Amores Perdidos escrita por JM


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas!

Não vou dizer muito aqui, acho que é melhor vocês lerem primeiro, e depois a gente conversa, haha
Tudo que tenho a dizer é que torço para que vocês gostem!

Booa leitura a todos!



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   “ Dizem que o amor, quando verdadeiro, supera qualquer barreira, vence qualquer obstáculo. Há quem diga que amores assim são especiais. Você não encontra em qualquer esquina, e quando ele aparece, quando surge diante de seus olhos, é como se tudo se transformasse ao seu redor, e seu olhar se prende ao daquela pessoa, como se nada mais existisse, nada mais importasse, a não ser aquele olhar.”

  

      Regina

      — Feche os olhos. – a voz de Robin chegou aos meus ouvidos, e com uma risada presa em meus lábios, fiz o que ele me pedia.

      Ele era sempre assim, cheio de surpresas e truques. Mesmo depois de tanto tempo, de tantas vidas e personalidades pelas quais nós dois já havíamos passado, isso nunca mudara. Ele sempre conseguia me surpreender, atiçar minha curiosidade, que aliás, era um traço de minha personalidade que nunca havia mudado, seguira sempre comigo, mesmo depois de todos aqueles anos, mesmo depois de todos os nossos recomeços.

    - O que você está aprontando desta vez hein?! – ouvi minha própria voz enquanto meus olhos permaneciam fechados.

   - Você poderia ser um pouquinho menos curiosa as vezes sabia? Só pra variar um pouco. – foi a resposta que ouvi. Ele queria fingir braveza, mas pude notar um traço de riso e humor em sua voz. Não importava o quanto ele tentasse, Robin nunca conseguia se zangar comigo por muito tempo, nunca conseguira na verdade, em nenhuma das inúmeras realidades que havíamos vivido.

   - Quer casar comigo? – ele perguntou, mas meu cérebro pareceu precisar de alguns segundos para entender o significado daquelas palavras.

   Casar? Nós nunca havíamos casado. Em nenhuma das nossa muitas existências. Não faltaram pedidos, é claro que não. Robin já havia me pedido em casamento mais vezes do que eu podia contar, e eu também já tinha feito alguns pedidos. O que nos faltava não era a vontade, mas sim o tempo.

   Por um momento, todas os nossos pedidos que não chegaram a concretizar voltaram a minha mente, e eu me perguntei se aquela era realmente uma boa ideia. Será que valia a pena criar ilusões, quando ambos sabíamos que muito provavelmente nosso casamento não chegaria a acontecer?

  Quando abri os olhos e encarei os profundos oceanos azuis que eram os olhos dele, no entanto, todas as duvidas desapareceram, sumiram como se tivessem sido carregadas pelas águas do mar. É claro

 Que valia a pena. É claro que minha resposta sempre seria a mesma. Eu sempre aceitaria aquele pedido, mesmo que de uma forma ou de outra, ele se tornasse minha ruína.

   - É claro que sim meu amor! Você sabe que a resposta vai ser sempre sim, porque ainda pergunta? – brinquei, segurando nas mãos de Robin, fazendo com que ele se levantasse do chão, onde estivera ajoelhado até poucos instantes atrás, segurando uma caixinha de veludo negro em uma das mãos.

   - Porque um dia a sua resposta pode mudar, mesmo que eu odeie admitir isso. – ele falou, colocando um bonito e delicado anel em meu dedo e levando minha mão aos lábios, em um gesto cavaleiresco e carinhoso.

   - isso nunca vai acontecer. – respondi simplesmente, sentindo o quanto aquelas palavras eram verdadeiras pra mim. Não importava quanto tempo passasse, meu amor por ele parecia crescer cada vez mais, e eu duvidava de que algum dia isso pudesse mudar.

   Passei meus braços ao redor do pescoço de Robin, puxando-o para perto de mim, e senti suas mãos em minha cintura. Nossos corpos estavam praticamente colados agora, e eu podia sentir as batidas do coração dele, tão aceleradas e descompassadas quanto as do meu.

   As respirações se misturaram uma a outra, e o rosto dele se aproximou ainda mais do meu, fazendo com que a distância entre nós fosse mínima, e eu sentisse como se as borboletas em meu estômago decidissem que aquele era um ótimo momento para alçar voo, todas ao mesmo tempo. Castanho e azul continuaram pregados um no outro, e eu pedi aos céus para que aquele momento pudesse ser eterno.

   - Eu amo você. – a voz de Robin chegou baixa em meus ouvidos, meu coração se aquecendo com suas palavras, como se uma fogueira se acendesse dentro de meu peito.

    - Eu também te amo. Muito. – respondi no mesmo tom baixo, eliminando, após minhas palavras, a pouca distância que ainda restava entre nós, colando meus lábios aos dele e sentindo seu gosto me inebriar, fazendo com que eu me esquecesse de tudo, com que me concentra-se apenas naquele momento, apenas nos lábios de Robin contra os meus.

    O beijo pareceu durar apenas um momento, pequeno e insuficiente. Em um instante estávamos ali, perdidos nos braços um do outro, e no seguinte, senti que alguém me puxava para trás, arrastando-me para longe de Robin.

   O beijo foi quebrado, e a primeira coisa que vi quando reabri meus olhos foi a confusão e o medo estampados no rosto de Robin. Ele estava com medo de alguma coisa, e quando tentei olhar para trás, para ver a quem pertencia a mão que segurava meu braço com força, deparei-me com os olhos desvairados de Marian, que pareciam brilhar de ódio e fúria. Em sua outra mão pendia um facão, daqueles que se usam para cortar carne.

   - Mas o que....? – comecei a perguntar, tentando entender exatamente o que estava acontecendo ali, mas sem conseguir encontrar uma explicação racional para a cena que se desenrolava a minha frente. O que Marian estava fazendo ali, e ainda por cima carregando um facão? Porque ela interrompera meu momento com Robin? O que ela queria de nós afinal? 

   - Você não achou mesmo que as coisas fossem ficar do jeito que estavam, achou? Não pensou que eu fosse permitir que os pombinhos ficassem juntos e felizes, enquanto eu sofria sozinha com sua rejeição. Achou Robin? – a voz de Marian ecoou por minha cabeça, e eu senti o medo subir por minha garganta, um nó de nervoso e desespero se formando na boca de meu estômago.

   Seria esse o fim de mais uma de nossas vidas? O pedido de casamento que eu aceitara ainda a poucos instantes se tornaria mais um na coleção dos sonhos interrompidos? O medo se inflava por minhas veias, e por mais que eu quisesse, simplesmente não conseguia me forçar a reagir. Estava paralisada, a mercê dos planos macabros daquela aldeã que parecia nutrir uma paixão doentia por Robin.

   Enquanto eu continuava ali, presa pelo aperto da mão de Marian, meus olhos estavam fixos em meus amados oceanos azuis, que rapidamente haviam se transformado em uma tempestade de incertezas e preocupações. Eu lia medo nos olhos dele, o que só servia para alimentar meus próprios temores.

   - O que você quer de mim Marian? Deixe Regina ir embora, ela não tem nada a ver com nossa história. – falou Robin, finalmente desviando seus olhos de mim para fixa-los na figura baixa e morena que estava as minhas costas. Sua voz, embora eu pudesse ver o quanto ele lutava para mante-la firme, vacilava em cada palavra, tremendo em cada silaba, transmitindo o pavor que se instalava em seu coração.  

   Alguns apavorantes segundos se passaram, durante os quais o silêncio pareceu pesar como um grosso manto negro sobre nossos ombros cansados. O tempo, embora não tivesse realmente avançado muito, pareceu se arrastar, e meus olhos correram por toda a extensão do lugar no qual nos encontrávamos, voltando em seguida a se fixar no olhar aflito de Robin, quando percebi que não havia nada que pudesse nos ajudar naquele momento de puro desespero. -O que vamos fazer? – meus olhos perguntavam aos dele, sem contudo conseguir encontrar qualquer resposta além da aflição que os azuis me mostravam.

    - Sinto muito Robin, mas não posso atender ao seu pedido. Tudo é culpa dela. Se ela não existisse mais, todos os nossos problemas acabariam...você seria livre e ficaria comigo. – a cada palavra de Marian, a voz da moça ficava mais alterada, como se a loucura se inflamasse sobre ela, incendiando tudo ao seu redor.

   Robin deu um passo a frente, como se pretendesse se aproximar, mas bastou aquele pequeno movimento para que eu sentisse a lâmina fria contra o meu pescoço. – Nem mais um passo querido, ou juro que corto a garganta dessa piranhazinha que você diz amar. – as palavras de minha captora saíram atropeladas pelos soluços. Eu podia sentir o medo e a raiva dela, o que não ajudava muito no meu próprio estado de espirito.

 

    Robin

    Não.não.não.não.não. Essa era a única palavra que ecoava em minha mente enquanto eu assistia a aquela cena pavorosa. Não conseguia aceitar que algo assim estivesse acontecendo de novo. Simplesmente não podia conceber a ideia de perde-la mais uma vez. Droga. Porque tinha que ser daquele jeito? Porque estávamos condenados a tanto sofrimento, a tanto desespero, em troca de alguns momentos de felicidade?

   Meus olhos estavam presos aos castanhos de Regina, e eu via neles o mesmo medo que sentia em mim. Tinha certeza de que ela estava apavorada, e de que em sua mente pesavam as mesmas perguntas que agora giravam na minha.

  Eu tentava pensar em algo, forçar minha mente a encontrar uma solução, uma forma de tirar minha morena daquela situação, mas por mais que eu tentasse, minha mente parecia bloqueada, perdida em meio ao pânico.

   O lugar no qual nos encontrávamos também não ajudava muito. Aquele era nosso lugar favorito, meu e de Regina, naquela vida. Era um paraíso verde, um desfiladeiro que escondia em baixo de si um rio de águas poderosas. Nós costumávamos ir muito ali, era nosso refúgio, e eu acreditara que aquele fosse o lugar perfeito para um novo pedido de casamento. Mas agora, que a vida dela corria risco nas mãos daquela moça maluca que dizia ter se apaixonado por mim, eu me perguntava se a escolha do local fora uma boa ideia.

  Como se lesse meus pensamentos, Marian começou a andar para trás, bem devagarinho, como se quisesse prolongar meu momento de angustia o máximo que pudesse. Meu coração se apertou, e eu não consegui me impedir de agir. Sabia que tinha poucos segundos. Um movimento errado e a vida de meu amor estaria perdida. Mas eu tinha que tentar. Não podia ficar ali parado, assistindo a Marian acabar com a vida de Regina sem fazer nada para tentar impedi-la.

   Tudo acontece muito rápido. Rápido demais para que eu consiga fazer alguma coisa. Em um segundo, Marian prende Regina contra si, a faca colada a pele da morena. No instante seguinte, quando estou perto o suficiente para que apenas com um estender de mãos eu consiga toca-las, Marian gira o corpo de Regina para o precipício, um sorriso diabólico brincando em seus lábios. – Diga adeus a sua namoradinha infame querido Robin. Você não vai mais quere-la quando tudo que restar dela forem ossos quebrados.

   A voz de Marian ecoou por minha mente, mas eu não me importei com suas palavras. Minha atenção estava focada na figura de Regina, que parecia estar prestes a dizer alguma coisa. De seus olhos, as lágrimas rolavam como pássaros livres, e ela fixara seus olhos, aquelas imponentes e maravilhosas tempestades castanhas,  em mim. Não havia mais medo neles, apenas resignação, confiança e uma pontada de tristeza.

   - Não se preocupe meu amor. Nossa história não termina assim, não pode terminar, você sabe disso. – as palavras dela saíram atropeladas pelos soluços, mas eu sabia perfeitamente o que ela estava querendo dizer.

  Saber que aquele não era nosso ultimo adeus não tornava as coisas mais fáceis pra mim. Pelo contrario, parecia servir apenas para complica-las ainda mais. Doía vê-la sofrer e não poder fazer nada. Doía demais saber que tudo aquilo estava acontecendo por minha culpa, porque aquela mulher maluca achava que poderia ter algum tipo de futuro comigo caso se livra-se de Regina. Meus olhos ardiam, e as lágrimas desceram por meu rosto sem se importar em pedir permissão. Meu coração sangrava, e minha vontade era de estender minha mão e puxar Regina para junto de mim, livra-la das garras de Marian. Mas eu não iria fazer isso não é?! Uma reação assim só iria piorar tudo, e a última coisa que eu queria, a última coisa que eu suportaria ver era Regina ferida por minha culpa.

    - Eu sei que você vai me encontrar de novo. Eu amo você. – essas foram as últimas palavras de Regina para mim, e então, como se Marian acreditasse que o tempo para despedidas tinha acabado, ela soltou a faca. A lâmina caiu na grama verde com um baque surdo, e foi como se o restante da cena que se seguiu passasse por mim de um modo dolorosamente mais lento, como se até mesmo o tempo estivesse se divertindo as custas de nossa dor, de nosso desespero.

   Eu assisti a Marian soltar sua mão do braço que prendia Regina. Vi minha morena virar a cabeça para olhar pra mim, e instintivamente estendi a mão, em uma falha tentativa de segurar a dela, de impedir que ela fosse jogada para o vazio. Por mais que tudo estivesse acontecendo de forma lenta, minha reação não foi rápida o suficiente, e eu ouvi o grito dela, misturada a risada histérica de Marian, antes mesmo de ver seu corpo cair, antes de enxergar o vazio que havia ficado no lugar onde ela estivera até meio segundo atrás.

 

   Regina

   Eu escuto meu próprio grito, mas não consigo contê-lo. Escuto o grito de Robin quase ao mesmo tempo, e o dele parece ser infinitamente pior que o meu. Sinto meu coração se apertar, encolhendo-se dentro de meu peito ao ouvi-lo chamar meu nome de forma tão sentida. Sei que ele está sofrendo, tanto ou até mais do que eu, e saber disso doí muito.

  Eu estou caindo, caindo para o vazio sem fim, mas a queda parece não terminar nunca, e eu continuou onde estou, caindo e caindo, sem nunca chegar ao fim.

  O vento assovia em meus ouvidos, como se ouvir sua melodia fosse um ultimo presente. Meus olhos se fecham, e eu aguardo que a queda termine de uma vez, rogo para que aquele tormento termine e o ciclo se reinicie. Grito por uma nova chance, enquanto em minha mente, a imagem dele é tudo que resta.


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Notas finais do capítulo

E então?
Estou muito curiosa para saber o que acharam, se consegui emocionar, fazer vocês se envolverem com a história, mesmo que esse seja apenas o prologo.

Esperado ansiosamente por reviews!
Beijinhooos!