Um romance quase de cinema escrita por Miaklein


Capítulo 6
Capítulo 5




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— Que baile elegante! Agora sim me sinto em casa. – escutei Jennifer conversar com Nick enquanto os levava para uma mesa reservada para o elenco.

— Não seja uma pedra fria, Jenny. Você não sentiu a atmosfera contagiante desse povo?

— Senti, mas, por favor, Nick... – balbuciou alguma coisa que não compreendi. Era melhor assim, sua falsidade estava me deixando irritada e já estava alimentando a minha imaginação com maldades como cuspir em seu champanhe.

— Qualquer problema, é só me chamarem. – falei pronta para sair de perto daquela mulher.

— Você não ficará conosco? – Nick me perguntou deixando-me surpresa.

— Claro que não, né Nick? Ela só trabalha aqui, não faz parte da equipe. – Jennifer respondeu em meu lugar revirando os olhos como se fosse tudo muito óbvio. Aquilo me aborreceu ainda mais e pensei na resposta.

— Posso ficar se assim desejarem. – olhei para Nick, o diretor e o outro ator que agora eu sabia o nome. Fiz questão de ignorá-la educadamente.

— Seria um prazer ter uma brasileira em nossa mesa, não acha David? – Nick perguntou ao seu colega de trabalho. Ele era um loiro de tirar o fôlego e fazia o rival dele no filme, de acordo com a sinopse.

— Com certeza. – ele sorriu.

— Estou interessado em conhecer tudo sobre a sua cultura. – o diretor disse puxando uma cadeira para mim. Não me contive e olhei para Jennifer que rapidamente havia fechado a cara para depois sorrir.

— Eu acho que estou sendo muito rude desde que cheguei. Perdão. – ela sorriu genuinamente. – Eu preciso de alguns conselhos de como sambar. Você me ajudaria? – ela brincou tentando se redimir. Parecia mimada e não gostava de ser contrariada, mas não era de todo tão ruim.

Larissa apareceu com um bloquinho na mão contentemente.

— Jennifer, eu sou sua maior fã! Poderia tirar uma foto com você? – ela pediu entregando a câmera para mim sem esperar a resposta da atriz.

— Claro que eu posso. – Jennifer disse finalmente. – Senhorita Dantas, quando quiser. – eu fuzilei minha amiga por dar à estrelinha um momento para brilhar com a minha cara.

Tirei a maldita foto e entreguei a câmera com um pouco mais de agressividade nas mãos de Larissa. Ela me olhou sem entender.

— Eu sei que estou pedindo muito, mas amaria ter uma foto e um autógrafo de você Nick. – peguei a máquina novamente para terminar com aquela palhaçada.

— Obrigada, amiga. Vou ficar te devendo. – ela me abraçou contente após receber o bloquinho cheio de assinaturas.

— Eu vou te matar quando chegar em casa. – disse entredentes.

— Espere. – Nick pediu. – Você não vai querer uma foto comigo? – olhei para os lados para ver se fora comigo que ele falara. Fora comigo.

— Não sou sua fã, mas obrigada. – sorri para que minha frase ficasse suave.

— Então, deixe-me ter uma foto sua. – ele finalizou pedindo para que Larissa tirasse uma de nós, retirando um celular de dentro do paletó. Nick se levantou e se colocou ao meu lado colocando sua mão sobre a minha cintura de forma contida em sinal de respeito.

— Você guardará a foto da organizadora de festas. – falei sem graça com aquele momento. Larissa fingia ter problema com a câmera do celular só para me irritar. Estava escrito em sua cara. Eu teria que matá-la de verdade.

— Eu quero uma foto da mulher mais linda da festa. – olhei-o quando ele falou baixinho.

— Isso sempre funciona, senhor Cooper? Por que eu acho que está tentando com a mulher errada. Garanto que lá fora, muitas morreriam pelo senhor, mas não eu. – continuei sorrindo mostrando o lado difícil de uma mulher. Eu adoraria tê-lo entre minhas pernas, mas uma coisa que aprendo foi que o homem adora uma caça e isso despertava neles uma tensão maior, mais predatória. Jennifer levantou-se e se juntou a nós sem ser convidada. Ela se colocou ao lado de Nick.

— Quero participar desse momento. – ela disse. – Uma mulher trabalhadora que nos fez companhia. Eu só posso agradecer e ter essa imagem como recordação pelo lindo evento. – parecia até sincero seu pequeno discurso.

Larissa tirou a nossa foto, devolvendo-lhe o celular e desapareceu na festa pulando de alegria.

Enquanto isso, os garçons nos serviram as bebidas e degustações de costume. Quando uma bela bandeja de brigadeiros passou, fiz questão de pegar dois. Estava com muita fome.

— Não posso me aventurar nessas guloseimas. Posso ficar gorda. – disse Jennifer. Sua frase poderia ser apenas uma forma de começar uma conversa, mas também poderia estar escrito entrelinhas que ela estava me perturbando ou... Não, mas como saber? Ela sabia interpretar.

— Que pena. São deliciosos. Ainda bem que não sofro de obesidade. Posso comer tudo que desejo. – falei comendo um de uma vez. Nick riu baixinho.

— Parece saboroso. – comentou o diretor. – Vou pedir para deixarem uma bandeja inteira dessa aqui só para nós.

— Eu posso providenciar isso. Não se esqueça de que quem manda aqui sou eu. – brinquei.

— Adoro mulheres que mandam. – Nick falou sedutoramente.

— Quem não gosta, meu amigo? – David pegou um aperitivo. – Uau! Que coisa mais gostosa!

— Chama-se brigadeiro e é típico de meu país.

Conversamos sobre amenidades por um período. Jennifer ora era simpática ora chata, descontente com tudo. Nick puxava papo todo o tempo perguntando sobre minha cultura e eu comentava alegremente sobre tudo que me recordava.

— E prefiro ler os livros. – falei após contar um pouco sobre mim e meu amor pela leitura.

— Eu adoro o cinema. Desde pequena tive talento para o teatro. E estou tão feliz que tenha dado certo já que nem sempre as coisas funcionam para todos. – Jennifer comentou.

— Você teve o seu talento misturado à sorte de conseguir. São poucos os que encontram as oportunidades. – disse Nick a olhando com carinho. – Ou a nossa rua era feita de jovens promissores.

— Como assim? – perguntei curiosa.

— Fomos criados juntos... Na mesma rua. – Nick respondeu. Lembrei-me das palavras de Jennifer sobre a história dela com Nick quando estava no palco.

— Amigos desde o nascimento. – comentei.

— Meus queridos convidados. Mais um ano estamos reunidos para promover este belíssimo espetáculo. – Harry parou a nossa conversa com a sua voz sendo emitida por meio do microfone. – Como sabemos, a caridade jamais falha. Ela faz parte de nós e eu, como um homem de fé, acredito no melhor das pessoas. E todas as vezes que me proponho a fazer um baile, sempre saio satisfeito e convicto que o ser humano tem muito para dar ao próximo. Uma nova comunidade está sendo construída quando promovemos eventos beneficentes e essa sociedade será aquela em que o amor fraternal dominará os corações de todos e eu sei que teremos uma data que não mais precisará arrecadar dinheiro para manter asilos, escolas, famílias, pois isso partirá dos cidadãos.

Escutei todas as demais palavras que Harry falou totalmente descrente. Para mim era utopia, mas o pouco que ele fazia realmente ajudava a alguns necessitados, mas acreditar na humanidade era algo que eu não compartilhava. Não mais.

— Por isso, esse ano farei algo diferente. Leiloarei as mais lindas mulheres deste baile para que os homens presentes paguem para dançar com elas. Então, senhoras e senhoritas, começaremos um sorteio que envolve todas as mulheres presentes.

Adorei a ideia de Harry e bati palmas como todos os outros. Era genial e tinha certeza que seria divertido. Expliquei em inglês o que ele comentara para que os convidados entendessem que estava por começar.

Levaram uma caixa com vários papéis dentro e Harry se preparou para iniciar a brincadeira.

— A primeira mulher a ser sorteada é... – rufem os tambores. – É a senhora Lucia Martins! – todos aplaudiram a senhora de cabelos grisalhos que se levantou e caminhou até o palco que ficava no alto. – Começaremos com R$100,00?

— Ahh, Harry. Só isso? Não estou valendo nada? – brincou a senhora fazendo-nos rir.

— Perdão, minha querida. Eu realmente fui indelicado. Quem dá o primeiro lance começando com mil reais? – uau.  Era um valor alto.

— Aqui. – um senhor que aparentava a mesma idade dela levantou a placa com um número. Deveria ser o número dele para identificar.

— R$1100,00? Alguém dá mais? Dou-lhe uma... – Harry continuou.

— Aqui.

E assim, após algumas ofertas, a senhora Lucia foi vendida por R$9500,00. Fiquei estupefata com o valor de uma dança. Foram um total de cinco mulheres até que Jennifer Wilde foi sorteada. Sua cara com a surpresa parecia mais uma careta que um sorriso. Mas ela, como sempre, tentou disfarçar a sua personalidade com uma falsa simpatia. Ela subiu ao palco com seu jeito de modelo e olhou para Nick desafiadoramente. Ela estava passando a mensagem “é bom você dar um lance alto”.

— Começamos com R$2000,00? Essa é internacional! – Harry estava adorando e eu também. Era maravilhoso. Estava me divertindo tanto que me esqueci que ali era um trabalho. Não era convidada.

— Aqui. – Nick levantou a sua placa. Jennifer sorriu encantada. – Agora sei que não vou ser assassinado. – comentou baixinho.

Dei uma gargalhada escandalosa que chamou a atenção de todos, inclusive dela que ficou um pouco alterada ao ver a cara de Nick.

— Perdão. – me desculpei. – Ela vai te matar de qualquer jeito depois dessa gafe que eu dei. – tentei segurar o riso e ele, ao invés de me ajudar a parar com a crise de riso que estava voltando, fez o contrário.

— Nunca pensei que levantar uma plaquinha fosse salvar a minha vida. – ele comentou e até o diretor riu juntamente comigo e David.

— Quem dá mais? Quem dá mais? R$ 2500,00?

— Aqui. – um senhor levantou a placa fazendo Jennifer murchar em cima do palco.

O leilão foi arrecadando muito dinheiro com as belas mulheres. Jennifer foi arrematada por R$25000,00 por um magnata do petróleo. Ela ficou chocada, assim como todos, mas o que era esse valor para um homem podre de rico?

— Nem acredito que vou dançar com um velho. – comentou Jennifer ao sentar-se à mesa.

— O que eu poderia fazer? – Nick indagou com vontade de rir.

— Pagar mais que ele, ora. Ou vai me dizer que você é pobre? – ela estava irritada.

— Jenny, é só uma dança. Ele não vai te agarrar.

— Será? Você tem certeza? – ela me olhou com desprezo jogando a raiva para cima de mim, mas eu era apenas a organizadora e esse pequeno imprevisto não estava no meu plano. – Eu vou aceitar por ser algo muito nobre a ser feito, mas eu não gosto desse estilo de arrecadação. Michelle é o seu nome, certo? Eu queria saber quando você vai começar a cuidar da segurança porque seu patrão vai começar a achar que você não está fazendo nada. Não quero que você seja demitida por nossa causa. – aquilo foi golpe baixo. Ela estava me escorraçando da mesa.

— Eu sou a organizadora, não trabalho como segurança, senhorita Wilde. – respondi educadamente. Percebi pela cara dos homens da mesa que sua atitude foi rechaçada por eles.

— Então isso aí foi ideia sua... A do baile? – ela cuspiu.

— Não. Foi ideia daquele senhor sobre o palco, mas foi ótima e eu apoio. – apontei para Harry.

— Claro que apoia. – bufou de raiva. Nick olhava-a seriamente. Todo aquele ar brincalhão se foi dando lugar a um homem eu não tinha vislumbrado ainda.

— Você um dia ficará velha e tomara que tenha dinheiro para se cuidar ou vai acabar como essas pessoas que este senhor está tentando ajudar. – Nick falou. Meu queixo caiu na hora.

— Não precisarei de tanta ajuda, para isso estou trabalhando muito. E tem mais, eu não sou contra, Nick. Já disse isso. Quero ajudar e ajudo até, mas não a troco de dançar com alguém.

— Você está assim porque irá dançar com um idoso ou por que o senhor Cooper não arrematou a senhora? – se era para deixá-la irritada eu estaria pronta para a briga. – ela estava pronta para responder, mas...

— Senhorita Michelle Dantas. – meu nome foi pronunciado por Harry e todos aplaudiram.  Eu fiquei sem entender.

— Você foi sorteada. – Nick comentou batendo palmas.

— M-mas eu não sou convidada! – perguntei por meio do meu olhar ao Harry e ele balançou positivamente a cabeça. Não podia acreditar nisso. Era mico demais. Olhei em volta e avistei os meus colegas de trabalho rindo da minha cara. Até a Larissa que havia sumido apareceu do nada me abraçando.

— Se for um jovem e lindo rapaz, aproveite para tirar o atraso. – comentou em meu ouvido. Dei uma cotovelada de leve nela e fui com meus passos foram lentos até o meio do palco.

Quando estava quase chegando tropecei em minhas próprias pernas quase caindo por causa do nervosismo. Escutei alguns risinhos e olhei para a mesa dos artistas assustada.

— Nossa convidada ficou tão emocionada que quase caiu. – Harry sabia como deixar a situação mais amena. – Está feliz por poder participar? – ele colocou o microfone em minha boca.

— Eu... – minha voz saiu muito forte e eu pigarreei para fazer as minhas cordas vocais se acostumarem com aquele momento. – Estou surpresa, mas muito feliz. Este é um dos tantos eventos que pude estar presente e sei o quanto é fundamental que todo valor arrecadado aqui seja empregado nos asilos. Eu agradeço ao senhor Harry e a todos vocês que estão participando e doando os valores para esta causa. Espero que o meu par desfrute do meu baile e que esteja usando sapato de aço porque eu sou péssima na dança. – todos riram e aplaudiram como se eu fosse uma estrela. Meu coração se regozijou ao ver tantas pessoas realmente me olhando e sabia que guardaria aquele momento mágico para sempre.

— Obrigado, Michelle. Suas palavras foram belíssimas. Mas, agora, senhores, jovens e não tão jovens assim, tenham a oportunidade de dançar com esta linda dama sem medo de machucarem os seus pés. – sua piada me fez rir e me senti mais à vontade. – Vamos começar o lance com R$4000,00?

Encarei ao Harry sem acreditar no valor, mas escutei vozes dizendo “aqui”. Foram três senhores os interessados imediatamente. Se eu precisasse de um incentivo para me sentir desejada, este era o local, mesmo que fossem homens com idade para serem meus bisavôs.

— R$6000,00 – um gritou ao fundo levantando a plaquinha.

— Temos aqui um lance alto. Quem dá mais? – Harry pulava sobre o palco. – R$7000,00? Alguém? Vamos, pessoal! É por uma causa nobre!

— Aqui. – agora foi a vez de um jovem rapaz gritar. Ele era lindo e, sem dúvida alguma, aquele lance especial fez bem para o meu ego fazendo-me sorrir ao vê-lo tão interessado em um baile comigo. Seus cabelos loiros caíam sobre o seu rosto e seu terno o deixava com cara de modelo. Uau!

— R$8000,00 – a voz de Nick reverberou no salão. Procurei por seu rosto na multidão e acabei encontrando a cara surpresa de Jennifer. Ela puxara o seu braço, perguntando algo para ele. – Eu dou R$8000,00. – ele repetiu com a placa para cima. Ele ficou me encarando por alguns segundos antes de baixar o braço.

— Temos um ator premiado desejando um baile com a nossa Michelle. Quem dá mais?

— R$10000,00. – o mesmo jovem de antes levantou a plaquinha.

— Olha só! Sendo disputada por dois homens adultos e na flor da idade? Nenhum senhor quer entrar na disputa? Dou-lhe uma... Dou-lhe duas...

— R$15000,00. – Nick contra atacou. Cho.ca.da.

— R$30000,00 – o jovem olhou para Nick com um sorriso convencido, mas ganhou outro ainda mais arrogante da estrela de cinema.

— R$100000,00 – Nick falou sem tirar os olhos de mim. Minhas pernas criaram um calor imediato fazendo-me mover lentamente para tirar aquela sensação quente. Não era o momento de hiperventilar. Se alguém colocasse um termômetro em mim, descobriria um corpo febril.

— Esse foi o maior lance da noite. Alguém vai dar mais? Dou-lhe uma. Dou-lhe duas... – o jovem que antes estava interessado baixou a guarda e negou com a cabeça. Fora derrotado. – Dou-lhe três. Arrematado por Nick Cooper!

Saí de cima do palco um pouco trêmula e com a impressão de desequilíbrio. Naquele momento meu sapato parecia ter 50 cm de salto por tamanha dificuldade em meu caminhar. Com um pequeno grunhido imperceptível pude me estabilizar para minha sorte. O desconhecido, o inesperado, o repentino surpreendente, tudo isso junto e misturado fazia um furacão de sensações dentro de mim. Todos na festa me olhavam como se eu fosse uma extraterrestre saindo de uma nave espacial em plena Avenida Brasil enquanto eu me aproximava da mesa sem pensar em nada apropriado para falar. Não tinha palavras. Nick acabara de pagar cem mil reais por um baile comigo.

— Olha quem chegou. A dançarina mais cara que eu já vi. – David brincou puxando a cadeira para mim.

— Obrigada. – agradeci. Meus olhos focaram na taça de champanhe sobre a mesa.

— Nick sempre fazendo caridade. – Jennifer foi venenosa. – Os velhinhos do asilo agradecem o valor.

— Há médicos aqui? – Nick me perguntou ignorando o comentário da sua colega.

— Sim. Você não está bem? – perguntei profissionalmente procurando pelo rádio.

— Ah, que bom! Então poderei dançar com você e depois correr para o hospital para tratar os meus pés. Não posso ter qualquer tipo de acidente já que meu contrato foi renovado para fazer o segundo filme. – não podia acreditar que ele simplesmente fizera uma piada como se cem mil reais não fossem nada para ele.

— Eu lavo as minhas mãos. Eu avisei. – sorri timidamente. Se ele soubesse de verdade como estava nervosa, riria ainda mais de mim. Minhas mãos estavam suadas e eu constantemente as movia por baixo da mesa. Meu celular vibrou na bolsa que havia colocado sobre o meu colo.

— Estou indo embora, amore. Depois me conta se o bonitão dança bem. Aproveite e aperte esse bumbum por mim. Beijos – era Larissa se despedindo do jeito dela. Sempre saía às escondidas com alguém. Depois ela me contaria todos os detalhes de seu encontro clandestino.

— Aii vocês estão me cansando com essas ironias chatas. Já volto. – Jennifer saiu jogando a sua bolsa sobre a mesa. Todos notaram o seu comportamento um pouco agressivo, mas preferiram ignorá-lo. David e o diretor também se retiraram, segundo eles para fumarem um pouco de cigarro na zona permitida deixando-nos sozinhos e, não tendo outra escolha, encarei os olhos azuis do ator.

Minha respiração ficou abruptamente mais forte quando os olhos de Nick ficaram escuros após seu olhar predador descer até os meus lábios. Mantive minha boca fechada sem saber ao certo como agir ou falar. Então mentalmente analisei a distância entre nós e percebi que era segura, mas seu comportamento me deixara enjoada... De um jeito bom. Estava sendo paquerada por um astro.

— Obrigada por doar esse valor. – falei para cortar o clima estranho. Parece que Nick estava com o pensamento anuviado, pois balançou a cabeça levemente. Para acalmar os seus nervos, tomou de uma vez o champanhe e sorriu.

— O prazer é todo meu. – Ah.meu.Deus. Definitivamente, eu estava gostando daquele joguinho.

Um dos guardas interrompeu a conversa fazendo-me saltar da cadeira. Eu não esperava ninguém e sua chegada repentina me assustou.

— Misha, está tudo bem? – ele perguntou em inglês como se eu estivesse em perigo e, de certa forma, eu estava.

— Estou sim, João. Obrigada. – João, meu amigo da faculdade, era o chefe dos seguranças. Ainda tentava entender por que ele trabalhava com isso já que sua família tinha dinheiro e seu pai insistira tanto para ele cuidar da empresa da família. Eu sabia que ele ainda tinha uma queda por mim ainda, mas como nunca dei atenção, pensei que ficaria somente na amizade. Porém, ali estava ele querendo marcar território. Como eu sabia disso? Ele falava comigo em inglês para que Nick entendesse.

— Está tudo certo mesmo? – insistiu.

— Estamos bem, obrigado. – Nick respondeu com uma postura mais rígida.

— Ok. – João me olhou pela última vez e saiu rumo ao outro lado do salão.

— Posso saber o que foi isso? – indaguei. – Ciúmes? – claro que era impossível. Estava mais para macho alpha. Mas precisei provocá-lo um pouco.

— Não. – arqueei as sobrancelhas e ele sorriu de um jeito maroto.

— Só fiquei tenso ao relembrar que paguei cem mil reais para destruírem os meus pés.

— Prometo dar o meu melhor. – fiz-me de sedutora piscando meus olhos várias vezes. Ao pensar no que falei, o meu melhor a ser dado poderia ser outra coisa. Então rapidamente tentei arrumar a bagunça da minha frase. – Quero dizer dançar bem sem pisar nos seus pés eu não sou tão ruim assim para... – falei rápido.

— Eu entendi, Misha. – ele falou meu apelido. Soou tão erótico que aquele calor, que eu havia sentido antes, retornou e não foi somente entre as minhas pernas, mas sim por todo o meu corpo. Como conseguiria dançar com ele nesse estado? O que estava acontecendo comigo? Não tinha controle sobre os meus hormônios?

— Queridos doadores, por favor, podem começar a procurar as suas parceiras de dança, pois o baile se iniciará. – ai não. Harry anunciara o inevitável e eu não estava preparada para toda aquela tensão sexual no ar. Se o propósito de Nick era aquele, eu não daria o gosto a ele de saber como eu estava morrendo por dentro. Antes dele me lançar uma mirada faminta, fiz um breve pedido mental.

Que o a nossa senhora das calcinhas me auxilie nesse momento e me dê forças para não me derreter nos braços desse americano arrogantemente sexy no meio do baile beneficente. Amém.

 


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