Momentos da Vida (Wolverine e Ohana) escrita por lslauri


Capítulo 54
As incríveis invenções de Arnold




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texto em itálico são pensamentos

palavras em negrito são enfáticas na entonação

os nomes de quem fala estão antes de cada fala, em negrito apenas para que saibamos quem são

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AS INCRÍVEIS INVENÇÕES DE ARNOLD

Então Hank e Wade passam toda manhã realizando testes para garantir os sentimentos e ações do mercenário em relação à Lliurè; já os outros X-Men vão realizar seus afazeres. Jean estava catalogando os planos de aula deixados pelo Professor Xavier e atualizando os itens necessários, para essa tarefa ela contava com a ajuda de Gian e Kitty. Ambos estavam mais próximos depois do tempo passado com Clarisse, mas ainda assim, longe de serem um casal. Gostavam muito de ensinar e compreendiam a necessidade e grandiosidade de uma escola com temática mutante, mesmo para crianças não mutantes.

Ororo e Warren foram para a estufa cuidar das plantas e do coração, afinal, ambos precisam de regas constantes para florescer.

Jubilee e August foram até a cidade para comprar o que a Mansão precisava de víveres, além de curtirem algum tempo juntos.

Ohana e Logan voltaram com a bebê para casa, ainda baqueados pelos últimos acontecimentos, mas felizes pelo fato de não ser nada comparado ao que ocorreu com James. Como a ruiva deveria suprir a alimentação de Lliurè, Logan se prontificou em preparar o almoço, indo à cozinha após deixar as duas no deck, junto com uma jarra de suco de laranja. De vez em quando lançava uma pergunta sobre algo que estava em dúvida de preparar ou então levava uma amostra do que cozinhava para Ohana experimentar e assim chega a hora do almoço, que Logan leva ao deck onde ambas estavam.

Wolvie: É... pensando friamente, vamos sair fortalecidos de tudo isso, né? Como sempre fazemos, como a família que somos! – enquanto colocava um pedaço de peixe grelhado ao lado de uma tigela de gohan (arroz) e outra de missoshiro.

Ohana: Esse é o espírito, querido! – recebendo o prato – E o cheiro está ótimo, desse jeito eu não voltarei para a cozinha, hein? – colocando a criancinha no berço ao lado.

Assim que terminam de almoçar Wolverine move sutilmente suas narinas, enquanto Ohana levava a louça para a cozinha, ele comenta:

Wolvie: Então Hank terminou os testes, Wade? – recostando-se na cadeira e esperando o mercenário aparecer pela lateral da casa.

Deadpool: Terminou sim. Acho que nem no Departamento H eu fui tão virado do avesso, Wolvie... – subindo cansado para o deck – Mas acho que as respostas foram boas, no geral. O Hank tem acesso a tecnologia alienígena e, com isso, não dá pra competir, né não?

Ohana: Ah, senhor Wade. Aceita almoçar? Foi Logan quem fez a comida hoje. – indo parar atrás da cadeira de Logan.

Massageando a barriga e olhando para Logan ele diz que aceita, pois a manhã havia sido bem cansativa. Pede permissão para sentar-se na cadeira ao lado da mesa e o casal Howlett achou algo diferente, um tanto polido da parte dele, com menos piadas. Ambos tomaram o fato pela fome e, porque não, pelo fato de a experiencia lembrar tudo que ele passou no Departamento H. Ohana tocou no ombro de Wolverine dizendo que ela iria preparar o almoço dele e entrou, deixando-os, mas não trocaram palavra... Voltou com uma bandeja bem servida, inclusive se Logan quisesse repetir, pensando o quanto ambos gastavam para manter seus metabolismos acelerados.

Wade come muito rápido todas as iguarias e Logan o acompanha com uma tigela de gohan. Ohana sente alguma tensão no ar, mas não ousa comentar nada. Servindo um copo de limonada aos dois enquanto toma um ela mesma. O mercenário olha para o bercinho ao lado e Ohana o convida para chegar mais perto da bebê enquanto esta dormia; coisa que ele faz impacientemente, pulando para a cadeira ao lado e com uma atitude pouco usual, avisa que vai retirar a máscara pois estava se sentindo “asfixiado” com ela.

Não é legal ter olhar de pena para os outros e esse era o último sentimento que alguém precisa ter, mas quando a ruiva vê como é a pele do mercenário não consegue deixar de sentir compaixão por ele. Não era de seu feitio ficar encarando, mas ela não consegue parar de olhar e aproveita o fato dele estar hipnotizado pela criancinha para prestar atenção em todos os detalhes, em cada úlcera, cada cratera, em cada processo cicatricial que não finalizava para formar pele nova, sempre se machucando e quase cicatrizando, sem contudo finalizar.

Ohana: Senhor Wade, me desculpe perguntar, mas dói?

Ele então se dá conta de estar totalmente exposto para ela, as suas mãos estavam levando a máscara em direção ao rosto de novo, mas ele para. Conscientemente, se queria que aquilo desse certo, precisaria ser ele mesmo diante do casal. Logan já o conhecia, mas Ohana precisava entender um pouco mais do seu drama.

Deadpool: Senhora Logan, não sei se sabe, mas era pro Wade Wilson estar morto há muito tempo. Eu fui diagnosticado com um câncer extremamente agressivo e, se não fosse a loucura de procurar o Departamento H e eles terem sintetizado o fator de cura do Wolverine, através de uma amostra genética dele e eu não tivesse sido o cobaio perfeito, estaria morto. Fiz isso, me submeti ao programa Arma X pra poder voltar pra Vanessa... Eu acho que era por eu já estar com o câncer que o fator de cura age desse jeito deformante... Ele não consegue debelar as células cancerosas, ao invés disso, adaptou-as à minha fisiologia e, com isso, não consigo mais ter uma pele decente... Por outro lado, e graças ao Thanos, também sou imortal. Bom, mas respondendo a sua pergunta com outra pergunta – e virando-se para Logan, diz: Você sente dor quando ejeta as belezuras?

Wolvie: Todas as vezes... E eu só faço porque a capacidade de aumentar o limiar de dor é proporcional a pior dor que já se sentiu, né? Nada, nunca, vai se comparar com a adição, extração e recolocação do adamantium no meu corpo... – e foi transportado para esses momentos de sua longa vida, ficando um pouco em silencio e criando a brecha que Deadpool precisava para voltar a falar.

Deadpool: É isso aí. Já eu tenho alguns momentos de dor também que superam em muito esse problema de pele, saca? Então, se eu focar nisso, claro que sinto dor; mas se eu deixar pra lá, como faço sempre, quase nunca me lembro do quanto meu rosto é fud*

Ohana: Wade! Dobre a língua! – ao que ele tampa rapidamente a boca com as mãos, fazendo Ohana sorrir – Sei que já passou por muito com o Hank, mas eu queria também tentar algo para te ajudar, sabe? Depois que perdi meus poderes telecinéticos*

Deadpool: Quê?!! Sério? Quando isso aconteceu? O mundo ainda acha que você é uma das melhores telecinéticas de todos os tempos...

E foi assim que Logan e Ohana recontaram, pela primeira vez, em voz alta, os momentos penosos de morte, punição e renascimento. Foi interessante para Ohana ouvir a narrativa de Logan, muitos daqueles momentos não foram vividos por ela, mas pela Entidade que a manipulava; bem como a Logan foi interessante ouvir os sentimentos que a levaram a fazer aquilo.

Wolvie: Enfim... A gente sabe o que é matar, né? E mesmo que uns gostem mais que outros – e dá uma olhada de censura para Wade – É sempre uma barra quando acontece a primeira vez.

Ohana: E a viagem ao Japão serviu para despertar essa outra capacidade. Vai saber se eu já a tinha ou se foi a necessidade de ver Logan e de manter a sanidade mental dele durante o processo que fez acontecer. Fato é que eu pareço poder viajar no espaço durante a vigília e no tempo durante o sono... Mas eu sinto que posso mais… Quando aceitar participar de algo mais, como direi... místico, estou disponível. – e sorri, retirando os pratos e copos e ouvindo, da cozinha, o chorinho de fome de Lliurè.

Logo em seguida, Logan aparece com a bebê e a entrega para Ohana, dizendo que havia um presente na fralda também. Wade ficou no deck, ele não queria se intrometer demais e perder a chance de ver sua Vanessa crescendo. Transformando-se na mulher que ele tanto desejara e que, dentro do contexto atual, onde a imortalidade dele iria na contramão da mortalidade dela, parecia não ser certo. O mercenário aproveita a volta de Wolverine para questionar:

Deadpool: ‘Tô grilado aqui com uma coisa...

Wolvie: Manda, Wade.

Deadpool: Como você consegue lidar com o fato de ver a mulher que ama envelhecendo?...

Wolvie: Cara, ao contrário de você, eu não sou imortal... Apenas envelheço numa velocidade muito menor. Mas o peso dos anos está chegando pra mim também. Mais rápido do que eu gostaria, se me perguntar... Mas, mesmo assim, eu não paro pra pensar nisso. Sei que tu é tão prático quanto eu, né não? Portanto, se conselho fosse bom, eu daria esse: não se preocupe com isso, porque o que vale é cada dia vivido, saca? Tenho aprendido com ela que ficar pensando no futuro só faz com que a gente não viva o presente. E ele é o único momento que a gente consegue viver! Então, desencana...

Deadpool ficou silencioso por algum tempo. Realmente, ele não podia entender o que era a imortalidade, não podia pensar se ela era uma dádiva ou uma maldição... Quando Thanos a deu para ele, foi com o intuito de maldição sim, pra que ele nunca pudesse estar com a Morte... E agora, diante da possibilidade de estar de novo com a Vanessa, de reviver esse amor, ela surge novamente como maldição, pois ele não poderia estar com ela pra sempre; ou não? Se ela conseguisse sempre avisá-lo onde renasceria? Desse modo, ele sempre poderia acompanhá-la crescendo. Sempre poderia ser seu amigo, tutor e, com o tempo, amante... É... Não era de todo mal esse cenário. E para ele não era problema algum se ela reencarnasse como homem, mutante, animal, ou fosse o que fosse, pois pra ele, amor era amor, independente da raça, espécie, gênero ou qualquer-coisa-que-o-valha.

Wolvie: ‘Cê ‘tá bem, cara? Eu e a Ohana te achamos muito quieto...

Deadpool: Eu não quero melar o momento, saca? Sei que preciso fazer por merecer meus encontros com vocês e estar na vida da Lliurè, então, vou tentar pôr em prática algo que um crush pediu: “foco” – e imitou a voz de Wolverine, que resolveu relevar e sorriu, maneando a cabeça. – Bom, eu volto amanhã de tarde. Sei que vão querer conversar com o Hank e eu preciso pensar na proposta de ser cobaio da sua mulher nesse lance místico... Então a gente se cheira, Wolvie. Beijos nas duas. – e saiu correndo pelo meio da mata, sem nem mesmo dar chance a Logan de responder.

Sacando um celular do bolso, Logan liga para Hank e pergunta se ele poderia ir até a casa deles mais tarde para conversar sobre os resultados do Wade, ao que eles combinam um café da tarde no deck. E assim as horas passam, com o casal “corujando” a filhinha o quanto podiam, falando sobre o futuro deles e dela. Sempre com palavras de otimismo e de felicidade. De vez em quando ambos conseguiam cochilar quando a bebê dormia também, mas cerca de uma hora acordavam com seu chorinho. Mesmo sendo o primeiro dia, Logan já havia notado diferenças nos choros. Já havia um choro pra comer, um choro pra trocar e um choro pra aquecer/ninar. E para Ohana foi muito importante contar com ele pra essa distinção.

Wolvie: Ah! Sobre o cheiro dela e o teu, bom, quando tu ‘tava grávida era algo meio mesclado mesmo... Foi a bolsa estourar pra eu sentir o cheiro só dela. Amendoado, adocicado. Agora, eu conseguiria achá-la em qualquer lugar do Universo – abraçando a esposa e fazendo um carinho em seu pescoço, após respirar fundo também – assim como você, ruiva!

Ela o beija ternamente e se aninha de modo a conseguir descansar entre uma mamada e outra. O canadense estava encostado no guarda-roupas, a esposa deitada em seu peito e o berço ao lado dela. Não demora muito pra eles cochilarem e então Ohana liberta-se do corpo para tentar aprofundar um pouco mais na visão que teve do Camboja e Dentes-de-Sabre. Conjurando um símbolo que por intuição a faria ser capaz de rever aquela premonição, Ohana consegue ir e vir na cena, como se estivesse sentada diante de uma televisão com controle remoto. Ela buscava algo que a permitisse determinar o tempo e, depois de muito estudar, consegue perceber um jornal voando com o vento para dentro da Mansão. Ela congela aquele momento e vai até o jornal, pegando-o e vendo de perto a 23 de outubro de 2021. Era isso! Ela tinha conseguido! Voltando na premonição, ela percebe que antes de Logan avançar naquela entrada de pedestres lateral, estava em um  pequeno parquinho, um pouco depois da piscina e antes da casa deles, balançando uma garotinha, com cerca de dois anos, num balanço de pneu. A cada empurrão que o canadense dava, seus longos cabelos ruivos esvoaçavam e uma risada gostosa era ouvida, perdendo-se no ar. Em seguida, Logan vira a cabeça e aguça os sentidos da audição, aproximando-se da criança e falando algo em seu ouvido a faz descer do balanço e correr em direção a casa, enquanto ele faz o caminho inverso, para encontrar com Creed e ouvir aquela ladainha.

Acordando de supetão, respirando pesadamente, Ohana faz Logan se assustar também e ao perguntar se ela estava bem, apenas ouve:

Ohana: Você tem dois anos pra se preparar, amor... – e distanciando-se um pouco dele, para que pudesse vê-lo de frente, senta-se sobre os calcanhares e continua: Consegui ver a data daquela premonição e vai ser em 23 de outubro de 2021! Você precisa me prometer que vai procurar o Arnold amanhã. Vocês vão trabalhar em algo que te proteja, por favor...

Ele acena positivamente e agradece a informação.

Wolvie: Podexá que eu vou sim, ruiva. Mas agora, vou colocar em prática um conselho que acabei de dar pro Wade e vou viver o presente, saca? Ao menos por hoje... Vem cá – E a aproxima mais, abraçando-a e beijando-a.

Ela entende e concorda. Ambos estavam acordados quando Lliurè começa a se agitar, como um relógio suíço, clamando por alimento que foi seguido do primeiro banho. Hank aparece logo em seguida, trazendo vários itens para o café, junto com Jean e Ororo, que passaria a noite com eles. Acertam tudo para o café da tarde, a última refeição do dia que o casal Howlett faz com a família, na acepção mais ampla e real. Todos se acomodam nas cadeiras do deck, degustando enquanto conversam.

Hank: Gostaria de ter mais o que dizer, pelo tempo passado com Wade; mas até mesmo para a tecnologia S’hiar foi difícil conseguir algo além. Tenho certeza de que ele é imortal mesmo; a sua capacidade regenerativa é quase 900 vezes maior que a sua, Logan; as visões que ele teve da Vanessa foram mesmo uma experiência real, eu diria quase mística e ele realmente quer fazer isso funcionar. Não consegui, através das ondas cerebrais e de uma espécie de ressonância magnética, confirmar qualquer instabilidade em seus padrões mentais. Ele parece curado disso, sendo o único responsável por seu próprio comportamento.

Jean: Eu conversei por alguns minutos com ele antes de liberá-lo. Deixei claro meu interesse em manter o desejo do Professor Xavier em tê-lo entre os X-Men. Também o que vocês significam para nós e o quanto defendemos e prezamos por nossa família. Fiz entender que tudo isso pode ser dele também, desde que haja um comprometimento de sua parte. Mas notei uma hesitação em deixar a vida de mercenário para trás. Afinal, antes mesmo de seu problema de saúde, ele era mercenário... Algo difícil de simplesmente abandonar.

Ohana: Isso explica porque ele ficou mais quieto e centrado quando veio nos ver. Alguma parte da conversa calou fundo nele, Jean... Agora é dar tempo ao tempo, não?

Wolvie: Agradeço aos dois, vou ficar de olho. Mas como pai, estou mais seguro agora que é quase certo ele estar curado da cabeça. Esse era meu maior medo, saca?... Uma pessoa instável é capaz de qualquer coisa!

Ororo: Pela Deusa! Esta história é realmente incrível! Por tudo que já vivemos, imaginem a possibilidade de rever aqueles que amamos e já se foram... dá um alento ao coração, não é mesmo?

Hank: Em todo caso, aconselho sempre pela cautela; Wade está sempre envolvido com os mais atrozes trabalhos e não sabemos o que pode vir junto com ele para cá...

Ororo: Sim, falou bem, meu amigo; cautela nunca é demais...

Wolvie: ‘Taí! Amanhã eu encontro com o Arnold para conversar. O que ‘cês acham de eu pedir uma encomenda pra nossa Lliurè? Eu não sei, algum tipo de traje, hein? Que a mantenha protegida de agressões?

E o resto da tarde passa com conversas acerca desta ideia de Logan, alguns achando que poderia ser ruim para o crescimento da criança enquanto outros achavam necessário para que não houvesse arrependimentos. E com Ohana alimentando-a de hora em hora.

Arrumaram os shikibutons e se recolheram, sabendo que a primeira noite sempre é a mais dura de todas, pois mesmo seres treinados como os X-Men não são páreo para um metabolismo que necessita acordar e comer, acordar e ser trocado, acordar para ser aquecido quase que de hora em hora. O fator de cura de Logan o deixava com um pouco de vantagem; ele nunca era de dormir muito para estar descansado. Isso era algo mais do que bem-vindo nas várias tocaias que teve de fazer durante sua vida. Nesse momento, como pai, ele aproveitava para poupar Ohana quando notava que o choro era por uma troca de fralda ou apenas querendo aquecimento. Antecipava-se e fazia o que era preciso, dando alguns minutos a mais de sono para a esposa.

Na manhã seguinte despedem-se, deixando as duas dentro da Mansão. Ouve a ideia de Kitty de guardar um pouco de leite de Ohana para que ela ou Gian pudessem dar para Lliurè entre algumas mamadas. Aproveitando, assim, para que a ruiva psiônica descansasse um pouco mais. A ideia é aprovada e Jubilee fica de ir até a cidade, de patins, para comprar um equipamento que fizesse a ordenha desse leite tão precioso e do qual Ohana não abria mão em amamentar a filha, o quanto pudesse e por quanto tempo desse.

A cada de Arnold era afastada do centro e da Mansão, pode-se dizer que uma antípoda da mesma. Com isso, foi interessante cruzar tantos quilômetros com a moto, sem ninguém sentado atrás, sem sentir o cheiro da presença de Ohana o qual ele já havia se habituado. Contudo, foi também uma viagem muito boa para que ele se sentisse liberto dos compromissos mais prementes. Era ótimo saber que as duas estavam na segurança daquele lar. Pensando em Charles, ele lança uma vibração de agradecimento, onde quer que a forma astral do Professor estivesse e acelera ainda mais a moto, forçando-a ao máximo.

Assim que encosta no portão este se abre, lançando um mecânico: “Bem-vindo, senhor Logan”. Arnold o esperava na porta do sobrado, com um óculo bastante diferente na testa e com uma tralha mecatrônica nas mãos.

Arnold: A que devo o prazer desta visita, senhor Logan? Entre, entre, por favor!

Wolvie: Valeu por me receber assim, em cima da hora, guri! Eu gostei muito do que tu fez na nossa viagem à Lua e queria saber se estaria interessado em algumas encomendas, saca?...

O rapaz sorri e lança: Estou sempre aberto a desafios! O que tem pra mim?

Wolvie: Eu ainda não fiz uma bateria de exames completa com o Hank, mas sinto que ‘tô longe dos meus 100%... ‘Tô pensando que deve ser por causa desse metal dos infernos, saca? Já li ou ouvi alguma coisa sobre a capacidade cancerígena dessa joça e eu vou comprovar sim, depois que conseguir acertar alguns pontos na minha vida... Por isso, e pela insistência da Ohana, eu ‘tô aqui pra falar contigo. O problema é o seguinte – e discorre sobre a premonição da esposa, com data marcada e em como ele não tem condições de enfrentar Creed daqui a dois anos se continuam a degenerar assim – Olha, eu não acho justo ele manter as capacidades físicas e eu estar perdendo as minhas pelo adamantium, então, se fosse possível, queria parar a degeneração no tempo. Porque eu vou voltar a treinar na Mansão e isso vai me trazer a preparação física de que preciso. Assim eu espero!

Arnold: Então, mesmo se eu fosse capaz de criar um meio de ampliar sua força e proteção o senhor não tem interesse? Quer lutar de igual para igual com alguém como o Dentes-de-sabre, é isso? – apoiando os pés sobre a escrivaninha que havia sentado para ouvir a história de Logan.

Wolvie: Isso aí, guri! Eu tenho meus princípios... Sei que posso me dar mal, que posso ‘tá errado, mas eu também sei que se algo me acontecer, elas vão estar em boas mãos.

Arnold: Elas? Não era só a Ohana?

Wolvie: Sou pai de novo, Arn! Pai de uma menina, chamamos de Lliurè – ao que Arnold levanta as sobrancelhas e sorri – E dela eu tenho uma outra encomenda pra te fazer... Esse é um pedido meu mesmo.

E explica que o nascimento foi natural, que ela tem o gene X, mas ambos não quiseram saber e então contou sobre o aparecimento do Deadpool e o nível de envolvimento que o mesmo teria na vida da bebê.

Wolvie: E apesar de tudo mostrar que o Wade ‘tá mesmo falando a verdade e interessado em ser uma pessoa sensata, eu não ‘tô querendo correr riscos, saca? Ele pode controlar muita coisa, mas também continua sendo um mercenário que tem muitos inimigos... Não quero perder minha filha por descuido meu. A Ohana disse que isso poderia ser ruim pro crescimento dela, poderia ser algo que a impedisse de viver. Eu discordo, sei que tua mente brilhante conseguiria pensar em alguma coisa fenomenal, se ela fosse corretamente desafiada. Por isso, trouxe uma foto da lindinha. É sempre melhor quando damos um rosto pros nossos desafios, não?

E abre aquela foto que Ohana havia feito com Lliurè no colo de Logan. Ao que Arnold solta um “mas que fofurinha, Logan!”

Arnold: Soube apertar dois “botões” muito interessantes pra minha curiosidade: O fato de não querer ser mais do que é, apenas pedindo que eu consiga algo que o impeça de continuar envelhecendo/degenerando para que tenha as mesmas chances do seu oponente é algo, como eu gosto de dizer, que somente um verdadeiro samurai poderia pedir, Logan. Você é a pessoa mais honrada que eu conheço e, só por isso, já valeria a pena tentar criar esse dispositivo para você, meu amigo... Segundo: preocupar-se com sua família e, mesmo sabendo das loucuras do Wade, deixá-lo estar presente num momento desses. Preferiu contar em manter o inimigo perto do que despertar sua ira, isso é extremamente sensato e eu creio que uma das minhas mais recentes invenções seria capaz de cumprir com esse quesito.

Wolverine agradece a Arnold por suas palavras, sentindo ainda mais o fato de ser um ronin (samurai sem mestre) quanto mais distante estava da terra do sol nascente. Fez uma nota mental para avisar Amiko e Yukio do nascimento e mandar várias fotos de Lliurè para as duas, convidando-as a conhecê-la pessoalmente. A menção da “recente invenção” o deixou curioso e, com os olhos, ele acompanhou o rapaz que se movia célere para dentro da construção até perdê-lo de vista. Ouviu alguns sons de furadeira e outras ferramentas e, em seguida, viu surgir uma espécie de drone, mas pequenino como a palma da mão, voando muito rápido, sem fazer barulho algum, quase imperceptível sobre o mutante canadense.

Arnold: Senhor Logan, eu te apresento o telep-one, um equipamento de teleporte em forma de drone, com capacidade de AI ainda a ser desenvolvida e, acima de tudo, dotado de uma velocidade comparável à do Mercúrio. Vamos passar por um teste? Dê seu melhor para abatê-lo!

Logan franze o cenho, não entendendo como um equipamento daqueles poderia ajudar Lliurè a manter-se segura enquanto estivesse com Wade... Ele se levanta e o telep-one voa mais para cima, mantendo sempre a mesma distância do canadense. *snikt* E tenta acertá-lo onde o havia visto. Mas ele some mais rápido do que uma mosca ao perceber que será acertada. Voltando a aparecer na mesma altura em seguida. Logan faz várias tentativas, sem sucesso, até que consegue perceber um leve padrão de reaparecimento e, com isso, consegue cortá-lo ao meio. O canadense pensava que Arnold choraria, dizendo que aquele era o único protótipo e que agora teria um trabalhão para fazer outro, mas invés disso, ele apenas aguardou. Demorou menos de trinta segundos para surgir outro no lugar e este postou-se na mesma altura do anterior, mas assim que parou sobre o canadense lançou lhe um jato luminoso que o fez ter a estranha sensação de estar sendo teleportado, como quando o Elfo o levava para algum lugar. Assim que teve noção de onde estava, o telep-one estava sobre ele e ambos estavam do lado de fora da casa, na frente da porta. Arnold vem abri-la e pede para que Logan entre, pois ele tinha algumas coisas para explicar. Sentam-se e o inventor começa:

Arnold: A parte mais interessante é que eu nunca tinha testado o tempo de reposição do programa. O telep-one não é um drone, mas sim – e me desculpe lembrá-lo disto – algo parecido com o programa Shiva, senhor Logan. Ele não pode ser destruído e a AI aprende a cada vez, por isso, eu aconselharia carregar a inteligência alguns dias com o senhor mesmo, até se for na Sala de Perigo, para que o programa tenha uma noção mais detalhada daquilo que precisa proteger, sendo depois vinculado a Lliurè e colocamos Wade como uma ameaça a ser monitorada. Nesse caso, e isso me ocorreu agora, podemos optar por teleportar Lliurè ou Wade, sabe? Tirar a criança de perto dele ou ele de perto da criança, direto pra alguma cela ou local preestabelecido por vocês. Enfim, o que achou?

A lembrança de Shiva fez Logan tremer, poucas coisas foram tão traumáticas mentalmente quanto esse programa criado pelo Arma X para destruir os mutantes que saíam do controle da organização... Depois, ele achou interessante sumir com o Wade, pois esse dado poderia ser mantido em segredo e o mercenário ou qualquer outro que quisesse fazer mal à filha dele, seria pego de surpresa e despachado para alguma masmorra infecta.

Wolvie: Qual o raio de teleporte dessa coisa? Eu achei bem interessante, muito invasivo, mas interessante... Nada que não possa ser testado, não é mesmo? Quando tu pode ir lá em casa? E já tem alguma ideia pro meu problema?

Arnold: Ideias eu não consigo parar de tê-las, senhor Logan! O problema é conseguir colocar em prática! Mas eu estou pensando em ir falar com o Hank se ele me permite um híbrido S’hiar e, nesse caso, já tenho quase tudo arquitetado em minha mente. Se quiser me levar de volta, posso ir agora mesmo!

Essa resposta era tudo que o canadense queria ouvir! Selando o acordo com um aperto de mãos, ele disse que então agora era só dizer quando voltar.

Arnold: Vou pegar os materiais que preciso e já vamos, me dê meia hora, ok?

Wolvie: Claro, guri! Será uma espera feliz!


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