Falou baixinho – Rápido, Sr. Potter! Dê-me aquela poção do outro leito – e apontava para uma cama com um aluno acidentado.

Harry fez um aceno rápido com a varinha, trazendo o frasco em segundos. Madame Pomfrey aparou-o no ar, soltou a rolha e fez Hermione tomar todo seu conteúdo.

— Vou dar um banho nela. Vai ajudá-la a relaxar.

— Eu ajudo.

— Não precisa...

— Ora, por favor! – Impacientou-se – Sou seu marido!

Harry a carregou até uma sala adjacente, tirou suas roupas com cuidado e a deitou sobre uma cama de malha. O banho fora rápido, para evitar que a bruxa mais velha ficasse ainda mais desconcertada. O moreno carregou a esposa de volta ao leito, fazendo companhia até seu novo despertar.

 

~*~

 

A dor finalmente passara. Pudera, enfim, mexer-se sem muito esforço: a pouca dificuldade que ainda tinha provavelmente devia-se ao grande tempo parada. Conseguiu deitar de lado sozinha, e abriu os olhos ao ouvir uma exclamação de surpresa.

Agora sim conseguia vê-lo perfeitamente bem...

O homem sentado ao lado de sua cama era realmente muito bonito, com feições leves e um queixo ligeiramente quadrado debaixo da barba por fazer. Usava óculos de aro redondo e a olhava ansioso.

Hermione notou seus óculos, o sorriso animado, o nariz pouco comum, os cabelos pretos e bagunçados, e até mesmo uma pequena cicatriz na testa...

— Mione?

A voz rouca e cheia de expectativa. Mesmo que ela não o reconhecesse depois de todos esses detalhes, saberia quem era só de olhar para aqueles lindos e brilhantes olhos verdes.

— Harry...

Ele confirmou com a cabeça, emocionado. Segurou suas mãos e as beijou várias vezes antes de partir para seu rosto.

— Bem-vinda de volta, minha linda!

E ela sorriu.

 

~*~

 

Finalmente sorriu.

Harry abriu um sorriso ainda maior, segurando o rosto dela com carinho e voltando a espalhar beijos pelas bochechas. Hermione ficou super-corada no instante em que ele lhe beijou nos lábios. O moreno riu de seu embaraço.

— Como se sente?

— Cansada... – A voz dela era fraca, mas dava para notar que ela se esforçava para sair o mais próximo do normal possível.

— Está com sede? Fome?

— Água... Água é bom.

Harry a levantou com cuidado, ajudando-a a beber no copo. Ela ainda não tinha recuperado a coordenação: suas mãos tremiam.

— Certeza que não quer mais nada? – Perguntou depois de voltar a acomodá-la na cama – Posso pedir uma sopa das cozinhas.

— Estou ótima, obrigada.

— Confortável?

— Demais... – Ela abriu um grande sorriso – Se incomoda... Se eu voltar a dormir?

Harry não conseguiu dizer não depois daquele olhar pidão.

— Claro que não – deu-lhe um último beijo nos lábios. Hermione voltara a ficar vermelha. – Boa noite, meu amor.

 

~*~

 

Ele a chamara de “meu amor”... Sem um pingo de vergonha ou arrependimento. Hermione viu a sinceridade naqueles olhos, o que a surpreendeu. Harry falava sério. Estava apaixonado por ela...

Não soube o porquê, mas ficara deveras contente com a descoberta. Dormiu como um bebê, sem interrupções, até de manhã, quando ouvira uma discussão vinda do lado de fora da enfermaria.

— Eu preciso ir! Preciso fazer alguma coisa!

Era Harry. Não conseguiu identificar a segunda voz, que parecia exasperada:

— Por Merlin, Potter! Pode ser uma falsa pista! E se for uma armadilha? Hermione precisa de você aqui.

— Você não está entendendo? – Rebateu o moreno – Tudo que estou fazendo é por ela! Estou aqui há dias, mas quando saio, dedico cada minuto de meu tempo tentando descobrir quem foi o desgraçado que fez isso com ela!

— Foi um acidente, Harry!

— Você sabe que não foi um acidente, eu já lhe expliquei.

— Potter, pelo amor de Deus, fique aqui!

— Não dá. Preciso lutar...

Hermione não conseguiu ouvir mais nada, pois as vozes foram se distanciando.

Não, não poderia deixar Harry ir embora. Não o deixaria correr riscos por causa dela...

Levantou parte do corpo com algum esforço. As pernas não respondiam aos seus comandos, mas ela insistiu mesmo assim. Era estranho estar quase de pé e não ter ninguém a impedindo... A coisa lá fora devia estar um caos. Precisava convencer Harry a ficar. Se não conseguisse, lutaria com ele!

Conseguiu ficar de pé, mas as pernas estavam trêmulas demais. Desse jeito, mal conseguiria dar dois passos sem cair. Apoiou-se na cama e deu um passo. Tinha razão: quase levara um tombo...

Droga, estava muito devagar! A essa altura Harry já estaria em alguma batalha...

— Harry! – Forçou a voz, mas ela saiu baixa.

Onde estava sua varinha quando precisava dela? Voltou um pouco e a encontrou na gaveta do criado-mudo.

— Harry! – A voz continuava no mesmo volume.

Era hora de uma atitude mais radical. Os lábios de Harry colados no seu foram seu primeiro pensamento bom, o que lhe arrancou um sorriso bobo antes de proferir baixinho:

— Expecto Patronum!

A lontra saiu da ponta da varinha com leveza, dando uma volta pela enfermaria antes de sair pela porta. O jeito era continuar o percurso. Conseguiu forçar as pernas até o fim da cama, respirou fundo e soltou-se do apoio.

— Harry! – A voz aumentara.

Porém, mal dera três passos pelo corredor e desequilibrara-se. Não deu tempo de se segurar na mesinha ao fim da outra cama: caíra junto com o móvel e todos os objetos em cima dele ao puxar sua toalha. O escândalo feito pelos vidros se quebrando fora alto, e logo Madame Pomfrey saíra de sua sala.

— Mas o que...?

— Harry! – Ela implorou, a mão erguida na direção da porta – Chame Harry!

A senhora não lhe dera ouvidos, correndo em sua direção no instante em que Harry aparecia na porta, afobado.

— Hermione!

— Harry... – Aliviada, ergueu um braço em sua direção enquanto se arrastava até ele – Harry...

O moreno chegara ao mesmo tempo que a enfermeira, carregando-a nos braços fortes e a levando até sua cama.

— Aonde pensa que vai sem mim? – Segurou firme o rosto dele, obrigando-o a olhá-la nos olhos.

Não soube decifrar todos os sentimentos que passaram pelos olhos verdes, mas o que permaneceu foi o mais bonito.

— A lugar nenhum, meu amor – ele a abraçou forte, escondendo o rosto no seu pescoço. – Meu lugar é com você...

 

~*~

 

Ela voltara. Voltara de vez.

E exigira sua presença num tom tipicamente mandão, como quem não quer ouvir outra resposta. Emocionado, a abraçara, perdendo-se no carinho que ela lhe retribuía e no perfume natural que ela exalava mesmo depois de dez dias no hospital. Enxugara as lágrimas antes que ela o afastasse levemente, ainda querendo o encontro de olhares tão comum entre o casal. Hermione o olhava com carinho, com profundidade, como se quisesse memorizar cada detalhe de seu rosto, a enorme saudade transparecendo no olhar. Ao fim de sua análise particular, sorriu e deu um beijo estalado na bochecha dele.

— Você parece dez anos mais velho – brincou. – Ficar sem dormir não causa só olheiras, Harry. Dizem que também envelhece.

Não conseguiu evitar o sorriso. Ainda emocionado, segurou o rosto dela também e a beijou, pouco se importando se ela e Madame Pomfrey ficassem coradas com seu gesto.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então? Ficou bom? Dá de ler? Preciso mudar alguma coisa? ^^"
O capítulo ficou muito longo? ^^"

Até o próximo! =*