Momentos da Vida (Wolverine e Ohana) escrita por lslauri


Capítulo 48
A capacidade do cérebro mutante!




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texto em itálico são pensamentos

palavras em negrito são enfáticas na entonação

os nomes de quem fala estão antes de cada fala, em negrito apenas para que saibamos quem são

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A CAPACIDADE DO CÉREBRO MUTANTE!

Ohana esperou algumas semanas o contato de Jean. Elas se falavam todos os dias, mas Ohana não cobrava o auxílio dela com o assunto de encontrar Logan no plano astral; se isso incomodava a amiga, então Ohana não forçaria. Da parte de Jean era complicado conversar sobre isso. O casamento dela com Scott estava com mais baixos que altos e, aos poucos, ela o sentia distante, buscando assuntos e prazeres que não incluíam a esposa. Isso a chateava tanto que ela passava a maior parte do tempo ocupada com os afazeres didáticos da Mansão para não passar tanto tempo pensando somente nela e no marido.

Depois de alguns dias sem a presença física de Charles pelos corredores, Jean e Hank decidiram anunciar o estado físico-vegetativo do Professor. Ambos precisaram estipular janelas com horários de visita para que não ficassem romarias o tempo todo ao lado do mestre e, desse modo, também a ruiva e o azulão pudessem descansar, sabendo que a melhor tecnologia existente velava pela saúde física do criador dos X-Men.

Todas as noites, Ohana conseguia desdobrar seu duplo até a cela onde o corpo de Wolverine-dormindo estava; mas ela não conseguia liberar o duplo do maridão que, a seu turno, tentava encontrar com ela, sem conseguir. Numa dessas noites, cansada que estava de fazer a mesma vigília infrutífera ela teve uma ideia: Dr. Strange!! Ele entendia de projeção astral! Quem sabe ele não poderia ajudá-la?! Ou mesmo ajudar Logan a conseguir se libertar?! E, pensando nisso, ela focou com toda sua força na imagem do ilustre defensor da Terra, ela tinha visto tantas vezes na TV que conseguiu até mesmo imaginar sua voz e, fechando os olhos, quis estar onde ele estava!

Assim que abriu os olhos, viu uma antessala muito antiga, toda de madeira, parecendo um pouco a parte antiga da Mansão. Uma escada com veludo vermelho no centro e corrimão de madeira e metal dava acesso a um hall em “T”, ela sabia que deveria subir e ir para a direita, mas não conseguia dar nenhum passo. Estava congelada naquele local. Começou, então, a gritar: “Tem alguém em casa? Procuro o Dr. Strange! Hellooooowww” e viu que algo apareceu do lado direito do “T”, desceu e, se tivesse rosto, a teria encarado! Era a famosa capa do Dr. que, subindo ligeira, acabou arrastando o dono até o hall, apontando para baixo. Quando viu qual o motivo, ele não acreditou! Vestindo a capa e dando um pulo de uma distância humanamente impossível, ele sentenciou:

Dr. Strange: Mas como diabos você conseguiu entrar em minha casa, Ohana Brownsea Logan?! Quem te ajudou? Está possuída? - e fez vários movimentos com as mãos, criando mantras e símbolos em fios de ouro que pareciam dançar no ar.

Ohana: Vo-você me conhece?… Ninguém me ajudou! Eu acho que foi o desespero que me “possuiu”, Dr. Strange… Eu pensei que, talvez, pudesse nos ajudar!

Dr. Strange: Eu conheço todos e cada habitante deste planeta, Ohana… E, realmente, foi o desespero que a fez entrar sorrateira em meu lar! Felizmente, um dos feitiços congelou seus passos, não foi? Você realmente acha que eu só manjo de projeção astral? Isso é um absurdo… Faço muito mais que isso, minha cara… - e se não fosse a demonstração de enfado de sua capa, ele teria começado a nomear cada uma das capacidades de que é portador.

Ohana: Tenha certeza de que sinto muito! Eu sei que, na minha atual situação, é a qualidade que mais me interessa, senhor! Por isso foquei nela, mas já o vi na TV algumas vezes para saber que devemos nossas vidas aos seus conhecimentos, não? - e abaixou a cabeça em sinal de agradecimento.

Ao ouvir essas palavras a indignação do ego ferido deu lugar ao reconhecimento e, ele também, curvou-se:

Dr. Strange: Também devemos a vida aos X-Men, não é mesmo? Estamos quase quites nesse quesito. Siga-me. - e moveu a mão, liberando-a do congelamento.

Subiram a escada e foram até o local onde Ohana sabia que devia seguir antes mesmo de conhecer aquela Mansão; um escritório com pé direito de cerca de 5 metros, cheio de penduricalhos e badulaques, com uma mesa gigante de madeira escura lotada de livros e uma cadeira de encosto bem alto no mesmo tom e com couro vermelho dando para uma janela também alta e larga com uma vista linda da cidade de Nova Iorque.

O Dr. Strange se sentou e apontou para uma cadeirinha na frente da mesa, enquanto buscava entre os livros um específico.

Dr. Strange: Hum… Então eu posso te emprestar um livro em japonês, correto? Graças ao bom Professor X você está versada nesse idioma, além de inglês, é isso?

Ohana: Isso mesmo… - tinha algo que ele não sabia?

Dr. Strange: Uma pena… Meus melhores livros para o tema são em hindi… Deixe-me ver se eu posso ajudar com isso!… Me empresta seu celular. - e estendeu a mão pedindo-o com os dedos.

Ohana: Her… Desculpe, Dr., mas eu não estou na “carne” para trazer meu celular… E-eu poderia ter trazido? Isso é novo pra mim!

Ele levantou uma sobrancelha e a encarou por algum tempo, pensando em como ela, sem nenhum conhecimento básico, havia conseguido chegar até dentro da casa dele, nesse momento a capa o tirou de seu transe e ele confirmou:

Dr. Strange: Eu jamais deixaria qualquer um desses livros sair de verdade daqui! Ia te permitir literatura apenas no astral, mas se você alega não ter um celular “astral” ou algo que o valha, foi porque não plasmou um e, portanto, seria inútil tentar criar um tradutor de hindi em pdf nele… Vejamos nossas outras opções, querida: você viria aqui todas as noites, por algumas semanas, até que tivesse conseguido ler, mas eu não curto muito visitas seriadas; eu te emprestaria o livro, mesmo no astral, para que o devolvesse quando surgisse alguma dúvida; ou, você poderia tentar alguns comandos básicos, sem questionar os porquês e sairia feliz, conseguindo encontrar com o duplo de Logan na prisão. E, pelo amor de Deus! Vocês podem sair de lá enquanto estiverem no astral! Não percam o tempo dentro daquelas paredes deprimentes…

Ohana: Eu gostei dessa última opção! Se eu for capaz de realizar os comandos sem precisar passar pela leitura do livro, serei sua melhor estudante! Eu prometo! - e seus olhos sorriram, deixando transparecer duas safiras.

Dr. Strange: Então vá, marcamos amanhã a noite, mais cedo, na mesma entrada, tudo bem? Eu vou deixar um recado para o Logan ficar tranquilo que a ajuda está a caminho. Pode ser?

Ohana agradeceu, perguntou se poderia ser no sono da tarde, assim ela teria a noite para testar em Logan e, caso não desse certo, poderia ainda uma vez, recorrer aos conhecimentos dele; ele assentiu com a cabeça e, com o cotovelo apoiado numa das mãos, dava “tchau” com a outra enquanto a ruiva sumia no ar; aproveitou para coçar a barbicha e tentar entender o que havia nela que a permitia livre trânsito assim, entre o mundo real e o mundo dos místicos. Ainda mais depois de analisar e checar que ela não tinha mais o poder mutante com o qual havia nascido. Isso era muito interessante! E, lembrando de alguma nota sobre isso nalgum livro ele pôs-se a procurar para tentar entender com o que estava lidando.

A ruiva acordou no quartinho da casa das japonesas. Elas estavam se dando bem, dentro do possível. Amiko precisava de atenção constante, pois quase todo início de dia mostrava-se inapetente, depressiva; conforme ia sendo levada a agradecer pelas chances que a vida deu seu humor ia melhorando e ela terminava o dia no 100%, acordando sempre perto de 5% e melhorando no decorrer. Yukio era só cuidados, elas haviam retomado a rotina de vender roupas numa pequena loja próximo da casa e coube à Ohana limpar a casa e cozinhar. Como não sabia tantos pratos japoneses assim improvisava sempre algo diferente que deixava Amiko muito contente e Yukio muito reclamona. Já era praxe e, assim, as semanas foram passando. Despertou e agradeceu novamente ao Dr. Strange por avisar Logan que essa realidade ia mudar! Demorou um pouco para pegar novamente no sono, mas sonhou com crianças e parques, carinhos e amor; foi uma noite repousante! O dia seguinte transcorreu normalmente. Ela acordava uma hora mais cedo que as duas anfitriãs para preparar bentō e o desjejum com panquecas que Amiko gostava; limpava a casa e ficava com a tarde livre para, normalmente, conhecer um pouco o bairro onde estava e colocar alguns mimos na casa que a abrigava. Mas naquela tarde ela se obrigou a deitar e dormir, em breve tempo sentindo-se liberta do corpo e, novamente, pensando com todo desejo no Dr. Strange e naquela sala onde havia sentado no banquinho em frente a mesa cheia de livros. Ao abrir os olhos ela não estava onde pensou, mas num local todo bege, com marcas pretas de mantras no chão e, na frente dela sim o Dr. Strange.

Dr. Strange: Olá, Ohana… Pesquisei um pouco sobre essa sua facilidade astral e conclui que se deve ao fato de seu antigo poder ser também relativo ao cérebro. Pela plasticidade que o mesmo possui, depois que a mutação com a qual nasceu lhe foi tirada, as conexões neurais criaram novos caminhos e, por que não, novos neurônios com capacidades novas, na tentativa de suprir o que lhes foi subtraído. Sei que em matéria de neurociência estamos engatinhando! E o cérebro mutante, então, tem sido pouquíssimo estudado! O que é uma pena… Mas vamos ao que interessa!

E ambos passam cerca de duas horas treinando limpeza da mente, foco, concentração e destino. Ohana realmente consegue se sair muito bem nesses quesitos; a capacidade do seu cérebro estava levemente alterada e isso deixa o Dr. Strange muito orgulhoso de si, afinal, se ela aprendeu tão bem é porque o professor era muito bom!

Dr. Strange: E agora vamos à parte mais complicada, pois depende de terceiros e, nesse caso, vai depender do quanto você consegue influenciar essas outras pessoas.

E passaram outras três horas treinando comandos e combinações de movimentos que permitissem liberar o duplo astral de terceiros.

Ohana: Qual a possibilidade do sr. estar comigo essa noite lá na prisão? Pois uma coisa é treinar sem nenhum duplo para realmente liberar… Outra coisa é estar diante de um guerreiro quase bicentenário com várias travas mentais e lavagens cerebrais… Eu não sei se consigo, sabe? Vou ter medo de testar algumas das técnicas que treinamos aqui!

Dr. Strange: O medo só serve pra nos limitar, Ohana. Um mago, ou místico, ou aprendiz como você, não pode ter medo se tem certeza daquilo que faz. Eu entendo que por não compreender os mecanismos por trás das técnicas você possa ter algum receio de aplicá-las, mas é exatamente aí que devia morar sua confiança! Sem conhecer os mecanismos você não tem cabedal para improvisar e, portanto, precisa seguir com exatidão o que treinamos e, nesse caso, nenhuma das técnicas aprendidas pode fazer nenhum mal ao Logan. O que pode acontecer é ele se manter preso ao corpo, compreende?

Ohana: Ok… Entenderei isso como “possibilidade zero” de me acompanhar e, mesmo assim, eu não sei como agradecer por tudo que fez por mim, por nós! Saber que não o machucarei é muito relaxante e serve mesmo para colocar em prática o que me ensinou. Muito, muito obrigada!

Despediram-se com o conselho do Dr. que ela não ensinasse ninguém a fazer aqueles exercícios e, se desse certo, não o procurasse mais. Ohana concordou. Achou triste ele não querer manter contato com uma pupila, mas entendeu mais como algum tipo de obrigação do mago auxiliar àquele que pede do que um favor feito.

Ohana ainda despertou a tempo de iniciar a janta, havia deixado alguns itens adiantados e, com isso, não demorou muito para Yukio e Amiko chegarem da loja. Comentaram que as vendas tinham sido boas, especialmente numa das peças que Amiko insistiu para que Yukio comprasse e a mais nova, como estava se sentindo bem, vez ou outra tirava uma onda com a mãe adotiva. A ruiva ria bastante e se enturmava, as duas tinham uma química muito boa e isso a divertia, ela esperava que com esse filho pudesse também ter esse mesmo relacionamento. Seria muito bom se esse vivesse o suficiente para vê-la envelhecer… Uma névoa tomou conta de seu rosto e ela segurou uma lágrima. Amiko notou e pensando ter sido algo que disseram insistiu em saber o motivo e se ela estava bem.

Ohana: Estou me recuperando, Amiko… Eu tive um filho do Logan – e as duas emudeceram, o rosto de Yukio parecia uma louça chinesa, de tão branco! –, só que ele não viveu o suficiente… Ele tinha uma mutação que acelerava seu metabolismo a ponto de ele, com alguns meses, já estar adulto. E, num ataque que sofremos de um mutante – e seu corpo levemente tremeu – ele se sacrificou para que os X-Men não perecessem… Eu ainda estou aprendendo a lidar com isso, aprendendo a pensar nele e não tê-lo ao meu lado, mas não se preocupem! A lição de vida dele valeu pela eternidade! – e não pôde deixar de chorar um pouco nessa última frase.

Amiko: Eu imagino como Rogan ficou… – e Ohana só concordou com a cabeça, voltando a terminar de cozinhar.

Yukio não disse nada, apenas apareceu ao lado de Ohana e, com um olhar compreensivo, pediu a ela que fosse se sentar um pouco:

Yukio: Pode deixar que eu termino de fazer essa janta, Ohana. Eu posso imaginar o quanto Wolverine ficou feliz quando soube do filho, não? Ele sempre quis ter uma criança ao mesmo tempo que temia pela vida se os inimigos soubessem, mas quase não existem mais inimigos vivos dele! E ele conseguiu parar de aumentar essa “fila”! - e soltou uma risada.

Era a primeira vez que um assunto envolvendo Ohana e Logan terminava em risada por parte da ninja, a ruiva imaginava que esse assunto estava era trazendo muitas lembranças boas à ninja, por isso o motivo do envolvimento e da compreensão, mas resolveu não tentar entender e somente aceitar.

À noite Ohana foi se recolher mais cedo, as duas pensaram ser pelo assunto anterior e desejaram boa noite, ficando em silêncio para que a ruiva pudesse se recuperar. Mas o fato era outro, a pressa de Ohana para colocar em prática a técnica em Logan e, caso não conseguisse, voltar a contatar o Dr. Strange. Este havia explicado sobre o melhor jeito de iniciar a projeção. Era acordado mesmo e não tentando ou forçando-se dormir para depois conseguir liberar o duplo, com isso, ela deitou-se confortavelmente, relaxou e limpou a mente, sendo capaz de em poucos minutos estar liberta. Abriu um pequeno portal onde já visualizava a cela da prisão e passou por ele, economizando alguns minutos de viagem. Ao chegar, desenhou os símbolos responsáveis pela proteção daquele ambiente, coisa que jamais havia pensado fazer mas, depois da explicação do mago sobre outras pessoas também serem capazes de realizar essa mesma viagem e, nem sempre, com ideias tão nobres quanto a dela, seria interessante se proteger. Percebeu que Logan não dormia, era cedo ainda! Estava lendo algo sobre viagem astral, com certeza intuído pelo Dr. Strange e, com isso, eles esperavam que fosse mais aberto e manipulável. Ficou ao lado dele, lendo junto o segundo capítulo que explicava exatamente sobre a preparação para a viagem. Ele lia um parágrafo e tentava colocar em prática, relaxando-se e limpando a mente; lia outro e realizava o “mantra” de desprendimento e conexão, que no caso dele era a palavra “Ohana” e, já no quinto parágrafo ele quase não conseguia ficar com os olhos abertos, encostando o livro ao lado do corpo e cruzando as mãos na altura do umbigo. A ruiva não quis intervir logo de cara, ela queria ver se por ele mesmo seria capaz de se libertar mas, depois de alguns minutos sem a presença dele ela resolveu agir, fazendo o primeiro e mais leve movimento-chave que o Dr. ensinou. Ele era uma espécie de chamamento, funcionante nos casos onde os laços estavam já frouxos e faltava apenas um “empurrãozinho”, assim que terminou ela percebeu a mão astral de Logan buscando alguma outra fora do corpo e, ao fazer o toque, este serviu como ponte final de liberação; a última parte que deixou o corpo foi a região da cabeça e ele desabou sentado sobre o próprio corpo depois de alguns segundos. Olhou em volta e parecia não enxergar muito bem, ao que Ohana disse algumas palavras em sânscrito que agiram como um colírio:

Wolvie: Ohana! Finalmente! Faz mais de um mês que a gente não se vê… ‘Tava começando a achar que tu havia desistido de mim… - e deu um abraço seguido de beijo na esposa.

Ohana: Deixa de ser bobo, carcaju! Eu já disse que não se livra tão fácil de mim, homem! - e deu outro beijo nele estendendo a mão e convidando a saírem.

O rosto de indagação de Logan era evidente e a ruiva só disse saber o que estava fazendo! Ele não questionou e aceitou o aperto de mão, ao que ela desenhou outro portal para a casa de Yukio e ambos passaram.

Wolvie: Eu morri? Digo, meu corpo na prisão tá morto? Como e quando tu aprendeu a fazer esses portais, gata?

Ohana: Seus sinais vitais estão todos lá, como se dormisse, Logan. A distância não é nada para o corpo astral. Se alguém mexer no teu corpo, você some rapidinho daqui e desperta lá, fica tranquilo, tá bem? - e ela explica a mal-estar da Jean, as idas até a prisão e a lembrança do Dr. Strange, bem como o treinamento dado por ele. Finalizou dizendo não entender o motivo, mas estava com uma dívida eterna com aquele homem.

Logan pergunta se pode ver Amiko e Ohana o leva até o quarto dela, ficam um tempo ali, até que o canadense se lembra de que vai ser pai de novo. Ele passa a mão no rosto material da filha adotiva e volta para o quarto de Ohana, abraçado ao ombro dela ambos caminham. Quando lá chegam ele a beija docemente, repetidamente, e no meio de um dos beijos coloca a mão na barriga dela; isso a faz sorrir e aceitar muitos outros beijos por todo o rosto até ter coragem de dizer o quanto era ruim não querer falar para ninguém sobre isso.

Wolvie: E por que não divide com as duas?

Ohana: Meu sexto sentido me diz que isso chatearia Yukio e eu não quero chatear a anfitriã…

Wolvie: Ela ainda sente algo por mim, né? Eu lembro quando quis a todo custo engravidar, mas ela é estéril… A Amiko veio como uma dádiva pra ela naquela época. E acho que até hoje as duas são o arrimo uma da outra, né?

Ohana: O olhar dela ainda brilha quando fala de você, amor… Pior é que eu entendo o quanto deva ser difícil pra ela…

Wolvie: Ah! Tu é muito mais segura de si… Se fosse você no lugar dela tinha refeito a vida, seguido em frente, fosse sozinha ou com outra pessoa. Eu não te vejo magoada por algo tão do passado assim, saca?

Ohana: Pode ser… Não digo que sim, nem não. Tá a fim de fazer o quê com essas horas livres?

Wolvie: Topas ir pra Mansão? Agora é dia por lá, vamos ver como estão todos e, também, confrontar a Jean sobre a ausência dela!

Ohana arregala os olhos, não queria um confronto com a amiga… E o fato de aparecerem por lá, com certeza seria sentido por Jean. Será que valia pena?

Wolvie: Eu acho que somos todos adultos e conversar pode ajudar, não pode? Não ‘tô entendendo os motivos dela, sempre achei que fosse minha e tua amiga… Que diabos pode ter acontecido?

Ohana havia sentido algo entre os dois, especialmente nos anos antes do casamento dela com Logan, também não entendia o que havia mudado, mas percebeu que o canadense falava e procurava menos a telepata do que antes, após ouvir essa frase tão espontânea ela realmente começa a se questionar se não tinha visto “pelo em ovo”? Por isso, até cogitou a ida até a Mansão em algum outro dia; explicando ao marido que era possível sim, irem até lá mas que naquela noite ela tinha pensado em algo mais íntimo…

Ohana: Afinal, eu estou querendo testar uma conversa que tive, Sr. Logan… - e, pela olhada por todo o corpo que ela deu e o sorriso sacana, ele intuiu:

Wolvie: ‘Cê tá brincando que dá pra fazer sexo no plano astral?!

Ohana: Pelo que eu conversei com o Dr. Strange, dá pra fazer tudo por aqui, inclusive sentindo de modo bem diferente da matéria.

Wolvie: Tu conversou sobre isso com outro homem? Eu não sei se quero saber… Minhas garras funcionam nesse plano também? - e riu.

Ohana: Ahh… Bobo! Não gasta sua energia onde não deve, vai… Senta aí e relaxa que pelas semanas sem nos vermos, eu começo essa primeira rodada, amor!

E iniciou com várias massagens de cunho erótico que levaram o companheiro a outra definição do que poderia ser prazer. E o corpo material de Logan respondia a todas as manobras de Ohana, felizmente, ele estava numa solitária! E, felizmente, durante a noite os guardas não costumavam nem mesmo rondar aquele setor, senão o teriam acordado só para que ele não curtisse tanto assim a prisão! Recalcados!

Quase na aurora, as duas formas astrais deitadas e abraçadas ainda no quarto de Ohana:

Wolvie: Sabe que eu curti tua ideia de não querer ir pra Mansão? - passando a mão no cabelo ruivo dela e, de vez em quando, prendendo-o entre os dedos e puxando a cabeça dela para trás beijando-a.

Ohana: Precisaremos ir com calma conversar com a Jean. Freyja disse que esse mal-estar é inconsciente… Ela, teoricamente, não tem culpa, amor! Sem contar que agora já demos nosso jeito e não precisar dela ou do Professor para isso é muito melhor, convenhamos, hein? - retribuindo os beijos.

Wolvie: Hum… Tu ‘tá certa em vários pontos, como sempre. - e fez cara de bobo – Mas o fato é que eu preciso conhecer aqueles que eu considero aliados e amigos, saca? Claro que não quero brigar com ela… Pois ia acabar perdendo. Sou só bom em me defender de ataques mentais e, mesmo assim, por pouco tempo! Isso graças ao Professor. Na moral, quero ir lá mais pra saber como ele está, pois pelo que conversamos ele não parece bem, né?

Ohana: Depende do que você considera “bem”… Se for pensar no corpo decrépito dele, ele está ótimo no plano astral! Rejuvenescido e feliz! Mas se for pensar nos filhos dele, nós não queremos que ele se vá…

Wolvie: Desculpa, mas depois do James eu sei que a gente encontra com ele no futuro, né? Então, por que prorrogar sofrimentos?… Eu toparia o que ele tivesse a fim de fazer. A vida é dele, ele tem direito de decidir sobre o corpo! O que tu acha disso?

Ohana: Eu compartilho do teu pensamento e, sinceramente, achava que você seria mais refratário à ideia de ele partir. Por tudo o que fizeram um pelo outro, pela história compartilhada, achava que você ia optar por “enquanto há vida, vamos lutar”… Estou até confusa, sabe?

Wolvie: Essa vida precisa ser com qualidade, eu acredito nisso no caso de pessoas jovens, como a Amiko. Mas no caso dele, só vai acontecer de piorar, não? Ele ainda está autônomo pra muitas coisas, mas até quando? E, sabendo que a essência continua, eu tô de boa…

Ohana: E eu ‘tô contigo! - imitando o jeito despojado do canadense falar. - Mas, agora, precisamos nos despedir… Sua primeira revista do dia é às 6 horas, né? Você tem que voltar, faltam cinco minutos, querido…

Despediram-se, ela abriu novamente o portal e o acompanhou, mostrando como retornar sem dar um supetão no corpo; Ohana disse que o veria à noite. Apesar de terem feito tantas atividades noturnas, seus corpos estavam super relaxados e ambos lembravam de tudo com clareza de detalhes. Segundo o Dr. Strange essa era a diferença entre relaxar com vistas a visitar o plano astral e dormir para só então liberar o duplo etéreo, se fosse a segunda opção eles teriam ideias vagas do que passaram, como se fosse um mero sonho. Mas como se prepararam para aquilo, ambos podiam descrever cada conversa e cada carinho. Só as sensações que eram difíceis de descrever em palavras, pois não havia na matéria algo tão quintessenciado assim.


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