Preço do Amanhã escrita por Cristabel Fraser, Sany


Capítulo 34
Strong


Notas iniciais do capítulo

Boa noite pessoal, espero que exista alguém que ainda acompanhe essa fic. Peço mais uma vez perdão pelo hiatus. Consegui finalmente arrumar meu notebook, mas ele parece não estar cem por cento, enquanto isso vou escrevendo PA como posso. A intenção nunca foi passar tanto tempo sem postar, mas foi osso esses últimos meses meu povo. Sem mais delongas vamos ao capítulo, espero que gostem e desde já agradeço imensamente os comentários do capítulo anterior, irei responder a todos.



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Me desculpe por um momento

Enquanto estou de olhos arregalados e tão pega envolvida

Eu te desculpo por um momento

Enquanto estou de olhos arregalados e tão pega envolvida

E se um leão, um leão rugir, você não ouviria?

Se uma criança, uma criança chorar, você não a ampararia?

Sim, eu posso parecer muito forte

Sim, eu posso falar demais

Eu nunca estive tão errada

Sim, eu posso parecer muito forte

Sim, eu posso falar demais

Eu nunca estive tão errada...

(Strong – London Grammar)

 

 

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Posso sentir a dor em cada parte do meu corpo, antes mesmo que eu abra os olhos, mas não é essa dor que os mantém fechados. Tenho medo do que vou encontrar. Medo das respostas que vou obter. Não sei por quantas horas ou dias durmo, mas assim que finalmente abro os olhos, vejo minha irmã sentada na beirada da cama. Seus olhos azuis me fitam com a mesma doçura de sempre e não tem como não derramar algumas lágrimas.

— Ei, não chore. Vai ficar tudo bem. Estamos seguras aqui. – Seus dedos afagam levemente algumas mexas do meu cabelo e aos poucos seu toque vai me acalmando.

— O que está acontecendo, Prim? E o meu bebê? – Tento me preparar para o golpe, a dor certa que virá, mas sei que não estou pronta. Ainda assim, espero.

— Estão fazendo o possível, acho que ele tem mais chances aqui do que em qualquer outro lugar.

— Como? – Olho para ela sem entender.

— Não te contaram? – Ela me fita com mais atenção. — Ele está vivo. É um menino. – Um conjunto de emoções invadem meu peito.

— Hope?

— Ela está bem e com saudades. A mamãe quase não saiu daqui.

— E o Peeta? – Sei a resposta, lembro da conversa, também sei que estamos no 13, mesmo sem entender como ainda existe. No entanto, preciso ouvir de novo.

— Sinto muito, Katniss. Ninguém tem notícias dele. Desde que a transmissão dos jogos saiu do ar, ninguém sabe de nada. – Seu olhar é de compaixão.

Parte de mim queria ter ido no lugar dele. Eu teria dado minha vida pela dele, sem sombra de dúvidas. Nada mais adianta porque com toda certeza ele deve estar morto.

— Eu não deveria ter me separado dele na arena... – Sinto minhas mãos tremerem, sei que novamente estou à beira do colapso. — Eu só queria ter visto ele pelo menos uma última vez.

Sinto os braços de Prim ao redor do meu corpo e deixo as lágrimas caírem em meio a dor. Definitivamente não estava preparada para me separar dele.

Mais tarde Prim me atualiza de como chegou aqui. Conta que ela e Gale receberam o crédito pelos sobreviventes do 12.

— Quando o Legendary Quell terminou, a eletricidade no Distrito 12 foi cortada, as televisões foram apagadas e tudo ficou silencioso. Não houve comemoração e nenhum comentário sobre o que havia acontecido na arena. – Presto atenção ao relato da minha irmã que, parece ter amadurecido tão rápido, o que de fato é verdade. — Saí porta a fora para ver o que acontecia e foi aí que em minutos, o céu inundou de aeronaves. Percebi que era hora de correr e pensei na Campina, no mesmo instante, em que Gale surgiu já pedindo para eu pegar a Hope e chamar a mamãe.

— Como conseguiu conduzir a todos até a Campina?

— Gale e eu formamos uma equipe que ajudou as pessoas a passarem pela cerca desligada. Guiamos os sobreviventes até o lago que o papai te mostrou.

— Sinto alívio em saber que não foi em vão, eu ter te ensinado algumas técnicas de sobrevivência.

— O pior foi observar as chamas devastando tudo o que conhecíamos no mundo. Antes do amanhecer, havíamos conseguido reunir o restante das pessoas. Eu e a mamãe montamos um esquema para tratar os feridos com o que achávamos na floresta. Como Gale tinha alguns itens de caça e pesca conseguiu algumas provisões com a ajuda de alguns caras das minas. No fim daquele dia, do nada, um aerodeslizador pousou próximo a nós e se identificaram como habitantes do Distrito 13. Pode imaginar menos de oitocentas pessoas assustadas, receberem cuidados e um novo lar?

— Estou orgulhosa de você. – Seguro as mãos dela entre as minhas.

— Sou grata por recebermos essa nova oportunidade. Estão me treinando para eu ser médica. – Posso ver o entusiasmo através de seus olhos azuis.

— É um dom que você tem.

— Você não tem ideia do quanto o 13 é avançado em tecnologia e medicina. São tão extraordinários, quanto a Capital, Katniss.

— É por isso que minha cesárea não está tão dolorida?

— Sim, é por isso mesmo. Tenho certeza que em menos de duas semanas você estará inteira novamente. Seu bebê está sendo muito bem cuidado. A ala de pediatria neonatal é bem equipada.

Tento me sentir mais tranquila com tudo, mas não posso deixar de pensar nas perdas e no quanto estou adiando para me encontrar com o Haymitch. Acabei sabendo que Doryan ficou para trás. Annie e o filho do Finnick também estão sendo mantidos pela Capital. De um modo bizarro, temos nossas perdas.

 

 

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— Estamos tomando todos os cuidados necessários, para que ele tenha uma recuperação rápida, mas principalmente completa. – Sinto a mão da minha mãe apertar meu ombro enquanto uma das enfermeiras coloca uma máscara em meu rosto. Não sei seu nome, mas sua voz é suave, embora ela fale demais. — Sra. Mellark... – Olho em sua direção e ela sorri levemente, mas vejo uma ligeira pena nesse sorriso. — Sei que é difícil e preciso que me escute. Precisa estar preparada, ele é muito pequeno e todos os fios e tubos podem assustar em um primeiro momento. Entenda que todos eles são necessários nesse momento. Nos próximos meses você ouvirá sobre procedimentos cirúrgicos, termos técnicos; não vai ser fácil, mas tudo isso é para que ele cresça e se desenvolva tão bem como se ainda estivesse dentro de você.

— Pronta? – Minha mãe pergunta e embora eu não esteja, aceno a cabeça. Ela empurra a cadeira de rodas, a qual estou sentada, para dentro da sala. Um local extremamente silencioso. Não há muita coisa dentro, mas vejo mais duas pessoas com máscaras no local. Nos aproximamos e a primeira coisa que vejo são fios e mais fios. Então, lá está ele, tão pequeno, sei que pesa menos de 2 kg. Seus bracinhos têm pouca diferença dos meus dedos e seus olhos estão tampados.

Tento dizer algo e só o que sinto é uma profunda dor. Logo minha visão embaça por causa das lágrimas que insistem em cair.

— Quero ver a Hope – digo me sentindo sem energia alguma.

— Prim não acho uma boa ideia a Hope vir até a ala hospitalar.

— A essa hora ela deve estar no refeitório com a Sra. Mellark e o Esdras.

As duas trocam um rápido olhar como se tivessem cuidado ao pronunciar cada palavra.

— Eu quero ver todos eles. – Tento mover a cadeira de rodas, mas minhas mãos ainda não estão tão firmes como antes.

— Katniss ainda não recebeu alta do hospital. Precisa descansar. Não pode transitar pelo 13 neste estado que se encontra. – Encaro minha mãe e sei que está certa.

— Me leve para o quarto e diz para o Sr. Mellark vir me ver.

Sou levada para o quarto do hospital e um enfermeiro me ajuda a subir na cama. Prim foi buscar o Sr. Mellark para me ver e minha mãe ajeita algumas coisas aqui e ali.

— Antes da Hope ir pra cama, te levo até a entrada do hospital para que possa vê-la – informa minha mãe antes da porta se abrir e Esdras adentrar com um olhar desamparado. – Vou deixá-los a sós.

— Esdras? – O encaro sem entender nada. Achei que veria o pai de Peeta.

— Sinto muito por tudo isso, Katniss. – Logo seus braços estão envolvidos entorno dos meus ombros.

— Onde está seu pai?

— Você deve saber que o Distrito 12 não existe mais, não é? – Balanço a cabeça levemente. — Sedah se recusou a sair de casa, afirmando que nenhum lugar era mais seguro. Porém, meu pai tentou a todo custo arrancar ele a forças, mas não conseguiu e a padaria explodiu com eles dentro. – Os olhos de Esdras se enchem de lágrimas e seguro sua mão direita. — Consegui arrastar minha mãe e a Delly, no entanto, a família dela não teve a mesma sorte.

— Eu é que sinto muito por tudo, Esdras. Também tive minhas perdas. Não posso nem imaginar Peeta... – Minha garganta arde e sem perceber estou chorando sem parar.

— Esdras é melhor deixar ela descansar. Eu assumo daqui. – Ouço a voz da minha mãe e logo ela administra algo em minha veia. — Descanse querida.

 

 

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Quando me recuso a ingerir comida, os médicos dizem que não receberei alta. Então, passo a me esforçar mais e quando finalmente me liberam do hospital, sou convocada pela tal presidenta do 13, Alma Coin, para uma reunião.

— Boa tarde Sra. Mellark, sou o comandante Boggs, chefe de segurança do Distrito 13. Pode me acompanhar. – Um homem robusto e alto me guia por corredores extensos, escadas e por último um elevador que me lembra o das minas de carvão. Tento não me apavorar com a comparação, mas é inevitável não prender a respiração.

Finalmente paramos frente a uma porta e assim que é aberta vários olhares são direcionados a mim.

— Aí está ela, o Tordo. – Se empolga Plutarch, mesmo eu não entendendo absolutamente nada. — Presidenta, tenho o prazer em lhe apresentar, Katniss Everdeen, corrigindo, Mellark. Às vezes me esqueço de que é casada. – Minha vontade é de dar um bom soco na cara dele, mas me contenho demonstrando toda minha frieza.

— É uma honra conhece-la, Katniss. Espero que encontre algum conforto entre nós, mesmo em dada situação. – Não digo nada, apenas aceno com a cabeça. — Venho observando você e tem dado esperança as pessoas. Talvez não tenha ideia do impacto que sua coragem tem, mas em vários distritos estão havendo levantes. Todos buscam um mundo melhor. Longe de um governo tirano – ela fala e apenas a encaro, tentando entender onde quer chegar com tudo isso. — Infelizmente ainda há aqueles que temem em se unir a causa. Precisamos de uma voz para encoraja-los.

— O que quer dizer? – pergunto.

— Estou criando uma série de propagandas, pontoprop. Queremos você frente às câmeras demonstrando que é uma sobrevivente. Mostrando à Capital que o poder que ela pensava exercer para com você e os demais civis, não é tão forte assim.

— Mas como irão transmitir isso a toda Panem? – Eu não tinha prestado a atenção em Gale até este momento, ainda não conversamos. Ele parece mais forte e mais limpo do que quando estávamos no 12.

— Nós temos Beetee. Ele que criou todo o sistema de transmissão da Capital – diz Plutarch, com uma sutil empolgação. — Entende sua importância, Katniss?

— Eu nunca tive uma desenvoltura frente as câmeras – confesso já temendo toda essa conversa.

— Não precisa se preocupar com nada, temos um bom equipamento de gravação e até conseguimos montar uma equipe com Cinna e alguns demais que resgatamos da Capital.

Cinna?

Meu coração dispara.

— Cinna está vivo? – Acho que acabo me empolgando, pois todos dirigem o olhar a mim.

— Sim e com surpresas aguardando você.

Minha cabeça parece rodopiar e, em meio as conversações, me pego fazendo-lhe a pergunta que tem me atordoado por causa de alguns pesadelos.

— Peeta está mesmo morto?

A sala se torna um silêncio sepulcral.

— Não tem como eu saber. Pelo menos agora não. – Plutarch faz um sinal com a mão direita e uma mulher por volta dos trinta anos surge vestindo as mesmas roupas distintas e padrão que todos nós aqui no 13 recebemos, calça cinza, camisa branca e casaco da mesma cor que a calça. — Fulvia, quero que leve Katniss até a equipe de preparação.

— É pra já chefe.

— Posso ver minha filha antes de começarmos?

— Pode sim, mas estaremos no seu encalço.

Saio da sala e caminho seguindo o comandante que me trouxe até aqui. Despeço dele assim que, me indica onde minha família está acomodada. Deslizo para o lado a porta do Compartimento 309 e logo vejo minha filha saltar empolgada.

— Mamãe! – Me ajoelho para receber seus bracinhos roliços entorno do meu pescoço. — Senti tanto sua falta. A vovó disse que você irá ficar conosco aqui, mas cadê o papai? E meu irmão? Temos que ir para a nossa casa, mamãe. Aqui não é a nossa casa. – Hope dispara com as perguntas. Me sinto atordoada com elas. Por isso me sento e a coloco sentada em meu colo. Nem sei por onde começar.

— Vou buscar água, enquanto vocês duas conversam – diz minha mãe passando por mim. — Já volto.

— Querida nós vamos morar aqui por um tempo. – Inicio dizendo o mais óbvio.

— Por que mamãe?

— Porque o distrito onde morávamos...

— Foi destruído, eu sei, escutei a vovó Amália falando brava com o tio Esdras. – Ainda não vi minha sogra, ela nem fez questão de me visitar enquanto estive internada. Não estranho a atitude, visto que, perdeu o marido e o filho que ela tanto parecia amar. Não sei se ficou sentida pela perda do Peeta. — E o papai, onde ele está mamãe?

Eu não sou tão boa com as palavras, quanto Peeta, mas a verdade é que nunca senti tanto medo. Posso parecer muito forte. Sim, eu sei que posso parecer forte, mas nunca estive tão aterrorizada. Abraço minha pequena e apoio meu queixo em sua cabeça. Fecho meus olhos com firmeza tentando não transparecer as emoções que querem aflorar, entretanto é inútil, pois as lágrimas escorrem livremente pelo meu rosto e molha a cabeleira de Hope.

— Eu não sei como dizer isso a você, minha filha...

— Não estou entendendo mamãe?

— Katniss uma tal de Fulvia está te aguardando aqui fora – anuncia minha mãe e por um breve momento agradeço por essa interrupção. Sei que não posso fugir de conversar com Hope, afinal, ela é esperta. Preciso me concentrar e achar um modo de falar com ela sem impactá-la tanto.

— Mais tarde nos vemos, a mamãe precisa ir ver um pessoal agora. – Abraço ela por mais alguns segundos.

— Posso ir também? – pergunta.

— Infelizmente não querida.

— Promete que iremos jantar juntas?

— Sim, prometo. – Ela me abraça mais uma vez antes que eu saia seguindo Fulvia.

Novamente subimos e descemos escadas e logo chegamos ao Compartimento 906. Ela desliza a porta e avisto Effie sem sua peruca colorida ou as típicas roupas exageradas.

— Ah, querida como senti saudades de você. – Ela me abraça, mas sem querer ser deselegante, estou querendo é abraçar meu amigo que está logo atrás dela.

— Você também é uma refugiada, Effie?

— É assim que Plutarch me chama, a refugiada rebelde, mas não estou sozinha. – Ela abre passagem e noto as mãos de Cinna enfaixadas.

— O que aconteceu? – questiono o abraçando.

— Perdi os instrumentos principais para fazer minhas criações, mas ainda bem que seu traje já estava pronto, antes de fazerem isso comigo. – Ele me explica que teve os dedos das mãos decepados depois de ser torturado. Começo a chorar durante seu relato e ele me envolve num abraço aconchegante. — Já estou conseguindo superar. Lembre-se, eu ainda aposto em você, garota em chamas.

Aos poucos volto a me recompor. Descubro que; Octavia, Flavius e Venia também fazem parte da equipe. Sinto alívio em vê-los, mas a aparência deles é de espanto, por mais que não queiram demonstrar. Após os abraços e a troca de algumas palavras, Fulvia chama nossa atenção para um cronograma que precisarei seguir. Ao final, estou entediada e mais exausta. Quase sinto saudades de estar internada.

Antes de ir para o refeitório passo na pediatria neonatal para visitar meu pequeno Benjen. Tive que escolher um nome, mas confesso que queria Peeta aqui comigo. Uma vez me disse que gostava muito deste nome, então, achei justo em nomear nosso pequeno assim.

Me identifico na entrada e logo sou vestida com uma roupa, touca, luvas e uma máscara no rosto para não passar qualquer tipo de bactéria a ele. Benjen já está com doze semanas e pesa 2,5 kg. Noto os cabelos quase transparentes de tão louros.

— Olá pequeno, logo, logo você sairá daí. – Tento conversar com ele, mas estou tão sensível que, mal consigo firmar meu corpo.

Então, a procura de um pouco de consolo, enfio minha mão no bolso lateral da calça e alcanço a pequena esfera. Tenho me agarrado a ela desde que saí da arena. Seguro firme a pérola e a puxo para fora. Levo à boca deslizando-a em meus lábios. Sinto como se fosse o beijo frio, daquele que me a presenteou em meio ao horror da arena. Por um momento esse gesto é reconfortante.


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Notas finais do capítulo

E aí, quais são as expectativas de vcs?
Notaram que não matamos o Cinna? Pois é mais surpresas virão por aí e eventos diferentes ainda estão para rolar, aguardem...
Por favor comentem e deixa eu saber o que estão imaginando o que vai rolar.
Abraços e até breve, eu espero rss...

Ps: NÃO VOU DESISTIR DE PA (PROMETO DE DEDINHO)



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