Momentos da Vida (Wolverine e Ohana) escrita por lslauri


Capítulo 34
A proposta da Lei




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texto em itálico são pensamentos

palavras em negrito são enfáticas na entonação

os nomes de quem fala estão antes de cada fala, em negrito apenas para que saibamos quem são

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A proposta dA “Lei”

O canadense não conseguiu permanecer indiferente, mesmo com vários problemas assolando sua mente. Um sorriso desinibido ousou brincar em seus lábios e ele fechou os olhos, respirando fundo. Sempre fazia isso quando desejava apagar as coisas ruins de sua vida, ainda mais depois que conheceu Ohana, o cheiro dela tinha a propriedade de penetrar fundo nas narinas dele, inflando seu ser de doces recordações. Recordações verdadeiras e palpáveis, onde ele era um personagem ativo; não como acontecem com os implantes, onde ele parece se ver, como num conto em terceira pessoa, sem a certeza de estar tomando aquelas decisões. Ou mesmo sem a certeza de ter sido o criador delas... Voltando a olhar para a ruiva, ele não diz nada, apenas caminha mais para perto e, segurando nas costas dela, o canadense a pega no colo, sendo agradecido por um sorriso dela. Não que andar daquele modo fosse ruim, mas era o lugar que não estava sendo agradável. Os gritos de Matsuo ainda podiam ser ouvidos, mesmo que um tanto abafados pelas grossas paredes e pelos dois cômodos que tinham passado. Assim que saem pela porta da frente não acreditam na quantidade de policiais que os esperava. Eram várias viaturas, com outros tantos a pé e todos com as miras prontas. Logan conseguiu ver alguns rostos conhecidos, e era justamente esses que tinham a mira um pouco tremida. Colocando Ohana calmamente no chão, eles não têm tempo de falar nada, o encarregado da operação grita pelo alto-falante:

Encarregado: /Sr. e Srª. Rogan, vocês estão presos, acusados de invasão de domicílio, depredação e assassinato, sugiro que nos acompanhem sem reagirem, temos ordem de atirar para matar!/  – a voz era certeira, firme, como alguém que não blefa ou, se o faz, está muito acostumado a isso.

O som chega como uma navalha nos ouvidos de Logan, não é sempre que ele é pego de surpresa assim, mas ao que parece, aquele alto-falante era um dos mais potentes que já tinha tido o desprazer de ouvir. Assim que seu ouvido se acostumou, a expressão de desagrado sai de sua face e ele olha para Ohana, desejando que ela ainda fosse mutante, pela primeira vez, para que pudessem dar uma lição naqueles policiais! Mas ele não diz nada, ao invés disso, coloca as mãos para cima, sendo acompanhado pela esposa:

Ohana: "Assassinato"?! Eu fui sequestrada e eles nos acusam de assassinato?! – sua expressão era de preocupação mesclada com medo – ela sussurra para que somente o marido consiga ouvir.

Wolvie: Não precisa ficar com medo, ruiva! Eles estão acusando a gente, mas por saber que tu é minha esposa. Assim que souberem da verdadeira história... – não conseguiu terminar porque Ohana o cortou:

Ohana: Vão achar que VOCÊ é o assassino! Logan, isso é loucura! Você não fez mais do que se defender!

Wolvie: Gata, eu não matei ninguém lá em cima... Ao menos, não hoje. O que eles podem fazer é querer me cobrar num pacote, desde a primeira vez que pisei no Japão, aí sim, eu tô encrencado... – chegando perto de uma das viaturas.

Policial1: Não se mexam! Vocês têm o direito de, como cidadãos americanos, serem colocados em celas especiais, têm direito a um telefonema e tudo o que disserem será usado contra vocês no tribunal. Contudo, a partir de agora, são prisioneiros do governo japonês e vão sofrer as leis desse país, exceto por algum pedido de extradição. Entenderam? – algemando Logan.

Os dois concordam e são algemados e colocados em carros separados, antes de perderem o contato visual, Logan tentou passar calma no olhar e a certeza de que tudo sairia bem. Ohana fingiu entender, passando a mesma certeza, mas por dentro estava uma pilha de nervos!
O caminho até a delegacia não foi longo, com as sirenes ligadas, o tráfego de Tóquio não era problema. Todos os carros desviavam, com os conhecidos rostos de curiosidade sendo desviados para as viaturas.
Ohana estava cansada, sentia o corpo pesado, talvez por consequência das sucessivas dopagens, talvez pela viagem de quase 24 horas. A verdade é que tudo a fazia perder a esperança, tudo a deixava mal e, somado a isso, um pequeno enjoo a fazia sentir a pior das criaturas! A ruiva não teve o mesmo tratamento que Logan. Como ele havia predito, ela foi presa por ser a esposa dele, mas não por estar sendo acusada de nenhum dos crimes. Na verdade, o chefe de polícia queria saber o que ela fazia na mansão de Matsuo, nos mínimos detalhes! Afinal, talvez essa fosse a chance de prender um grande chefe do crime organizado e conseguir uma promoção. Com a possibilidade de ser enviado para alguma pequena província onde pudesse fazer uma pequena fortuna com subornos locais...

Enquanto Ohana ia sozinha na parte de trás do carro, o canadense tinha outro destino. Dois policiais haviam sentado com ele, cada um de um lado. Eram altos para a maioria da população e corpulentos. Pareciam frequentar a academia militar todos os dias. Faziam piadas sobre o tamanho de Logan, sobre seu cabelo, seus olhos, seu rosto. Tudo ou qualquer coisa era motivo para piada, e Logan até que estava aguentando numa boa, pois pareciam ser duas crianças mimadas, até que:

Policial1: /Cada vez que chega um gaijin aqui, temos sempre esse mesmo problema: sujeira nas ruas! E essa aqui é das grossas! Além de gaijin é o prisioneiro mais feio que já vi!/  – rindo alto.

Policial2: /O Japão seria um país muito melhor sem essa escória! Claro, até que a gostosinha da mulher dele podia ficar... Essa não tem nada de feia, pelo contrário!/  – cutucando Logan numa das costelas.

Policial1: /Você não ia ter chance com ela, é muito alto! Acho que ela é chegada em alguém mais parecido comigo, não é, gaijin?/  – batendo o cassetete numa das mãos.

Apesar das insistentes olhadas que o motorista dava para os dois policiais pararem com a brincadeira, nada adiantava... Foi então que Logan se encheu e resolveu dar uma lição nos dois. Ejetando suas garras rápido demais para que eles pudessem fazer alguma coisa, o mutante se livra da algema e dá uma cotovelada no estômago de cada um deles, apertando, com a maior força possível, o meio da perna de cada um deles. Largando os cassetetes, eles choramingavam como crianças:

Wolvie: /Se mais algum de vocês fizer qualquer gracinha sobre a minha esposa, vou cuidar pra que não tenham descendentes, sacaram!?/  – parando de apertar e pegando as armas dos dois, mais rápido do que eles poderiam pensar em impedir e jogando-as para o assento da frente.

O motorista tinha visto tudo e, sorrindo de lado, ficou muito interessado pelo fato dele não ter tentado escapar ou mesmo matar os policiais. Ele apenas os advertiu, pegou um cigarro que um deles tinha no bolso e começou a fumar, cruzando os braços e recostando com agressividade no banco. Era essa a fama que o precedia, de alguém cônscio de seus erros e alguém em quem se podia confiar.
Os dois policiais sentaram o mais longe possível do canadense, encostando-se à porta e olhando para ele como se fosse "Hannibal Lecter" e estivesse querendo comer alguma parte deles.
Assim que o pequeno comboio chega à delegacia, alguns policiais já estavam de prontidão e fizeram um corredor para que os presos só tivessem um local para andar. Ohana fica admirada de ver a rapidez com que os policiais do carro da frente, onde Logan estava, correm e entram na delegacia, sem nem ao menos escoltá-lo. Ela sorri assim que o vê sair e caminhar até ela, mas volta a franzir o cenho quando percebe que ele não está mais com a algema:

Ohana: Mas o que foi que aprontou no carro?! Onde estão suas algemas? – pergunta, não conseguindo esconder a curiosidade na voz.

Sorrindo, o canadense apenas diz:

Wolvie: “Cê sabe que eu não sou chegado em nada que me prenda, né? – dando de ombros e passando o braço sobre o ombro da mulher.

Alguns policiais se entreolharam, mas assim que o motorista do carro em que Logan estava saiu, todos ficaram como estátuas e fizeram sinais de submissão, deixando claro que aquele homem ocupava um alto grau na hierarquia da polícia. Alguns correram, outros ficaram colocando os homens em posição e, assim que ele saiu, todos puderam ver sua insígnia de capitão! Ele havia se passado por um mero motorista para poder avaliar a conduta de Logan e, também, de seus próprios comandados. Pedindo para um deles se aproximar, ele ordenou que este retirasse as armas do banco da frente e as guardasse e que os donos delas, mais para o fim da tarde, comparecessem ao seu gabinete. Acenando rapidamente, o policial correu para o interior da delegacia, depois de pegar as armas.
Eles trabalhavam como uma colmeia, cada um sabia seu papel e toda conversa desnecessária era banida, sendo trocada por olhares e inclinações de cabeça. Uma coisa era certa, eram totalmente competentes e eficientes!

Capitão: /Bem, Sr. Rogan, Srª./ – fazendo um sinal com a cabeça – /queiram, por favor, me acompanhar para dentro. Tenho algumas perguntas a fazer, consegui autorização para conduzir esse caso, a despeito da vontade do chefe de polícia local de fazê-lo. Contudo, acredito que temos muito a tratar e não quero que o lento e corrupto sistema de polícia local emperre alguma informação no caminho.../ – estendendo o braço para que eles fossem à frente.

A altivez do velho capitão era algo digno de nota! Tinha a estatura elevada, mas sem exagero de músculos. Possuía um rosto alongado e com um bigode onde a marca do tempo fez crescer pelos acinzentados. Seu cabelo tinha o corte das escolas militares, muito bem talhado e totalmente escondido pelo quepe. Assim que o tira para entrar na delegacia, pode-se notar que tinha a mesma quantidade de cabelos grisalhos, com muitos brancos cismando em aparecer. Seu modo de andar, seu olhar vivaz, tudo era prova de que se o corpo estava seguindo o ritmo natural, o restante estava atrasando essa marcha, fazendo-o parecer um cadete a um capitão de polícia. Assim que cruzam o pequeno corredor cheio de portas numa das laterais, Logan para em frente a uma delas, esperando que o capitão os precedesse:

Capitão: /Suas habilidades são mesmo incríveis, Sr. Rogan... Além do que esperava, mas, ainda assim, abaixo do que ouvi.../  – abrindo a porta e entrando.

Ohana olha desconfiada para Logan, mas o semblante dele era sereno, como se tudo aquilo não passasse de um passeio no parque, ou da corrida matinal. Apenas coisas que se devia fazer, nada mais...
O interior da sala tinha toda a sobriedade de seu ocupante, mas tudo era muito ocidental: madeiras escuras, miniaturas de barcos, uma escrivaninha que poderia ser uma casa, de tão grande! Não havia muitas peças pessoais, tudo muito organizado e metódico:

Capitão: /Não passo muito tempo aqui, como podem ver, por isso, me perdoem a sujeira e bagunça. Passo mais tempo vigiando o sistema do que dentro de minha sala, mas isso não impediu que seu marido conseguisse perceber meu cheiro e saber que esta era minha sala, Srª Ohana. Ele é incrível!/  – sentando-se numa cadeira gigantesca, estofada e pedindo para que eles se sentassem na frente  – /Oh! Que falta de educação a minha! Permita-me.../  – andando até Ohana e retirando a algema.

Depois de esfregar os pulsos, a ruiva se ateve mais a pessoa que estava frente a eles. Não demorou muito para que o silêncio fosse quebrado:

Wolvie: /Bom, aposto que ‘cê não me trouxe aqui pra elogiar meu faro, né, Hidochi?/  – olhando nos olhos dele.

Capitão: /Ah! Pelo visto o senhor também me conhece, não? Quer dizer que assim como a do senhor, minha fama também, me precede?/ – voltando a sentar-se na pesada cadeira.

Wolvie: /Claro! ‘Cê tem prendido mais chefões de crime que nenhum outro antes de ti! Só queria saber como tu faz isso... Afinal, não são todos que escrevem e assinam uma confissão. Teus modos devem ser bem "diferentes", né não? Eu não acredito em tudo que ouço, mas no seu caso, eu vi na manchete dos jornais.../

Capitão: /Meus métodos não vêm ao caso aqui... Eles até poderão ser mostrados em outro momento. O que vem ao caso é: isto tudo que aconteceu é exatamente o que preciso para colocar o Sr. Tsurayaba atrás das grades. Um incidente internacional, ainda mais envolvendo americanos. Como vocês devem saber, depois das crescentes crises internacionais, voltamos a ser inimigos e devo dizer que estou feliz por sermos os primeiros a aceitar mutantes em nosso exército.../ – pegando um cachimbo na gaveta e acendendo – /Como vocês devem saber, estão sendo acusados de assassinato e/ *  – ele não tem tempo de continuar.

Ohana: /Mas isso é MENTIRA! Não somos assassinos, Sr. Hidochi.../ – batendo as mãos no braço da confortável cadeira.

Capitão: /Ah! Claro! A Srª não é mesmo acusada de assassinato, mas não posso dizer o mesmo de seu marido. A ficha dele na polícia é bem extensa... Mas eu sou uma pessoa razoável, e acho que sua atitude no carro mostrou seu valor e sua mudança de atitude. Minha pergunta é: Ainda estaria disposto a matar para salvar os poucos humanos existentes?/ – levantando uma sobrancelha.

Wolvie: /Eu não sei... Tudo depende de como isso amenizaria minha "ficha criminal"... Não que eu tenha medo dela, ou ligue para ela. Mas como não estou mais sozinho, sei que isso pode ser importante, estou certo?/  – olhando rapidamente para Ohana.

Capitão: /Sabia que entenderia. É um homem de honra, Sr. Rogan... Prezo isso num homem.../  – aperta um botão e uma policial chega  – /Por favor, leve a Srª Rogan para fazer o depoimento, ela tem muito a nos contar sobre seu rapto, sim?/

Acenando positivamente com a cabeça, a policial caminha até Ohana e a espera levantar-se:

Wolvie: Vai ficar tudo legal, Ohana. – dando um beijo na mão dela.

A apreensão da ruiva dissipa um pouco e ela segue a policial, tentando manter-se em pé com aquele calçado.

Wolvie: /Vamos aos negócios, Hidochi. Eu ainda quero ter um jantar romântico com minha esposa.../  – chegando mais perto da escrivaninha e apoiando o cotovelo nela.

Capitão: /Bem... O negócio é o seguinte.../  – e começam a conversar...


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