The Mermaid Tale escrita por Luhni


Capítulo 27
Mudança de planos! Surge Temari no Sabaaku!


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Quem é vivo sempre aparece, né?
Espero que tenham tido um ótimo Natal e em homenagem a esse tempo natalino maravilhoso, resolvi postar um capítulo da fic, espero que gostem!
P.s: Talvez haja mais um presente em breve! ;)

Boa leitura!



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— Deixa eu ver se entendi – Gaara foi o primeiro a falar. Todos os outros tripulantes já tinham se retirado do lugar que sempre faziam as refeições e restavam apenas os três ali – Você dançou com o Imediato durante o baile? – enfatizou a palavra e ela aquiesceu – E depois de dançarem vocês se beijaram? – e mais uma vez ela concordou com a cabeça.

                Gaara olhou para Neji totalmente boquiaberto, não com a parte do beijo em si, mas eles nunca tinham visto ou ouvido que o Contramestre dançava com as mulheres. Porém aquele feito, ah aquele feito, renderia ótimas oportunidades para eles infernizarem a vida do Uchiha que tanto os fez sofrer naquele navio desde o dia em que entraram para a tripulação. Gaara abriu um sorriso maquiavélico para o Hyuuga que logo correspondeu ao gesto. Se eles estivessem certos e, provavelmente, estariam, tinham algo muito interessante à vista.

— Que caras são essas? – Sakura indagou inocente, mas internamente já se arrependia de ter falado aquilo para os dois.  

— Não é nada! – retrucou Neji rapidamente e ela franziu o cenho, descrente – O importante é que, talvez, nós saibamos o motivo do Contramestre estar assim com você.

— Sério? – e os olhos delas brilharam em esperança. E aquilo quase fez os dois se sentirem mal com o que planejavam. Quase.

— Sim – Gaara a abraçou pelos ombros – Mas antes de explicarmos tudo, precisamos tirar isso a limpo e você vai nos ajudar – e Sakura apenas aquiesceu, fazendo o sorriso de ambos aumentar.

—*-

                Ela não gostava daquilo. Nem um pouco. E nem havia entendido o motivo de ter que participar daquilo ou o que iria provar. Afinal, por que Neji tinha que ficar tão perto e fingir falar algo com ela? Ele realmente poderia conversar consigo, seria menos constrangedor pelo menos. Sim, constrangedor, pois ela não conseguia ver o Hyuuga agindo de forma tão carinhosa consigo, era até estranho para dizer o mínimo.

— Pare de fazer essa cara – ele murmurou entredentes, sem desfazer o sorriso que continuava a assustar Sakura.

— Que cara? – e franziu ainda mais o cenho ao vê-lo bufar e se afastar.

— Essa cara, como se tivesse crescido uma terceira cabeça em mim – retrucou e Sakura sorriu, pela primeira vez, de forma espontânea – Bem melhor.

— É que eu não entendo o motivo de fazermos isso. – respondeu e Neji balançou a cabeça. Eles não tinham contado o plano para ela pelo simples motivo de que ela se recusaria a ajudar, mas talvez pudesse contar um pouco.

— Queremos ver as reações do Imediato – e ao ver a sobrancelha dela arquear, soube que devia falar mais – Queremos ver se ele...se importa.

— Se importa com o quê? – indagou ainda confusa e Neji bufou, ela realmente era muito ingênua em alguns aspectos. Mas foi salvo de ter que respondê-la ao ver o Uchiha entrar no convés.

— Isso não importa agora, apenas tente agir naturalmente – mandou voltando a posição em que estava e, novamente, Sakura estava com aquela cara estranha. Se não fosse trágico o fato dela lhe repelir tão veemente, acharia cômico o rosto da menina.

—*-

                O dia parecia trazer boas novas a eles. O vento soprava forte e finalmente caminhavam para algum lugar, e mesmo que não fosse a melhor das ideias, era a melhor que tinham. Começou a fazer a ronda pelo convés como sempre fazia, verificando se todos estavam a postos e realizando as atividades de forma correta.

— Kiba, Gaara! – bradou aos piratas que se viraram para ele – Cuidado com as amarras, verifiquem as velas auxiliares, iremos usá-las se o vento continuar forte.

— Hai! – ambos responderam e logo voltou sua atenção para o convés novamente.

                Tudo parecia em ordem. Shikamaru conversava com Hiruzen e Naruto perto do timão. Chouji carregava um balde com peixes frescos que seriam a refeição deles hoje e Neji parecia flertar com Sakura na amurada. Petrificou no lugar com o pensamento que teve e voltou sua atenção aos dois para tentar entender o que via quase na sua frente. Sakura sorria, parecendo desconfortável, enquanto Neji se aproximava dela, a mão acariciando o rosto da garota e instintivamente colocou a mão na bainha da espada, como se algo lhe dissesse que em breve entraria em um combate.

                Antes que pudesse refletir sobre o que estava vendo ou o que deveria fazer, andou até os dois, decidido a acabar com aquilo.

— O que está acontecendo aqui? – indagou aos dois que se afastaram imediatamente.

— Nada, apenas conversávamos – Neji respondeu sem impedir o sorriso presunçoso que se formava.

— Não foi o que pareceu – Sasuke retrucou e olhou para a Haruno que parecia confusa.

— O que pareceu então, Contramestre? – e o Hyuuga, de forma proposital, se aproximou de Sakura, colocando o braço em volta dos ombros da Grumete.

— Voltem aos seus afazeres – foi a resposta dada por Sasuke, mas percebia-se que ele tentava não ranger os dentes com raiva. Aquilo estava ficando cada vez mais interessante, pelo menos para Neji.

— Certo – decidiu afastar-se, afinal Gaara ainda tinha uma parte no plano.

                Sakura ficou sozinha com o Contramestre e, novamente, sentiu-se estranha. Estava desconfortável, mas não era como quando estava com Neji. Ela queria falar algo com o Uchiha, porém não sabia o quê. Não sabia como se aproximar. Na verdade, ela nem sabia se devia se aproximar novamente depois do que houve entre eles. O olhar do Imediato estava nela e automaticamente sentiu o rosto esquentar. O que estava acontecendo consigo?

— É melhor voltar às suas tarefas – Sasuke disse novamente e ela apenas meneou a cabeça, concordando, mas antes que pudesse sair de perto dela, ele voltou a falar – Qualquer coisa, pode mandar me chamar – disse sério e ela arqueou a sobrancelha, sem entender, mas decidiu apenas por sinalizar que entendera e sair dali.

                Mais ao longe o Sabaaku observava toda a interação e teve vontade de rir. Eles realmente iriam se divertir muito às custas do Imediato.

—*-

                Se ele pensava que iria ter um dia calmo navegando no mar, estava redondamente enganado. Parecia que estavam querendo irritá-lo de propósito, e o pior é que estavam conseguindo. Fechou o punho com força ao ver, novamente, Gaara abraçar a Grumete que começava a reclamar algo com ele. Em seguida veio Neji que voltou a puxar Sakura para outro lugar, longe dos seus olhos. Bufou, sua perna coçando para voltar a se mexer, mas foi interrompido pelo Capitão.

— Você parece meio nervoso – comentou o Uzumaki e Sasuke respirou fundo, fechando os olhos.

— Essa tripulação está cada vez mais insubordinada e a culpa é sua! – respondeu de forma ríspida. Naruto teve vontade de rir, mas se segurou. Ele esteve observando o Imediato durante o dia e percebeu o motivo daquela agitação toda, só estava indeciso se devia ou não dar a sua opinião.

— Minha? Ora, eu não estou vendo nada de mais no convés – e olhou ao redor, parando sua atenção em Gaara e Neji que pareciam estar muito bem humorados enquanto Sakura parecia cansada.

— Por isso é o meu trabalho vigiar o navio e o seu de comandar para onde vamos – desdenhou e Naruto riu.

— Tem razão, meu amigo – e colocou a mão no ombro do Uchiha – Mas eu também estou sempre atento ao que acontece e sei que aqueles dois... – apontou para o Sabaaku e o Hyuuga – ...estão aprontando algo.

                Ouvir aquilo fez Sasuke encarar Naruto que sorria como se soubesse de algo que ele não sabia. E isso o irritou profundamente, pois geralmente ele era quem sabia das coisas. Olhou novamente para Gaara e Neji e viu Sakura se irritar e sair de perto deles, enquanto ambos a seguiam para importuná-la ainda mais.

— E pelo visto alguém está mordendo a isca – continuou Naruto.

— O quê? Do que está falando? – Sasuke encarou o amigo, sua paciência sendo testada ao ver a forma debochada que o Uzumaki lhe encarava.

— Sasuke, para alguém tão esperto... – e deu de ombros, voltando os olhos para a Grumete.

— Diga de uma vez, Naruto – retrucou entredentes.

— Tudo bem, irei ser direto – disse sério, voltando-se totalmente ao amigo de longas datas – Está acontecendo algo entre você e Sakura?

— O quê? Não! De onde você tirou isso? E o que isso tem a ver com Gaara e Neji?

— Bom, então algo deve ter acontecido e eles descobriram, pois parecem bem dispostos a te irritar usando a Sakura, e estão conseguindo – e ouvir aquilo foi como se uma pedra caísse nos ombros de Sasuke que se retraiu rapidamente, antes de voltar a postura imponente de sempre.

                Ele se perguntou como aqueles dois haviam descoberto aquilo? E novamente seu olhar parou em Sakura. Ela teria contado? Mas, por quê? O que queria com aquilo? E irritou-se ao pensar que ela estava por trás daquilo também, que ela estava jogando com ele. Ele já havia se envolvido com diversas mulheres inescrupulosas que tentaram manipulá-lo de alguma forma, mas nunca pensou que Sakura pudesse fazer isso. Não quando ela tinha aquela aparência tão inocente, os olhos tão brilhantes e a boca tão... balançou a cabeça para afugentar aqueles pensamentos. Devia esquecer o beijo! Não tinha lugar para problemas com mulheres e Sakura seria um problema para si ainda maior do que já é. E pelo visto ela se mostrava tão ardilosa quanto as outras mulheres com quem já se envolveu.

                Bufou irritado e resolveu acabar com aquilo de uma vez.

— Onde vai? – Naruto indagou e o olhar que recebeu de Sasuke o fez querer recuar.

— Irei acabar com essa palhaçada! – andou firmemente até os três enquanto o Uzumaki previa a tempestade que chegaria no navio com aquela discussão.

—*-

Sakura estava cansada daqueles dois. Não entendia o motivo deles se comportarem daquele modo e aquilo estava a irritando. E eles nem a explicavam nada! Por isso estava fugindo, mas isso parecia diverti-los ainda mais e ela se amaldiçoou por ter contado o que aconteceu para os humanos.

— Sakura! – ouviu a voz de trovão de Sasuke ecoar pelo convés e parou de andar. Voltou-se para o Imediato e viu que Gaara e Neji, que estavam atrás de si, também encaravam o pirata que parecia mais imponente do que o normal. Logo ela sentiu que algo estava errado.

— O que houve? – indagou incerta se deveria questioná-lo. E sentiu Gaara e Neji se aproximarem, e dessa vez ela percebeu que eles não pareciam estar zombando de si, mas a protegendo de algo.

— Eu quero dizer que não precisa mais continuar com o joguinho – e ela o encarou confusa, enquanto Neji e Gaara se entreolharam rapidamente.

— Que joguinho? – não entendia o que o Contramestre falava, mas aquilo só serviu para irritar ainda mais o Uchiha. Ela estaria lhe achando com cara de idiota?

— Sabe muito bem o que eu quero dizer, não se faça de idiota – a voz dele não se elevava em nenhum momento, mas a forma como falava fazia Sakura se arrepiar.

— Se estou perguntando é porque não entendi – franziu o cenho, não gostando do rumo daquela conversa.

— Sasuke... – Gaara tentou intervir ao ver que aquilo não acabaria bem. Será que eles haviam exagerado nas suas brincadeiras?

— Calado! A conversa ainda não é com vocês, mas já devem saber o que vou falar, não? – E Gaara fechou o punho, não gostando do tom do Uchiha, mas sabia que ele ainda era o seu superior no navio.

— Mas eu não sei! – Sakura chamou atenção para si novamente – Essa mania de vocês acharem que eu entendo tudo me irrita! Por que não podem ser mais claros? – reclamou, odiando-se por não compreender tudo que os humanos falavam.

— Certo, eu serei bem claro, então – e olhou rapidamente para os dois piratas qua ali estavam – Podem parar com a atuação, isso não adianta de nada.

— Não foi o que pareceu – Neji murmurou, mas o Contramestre foi capaz de ouvir.

— Eu apenas estava fazendo o meu dever de ajudar uma jovem que parecia estar sendo assediada por dois piratas idiotas – foi tão firme em suas palavras que por um momento Gaara e Neji acreditaram – Mas percebi que não é o caso, então saibam que pouco me importa o que fizerem a partir de agora.

                Sakura não entendia muito bem aquela conversa, mas as palavras de Sasuke de alguma forma a machucaram. Olhou o Imediato que voltava a falar diretamente consigo.

— Não importa o que você está planejando fazer, não dará certo. Eu não irei cair em joguinhos e não irei ter nada com você, Sakura – disse sério e Sakura se surpreendeu, sentindo o rosto esquentar de vergonha por ele lhe falar algo assim na frente dos outros companheiros. – Eu sei que contou a eles do deslize que cometi, mas saiba que pouco me importo com você.

                Ela sentiu alguma coisa dentro de si apertar e sentiu vontade de chorar, mas não quis mostrar tanta fragilidade na frente dele.

— Você é apenas uma tripulante, assim como qualquer outro aqui. Não pense que terá regalias ou que pode me fazer de idiota junto de Gaara e Neji, eu já conheci diversas mulheres piores do que você e ... – mas não pode continuar pois sentiu a face arder e virou abismado e furioso ao notar que Sakura o batera. Gaara e Neji prenderam a respiração pela ousadia da moça e temeram o que o Contramestre pudesse fazer.

— Você é um tolo! – disse ela, impedindo que Sasuke voltasse a vociferar contra si – Eu não sei o que está acontecendo aqui, mas eu nunca faria qualquer tipo de joguinho, não espero nada de você, apenas pensei... – falou de um fôlego só, tentando organizar a sua mente ao mesmo tempo que lutava para não verter um lágrima.

— O que você pensou? – Sasuke indagou com o ego ainda ferido por ela ter lhe batido, mas uma parte sua também estava interessada no que ela lhe diria, mesmo sem saber o porquê. Além disso, ela fazia aquela cara, aquela maldita cara que a fazia parecer tão frágil que ele não era capaz de ficar irritado por muito tempo.

— Pensei... – olhou para ele, tentando entender o que sentia. Estava magoada pelas palavras dele, ele a comparara com outras mulheres, disse que não se importava consigo, que não ficaria consigo, que fazia joguinhos e, mesmo que em partes aquilo fosse verdade, pois usara de diversas artimanhas para voltar para casa, ela continuava a se machucar. Por quê? – Eu apenas queria entender algo, mas o melhor é fazer como você disse e esquecer. Em breve você não terá que lidar mais comigo e meus “joguinhos”, Contramestre – foi o mais fria possível e deu as costas para os piratas, indo para o compartimento de baixo do navio.

                Mas as palavras de Sakura ficaram martelando na mente de Sasuke. E por mais que ele desejasse e tivesse imposto aquela distância, alguma coisa nele pareceu errada ao ouvir que em breve ela partiria.

— É... foi melhor do que eu pensava – Gaara se manifestou, acordando Sasuke dos seus devaneios.

— Vocês! Limparão o casco do convés por duas semanas! – vociferou e Neji bateu na cabeça do Sabaaku por estragar tudo falando quando não devia, enquanto Sasuke saia dali.

— Imbecil! – Neji murmurou.

— Bom, pelo menos agora temos certeza sobre o Imediato estar sentindo algo pela Grumete – comentou com um sorriso que logo morreu ao lembrar-se do rosto triste de Sakura – Mas acho que devemos fazer algo com relação a isso também.

— O que podemos fazer? Acho que já nos metemos demais e estragamos as coisas entre eles – lembrando-se da jovem e como ela parecia magoada.

— Nada que não possamos resolver – e sorriu começando a pensar em outro plano enquanto Neji revirava os olhos com o que vinha pela frente.

—*-

                Um dia se passou até chegarem ao país das Águas Quentes. Sakura nem ao menos dirigia o seu olhar para o Imediato e quando o fazia era carregado de mágoa. Logo todos no navio perceberam que algo havia acontecido, pois todos já estavam acostumados com o entusiasmo e a curiosidade da menina ao chegar em um lugar novo, algo que não aconteceu dessa vez. Sakura não correu pelo convés para ficar perto da borda e poder ver de perto o lugar onde aportariam, nem ficou presa ao timão indagando Shikamaru sobre ficar no comando ou sobre as coisas que poderiam haver em Águas Quentes. Entretanto, ninguém conseguiu entender o motivo, ninguém exceto Gaara, Neji, Naruto e o próprio Sasuke.

— Já vamos chegar, não vai ficar lá fora? – Gaara questionou para a menina que continuava no quarto, encolhida na rede onde dormia.

— Quando atracarmos eu vou subir... – disse sem se importar e aquilo tocou Gaara, sentia-se culpado por tudo o que aconteceu.

— Ora, você correu feito uma louca toda vez que chegávamos a algum lugar e agora, que é a minha casa, você não quer conhecer! Pensei que você se importava mais comigo! – apelou para o sentimentalismo e viu a Grumete fazer uma careta para si.

— Não é isso...

— Depois de tudo o que passamos, de ter soltado a sereia, mentir, não contar que você estava envolvida, é assim que me recompensa? – falou de forma melodramática e Sakura arregalou os olhos com as coisas ditas, sentou-se observando o pirata melhor que se controlava para não rir. Estava dando certo.

— Gaara, eu...

— Eu pensei que iria poder levá-la para conhecer a minha cidade, esse seria um ótimo pagamento, mas pelo visto você não fará isso para me...

— Tudo bem, tudo bem! – disse alarmada – Eu vou, não precisa exagerar! – sacudiu as mãos na frente do rosto, querendo que ele parasse com aquilo. Por Tritão, o que havia dado naquele humano para falar dessa forma?

— Ótimo, então vamos logo pra cima, temos muito a ver! – exclamou, puxando a ex-sereia que o olhava abismada.

                Mas, no fundo, ela agradecia a Gaara por ter feito o que fez, pois a vista do convés era realmente espetacular e, mesmo ainda desconfortável por ter que encarar Sasuke por ali, decidiu que não iria permitir que ele a impedisse de ver o mundo humano, afinal logo voltaria para casa, tinha certeza.

— Como conseguiu? – Neji indagou ao ver a Grumete na proa do navio, como sempre ficava nesses momentos.

— Chantagem emocional – e sorriu batendo o punho no do Hyuuga que sorriu – Sempre funciona.

—*-

                Ao desembarcarem, Sakura ficou perto de Gaara e Neji, atenta a tudo ao seu redor. Lá era um lugar diferente dos outros que já haviam passado, era consideravelmente mais quente, por exemplo, e os trajes das mulheres eram roupas leves e mais... reveladoras, recordou-se da palavra que já ouvira Hinata comentar consigo quando a viu de calças. Sorriu ao lembrar da amiga, ela teria um ataque ao ver a forma como as pessoas se vestiam ali, porque até mesmo os homens pareciam gostar de ficar mais à vontade, estando a maioria sem camisa.

                Olhou para o lado e notou a forma como Gaara parecia tentar se esconder na multidão, quando o certo seria ele andar à frente, guiando o grupo. O ruivo parecia ter se esquecido até mesmo que havia prometido lhe mostrar sua terra natal, mas a forma como ele segurava o chapéu de aba grande que pertencia à Sakura, e que ele pegou de si assim que saíram do navio, fez ela se lembrar de si quando ninguém sabia da sua verdadeira identidade e fazia de tudo para não chamar atenção aos seus cabelos compridos. Mas, no caso de Gaara, ele apenas evitava que vissem a cor escarlate dos seus cabelos.

— Falta muito, Gaara? – o Capitão indagou já um pouco irritado pelo fato de parecerem sem rumo ali.

Além de estarem chamando muita atenção para aquele grupo razoalvemente grande andando junto pelas vielas da cidade. Somente Chouji, Hiruzen e Shino haviam ficado no navio, caso precisassem de uma fuga rápida, e porque o velhote também estava bêbado e não acordava para nada, Chouji era muito lento para corridas devido o seu tamanho avantajado e Shino... bom, Shino era estranho e Naruto preferia que ele ficasse na retarguarda. Suspirou, aquela sua tripulação era, como diria Shikamaru, bem problemática, pensou ao olhar os homens e a pequena mulher que estavam consigo.

— Você os escolheu, então aguente – Sasuke murmurou ao seu lado e Naruto coçou a nuca ao perceber que até o seu Imediato era estranho ao ponto de perceber o que pensava.

— Gaara! – o Uzumaki chamou novamente e, dessa vez, o Sabaaku não pode ignorar, a voz do Capitão poderia ser tão estridente e alta que tinha receio que mais alguém ouvisse o seu nome por toda a ilha.

— Na próxima direita há uma hospedaria, podemos arranjar um quarto por lá – comentou baixinho e o Uzumaki e o Uchiha o fuzilaram com os olhos.

— Pensei que fôssemos ficar na sua casa – Shikamaru disse em um resmungo, dando voz ao que os comandantes também pensavam. Se havia uma coisa que aqueles piratas detestavam era gastar ouro em vão.

— Só se eu estivesse louco! – retrucou e Neji riu baixo.

— Qual o problema? Pensei que estaríamos a salvo na sua casa, até mesmo dos cobradores que você diz dever – indagou Sakura, comentando seu ponto de vista.

                Gaara abriu a boca para retrucar, mas seu olhar se chocou com o de outra pessoa primeiro e percebeu que havia sido reconhecido.

— Merda! Devemos sair daqui logo, ou então iremos ter companhias muito desagradáveis – informou ao Capitão e ao Imediato.

— E para onde temos que ir? Se ao menos você desse uma direção – Sasuke disse de forma sarcástica.

— Vocês estão chamando muita atenção, o problema é esse – resmungou, segurando o chapéu, evitando contato com outras pessoas, mas apressando o passo e fazendo todos o seguirem até uma viela.

—  Claro, o problema somos nós e não você que está devendo Deus e o mundo aqui. Que bela furada! – Kiba bradou, fazendo Gaara parar de andar, pronto para dar um sermão no Inuzuka por ter gritado aquilo aos quatro ventos, mas novamente outra coisa o fez parar sua linha de raciocínio.

— Ora, ora, mas o que temos aqui? – uma voz melodiosa soou e Gaara sentiu um frio na espinha, congelando-o, enquanto os outros sacavam suas armas, apontando para o intruso – O bom filho a casa retorna, não é mesmo?

— T-Temari! – virou-se para a loira parada atrás de si acompanhada de um séquito de piratas – Quanto tempo, minha irmã! – disse para a surpresa de todos que não sabiam mais dizer se iniciariam uma batalha.

— Irmã? – Sakura indagou ao ver a jovem loira de olhos verdes fuzilar o ruivo.

—*-

— Meu nome é Temari no Sabaaku, sou eu que mando por essas bandas... – a loira disse sentada em uma grande cadeira, com as pernas expostas em cima da mesa – ...e Gaara no Sabaaku está proibido de pisar no meu território! – a voz imponente fez com que Sakura se assustasse. Ela estava falando sério?

                Temari havia ordenado que eles largassem as armas e a seguissem para o bem de todos, ou então um confronto muito violento, para eles, iniciaria ali mesmo. É claro que nenhum deles, com exceção de Gaara e Sakura, não se importaram com a advertência e estavam prontos para atacar ao ver que ela era seria uma ameaça, no entanto Gaara pediu que Naruto fizesse como ela estava mandando, pois eles teriam mais chances de sobrevivência dessa forma.

                É claro que todos se surpreenderam com a posição do Sabaaku, ninguém esperava que ele fugisse de uma boa luta, mesmo sendo contra a própria família, e isso atiçou a curiosidade dos piratas sobre o quão terrível seria essa Temari para fazer Gaara agir dessa forma, por isso resolveram acatar a ordem. Temari, então, escoltou a todos até um bar, e quando ela atravessou a porta, os piratas que ali se encontravam pararam de beber e apenas com um movimento de cabeça, todos saíram do lugar, deixando-os a sós com a mulher e seus homens. Ela se acomodou em uma parte mais reservada do estabelecimento, sentando-se atrás de uma grande mesa e iniciando a discussão que se encontravam agora.

— Mas por quê? O que ele fez para não poder voltar para casa? – Sakura voltou a indagar.

— O que ele fez? Você não contou nada para os seus coleguinhas, Gaara? – e ao ver o irmão fechar os olhos, bateu na mesa se levantando – Então, eu digo! Esse salafrário me roubou! – e apontou para o irmão que suspirou – A mim! Sua própria irmã! Roubou meu ouro, meu navio e me humilhou na frente de todos da cidade, acho que vou matá-lo apenas para recuperar um pouco da minha dignidade – e lançou uma faca muito perto do lugar onde Gaara estava, o que o fez engolir a seco.

                Tentou se levantar, mas logo sentiu uma mão pesada empurrá-lo para baixo novamente. Olhou com raiva para Baki, um dos piratas que estava sob o comando da irmã, e em seguida percebeu que não tinham chances de escapar com a quantidade de homens que Temari deixou ali para evitar que fugisse. Suspirou, teria que pensar em outra alternativa.

— Ainda rancorosa, irmãzinha – desdenhou Gaara para a maior irritação da mais velha – Já disse que foi apenas um empréstimo, eu irei lhe devolver tudo. – tentou, então, fazer o que fazia de melhor, enrolar.

— Então devo supor que veio aqui para me pagar? – questionou, duvidando daquilo. A palavra de Gaara valia menos do que nada para ela ou para qualquer outra pessoa de Águas Quentes.

— Ainda não... mas irei! – emendou rapidamente ao ver o olhar assassino da irmã sobre si.

— Claro que vai – levantou-se e o ameaçou com a faca bem próxima ao pescoço dele – Eu farei questão que me devolva tudo em dobro ou não me chamo Temari. – e em seguida afastou-se o suficiente para Gaara conseguir respirar aliviado novamente.

                Enquanto isso, Naruto e Sasuke se entreolhavam a todo momento como se conversassem algo sem dizer uma única palavra. Eles pensavam em uma forma de saírem dali, pois se dependessem do amor fraterno de Gaara todos iriam para a forca. Neji já contava o número de janelas e portas que estavam à disposição para a fuga e Kiba balançava a perna constantemente, demonstrando a sua inquietação, e Shikamaru permanecia de olhos fechados, refletindo uma forma de saírem dali. Somente Sakura parecia realmente atenta a interação entre os dois irmãos, muito confusa e curiosa, praticamente esquecendo que estavam à mercê dos sentimentos voláteis de Gaara e de sua irmã. Mas ela não podia evitar, a relação de Gaara com a Temari nada se assemelhava a dela com Ino. Todos os humanos seriam assim com seus parentes? Pois recordava-se de que Sasuke e o irmão também não eram o conceito de família feliz.

— Gaara pode até ter dívidas com você, mas nós não. Não viemos aqui para isso, precisamos apenas de um lugar para pernoitar – Sasuke tomou a palavra de uma vez, estavam perdendo tempo ali. E eles só haviam conseguido pensar em duas soluções para aquele momento: lutar ou convencer Temari. E a segunda seria a mais racional, visto que suas espadas haviam sido confiscadas.

— E o que eu tenho a ver com isso? – retrucou, encarando o Uchiha com superioridade.

— Que problemático! – bufou Shikamaru, abrindo os olhos e encarando Temari que franziu o cenho para ele – Nós queremos que nos abrigue.

— Ainda não sei por quê eu devo mexer uma palha por vocês – e ao ver que o Nara iria respondê-la, foi mais rápida e continuou – E nem adianta apelar para Gaara, pois se dependesse disso todos estariam balançando nas cordas de tanta raiva que estou dele – o ruivo engoliu em seco novamente e sentiu os olhares dos companheiros sobre si, como se dissessem “Você está estragando tudo!”. Como se a culpa fosse dele!

— Jamais apelaria para isso, principalmente vendo a forma... fraterna com a qual se tratam – e sorriu ladino para a pirata que o olhou desconfiada – Mas, acho que podemos apelar para o seu lado financeiro, não?

                Temari observou o pirata com quem falava, prestando atenção nos companheiros de Gaara pela primeira vez. E quem mais chamou a sua atenção foi a figura feminina diminuta que olhava a tudo muito confusa. Não imaginava que seu irmão fosse velejar com uma mulher a bordo, sempre foi tão antiquado com relação a essa tradição. Voltou sua atenção para o pirata que lhe falava.

— Continue – Temari cruzou os braços interessada e viu Shikamaru empurrar Sakura para frente que o olhou sem entender.

— O ouro – sussurrou e Sakura tirou de dentro da blusa um saquinho com algumas moedas de ouro e entregou a Temari que analisou tudo em silêncio.

— É tudo o que tem? – Sakura iria responder que não, mas foi interrompida por Shikamaru novamente.

— Sim, mas em breve teremos mais e você poderá ficar com a parte de Gaara.

— Como é? – bradou Gaara irritado, o que interessou ainda mais a loira.

— É muito?

— Muito – confirmou Shikamaru.

— Quanto? – queria uma certeza do que estava tratando ali.

— O suficiente para reaver tudo o que ele lhe deve e ainda comprar mais cinco navios e formar uma frota mercante – foi direto e Temari o encarou, como se buscasse algo que confirmasse a mentira, mas nada achou. Aquilo estava ficando interessante e, ao olhar para Gaara que parecia desolado, pensou que fosse uma boa oferta, pois ainda iria atormentar seu irmãozinho um pouco mais.

— Eu aceito! – e estendeu a mão para o Nara que a correspondeu prontamente.

— Mas quem disse que eu concordo com isso? – Gaara voltou a bradar irritado.

— No momento, você não tem querer, então fica calado, Sabaaku! – Kiba retrucou para o deleite de Temari. Estava começando a gostar de como as coisas fluíam.

— Senhores, só tenho uma coisa a dizer: bem-vindos ao país das Águas Quentes! – e pela primeira vez Sakura viu Temari sorrir, aparentemente feliz pelo negócio feito. Suspirou. Pelo menos tudo terminara bem. Ou assim esperava.

—*-

— Sintam-se em casa, espero que desfrutem da sua estadia! – bradou Temari ao ver o irmão e os outros companheiros dele serem jogados dentro de um lugar escuro e fétido.

                Kiba xingou ao bater a perna em algum lugar, assim como Naruto que sofreu o impacto da queda. Shikamaru foi empurrado e caiu por cima de Neji e Gaara. Sasuke somente sentiu algo caindo no seu peito e perdeu o ar por um momento. Ao abrir os olhos se deu conta de que era Sakura quem estava em cima de si. A menina assim que percebeu onde se encontrava deu um pulo e afastou-se dele, caindo de bunda no chão.

— Ai! – gemeu com dor e Sasuke suspirou indo até ela para ajudá-la. Ele queria mostrar que ela não precisava se comportar daquela forma, como se ele tivesse a peste, e também queria mostrar que ele estava disposto a alguma aproximação. Talvez fosse a forma sutil dele de mostrar que estava arrependido pelo o que tinha dito. Infelizmente, Sakura não era boa em perceber sutilezas, então simplesmente ignorou a mão do Imediato, levantando-se sozinha, deixando o Uchiha com o ego ferido, de novo.  

Sakura observou que aquele lugar mais parecia uma prisão do que um quarto e isso começou a preocupá-la, mas parecia que Gaara já esperava esse tipo de recepção vindo de sua irmã. Ela era muito rancorosa, afinal. Só não imaginou que ela fosse colocá-lo dentro de um dos quartos da mansão abandonada, onde brincavam quando eram menores. Ainda sentia os mesmo arrepios por estar ali, como quando era criança. Temari realmente era terrível.

— Sintam-se em casa e, não se preocupem, iremos avisá-los quando o jantar for servido. – Temari sorriu de forma debochada, e até Sakura percebeu que provavelmente ficariam presos ali até ela ficar satisfeita com o castigo imposto ao irmão.

— Temari não acha que está exagerando? – Gaara tentou dissuadir a irmã que o observou de forma fria.

— Não – e virou-se para ir embora, quando algo a fez parar na saída daquele local.

— E agora? Como vamos procurar pela Flor dos Deuses? – Sakura indagou mais para si do que para algum dos humanos ao seu redor, totalmente desolada. Mas aquela frase chamou a atenção de Temari que se voltou para a única mulher em meio aos biltres que eram amigos de seu irmão.

— O que você disse? – indagou a Sabaaku à Sakura que franziu o cenho sem perceber que falara em voz alta. Ainda não estava acostumada que os outros a ouvissem novamente.

— Nada! Ela não disse nada! – Naruto interveio, era uma péssima ideia que mais alguém soubesse da procura dessa flor mística. Ainda mais quando, teoricamente, estavam mais perto dela, o que significava que mais gente podia conhecer a lenda.

— Eu não falei com você, Uzumaki – Temari disse e concentrou-se em Sakura que ficou sem saber o que dizer.

— Eu... er... – olhava para todos os lados, mas aquilo pareceu ser o suficiente para Temari que tomou uma decisão e mandou que os seus homens retirassem Sakura dali.

                Mas algo mais interessante aconteceu, os piratas que antes se mostravam dóceis e tranquilos ao ver que estavam em desvantagem, pareceram se transformar na sua frente apenas para proteger a pequena mulher. Sorriu ao ver o irmão atacando Baki que se aproximara de Sakura, aí estava o irmão valente que se lembrava. Eles lutavam como se não houvesse o dobro de inimigos na sua frente. Realmente impressionantes, até mesmo o tal Shikamaru, com quem havia feito o trato e parecia ser um preguiçoso, estava se mostrando um bom lutador. Mas mesmo com todos os esforços, eles não conseguiriam ganhar de todos e Sakura percebeu isso ao ver Kiba apanhando e Neji sendo segurado. Eles não conseguiriam vencer e ainda ficariam machucados por causa dela. Então fez a única coisa que pensou e correu em direção a Temari que se surpreendeu com a atitude da moça.

— Peça para eles pararem! Eu vou com você! – pediu e algo dentro de Temari se comoveu a ponto de mandar que os homens se afastassem.

A cena final era Naruto com o nariz sangrando e algumas escoriações no corpo, Sasuke com o olho inchado, segurando o ombro, Neji no chão com dor provavelmente onde estava o ferimento que ainda cicatrizava, Kiba com a boca estourada e resmungando alguns xingamentos por conta de dor no corpo, e Gaara, cansado e com alguns arranhões, mas ainda era o mais intacto dali. Temari bufou ao ver que o irmão ainda tinha a famosa “defesa absoluta”.

— Bom, acho melhor vocês irem descansar agora. Irei ter uma conversa com a amiguinha de vocês – disse pegando Sakura pela mão – Acho que não preciso dizer que é melhor não fugirem, não é? – e sorriu maliciosa antes de fechar a porta e trancá-la, ordenando que dois homens ficassem de guarda.

                Sakura olhou para trás, onde os companheiros estavam, e em seguida seguiu Temari, tentando pensar o que seria dela nas mãos daquela pirata e como faria para tirar os outros dali. O que ela procurava? Será que Temari sabia sobre a flor mágica? Maldição! Por que foi abrir a boca? Que Poseidon a protegesse!


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam?
Eu planejei mais coisas para esse capítulo, mas ele ia ficar enorme, então resolvi cortar nessa parte e deixar para o próximo.
Por favor, não fiquem com raiva do Sasuke, ele apenas teve más experiências com as mulheres e achava que Sakura estava querendo fazê-lo sentir ciúmes e brincar com ele... mas, tadinho, ele não consegue ficar com raiva dela por muito tempo e quem vai penar é ele com isso XD
Gaara e Neji, como não amá-los? E como não odiá-los tbm? Só eles para fazerem as coisas piorarem e só eles para tentarem ser fofos com o jeitinho malandro deles ♥
E eis que surge Temari! Estava louca querendo inseri-la na história! Vamos ver mais dessa relação entre ela e o irmão! E acho que deu pra perceber que a fic ocorre por meio de pequenos arcos, né? Já tivemos uma parte do arco do Sasuke, do Neji e agora do Gaara... o que será que vem pela frente, hein? Alguma aposta?

Espero que tenham gostado do presente!
P.S: A FIC AGORA SÓ SERÁ POSTADA AQUI NO NYAH, OK?
Beijos e até a próxima!