O único que pode me derrotar sou eu! escrita por Pih Chan


Capítulo 1
Capítulo 1- Os conspiradores pirariam se soubessem


Notas iniciais do capítulo

Wow! Faz mais de um ano que eu não posto nada, acho que tenho agradecer a Yuri on Ice e esse fandom maravilhoso que me fizeram ter vontade de continuar. Eu amo vocês ♥
Eu tive algumas dificuldades para escrever isso e tenho muitas pessoas a quem quero agradecer pela ajuda, mas eu gostaria de dar alguns pequenos avisos:
*Eu não sei exatamente para onde vou com essa fic, talvez a classificação mude dependendo de qual caminho eu decidir seguir e da reação de vocês, então, por favor, me deixem saber suas opiniões, eu vou ficar muito feliz.
*Eu decidi seguir para o lado mais cômico da coisa, a explicação virá em capítulos posteriores.
*Eu escolhi escrever algo tão difícil que eu ri quando percebi: Todo mundo tem o mesmo nome nessa bagaça. Então, mesmo que eu vá explicar isso nos próximos capítulos, eu gostaria de esclarecer: Nesse capitulo, vou me referir ao Viktor de 28 como "esse" e ao de 16 como "aquele", pois ninguém está realmente familiarizado com a situação ainda, mas nos próximos vai ser:
Yuuri = Yuri Japonês
Yuri = Yuri Russo
Viktor = 28 anos
Vitya = 16 anos.
Por fim, obrigada por lerem até aqui, espero que gostem.



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Como o bater gracioso das asas de um anjo, aqueles pequenos pés, cobertos por meias finas, apenas roçavam o chão o suficiente para pegar impulso para o próximo salto, como se o próprio corpo pertencesse ao ar, caindo lentamente como uma pena e subindo com a elegância de um pássaro.

Mesmo os fios pratas soltos e bagunçados entravam em uma harmonia artística tão precisa que quase beirava à beleza exata das fórmulas matemáticas. Ora como pétalas de rosas azuis, caindo preguiçosamente até o chão, ora chicoteando violentamente contra a resistência do ar.

Os braços eram elegantes em seus movimentos bem coordenados, agindo como asas de uma águia em pleno voo, enquanto os pés faziam trocas rápidas que resultavam em giros atrás de giros. Logo a sala parecia pequena para tanta beleza que rotacionava com maestria por cada canto disponível, nunca se deixando abater.

Seu semblante era de pura serenidade. Colorida de matizes frias, a face púbere contava com um contraste entre o cabelo prata, uma pele de porcelana fina e olhos da cor do oceano numa manhã calma, mas que, no momento, encontravam-se suavemente cerrados. Relaxado como se os complicados passos que fazia fossem apenas naturais para si.

Naquele momento, a figura assemelhava-se perfeitamente a um anjo o qual a maior beleza estava em seus movimentos apaixonados. Aqueles que não se abalariam nem que o universo resolvesse que parecia uma ideia sensata dobrar-se sobre si mesmo sem qualquer razão aparente, apenas por diversão.

E talvez grande parte da frase anterior não parecesse mais do que um mero exagero metafórico, mas quando a porta do apartamento se abrira e os patinadores puderam vislumbrar, bem diante de seus olhos cansados, tal cena tão curiosa, a realidade nunca pudera ser melhor explicada senão com a ideia de um universo dobrando-se sobre si mesmo em uma explosão de confusão inexplicável.

Claro que, por muitas vezes, a vida prova ter de suas loucuras, seus caprichos e reviravoltas, mas a cena que vinha se desenvolvendo desde o começo da manhã até aquele final de tarde frio, era não só digna de um filme de ficção dos anos 90, mas também da explosão cerebral de fanáticos conspiradores em fóruns da internet.

 Ali. Parado no centro do cômodo, em toda sua glória vivaz. Lá estava a figura de Viktor Nikiforov movendo-se junto à brisa suave que entrava pelas janelas abertas que contradiziam o senso comum tal qual o próprio garoto.

—Que porra é essa? — Praguejou Yuri Plisetsky incrédulo. Ninguém o repreendeu pelo vocabulário, pelo contrário, todos estavam atônitos demais para dizer qualquer coisa, seja pela beleza da figura ou pela estranheza da cena.

“Ora, mas qual o problema de Viktor dançando na sala da própria casa?” Você se pergunta. Yuuri teria proferido a mesma pergunta se em sua pele estivesse outro, porém, dada a situação tudo que fora capaz foi de fitar a figura por duradouros segundos antes de voltar seu olhar para atrás de si onde se encontrava seu noivo, tão surpreso quanto ele. E então repetiu a ação inúmeras vezes. Viktor, Viktor, Viktor, Viktor...

—Ah! — Aquele Viktor girou mais uma vez antes de parar seus movimentos com a delicadeza de uma bailarina. — Vocês chegaram! — Ele exclamou com naturalidade, enquanto um largo sorriso espalhava-se por sua face corada, então levou um dedo aos lábios e piscou ao dizer: — Oh, vocês gostaram? Essa é a minha coreografia para o Grand Prix desse ano, ela se chama...

—Behind the mirror. — A voz de Yuuri quase falhou ao instintivamente completar a frase.

E assim viram o sorriso daquele Viktor arregalar-se.

—Sim! Exatamente! Ela...! — Exclamou em animação total como seu corpo preparava-se para avançar em direção ao japonês, mas antes que pudesse responder qualquer outra coisa, sentiu a mão pesada de Yakov pousar no topo de sua cabeça impedindo-o de continuar.

—VITYA! O QUE SIGNIFCA ISSO? — O velho russo esbravejou tomado por raiva o suficiente para torna-lo vermelho como um tomate. 

Um Viktor se calou, contendo a ansiedade como podia. O outro piscou algumas vezes, sua face então foi tomada por uma expressão cômica de desentendimento quando pronunciou alto:

—EU SABIA QUE UM DIA ISSO IA ACONTECER! — Viktor exclamou captando o interesse de todos ao passo que agarrou defensivamente o cão que pulava em sua perna e passou a usá-lo de escudo. — MAKKACHIN! ELES ACHAM QUE EU ESTOU TÃO VELHO QUE ESTÃO ME SUBSTITUINDO POR UMA VERSÃO MAIS NOVA! ESTOU TÃO MAGOADO! — Choramingou.

E assim o silêncio tomou a sala por duradouros segundos enquanto todos ponderavam qual parte da experiência era realmente digna de seus estranhamentos.

—V-viktor... — Yuuri começou com diligencia enquanto nervosamente ajeitava os óculos em seus rosto. — Eu não acho que isso seja realmente possível.

—É. — Concordou sua versão russa. — E se fosse, já teríamos te substituído mais cedo. — Ele sorriu para a própria piada cruel.

—VITYA!— Exclamou Yakov mais uma vez, sem paciência para lidar com as paranoias do homem de quase 30 anos que se escondia atrás do cachorro como uma criança de 3 faria. — PARE DE BOBAGENS E ME EXPLICA O QUE ESTÁ FAZENDO AQUI!

—MAKKACHIN! PROTEJA SEU MESTRE! — Viktor abraçou o cachorro pela frente, direcionando seu olhar apenas para ele quando seu nariz roçava no focinho do animal. — ELES JÁ ESTÃO TENTANDO ME EXPULSAR DO MEU PRÓPRIO APARTAMENTO! — Ele berrou em resposta ao cachorro que apenas lhe lambeu no rosto, como quem não entendia nada do que estava acontecendo. E fora o suficiente.

Quer dizer, o suficiente para Viktor se jogasse dramaticamente contra o chão enquanto murmurava “minha presença já é um incomodo para eles, talvez eu deva ficar esperando aqui enquanto eu me decomponho, já estou tão velho que nem vai demorar mesmo”. Não é como se ele fosse apenas aceitar a situação e reagir como alguém normal, estamos falando do Viktor aqui, pelo amor de Deus.

Acertou quem disse que Viktor era um homem que nunca deixava de surpreender, infelizmente a afirmação se estendia por mais de um sentido, mas sim por uma via de mão dupla, sem sinalização ou divisória.

A questão é que Viktor estava sempre agindo confiante demais, mas quando se tratava de sua idade, podemos dizer que ele estava passando por algo como uma crise de meia idade e passar seu tempo competindo contra garotões de 15, 16 anos não estava fazendo bem ao seu ego. Principalmente quando toda maldita entrevista que dava surgia com alguma questão sobre sua eminente aposentadoria.

Isso para não dizer que Viktor era e sempre fora a verdadeira rainha do drama naquela história toda, talvez mais discreto que Georgi, mas estamos falando do cara que criou uma coreografia inteira sobre ter sido iludido por um certo “playboy” japonês que roubara seu coração e, então, o deixara. Isso para não falar que este agora era seu atual noivo e, em sua defesa, sequer se lembrava daquela noite.

Oh, Yuuri não levava os dramas à sério mais.

Apenas naquela semana, a velhice de Viktor viera a ser assunto, no mínimo, três vezes, sendo a mais tortuosa e duradoura até agora sobre a cor de seu cabelo.

Cinza, grisalho ou prata? Ora, essa questão rendera mais estardalhaço do que a questão “beijo ou abraço?” na casa de Yuuri na época da copa da China. E olha que ele até mesmo chegou a descobrir sobre um bolão de apostas supostamente secreto em sua casa, onde sua própria irmã havia apostado contra a ideia de ele estar escondendo um relacionamento com seu treinador.

E então Yuuri tivera de passar os próximos dez dias de sua vida tendo de lidar com os olhares atentos de sua família para cada interação entre ele e Viktor, pois todos estavam muito confiantes de suas apostas.

—Fala sério, você deve ter só uns 30 anos agora, deixa de merda. — Praguejou Plisetsky ao passo que a discussão passara a enjoá-lo.

Oh, grande erro.

—VINTE E OITO, YURIO, EU TENHO VINTE E OITO ANOS!

—Eu já disse para você não me chamar assim, velhote! — Yuri retrucou com veneno na voz. — Droga, eu estou aqui faz mais tempo que aquele porco, por que eu ganho o apelido estúpido?

—Ele me chamou de velho de novo, não acho que eu vá me recuperar disso!

—YURIO! PARA DE PROVOCAR O VITYA! — E agora fora a vez de Yakov cometer seu erro fatal.

—Eh? Até você está me chamando por esse apelido estúpido agora, Yakov? — E, apropriando-nos de suas próprias palavras, podemos dizer que Yuri Plisetsky estava puto. Ele não descreveria de outro jeito quando virou-se em direção ao japonês com quem dividia o nome e disse: — Ok, para mim já chega, isso é tudo culpa sua, porco, dê um jeito!

—Deixe o Yuuri fora disso! — Dentro todos os erros daquele dia, a frase defensiva deste Viktor era a única que nenhum deles nunca pensou ser o mais fatal. Oh, doce engano.

O efeito fora imediato. As palavras de Viktor voaram pela sala ao passo que todo o silêncio que não conseguiram até então se estendia por trás de sua fala impulsiva, então seu noivo fora o primeiro a se dar conta do estrago.

Yuuri virou-se para que seu olhar encontrasse com a figura esquecida daquele Viktor, que esboçava um dos mais brilhantes dos sorrisos que Yuuri já havia presenciado, enquanto seus olhos azuis refletiam o ânimo que se estendia por aquele pequeno corpo.

Tudo depois disso fora rápido demais para sequer tentar descrever.

Em um segundo, Yuuri tinha sua boca aberta para indagar algo. No outro, tinha uma versão mais nova de seu noivo abraçando-o como se não houvesse amanhã e uma mente em branco. E então, tudo que tinha era seu corpo dolorido contra o chão de madeira.

Yuuri estava atônito, seus óculos estavam tortos e a visão turva. O corpo púbere daquele Viktor fazia peso contra seu peito que acelerou na respiração quando se deu conta do fato anterior. O rosto do russo estava perto demais, rindo avidamente, não percebendo o nervosismo crescente do outro.

E é claro que em outra situação, o rosto sorridente de Viktor seria uma visão maravilhosa, mas naquele momento, o pobre Katsuki Yuuri só sentia tontura e náuseas ao contemplar aquele rosto tão jovem. As palmas de suas mãos suavam ao passo que a visão se tornava mais escura, então tudo que ouvia era a voz ao fundo, bombardeando-o com perguntas atrás de perguntas que sumiam na escuridão.

—WOW! ENTÃO VOCÊ É O YUURI? EU QUERIA TANTO TE CONHECER! VOCÊ É DO JAPÃO, NÉ? CLARO QUE É, OLHA PARA VOCÊ! SEUS OLHOS PUXADOS SÃO TÃO FOFOS! EU NÃO ESTAVA ACREDITANDO QUE EU TINHA UM APRENDIZ, MAS...

E foram as últimas coisas que Yuuri escutou antes de apagar.


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Notas finais do capítulo

Yay, se você chegou até aqui, imagino que tenha, pelo menos, aturado o capitulo, espero que continue conosco nos próximo e, por favor, me deixe saber sua opinião.
Até mais õ/



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