Preço do Amanhã escrita por Cristabel Fraser, Sany


Capítulo 32
Everybody Wants To Rule The World (Bônus)


Notas iniciais do capítulo

Boa noite povooooo ainda tem alguém aí na esperança de ler mais um capítulo de PA? Pois é, a Sany e eu tivemos um pequeno trabalho em editar este capítulo bônus. Hoje vcs lerão alguns Pov. diferentes e entenderão que é importante... espero de todo o coração que gostem, particularmente a Sany e eu ficamos satisfeitas com este capítulo, nos empolgamos bastante ao editar.

Muito obrigada pelos comentários dos capítulos anteriores, vcs são demais... vamos ao capítulo?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/722213/chapter/32

 

Bem-vindo à sua vida

Não há volta

Mesmo enquanto dormimos

Nós encontraremos você

Comportando-se da melhor maneira

Dê as costas à mãe natureza

 

Todos querem governar o mundo

 

É o meu próprio projeto

É o meu próprio remorso

Me ajude a decidir

Me ajude a aproveitar

O máximo da liberdade e do prazer

Nada dura para sempre

(Everybody Wants To Rule The World - Lorde)

 

Pov. Johanna Mason (Distrito 7)

 

O suor escorre por todo meu rosto e o resto do corpo. Ainda não consegui encontrar água, mesmo seguindo meus instintos. A Capital só pode estar me punindo. Primeiro, iniciou esse inferno em meio a toda aquela água, agora esse deserto insuportável.

— Johanna está vindo uma tempestade de areia. – Escuto o alerta de Beetee às minhas costas e no momento que me viro tudo acontece muito rápido.

— Corram! – avisa Blight.

Wiress quase não tem forças para correr e tenho que ficar gritando com ela.

— Se queremos sobreviver a esta tempestade, temos que achar um abrigo. Vamos ter que correr, Wiress! – esbravejo quando a seguro pelos ombros. Quero ajuda-la, mas está cada vez mais difícil, tenho a sensação que isso vai acabar custando minha vida.

— Ela está com sede, não vê? – Beetee se interpõem.

— Todos nós estamos com sede, Faísca, mas se não corrermos vamos morrer.

Continuamos a correr e Blight acha um abrigo. Na verdade, é uma tumba. Pelo tempo que dura, a tempestade de areia, ficamos enclausurados dentro do local. É quente, seco e empoeirado. Mal consigo respirar, odeio lugares fechados.

— Só falta ter múmias aqui. – Blight comenta olhando ao redor. — Sarcófagos antigos e tudo mais...

— Se tiver, não faz diferença, mesmo a Capital não conseguiu traze-las de volta a vida. Múmias são apenas cadáveres, ossos antigos, muito antigos. – Algo no modo como Beetee fala me arrepia e penso em todos os experimentos loucos que a Capital faz as escondidas.

Vencidos pelo cansaço, acabamos dormindo. Ninguém fica de guarda já que, dificilmente chegariam até aqui com essa tempestade. Acordarmos com o som de um pequeno sino.

Suprimentos.

Saímos do lado de fora e vemos dois paraquedas chegando. Pego ambos e ao abri-los seguro os dois cantis que contém água fresca e alguns pãezinhos do Distrito 3.

— Seus patrocinadores são generosos, Pancada e Faísca.

Nossa refeição não sustenta toda a fome que estamos sentindo, mas ela nos dá um pouco de força. A água é o suficiente para nos dar um leve alívio, mas não chega perto de acabar com a sede.

— Por que está protegendo esses dois? – pergunta Blight.

— Esses dois podem ser uteis em alguma coisa. – Encaro os dois que, estão sentados no canto conversando baixinho. O ferimento no ombro de Beetee volta a sangrar, o curativo que fiz precisa ser refeito, mas não há nada aqui que possa me ajudar com isso, talvez mexer seja pior nessas condições. — Pelo menos inteligência eles têm. – Dou de ombros. Não posso comentar com ele o verdadeiro motivo.

— Fala a verdade, Johanna. Por que eles? Poderíamos ter tentado uma aliança com os Distritos 1 e 2, mas escolheu ir atrás deles. Preciso saber.

— Os Mellark

— O que tem eles?

— Peeta faz tudo o que a mulher quer. E ela quer a Pancada. Confia nela. Se encontrarmos eles com ela, vai confiar na gente.

— E por que, quer tanto uma aliança com eles? Não é a melhor, para uma grande aliança.

— Porque é de dentro, que se destrói o inimigo.

A noite é fria como eu presumia. Uma torrente de chuva começa a cair e aproveitamos os cantis vazios para enchermos com a água da chuva. Procuro na mochila de Wiress um iodo e pingo algumas gotas para purificar a água da chuva.

— Johanna, desertos podem haver pequenos oásis, não é? – Encaro o tributo do meu distrito e penso por um instante.

— Na teoria, pode ter sim um oásis, mas sabe bem como os idealizadores adoram jogar conosco.

Após passarmos uma noite quase congelante, o dia amanhece com o sol escaldante. Continuamos nossa jornada, mas ao que parece, estamos caminhando ao ermo. Começo a escutar o som de tambores e antes que Blight nos alerte, começamos a correr de outra tempestade de areia e essa, é bem mais forte que a outra.

— Ah, droga... Johanna! – Mal consigo olhar para o tributo do meu distrito, mas ele está agonizando de dor e quando consigo enxerga-lo em meio a toda areia o vejo sendo coberto por escaravelhos.

— Droga! Faísca, Pancada, não parem... – Posso escutar seus gritos de agonia e dor.

— Blight, não podemos deixa-lo.

—  Vamos continuar a correr...

— JOHANNA!

— Escuta Pancada, não há salvação para ele. Os escaravelhos já entraram nele, não há nada que possamos fazer, a não ser, tentar não ser pego então, corra agora! – E é, neste momento que escutamos o canhão, avisando sobre a morte de Blight. Continuamos a correr e começo a escutar pássaros e do nada, imergimos em uma densa floresta.

— Mas como isso é possível? – Beetee parece tão pasmo quanto eu.

— Escute, é barulho de ondas. – Sigo por uma trilha e quase tenho que arrastar esses dois. — Olhem, estamos em uma praia! – Solto uma gargalhada e corro em direção ao mar, mas quase caio no trajeto. Minha respiração também não ajuda, por conta da tempestade de areia que acabei aspirando.

— Johanna! – Alguém grita meu nome, mas não é nenhum dos tributos que estão comigo.

Fixo meu olhar e então, o vejo correr em minha direção e acabo por abrir meus braços para recebe-lo.

— Finnick!

Assim que a euforia passa, sinto um certo alívio. Não estou nem de longe segura. Ainda assim, os planos estão saindo da melhor maneira possível. Praticamente todos os envolvidos estão aqui e agora. É só me manter viva até o final disso tudo.

O som de tambores se faz presente e ficamos todos tensos por um momento, mas nada acontece até Finnick, Peeta e Katniss mudarem completamente suas expressões. Como se algo extremamente assustador, estivesse acontecendo neste momento, mesmo sem nada acontecer de fato. Assim que os três começam a entrar na floresta, sinto que algo está errado. Pego meu machado e me preparo para algum ataque, mas nada acontece.

— São Fwooper Azzuri! Vão tentar enlouquecer vocês. Quanto mais perto, pior. – Beetee está segurando Mags e Wiress o mais firme que pode e só então, me atento ao som de pássaros. Uma bela melodia, realmente linda de se ouvir. Ainda assim, a conheço o suficiente para saber o quanto é perigosa para os demais então, sigo o caminho dos três.

Posso ver Finn se contorcendo em posição fetal. Katniss parece estar com dor e Peeta está atordoado demais, como se estivesse dentro de um pesadelo. Observo ao redor e vários pássaros estão cantando. Não tenho certeza qual está fazendo esse estrago. Sei que não podem me afetar, não mais. A Capital já tirou tudo de mim. Analiso calmamente ao redor e, é nesse momento que consigo avistá-lo. Um verdadeiro lobo em forma de cordeiro. Um dos pássaros mais lindo que já vi. Colorido em belos tons de laranja, verde claro e azul.

Escuto o som de um grito. Katniss, talvez, então sem muito pensar lanço meu machado e o acerto em cheio. Ao redor os outros pássaros parecem parar de cantar por um momento e pouco a pouco os três, vão voltando ao normal.

Grito bem alto para o nada, para a Capital. Aqueles maníacos estão se divertindo, mas não podem me ferir psicologicamente como os outros. Não usando seus medos. Já estou fisicamente esgotada para ser sincera, mas não podem entrar na minha cabeça.

Voltamos para a praia e observo enquanto Finnick segue em direção ao mar. Sei o que ele sente, já senti uma vez. Medo por alguém que, não é você. Aquela sensação detestável que jurei jamais sentir. Quando Mags o segue, mudo meu foco para o plano, para sair daqui. Isso precisa acabar e logo.

 

→←→←→←

 

Pov. Mags Flanagan (Distrito 4)

 

 

Beetee me impede de seguir Finnick até a floresta. Tento me soltar, mas mesmo com um único braço bom, ele me mantém firme.

— São Fwooper Azzuri! Vão tentar enlouquecer vocês, quanto mais perto pior. – Ele nos segura ou melhor, me segura já que, Wiress está fraca demais para tentar ir a qualquer lugar.

Assim que ele me solta, quero correr até meu menino. Finn passa por mim, caminhando lentamente até a beira da água, parece nem notar minha presença. Imagino o inferno que passou em sua mente, nos últimos minutos. Ele sempre amou o mar e mesmo este sendo falso, sei que o faz se sentir perto de casa, perto da Annie e do Andrew.

Vou atrás dele e me sento ao seu lado. Embora ele não me olhe, sei que sabe que estou aqui, sempre estarei.

Nos últimos anos, desde que venci os Jogos, tive apenas um fragmento de uma vida. Durante minha juventude fui usada pela Capital. Era uma das atrações do circo de horrores que eram suas festas. E foi lá que, aprendi a escutar em silêncio, apenas fingindo não ouvir e foi em meio a todas essas festas que, me uni a pessoas influentes suficientes para garantir a vitória de alguns tributos do Distrito 4 – entre eles – Finn e Annie. Embora Annie tenha sido mais um golpe de sorte, do que da influência e ajuda dos patrocinadores que a achavam fraca demais.

Ainda assim, esse estilo de vida, me afastou de muitas pessoas. Meus pais, por exemplo, nunca aprovaram isso. Eles nunca entenderam que não era uma escolha, afinal, os jogos nunca acabam, não há vencedores. E quando não tinha mais a beleza da juventude, mantive apenas os contatos influentes, e deixei a imagem da senhora fragilizada ganhar força. Entretanto, esse estilo de vida me custou muito. Uma vida solitária, onde minha única companhia constante, eram os pesadelos. Não me casei, não tive filhos e não tinha ninguém, pelo menos até Finn aparecer. Ele era um menino aos meus olhos, uma criança.

Parte de mim sentiu o pesar de sua “vitória”. Porque eu sabia a vida que ele levaria. O preço que precisaria pagar. Só não contava que, fosse tão alto como agora.

— Eu podia ouvi-los Mags, tão nitidamente.

— Não era real – sussurro baixinho.

— Eles estão mexendo com minha cabeça. – Sabia que no fundo ele aguentaria a dor física. Ele havia suportado muita dor nos últimos anos.

Certa vez tinha me dito que, a sensação era de vender a alma. Ainda assim, se manteve forte, mas a impotência de proteger quem ama, era algo novo para ele. Este olhar vago e perdido era algo que vi pouco, nos últimos anos. Era o mesmo olhar que vi quando anunciaram o Legendary Quell.

— Annie enfim dormiu. - Observo enquanto ele se senta ao meu lado, com o olhar perdido.

— Como ela está?

— Odeio fazer isso, mas precisei dar uma dose considerável de calmante. Não queria que Andrew a visse desse jeito.

— Sei que ela vai ficar bem.

— É como se, eles soubessem de algo Mags.

— Eles não sabem. Está tudo planejado. Snow está com medo, esse é um modo desesperado de se defender e de querer mostrar, quem está no poder. – Assim como ele, estava desesperada com a ideia de voltar para arena, não tinha mais idade ou força para isso, mas não podia demonstrar isso a ele.

— Tenho medo do nome da Annie sair. Ela não vai durar um minuto naquele lugar.

— Ela não vai voltar para nenhuma arena. – Desde o anúncio, horas atrás, eu tive apenas uma certeza. Dois nomes me levariam de volta àquela arena, o meu ou o da Annie. — Eu não vou deixar.

— Mags... não.

— Eu já vivi tudo que podia viver.

— Não posso te pedir isso.

— Você não está pedindo.

Quando a colheita começou, algo dentro de mim sabia que, voltaria para arena. E, assim que o nome da Annie saiu, não pensei duas vezes, antes de me voluntariar. Agora, algo dentro de mim sabia que não iria sair com vida de lá, mas antes de tudo, mesmo antes de pensar no casal desafortunado e na sua importância, eu precisava fazer o possível para que Finn voltasse para casa. Que voltasse para Annie e Andrew. Meu menino tinha que sair daquela arena.

Estava pensando sobre como protegê-lo, quando avisto uma mulher vindo em nossa direção.

 

→←→←→←

 

Pov. Cecelia Makin (Distrito 8)

 

O sol está alto no céu. Meu peito dói, devido a longa corrida, meus pés cansados e cheios de bolhas dificultavam cada passo naquele terreno íngreme e cheio de rochas. No entanto, a única coisa que consigo pensar é que, preciso sair daqui. Preciso voltar para casa e para meus filhos, mas como? Os jogos estão na metade e ainda não havia conseguido um único paraquedas. Estou sozinha, sem nenhum aliado e sei que os Carreiristas estão próximos.

Ouço o som da minha barriga, clamando por comida. Há horas que não como nada. Sei que acender uma fogueira é arriscado demais, a fumaça só chamaria a atenção. Por mais que o ataque de escorpiões, tivesse sido inesperado para todos os Carreiristas, somente Cashmere não conseguiu escapar com vida. Aquelas pequenas e ardilosas criaturas, conseguiram matar não só ela, mas também Zayn do Distrito 9. Ainda assim, eles estavam em maior número, três contra um, não era nem de longe um número justo.

Sento em uma das várias pedras, sem aguentar mais dar um passo. O que eles tinham na cabeça, para fazer uma arena assim? Mas pensando bem, nenhum dos envolvidos naquele inferno, pensam direito. Eles colocam crianças para matar umas às outras. Por que se preocupariam em pensar que, escorpiões Tityus Serrulatus, surgindo aos montes em uma verdadeira infestação ou que, um deslizamento de pedras, seria algo desumano para pessoas que já tinham vivido o inferno, em uma local parecido como esse? Por que eles pensariam no fato de que, tinha filhos em casa, que com minha morte perderiam tudo - a casa, o sustento e a mãe?  A Capital só pensa em nos punir, por algo que nem ao menos participamos. Algo que nossos antepassados fizeram e que ao meu ver, foi mais do que certo. Não havia sido uma luta sem propósito. Ainda assim, oitenta anos depois, aqui estamos, morrendo por nada.

O barulho de uma pedra deslizando, chama minha atenção. Sem pensar muito, me coloco de pé o mais rápido que consigo. Infelizmente, não rápido o suficiente, para impedir que uma faca atingisse meu braço esquerdo. Mesmo assim, considerando o quanto Gloss é bom com facas, o fato de não ter sido atingida nas costas, é um verdadeiro milagre.

Mesmo com o objeto preso na minha pele, continuo a correr o mais rápido possível, sem olhar para trás. E assim que avisto mais um dos vários montes de pedra, entro em uma das fissuras do lugar. É estreito e extremamente apertado, mas se tiver sorte, eles passarão direto por ela.

Posso sentir a dor lancinante em meu braço. Entretanto, tento não fazer barulho, enquanto eles passam próximo de onde estou.

— Onde ela está?

— Não há muito para onde ela ir. Além do mais, você a acertou, tenho certeza. Só não foi certeiro, não é mesmo?

— Brutus, não me faça acertar você com uma faca, antes da hora. O sol estava na minha frente, atrapalhou a visão.

— Parem os dois! Só achem ela. – Enobaria parece irritada. Ainda assim, nenhum dos três me viu. Permaneço onde estou por mais algum tempo, antes de sair.

Caminho alguns minutos, antes de tomar coragem e puxar a faca presa em meu braço. Embora agora eu tenha uma arma, preciso manter a mão pressionando a ferida ou perderei muito sangue. Em fração de segundos, duas coisas acontecem, o som de água chama minha atenção para o lado oposto, de onde estou indo e o som detestável do canhão que, só traz o pior da arena. Olho ao redor em busca de um novo deslizamento ou de mais escorpiões, mas aparentemente nada acontece, pelo menos até ver várias cobras saindo das diversas fissuras e pedras ao meu redor.

Volto a correr com o som daquelas criaturas atrás de mim. O som de ondas cada vez mais perto e por um segundo, penso que estou delirando. Uma praia está logo à minha frente. Areia e mar logo ali, a poucos metros de onde me encontro. Sinto a areia em um dos meus pés, no exato momento em que constato a picada em meu tornozelo, caindo em seguida na areia quente.

Espero vivenciar o ataque mortal das demais cobras, mas quando olho, todas estão paradas olhando para mim. É como se uma linha dividisse areia e pedras. Como se elas não conseguissem ou não pudessem passar. Embora a água não seja potável, me permito entrar para lavar o braço. Preciso de um plano e de um antídoto, o mais rápido possível. Não conheço muito, ou melhor, nada de cobras, mas sei que a Capital não colocaria uma sem veneno naquele lugar. Ainda estou na água, quando avisto duas pessoas sentadas na beira da praia, não muito longe. Não sei se é seguro me aproximar, mas considerando o cenário e o tipo físico, só pode ser Finnick e Mags. Estou chegando perto quando sinto a tontura. Meu corpo começa a formigar e minha visão fica completamente escura.

— Ela está respirando? - A voz parece distante e não consigo abrir meus olhos. Ainda assim, sinto uma mão próxima a minha e, é ela que seguro.

— Ela apertou minha mão.

— Assim como Beetee, ela precisa de remédio para o braço. A ferida é funda demais. Essas folhas não vão ajudar por muito tempo.

— Não acho que, seja o braço que tenha causado esse apagão. – Abro meus olhos e posso ver várias pessoas ao meu redor. Embora minha visão esteja ligeiramente desfocada, os reconheço.

Cobra, meu calcanhar... – Sinto uma mão no local informado e um suspiro próximo. Fecho novamente os olhos, tentando não escutar os sussurros. Quase todos se afastam, somente uma mão segura a minha. Eles não precisam sussurrar, sei que não há nada a fazer. Não há a menor chance de um paraquedas para mim. Nem mesmo os patrocinadores estão interessados em dois grupos e, eu não faço parte de nenhum deles. Neste instante, não sou ninguém.

— Vai ficar tudo bem. – Torno a abrir os olhos e foco no dono da voz. Sei quem é. Peeta Mellark, tem um jeito calmo de falar e embora não tenha certeza, parece sorrir tentando de alguma forma, me acalmar. Sorrio ligeiramente, porque o modo como ele está tentando mentir para mim, é o mesmo que costumo fazer com meus filhos. Principalmente quando eles precisavam se acalmar. Havia usado esse tom para as vacinas, os cortes e os pesadelos nos últimos anos.

— Não vai… não para mim. – Sinto o aperto ligeiramente mais forte na minha mão e agradeço mentalmente por ele não tentar mentir novamente. — Você deve ser um ótimo pai, obrigada por ficar aqui. Agora que não vou voltar para os meus filhos, espero que consiga voltar para a sua filha ou pelo menos, ajudar sua mulher a voltar para ela. – Posso sentir o frio por todo meu corpo, mãos e pernas formigavam. Meu coração está acelerado demais.

— A dor já vai passar, vai passar logo. – Parte de mim, quer pedir para que ele termine logo com minha dor e agonia, porém, acompanhei a trajetória dele. Peeta não é um assassino e eu não quero dar esse peso a ele. Não, ele não merece mais uma assombração em sua vida, mesmo que fosse por misericórdia. — Me lembro dos seus filhos. Eles são lindos e muito educados. Você é uma mãe incrível e fez um excelente trabalho. Eles vão ficar bem Cecelia, tudo vai ficar bem, descanse.

— Obrigada. - Não tenho certeza se ele realmente se lembra dos meus filhos, mas o tom na voz dele, me permite respirar aliviada. Por um instante me permitiu acreditar no que parecia ser impossível. Eles ficarão bem. Tudo ficará bem.

 

→←→←→←

 

Pov. Chaff O’Neil (Distrito 11)

 

O sol não apareceu em nenhum momento. Acabamos de passar por uma nevasca e ainda não encontramos água, comida e nem abrigo. Não sei por quanto tempo mais vamos conseguir caminhar, com toda essa neve atrapalhando. Por sorte, algum patrocinador nos enviou dois cobertores, caso contrário já teríamos morrido. Seeder está cambaleando, não a culpo, estamos andando tempo suficiente para sentirmos fome, sede e cansaço.

— Chaff, não sei por quanto tempo mais vou aguentar – diz ela ofegante.

— Temos que continuar em busca de água e algo para comermos... – Não tenho tempo de dizer mais nada, pois uma pedra de gelo passa zunindo por mim. — Seeder... corra!

Desde que chegamos até a arena, tudo está diferente. Primeiro, chegamos a um local que me pareceu tropical. Em seguida, fomos lançados a um lugar inóspito e cheio de armadilhas. Até encontramos um urso polar ontem que, por sorte conseguimos escapar dele.

Não faço ideia por quanto tempo estamos correndo, mas assim que olho para trás noto que, o que estivesse nos perseguindo, não está mais.

— Podemos parar um pouco e descansar? – pergunta ela.

— Tem uma pequena fissura ali, podemos nos abrigar, até descansarmos um pouco – sugiro já encaminhando ao pequeno local, onde sentamos e permanecemos encolhidos.

— Chaff temos que admitir, não vamos conseguir sair daqui com vida. Nem sabemos onde estamos.

— Até termos fôlego, tentaremos sair daqui Seeder.

— Estou com sono... acho que vou dormir um pouco.

Ela fecha os olhos e penso não ser um bom sinal, mas vejo que ela precisa dessa pausa.

— Tudo bem, mas durma apenas um pouco. Ficarei de vigia e logo voltaremos a caminhar. – Aperto o cobertor sobre mim com dificuldade. Tento aquecer minha mão direita com a quentura da minha boca, mas é inútil. Quando estou quase fechando meus olhos, escuto um sino e vejo um paraquedas descendo até nós. Assim que consigo pegá-lo, vibro satisfeito com o cheiro delicioso de sopa. — Seeder... eles enviaram comida! – Sacudo ela pelos ombros, mas não se mexe. — Seeder, está me ouvindo? Seeder... – Tento acordá-la pelos próximos minutos, no entanto sem sucesso.

Infelizmente Seeder acaba de ter uma hipotermia. É isso o que acontece, quando uma pessoa é exposta a um frio cortante, sem suprimentos. Eu sinto pela família que se encontra no 11.

O tiro de canhão é disparado e pego o cobertor dela pra ajudar a me aquecer. Abro o paraquedas e encontro um ensopado com legumes e frango. Há também alguns pãezinhos do nosso distrito e tento comer sem desespero, mas é quase inútil, já que a fome fala mais alto.

Após comer todo o ensopado e me sentir satisfeito, consigo reunir forças pra levantar e seguir a jornada ao ermo. Assim que me afasto, ouço o barulho do aerodeslizador vindo buscar o corpo da Seeder.

Caminho durante um tempo até que tropeço em algo. Caio rolando ao que me parece uma ladeira e acabo por mergulhar em um lago, cujo a água está congelante. Tento dar uma braçada com meu braço bom, mas até que não é fundo, pois, assim que consigo imergir noto a água bater em meu abdômen. Mais além, vejo o sol se pondo no horizonte e ao longe uma praia. Vou até lá e a princípio fico em alerta, pois há um grupo reunido ali e um aerodeslizador acaba de deixar o local, levando com ele um corpo.

 

→←→←→←

 

Pov. Beetee Latier (Distrito 3)

 

As últimas horas passaram rapidamente, depois daquele deserto escaldante, é um alívio sentir um pouco da brisa falsa da arena. No entanto, não pude relaxar, não mesmo. Sei do que a Capital é capaz, os conheço bem demais, para saber que há algo mais ali e estava certo. Os Fwooper Azzuri foram uma jogada incrível. Tinha visto de perto o quanto aquelas criaturas poderiam matar. Na última edição, onde eles apareceram, um dos tributos fincou um galho na própria cabeça gritando. Um belo passarinho modificado que, trazia os piores medos. Relatos de vozes reais, familiares, amigos, amores, todos gritando seus piores medos pra voc. Em alguns testes com aves maiores e mais raras, relatos de alucinações eram comuns.

Mas estamos em um Legendary Quell e, é de se esperar que não ficaríamos só nisso. Quando Cecelia chegou, de certa forma foi como um choque de realidade para o que estávamos vivendo. Cobras, pela ferida e pela demora, alguma espécie modificada com veneno mais lento, porém letal. Não a conheço, não o suficiente. Cecelia fazia parte do grupo de vitoriosos que não fez nada de “errado”. Ganhou os jogos sem truques, em uma edição pouco lembrada. Pegou o dinheiro, participou de algumas festas após a Turnê da Vitória. Não fazia o tipo que chama atenção dos patrocinadores e da alta classe da Capital, então, simplesmente foi esquecida pela edição seguinte. Provavelmente tinha suas assombrações, pesadelos como a maioria de nós, mas seguiu em frente. Casou, teve filhos e provavelmente achou que seus temores só começariam em alguns anos, quando eles estivessem na idade da Colheita.

— Ela se foi. – Peeta declara soltando a mão dela e vejo certa tristeza em seu olhar. Não tenho ideia de como esse garoto saiu da arena. Na verdade, tinha. Katniss usou sua força pelos dois, mas ele nem de longe tinha a frieza de um ganhador, não conseguia vê-lo matando alguém.

— Temos que nos afastar para que levem o corpo. – O loiro é o último a se afastar, Katniss o acompanha, e assim que o aerodeslizador se afasta, tento contar meu plano, mas sou interrompido pela chegada de Chaff. Ele está cansado e carrega dois cobertores nas mãos.

Escutamos atentamente seu relato sobre os últimos dias. A neve, a avalanche e a morte de Seeder, e, é nesse momento que Wiress começa a divagar.

— É uma junção… todas as edições em uma… primeira edição… todos os Legendary…

— Como? Do que você está falando, Pancada?

— O que a Wiress está dizendo, Beetee? – Finnick pergunta, mas ao olhar ao redor, compreendo e mentalmente me repreendo por não pensar nisso antes.

— Essa arena é dividida de alguma forma, entre todas as arenas usadas nas últimas edições.

— Como assim? – pergunta Johanna.

— Viemos de uma arena que parecia um deserto. Vocês, vieram de uma floresta tropical. Cecelia, falou sobre rochas, antes de morrer. Chaff, veio de geleiras e aparentemente a praia, onde estamos, é um acréscimo e uma área neutra. – Vejo que todos parecem estar lembrando das demais edições. Sei que assim como eu, eles pesquisaram as arenas anteriores.

— Cada arena com suas próprias criaturas - afirma Finnick.

— Quando os tambores tocaram? - pergunto.

— O que?

— Sempre que algo nos ataca ou algo acontece, tambores tocam, vocês não notaram?

— Notei. – Katniss meneia afirmativamente a cabeça.

— Eles devem ter algum padrão que não percebemos... – Tento pensar sobre o assunto, mas a dor no meu braço está cada vez pior, preciso de algo para ele logo, ou posso perde-lo. — Quando ele tocou? Vamos lá.

— Ao amanhecer e também ao pôr-do-sol.

— De madrugada também

— Agora a tarde. – Isso é uma arena, as horas aqui não são normais. Os idealizadores poderiam mudar a qualquer instante o tempo, mas é Haevensbee que, havia projetado tudo isso, e ele adora quebra-cabeças e enigmas, mas gosta ainda mais de testar as pessoas. Então, ele deixaria uma forma para que os tributos entendessem a arena.

— Já sei, os tambores tocam a cada seis horas.

— Tanto meio dia quanto meia-noite, o raio atinge - interpõem Finnick, apontando em direção ao centro da floresta -, naquela árvore.

— Hmm… interessante.

— Precisamos nos preparar. Pelas minhas contas, sobrou 11 tributos, e as horas estão correndo.

— Temos que pensar em um lugar seguro para ficar. Nossa água também está acabando...

— Tenho um novo plano... – Está na hora, preciso colocar as coisas em movimento. Tenho que sair deste lugar. Assim que todos voltam sua atenção para mim, me preparo para dizer meu plano. No exato momento, uma faca atravessa o peito de Wiress bem na minha frente.

— NÃO!!! – Katniss grita e em segundos estamos todos em movimento. Finnick com seu tridente, avança em na direção dos nossos adversários e acaba por atingir Gloss. Katniss prepara o arco e flecha, mas sabia que não seria fácil acerta-los. Eles estavam escondidos na entrada da floresta, nós é que, éramos o alvo fácil. Cometemos um grande erro ficando aqui no meio da praia a céu aberto, alvos fáceis.

Em algum momento no meio da confusão, vejo Chaff cair, há sangue ao seu redor. Ainda assim, não sei ao certo o que o atingira. Não consigo pensar em nada para acabar com o ataque, mas o mesmo, acabou da mesma forma que começou repentinamente.

Ainda estamos atentos quando, Katniss larga sua posição e se ajoelha frente ao corpo de Wiress. Não precisa de lágrimas singelas, nos olhos da morena, para saber que minha companheira de distrito está morta. No momento em que ela foi atingida, bem na minha frente, sabia que não teria volta. Seus olhos haviam perdido o brilho naquele momento.

Foi Mags quem se aproximou de Chaff, para confirmar o inevitável, mas antes mesmo do veredito, os canhões foram disparados. Três, para ser mais exato.

— Temos que sair daqui.

— E, ir pra onde? Pra qual das arenas infernais? – acentua Johanna.

— Vamos para árvore – digo, por fim determinado. – Explico quando chegarmos lá.

O caminho até nosso destino foi consideravelmente tranquilo. Quando os tambores tocaram, fomos atacados por macacos ou o que parecia um macaco, mas estávamos preparados, o que nos ajudou muito.

Estamos sentados há poucos minutos, quando as baixas aparecem projetadas no céu.

— Oficialmente estamos entre os oito finalistas – fala Johanna com ironia. – Mais dois e começamos a nos matar.

— Temos que descansar um pouco, cuido da primeira vigia... – Finnick se coloca de pé.

— Não! – Tenho observado como Peeta e Katniss vem cochichando. Eles estão prestes a desfazer nossa aliança e se separarem do grupo. Posso sentir isso. — Temos que pegar Brutus e a Enobaria, por isso os trouxe até aqui. Eles não são idiotas de nos atacar agora. Estamos em maior número e mais atentos, mas eles provavelmente escutaram sobre a arena e aposto toda minha fortuna que, estão na praia agora, território neutro, mais seguro. – Tento simplificar. — Meu plano é o seguinte, vou enrolar esse fio em volta do tronco e dois de vocês vão trazer esse rolo até a praia. Daí quando o raio atingir a árvore a meia-noite, a eletricidade vai passar pelo fio e irá descarregar uma carga mortal em quem estiver por lá. – Todos se entreolham.

— Supondo que você esteja certo, como levar esse fio até lá? Quem garante que isso não vai machucar mais ninguém?

— Acho que vai ter que confiar em mim e no fato que, sei o que estou fazendo garoto. - Estou sentindo meu corpo cada vez mais fraco. Me sinto quente e sei o que isso significa, meu braço está infeccionado, a dor só aumenta. - Meu braço, preciso que alguém me ajude a tirar esse curativo.  - Mags logo se prontifica e pelo olhar dos demais, sei que estou certo. - Temos que fazer isso logo.

Nossa interação é interrompida pela voz de Claudius Templesmith.

— Senhoras e senhores, os convido para nosso banquete na Cornucópia. Daqui a duas horas lá, terá algo de que estão necessitando desesperadamente. Haverá uma mochila marcada com o número de seu distrito.— Com toda certeza, terá algum antibiótico e curativos para o meu ombro. — Pensem bem, para alguns de vocês, pode ser a última chance.

— Com toda certeza, será uma chance de um confronto com os Carreiristas – observa Finnick.

— Isso me parece mais uma armadilha.

— Pode ser… – analiso nossa atual situação, sem a medicação não vou aguentar até o final. — Gostaria que um de vocês pegassem minha mochila, provavelmente tem algum medicamento para meu braço.

— Beetee até entendo seu braço, mas Brutus e a Enobaria podem ter preparado uma armadinha é arriscado demais.

— Sabe o que é arriscado? Continuar com meu braço desse jeito! Meus mentores não mandaram nada até agora e não vão. Então é simples minha vida e meu braço dependem daquela mochila.

— Eu posso pegar. Se alguém aparecer…

— Definitivamente não, Mags! – Finnick a interrompe. — Eu vou.

— Não, não, não… quem ficará aqui pra me proteger, caso Brutus ou a Enobaria apareça? – falo veemente.

— O casal Mellark e a Mags ficará com você, enquanto dou cobertura ao Finnick – sugere Johanna. — Não é prudente ir sozinho e assim, vejo se tem algo de interessante pra mim.

— É melhor o Peeta ir com a Johanna – digo, formulando uma estratégia em mente de ficar com Finnick e a Katniss para me protegerem, e ao mesmo tempo, impedir que o casal nos abandone repentinamente.  

— Não vou permitir que o Peeta vá - diz Katniss determinada. Peeta se aproxima dela e os dois logo começam a conversar baixinho.

— Parem logo com essa palhaçada. – Johanna olha irritada, o clima está cada vez mais pesado. — Ainda temos uma aliança, não vou matar seu marido.

— Então vamos todos. – Katniss parece determinada, estamos em maior número, isso nos dá vantagem e se, o Brutus e a Enobaria estiverem lá, podemos acabar logo com isso e talvez nem seja necessário, essa armadilha.

— Quer mesmo arriscar todos nós, para não se afastar, por algumas horas, do seu marido? Quanto mais gente, mas fácil vai ser deles nos localizarem. Isso sem contar que estamos correndo contra o tempo. A meia-noite os raios vão atingir essa árvore e preciso que tudo esteja pronto. Finnick fica e me ajuda. Johanna e Peeta vão até a praia e deixam o fio. Pegam o remédio e voltam, isso tudo, antes da meia-noite. Então, quando Brutus e a Enobaria estiverem mortos, e eu tiver meu remédio, nos separamos, mas preciso que colaborem comigo até a meia-noite.

Os dois trocam olhares, está nítido que não querem se separar, mas não é prudente se opor neste momento. eles sabem o que está em jogo aqui.

— Eu vou com a Johanna.

— Ótimo, vamos logo então bonitão. Não quero estar com esse fio na mão ou perto da praia quando esses raios caírem. – Johanna segura o fio e nos dá as costas.

— Me dá um minuto – observo, enquanto ele e Katniss conversam um pouco afastado.

Explico como eles devem levar o fio, que o mesmo não pode ser quebrado de jeito nenhum. Eles precisam ir com cuidado e acima de tudo, tentar mantê-lo escondido.

— Coloquem essa peça na beira da água e enterre essa haste na areia.

Assim que os dois partem, Finnick e eu começamos a arrumar as coisas na árvore, eu precisava estar certo ou todos nós seríamos mortos.

A apreensão fica cada vez maior, enquanto aguardamos e o pior é, os dois parecem estar demorando e nada de ouvirmos tiro de canhão. Estamos entrando no nosso limite. Dor, cansaço, sede e fome tudo se mistura.

Katniss parece aflita e não para de andar de um lado para outro. Finnick está alerta, como se esperasse um ataque, a qualquer momento e Mags tem o olhar vago na direção em que eles levaram o rolo. Está quase na hora e nada dos dois voltarem.

Num rompante, algumas facas são lançadas em nossa direção e sei que, Brutus e Enobaria não estão na praia, como imaginamos.

— Finnick!!! – grito e começamos a nos movimentar. Fomos pegos de surpresa mais uma vez. Os dois abriram mão do que quer, que precisavam só para nos pegar desprevenidos.

Quando olho para o céu enegrecido e vejo as nuvens formarem uma tempestade de raios, noto que, o fio que é ligado ao rolo se encontra frouxo.

Algo errado aconteceu.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí tributos, aprovaram este bônus?
O próximo será decisivo. Teremos mais um capítulo bônus com o Pov do Haymitch e da Kat... aguardem e nos diga o que estão achando. Um super abraço.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Preço do Amanhã" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.