The Mermaid Tale escrita por Luhni


Capítulo 26
De volta ao mar: temos uma rota!


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!
VOLTEI! Mestrado quase finalizado e estou com um pouco mais folgada e, como aqui é feriado, resolvi postar logo esse capítulo de TMT!
Muito obrigada a todos por comentarem e favoritarem a fic, pelas mensagens de incentivo e por gostarem tanto de TMT, vocês são demais!!!
Sem mais delongas, vamos ao capítulo!

Boa Leitura!



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                Observava o pequeno objeto em mãos ainda tentando entender tudo o que acontecera. Suspirou e virou-se vendo que era alvo de olhares de toda a tripulação do Kurama. Franziu o cenho e logo os rapazes dispersaram, fingindo fazerem alguma atividade no navio. Eles estavam lhe olhando daquela forma desde que ouviram a sua voz. Mais uma vez eles estavam desconfiando dela, já que ninguém compreendeu, assim como ela, como de repente havia recuperado a sua voz. E dessa vez não era mera ilusão. Ela realmente podia falar de novo. E demorou um tempo até que conseguisse responder a todas as perguntas dos piratas e de Hinata e Tenten também.

“Como você está conseguindo falar?”

“Estava nos enganando esse tempo todo se fingindo de muda?”

“Isso é alguma brincadeira?”

“Estamos presos em alguma ilusão?”

“Você tem uma voz linda, Sakura!”

                As perguntas ainda pairavam na sua mente e respondê-las havia sido difícil, já que não podia dizer a verdade, não podia dizer que fora enganada por uma bruxa do mar, e ao mesmo tempo tinha que lidar com as próprias questões que surgiam: “O que isso significava?”, “Será que ela havia feito algo para acabar com parte da maldição?”, “Ou então, quem sabe, a maldição tinha um prazo para se findar?”. Eram tantas coisas que passavam pela sua mente que foi difícil convencer os humanos que estavam tão confusos quanto ela. Mas antes que pudesse lidar completamente com eles ou com sua nova situação, Sarutobi a ajudou mais uma vez ao afirmar que vira alguns guardas do castelo Hyuuga vindo na direção deles, provavelmente sob ordens de capturá-los. Ela não havia visto ninguém ali, porém palavras não foram mais precisas e logo os humanos esqueceram a voz de Sakura e rumaram para o Kurama enquanto Tenten e Hinata ficavam na praia para lidar com os seus próprios problemas.

                Olhou novamente para a sua mão que continha um pequeno objeto dado por Tenten para si: uma bússola. A Mitashi havia lhe entregado na praia, antes de se despedirem. Sakura não sabia exatamente para que servia aquela coisa, mas recordava-se das palavras da humana:

“Essa bússola vai ajudá-la a voltar para casa. Foi isso que vim buscar nesse castelo, mas acho que você pode fazer melhor uso. Ela sempre mostra onde está o que você mais deseja!”

                Não podia deixar de estranhar tais palavras. Como um objeto tão pequeno poderia levá-la para casa? Ele não parecia ter nenhum poder mágico ou algo que realmente a levasse para casa, mas depois de passar horas em alto mar e com todos os humanos afastados de si, enquanto navegavam sem nenhuma direção aparente, talvez aquela fosse a melhor opção que tinha. Suspirou, a verdade era que desde que entrou no Kurama não conseguiu dar nenhum passo em direção à sua casa. Quando conseguiu convencer os humanos de ajudarem-na houve o encontro com as sirens, depois Ino e a sua captura, e em seguida Itachi e a fuga para salvarem o navio. E agora houve toda essa confusão com Hiashi, Neji e Hinata e o retorno da sua voz. Se ela não fizesse algo... se ela não intervisse, com certeza os humanos iriam mais uma vez enrolá-la para não seguirem o acordo.

                E agora, mais do que nunca, ela sabia que devia voltar para casa. Não queria mais se machucar com os humanos, sempre dava tudo de si e sempre era tratada da mesma forma. Primeiro foi Sasuke e a forma como ele falou consigo depois do beijo e, agora, mais uma vez, todos lhe viravam as costas alegando não poder confiar nela já que supostamente havia os enganado com a história da voz. Bufou, irritada, querendo dar um ponto final nisso. Estava na hora de ir até o Capitão e mostrar sua ideia, mesmo que isso significasse passar por mais um interrogatório sobre como recuperou sua voz.

—*-

                Naruto sentia-se frustrado. Aquele maldito bêbado não conseguia nem desenhar uma linha a sua frente. Desse jeito estavam navegando a esmo e não sabiam se ainda estavam sendo seguidos, o que só piorava a situação. Massageou as têmporas em busca de calma, nunca fora alguém irritado, mas tinha tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo... perguntava-se por qual motivo havia aceito aquela missão quando sua porta foi aberta e a razão de todos os recentes problemas apareceu.

— O que está fazendo aqui? – Sasuke foi o primeiro a questionar. Ele também estava no aposento de Naruto, tentando por um pouco de lucidez na cabeça do velho.

— Vim falar com o Capitão – a voz suave e calma respondeu, e novamente Naruto e Sasuke se surpreenderam com o fato de que ela conseguia falar. Ainda não haviam se acostumado com isso.

— Sobre? Se não notou estamos um pouco ocupados no momento – e apontou para o Hiruzen que analisava o mapa como se conseguisse ver algo a sua frente. Até que ele enganava bem.

— Acho que posso ajudar com isso – e mostrou o objeto que segurava, deixando-o na frente de Naruto.

— Um bússola? Temos uma assim – comentou sem interesse, onde a garota queria chegar?

— Tenten me deu. Disse que era especial e me ajudaria a voltar para casa – falou mais uma vez, não estava mais acostumada a falar tanto, antes ela apenas mostrava o que queria e esperava que a entendessem.

— Como? – foi a vez de Sasuke perguntar e ela não pode evitar se sentir incomodada com a presença do Imediato ali e Sasuke notou isso, mas era algo que ela teria que lidar, então era melhor que ela se acostumasse logo.

— Não sei... – ficou um pouco acanhada ao perceber que não sabia ao certo como usar a tal bússola e sentiu-se uma tola. Devia ter descoberto primeiro. Olhou para Naruto e Sasuke que estavam prestes a expulsá-la da cabine, quando resolveu insistir na sua ideia – Tenten disse que a bússola mostra o que mais desejo, de repente ela aponta o caminho e...

— Que tolice! – Sasuke a interrompeu e Sakura franziu o cenho para ele – Isso é apenas uma lenda do mar, essa bússola não existe! – foi categórico. Mais uma vez a menina estava dando ouvido a fantasias, mas Sakura nem ao menos entendeu a que lenda ele se referia.

— Como assim? Que lenda é essa? – indagou curiosa e Naruto suspirou, vendo a pequena caixinha com a bússola dentro.

— Há uma lenda de que uma bússola especial foi construída, ela não apontava para o Norte, nem para nenhuma direção específica – e chacoalhou o objeto em mãos – Mas, se a pessoa se concentrar, então teremos uma direção diferente. Ela seria capaz de apontar para o seu maior desejo, para onde o seu coração deseja estar.

                Sakura sentiu suas esperanças se renovarem com essa notícia. Então ela ainda tinha uma chance. Hiruzen que ouviu toda a história, tirou seus olhos do mapa e observou o objeto que estava em posse de Naruto, aquilo era muito interessante. Sasuke bufou, achando tudo ridículo ao ver que a Grumete e o velho pareciam vidrados na lenda boba contada pelo Uzumaki que abria um grande sorriso por cativar a plateia.

— Mas isso é apenas uma história, não existe nenhuma bússola que não aponte... – e abriu a caixinha para reforçar a sua ideia, porém ficou surpreso com o que viu e não conseguiu terminar de falar.

— Capitão? – Sasuke aproximou-se do amigo e viu a bússola, não acreditando no que via – Ela não aponta para o Norte... – sussurrou e logo Sakura e Hiruzen estavam próximos para ver o objeto.

— Isso estava na casa do Hyuuga? – Naruto indagou sem tirar os olhos do ponteiro da bússola que girava como louca sem nenhuma direção exata.

— Sim...

— Chame Neji aqui! – mandou e Sakura se surpreendeu com a fala do Uzumaki que gritou ao perceber que não teve sua ordem acatada pela jovem – Agora!

— S-Sim! – e correu para fora da cabine para chamar o Hyuuga. Mas não foi preciso ir muto longe, pois ao abrir a porta, Gaara, Kiba, Neji, Shikamaru, Chouji e Shino caíram no chão aos pés da garota que gritou assutada, recuando para longe dos piratas.

— Mas o quê? – Sasuke bradou ao se aproximar de Sakura e puxá-la para trás. Em seguida vociferou contra o resto da tripulação – O que pensam que estão fazendo ouvindo atrás da porta?

— C-Contramestre... – Chouji gaguejou nervoso, tentando se levantar do montinho onde estava esmagando os outros piratas, mas sem sucesso.

— Chouji... sai... – Gaara tentava puxar ar para os pulmões e empurrar o gordo para longe de si.

— Eu não... consigo... respi...rar – Shikamaru ofegava e Sakura teve que se controlar para não rir da situação de todos e piorar a sua própria.

                Olhou para Sasuke que permanecia impassível. Ele suspirou e oferecendo uma mão ao cozinheiro, puxou Chouji para cima, libertando os demais que puderam respirar mais aliviados com um peso a menos.

— Acho que vocês nos devem algumas explicações, não? – Sasuke disse cerrando os dentes, no limite de sua paciência. Aquela tripulação estava a cada dia mais insolente.

— Foi apenas... um erro de percurso – Gaara foi o primeiro a se manifestar após levantar-se.

— Erro de percurso? – Sasuke arqueou uma sobrancelha duvidoso.

— Sim, não sabíamos que Sakura iria ser tão rápida para abrir uma porta, senão teríamos saído do caminho – fez graça e Sasuke internamente prometeu dar um castigo para o ruivo.

— Isso não importa agora! Temos coisas mais importantes a resolver! – Naruto chamou a atenção dos piratas para si e depois dirigiu-se ao Hyuuga – Neji, você já ouviu falar sobre uma bússola que não aponta para o Norte? Ela pertence a sua família?

— A lenda eu já ouvi, mas não sabia que pertencia aos Hyuugas, mas... – parou antes de refletir e todos focaram a sua atenção nele – Existe o lema da família – disse por fim, o que deixou todos confusos.

— Lema? Do que diabos você está falando? E por que isso é importante? – Kiba já estava sem paciência após ser esmagado pelos companheiros de navegação.

— Cada família nobre possui um lema, algo que representa a família de alguma forma – Neji explicou calmamente, ignorando o Inuzuka que bufou irritado – Entre os Hyuugas o lema é “Um Hyuuga sempre sabe onde vai e o que quer”.

                Todos ficaram em silêncio, digerindo as palavras do perolado, mas para Sakura aquilo não fazia nenhum sentido, então acabou dizendo:

— Não entendi... – e logo teve a atenção voltada para si. Ainda era estranho receber tantos olhares ao mesmo tempo, quando estava acostumada a ter que se fazer ser ouvida pelos piratas.

— Sempre pensei que o lema se referia a ser decidido, ou a liderança, mas... pode ser que o lema se refira ao fato da família possuir tal bússola que sempre aponta para os nossos desejos – o Hyuuga explicou.

— Então não há dúvidas... – Naruto murmurou da sua cadeira, olhando para a caixinha em mãos antes de abrir um grande sorriso – Imaginem as possibilidades que essa bússola pode nos trazer! – exclamou animado e, logo, todos pensaram nos tesouros que poderiam encontrar, sem falar que, com essa bússola, poderiam encontrar os responsáveis pela tragédia que mudou a vida de Naruto e Sasuke.

                Os piratas bradaram felizes e Sakura soube que, se não fizesse algo, eles iriam desviar a rota novamente. Por isso somente puxou a caixinha das mãos de Naruto e disse em alto e bom som:

— Não!

— O que está fazendo, Grumete? – O Capitão bradou, pedindo o objeto de volta – Devolva!

— Não! Não me importo que vocês queiram pilhar ou procurar tesouros, mas temos um acordo! E a bússola vai me ajudar a voltar para casa primeiro! – exclamou irritada. – Afinal, ela é minha!

                Naruto bufou e sentou-se na cadeira novamente. E lá estava novamente, o motivo de todas as suas preocupações.

— Tecnicamente, ela pertence à minha família, então ela é minha! – Neji interviu e Sakura arregalou os olhos. Não acreditava no que estava ouvindo, eles iriam tomar a bússola de si?

— Malditos piratas... – murmurou, mas foi ouvida por todos.

— Acostume-se, você é uma agora! – Gaara disse ao seu lado com um sorriso ladino e percebeu que falara em voz alta. Por Tritão, tinha que prestar mais atenção agora, estava acostumada a dizer o que pensava sem se preocupar se ouviriam, já que não tinha voz.

                Mas até que a afirmação de Gaara poderia lhe ajudar. Ela era uma pirata agora, podia não saber tudo, mas já havia aprendido muita coisa com os humanos e sabia que podia reverter essa situação.

— Bom, tecnicamente... – repetiu as palavras de Neji que já planejava procurar algum tesouro valioso, mas parou para ouvi-la – ...você não é mais um Hyuuga, você deserdou, não foi?

— Como é? – Neji fulminou Sakura com os olhos que teve que buscar toda a sua coragem para não se encolher diante do olhar do perolado.

— Além disso, Tenten deu a bússola para mim, e não para você – sabia que aquilo iria irritar ainda mais o pirata, mas não tinha escolha.

— Entregou algo que roubou! – vociferou contra ela.

— Mas, se formos avaliar bem, a dona legítima seria Hinata que é minha amiga – e sorriu ao ver os piratas suspirando, pelo visto eles começavam a perceber que perderiam, menos Neji que mantinha o olhar assassino contra si – E também é amiga de Tenten, então a única pessoa para quem Hinata poderia dar a bússola seria para mim, novamente.

— Acho que Hinata poderia ter uma segunda escolha – Naruto quis reverter a situação. Ele queria aquela bússola também, precisava dela para finalizar sua vingança – Você sabe a nossa situação, Sakura – fez menção ao beijo trocado por ele e a Hyuuga. E que beijo!

— Sei, eu vi como foi o final da situação – falou com uma careta ao relembrar como Hinata batera no Capitão e pelo visto todos os outros também lembraram já que começaram a rir.

— Calados! – vociferou o Uzumaki com as faces rosadas. – Malditos! – murmurou envergonhado.

                Sakura suspirou ao ver que nunca sairiam dali se continuasse dessa forma, então ela resolve mudar a abordagem:

— Capitão, eu não estou dizendo que vocês não poderão usar a bússola – e novamente todos lhe ouviam, agora mais atentos às palavras dela – Apenas que quero, primeiro, voltar para casa. Quando conseguir a Flor dos deuses eu lhe entrego a bússola, como parte do pagamento do nosso acordo – deu a cartada final e ficou feliz por pensar nisso. Eles nunca recusariam aquilo!

                Ou foi o que pensou, até ouvir Neji se manifestar:

— E quem disse que podemos confiar em você? – aquilo realmente magoou Sakura que não imaginava ouvir algo assim dele. E o Hyuuga também pareceu incomodado ao ver o olhar machucado de Sakura, tanto que logo desviou o olhar.

— Ele está certo! – Kiba também se pronunciou – Você vive nos enganando, Grumete! Pode acabar ficando com a bússola no final de tudo! Mulheres são realmente ardilosas!

— Eu não quero essa bússola! Não tenho porque mentir!

— É mesmo, Haru? – Gaara indagou de forma irônica, relembrando o falso nome dado.

— Ainda falta nos explicar sobre a sua recente aquisição também, não? – Sasuke voltou a questionar o retorno da voz de Sakura que fechou as mãos em punho.

                Abaixou a cabeça, sem saber o que dizer. Ela realmente havia mentido diversas vezes para eles e ainda mentia, mas... não podia contar a verdade. Seria o seu fim. Ela viu a ganância deles quando tiveram Ino e o mesmo aconteceria com ela, se acreditassem, é claro. Depois de tantas mentiras, era normal que ficassem receosos consigo.

— Eu já expliquei o motivo de mentir sobre o meu nome, mas não menti sobre a minha voz! Eu realmente não conseguia falar quando conheci vocês! – e sabia que, mesmo sendo uma péssima mentirosa, dessa vez falara a verdade, mesmo que de forma parcial, e todos poderiam ver. – Eu não sei o que aconteceu comigo, não sei como recuperei a minha voz, mas na última vez, naquela ilha... eu também consegui falar!

— Mas foi algo temporário, você tem que admitir que isso foi muito estranho até mesmo para os nossos padrões, Sakura – Shikamaru entrou na conversa – Tem alguma coisa que você ainda não contou para nós?

                Sakura recuou um passo sem saber o que responder. Fechou os olhos e ao abrir os orbes verdes brilhavam determinados.

— Eu só sei que quero ir para casa. Já se passaram meses desde que estou longe de casa, se vocês pudessem retornar para o lar de vocês, para a vida que vocês tinham, não fariam de tudo para conseguir isso? Por que eu estaria inventando algo? O que eu ganharia enganando vocês? Eu só quero a ajuda de vocês e depois a bússola e o dinheiro serão seus! – e encarou a todos, como se suplicasse – Por favor, me ajudem!

                E quando viu o olhar perdido de todos, soube que havia feito novamente, mais uma vez havia os hipnotizado, porém ela não pode se arrepender naquele momento. Sabia que seria a única forma deles continuarem a ajudá-la, afinal, no fundo eles estavam certos sobre ela continuar escondendo algo.

— O... quê? – Sasuke pôs a mão na cabeça, tentando desanuviar a mente.

— Eu... tudo bem... – o Uzumaki começou a balbuciar – Claro que... vamos ajudá-la!

— Acho que... ainda não nos acostumamos a ouvir tanto a sua voz – Gaara piscava, tentando sair daquela onda de confusão.

— E que voz... – Shikamaru disse, o que fez todos concordarem.

                Sakura apenas sorriu sem graça, talvez não fosse somente os seus olhos que encantavam os humanos. Suspirou olhando para a bússola, apertando-a, esperava que agora ela conseguisse ficar mais próxima de alcançar seu objetivo. Ela iria voltar para casa.

—*-

— Muito bem, já que resolvemos tudo, agora temos que decidir uma rota! – Naruto disse mais animado. Ninguém parecia se recordar das divergências ou das desconfianças com relação à voz dela e ela agradecia por isso.

— Hyuuga, como essa bússola funciona? – Sasuke indagou e o outro deu de ombros, sem saber como responder.

— Acho que é só segurar – opinou e Naruto abriu a caixa da bússola, porém o ponteiro permanecia se mexendo em todas as direções.

— Acho que não é assim! – reclamou o Uzumaki.

— Talvez seja Sakura quem deva segurar – a ideia partiu de Sasuke, surpreendendo a todos – Afinal, o desejo maior de encontrar essa flor é dela.

— Sim, a bússola aponta para o que mais desejamos, então o Capitão não conseguiria achar a direção correta, pois seu desejo é outro – explicou Neji como se sempre soubesse disso, o que fez Gaara revirar os olhos.

                O Capitão entregou a bússola para a Grumete e disse a ela para pensar no que mais queria. Sakura fechou os olhos e se concentrou: lembrou do seu lar, do mar, das suas irmãs, do amor que sentia por elas, do amor pelo mar, do amor... e ao abrir os olhos e olhar para o objeto ficou um pouco descontente ao ver que o ponteiro apontava na direção onde Sasuke estava escorado e não acreditou naquilo. Virou-se de costa e novamente pensou no seu lar, no amor pelo mar e nas pessoas que a amavam também, mas ao verificar a bússola, mais uma vez ela parecia apontar para o Imediato.

— Acho que isso não funciona! – comentou decepcionada e Naruto, que estava mais perto, foi o primeiro a perceber a direção.

— Está apontando para o Sudoeste daqui... – comentou e Sakura sentiu-se tola por pensar que a bússola estaria apontando para o Imediato – O que tem nessa área? – indagou para ninguém em especial.

                Shikamaru voltou-se para o mapa aberto na mesa do Capitão, expulsando Sarutobi que praticamente dormia em cima da carta naútica e começou a traçar a direção.

— O vale da Rebentação, o país das Águas Quentes...

— O país das Águas Quentes! – Hiruzen de repente gritou, acordado – É para lá que devemos ir!

— Como tem certeza, velho? Estava dormindo há pouco! – Gaara disse descrente, não gostando do rumo daquela conversa.

— Eu só precisava encontrar um ponto de referência e o país das Águas Quentes me lembrou que já havia passado por lá quando ouvi a história da Flor dos deuses – afirmou o velho que não parecia estar mais bêbado.

— Lá é um bom lugar para comércio, mesmo que não achemos a tal flor, pelo menos podemos reabastecer e fazer trocas de mercadorias – Sasuke concordou.

— O quê? Lá é horrível! Aquelas águas são insuportáveis, as mulheres são feias e... – Gaara tentou dissuadi-los mais uma vez.

— O que está dizendo, Gaara? As mulheres daquele país são lindas! – Kiba interveio.

— E eu ouvi dizer que há águas termais e que são ótimas para curar o corpo – Shino se manifestou.

— Droga, Shino! Você nunca abre a boca, tinha que falar justo agora? – resmungou Gaara.

— Por que você não quer ir para lá? – Sakura questionou ao ver o desconforto do ruivo, mas foi Neji quem respondeu com um sorriso estampado.

— É que o nosso Sabaaku aqui é do país das Águas Quentes! – debochou – Vai voltar para casa, Gaara! – e antes que o ruivo pudesse rebater o que o Hyuuga disse, Naruto já batia o martelo, decidindo:

— Certo! Então vamos conhecer a casa do Gaara! – brincou antes de virar-se para Shikamaru – Já temos a nossa rota, Timoneiro!

— Hai! – e em seguida todos começaram a dispersar, indo preparar o navio para finalmente seguirem o curso.

—*-    

                O dia havia passado rápido depois que decidiram a rota de navegação. E Sakura agradeceu por todos estarem ocupados o suficiente para não a perturbarem, o único problema era que estava curiosa com Gaara. Queria saber o motivo dele não querer voltar para casa, afinal isso era o que ela mais queria naquele momento. Mas resolveu aguardar até o jantar, ali seria o melhor momento de abordá-lo. E quando o dia findou, sentou-se ao lado dos companheiros do Kurama, indagando:

— Por que não quer voltar para casa? – foi direta e Gaara bufou, ignorando-a. Ela olhou para Neji que esboçava um sorrisinho no rosto – O que houve? – e por um momento ficou preocupada deles terem se lembrado de tudo e tivessem ficado desconfiados dela novamente.

— Gaara não gosta de ir para casa – Neji a respondeu e ela suspirou aliviada, questionando novamente o motivo.

— Digamos que eu não saí de lá com muitos amigos – o ruivo resmungou mexendo a comida.

— Vocês brigaram? – Sakura perguntou de forma inocente. Neji riu e Gaara bufou.

— Digamos que eu não seja bem visto por conta de... alguns mal entendidos – tentou novamente e a Grumete apenas balançou a cabeça como se tivesse concordando consigo, apesar de não ter entendido muito bem.

— Gaara pediu dinheiro emprestado e não pagou – Neji resolveu falar tudo de uma vez, já que a garota continuava perdida.

— Ah sim! – e sorriu ao ter tudo explicado – E por que você não pagou? – e os dois piratas se encararam, revirando os olhos pela pergunta boba de Sakura. Como se o Sabaaku fosse devolver o dinheiro depois de tê-lo gastado, ele apenas havia os enganado porque podia fazer isso. Enganar os outros era a especialidade do ruivo – O que foi?

— Sakura, você ainda tem muito a aprender! – Gaara debochou e Neji aquiesceu, fazendo a ex-sereia franzir o cenho. Ela achava que já tinha aprendido muito. Estava pronta para retrucar quando o Imediato entrou no local para pegar a sua refeição.

                Sakura olhou o Uchiha e notou que ele a encarava de volta. Novamente ela se sentiu estranha e não sabia como se comportar, então preferiu desviar o olhar para a comida e ficar calada, mas os dois piratas ao seu lado não deixaram aquilo passar despercebido. Gaara olhou para Neji e depois observaram o Contramestre que revirava os olhos e voltava-se para Chouji. Pareceu uma eternidade até Sasuke sair do local, já que ele sempre fazia as refeições dentro da sua cabine ou a do Capitão e quando ele não estava mais lá, Sakura conseguiu suspirar aliviada e levantar os olhos novamente, até ser confrontada por dois humanos intrometidos.

— Então, o que temos aqui? – Gaara pôs a mão no queixo como se estivesse refletindo – Eu senti uma tensão no ar, você sentiu, Neji?

— Senti, foi quase o palpável. O ar pareceu pesado e tudo ficou em silêncio – o Hyuuga continuou e Sakura questionou-se se isso realmente aconteceu, pois ela não havia percebido que afetara os outros.

— Foi? Eu... não tinha notado – murmurou para si. Ela acabou compreendendo aquilo ao pé da letra.

— Sim – Gaara disse colocando o braço em volta dos ombros da Grumete – A questão é: por que você e o Contramestre pareciam tão... tensos? – questionou e Sakura sentiu um arrepio ao ver o olhar dos homens a sua frente. Eles pareciam determinados e isso era algo ruim, para ela.

— N-Não sei... – gaguejou, pronta para se levantar e sair dali, quando Neji sentou-se do seu outro lado, imitando o movimento de Gaara. Ótimo! Agora ela estava cercada!

— Ora, qual o motivo da pressa? Você ainda está escondendo algo de nós? – Neji alfinetou e ela começou a pensar em uma resposta, quando Gaara tomou a palavra:

— Você parece angustiada, Sakura. Não seria bom dividir esse fardo? – e ela refletiu sobre as palavras dele. Era isso que sentia? Angústia?

                Era por isso que toda vez que via o Contramestre ficava nervosa e inquieta? Estava sofrendo por causa do beijo que dera no humano? Ou por que se ressentia de tê-lo forçado ao beijo? O que aquilo tudo significava? Ela não sabia, mas realmente estava a machucando e ela começava a sufocar com isso, sem saber como lidar com o Imediato e sem ter alguém com quem pudesse contar para ajudá-la. Olhou para Gaara e Neji e estes arregalaram os olhos ao verem o rosto triste e torturado de Sakura, eles não imaginavam que ela fosse reagir dessa forma, mas antes que pudessem comentar qualquer coisa, ouviram as palavras que mais queriam e qualquer restício de arrependimento fora embora.

— Tudo bem, eu vou contar – ela disse, pois, quem sabe, eles pudessem lhe ajudar?

—*-

                Os ventos estavam calmos e todos esperavam que fizesse um bom dia. O Capitão descansava nos seus aposentos, observando o pequeno recipiente que continha algo muito valioso, muito mais do que ouro e prata. Recordou-se do rápido encontro que tivera com o irmão e sorriu ao pensar na garota com vestes masculinas.

— Sasuke tem algo muito interessante em mãos – comentou para si, observando o pequeno frasco em mãos – E está bem mais forte – sorriu de forma misteriosa ao pensar no mais novo. Tinha que dar um jeito de encontrá-lo novamente.

                Começou a recordar-se do passado e em como poderia usar aquelas informações a seu favor, quando um estrondo foi ouvido e parecia que o navio havia encalhado.

— Maldição! O que está havendo aqui? – bradou ao chegar no convés e arregalou os olhos ao ver todos os seus homens desmaiados – O quê? – franziu o cenho e virou-se ao ouvir uma risada.

— Não se preocupe, Capitão – e viu surgir o corpo de uma mulher com longos cabelos negros, a pele parecia tomada por escamas que brilhavam à luz do sol – Eles estão apenas dormindo – comentou e Itachi notou como a voz dela era bonita, tão bonita quanto a sereia que prendera a poucos dias.

                Ele desembainhou a espada e apontou para ela. Novamente seus olhos caíram para o corpo da mulher, mas diferente do que esperava ela possuía pernas, que estavam cobertas por um vestido preto.

— Querido, meus olhos estão aqui em cima – disse bem humorada e ele franziu o cenho.

— Quem é você? O que quer?

— Eu? Eu quero contar com a sua ajuda, Uchiha Itachi – voltou a caminhar em direção a ele que não abaixou a guarda – Ora, querido, acho que se eu quisesse lhe fazer mal, já teria feito. Não precisamos ser tão hostis, não é? – e mexendo uma mão jogou para longe a espada do pirata.

— Como me conhece? – deu um passo para trás, estudando sua adversária que estava bem perto de si, rodeando-o. Havia algo nela que fazia com ele ficasse em alerta, ela parecia lhe cercar como se tivesse muitas mãos, quase como um polvo.

— Sei muitas coisas sobre você, querido – continuou a encará-lo – E por isso tenho uma proposta para fazer a você. Um acordo – e arqueou uma sobrancelha, atiçando a curiosidade do humano.

— Que tipo de acordo?

—  Você conheceu, recentemente, uma pessoa que é do meu interesse. Cabelos rosas, olhos verdes...

— Sakura – disse o nome e a mulher sorriu de forma maliciosa.

— Ela mesma! Eu tenho um acordo com ela, porém a menina insiste em quebrar o que combinamos, então... bom, quero dar um jeito nisso – e deu de ombros.

— Que tipo de acordo tem com ela? – indagou estranhando a situação – E qual o seu nome? Eu estou em desvantagem aqui já que diz saber tanto sobre mim. – virava-se a todo o momento para acompanhar os movimentos dela.

— Oh, é verdade! Sou uma tola, perdoe-me – a mulher disse e sorriu – Meu nome é Seika, mas o acordo que eu tenho com ela, não diz respeito a você, apesar de que eu acho que você já deve suspeitar o que seja – e olhou para as próprias pernas.

Itachi não precisou de muito para ter suas suspeitas confirmadas, apesar de uma parte sua não querer acreditar que Sakura realmente era uma sereia como aquela loira que fora capturada. Porém não havia motivos para aquela mulher inventar algo assim. E mesmo assim... ainda havia furos na história, ele não conseguia confiar naquela a sua frente.

— Ora, Capitão! Assim fico ofendida, parece que não está acreditando em mim! – e pôs a mão na altura do coração como se estivesse ofendida, para em seguida sorrir de forma maliciosa e estalar os dedos.

                No instante seguinte, ambos estavam dentro da sua cabine e Itachi arregalou os olhos pelo o que presenciara. Ela era uma bruxa!

— Agora que estamos mais à vontade, podemos falar de negócios – Seika disse ao se sentar na mesa de Itachi como se fosse a sua – Fique à vontade, querido, a sala é sua, afinal – debochou, mas Itachi nem ao menos se moveu.

— O que quer de mim? – foi direto e a mulher a sua frente sorriu ainda ainda mais.

— Agora estamos em sintonia! É algo bem simples e bem pequeno, na verdade...Eu quero que você mate Sakura para mim – também foi direta e Itachi arqueou a sobrancelha.

— Digamos que eu aceite, você disse que era um acordo, então o que eu ganharia com isso? – cruzou os braços e Seika levantou-se, voltando a andar na direção dele.

— O que você ganharia? – ela perguntou para si – Posso lhe dar qualquer coisa, dinheiro, poder... – falou lentamente enquanto observava a feição do Uchiha nem ao menos se alterar.

— Não estou interessado – foi sincero e estranhou ela parecer tão calma, enquanto negava o pedido dela, quase como se soubesse que isso iria acontecer.

— Tudo bem, você é durão – brincou e tocou o braço dele que se arrepiou com o toque, mas não recuou. Seika sorriu novamente e o encarando de perto voltou a falar – Posso dar a você o que você mais deseja...

— Impossível – e foi a vez dele rir de forma debochada. Mas Seika não perdeu o sorriso por nem um momento.

— Eu posso lhe dar o que mais deseja...Uchiha Itachi... – ela sussurrou novamente para o humano que sentiu um arrepio pela forma como ela falara consigo. Estava prestes a se afastar, a negar novamente, quando ela pronunciou as palavras que selariam o seu destino e o de Sakura também – Eu posso lhe dar... o seu coração!


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam?
Eu sei, foi um capítulo de transição, mas eu precisava encerrar a parte "Hinata/Neji" e precisava colocar as coisas no eixo novamente, afinal nossa Sakura ainda quer voltar para casa!
Mas ela tinha que convencer os meninos de esquecer o retorno da voz e seguirem com o plano da sereia, tadinha, o único jeito foi encantá-los mesmo, mesmo que não tenha sido intencional, funcionou para os planos dela. E vamos admitir, se não fosse por isso ela realmente estaria ferrada nas mãos dos rapazes! E o fato deles desconfiarem dela, mais o fator Sasuke, contribuiu para ela persistir na ideia de retornar ao mar.
Alguém pegou a referência da bússola? Capitão Jack Sparrow mandou um beijo para vocês! kkk
E o que dizer de Gaara e o fato dele não querer voltar pra casa? Preparem-se! Mais alguém vai aparecer no país das Águas Quentes e vamos saber mais sobre o nosso ruivinho. Falando nisso... Gaara e Neji, os maiores fofoqueiros do Kurama, já querem saber o que houve entre Sakura e Sasuke e quem acha que isso vai dar o que falar? kkkk
Por último, tivemos a participação de Itachi e a volta de Seika, sério, eu adoro quando escrevo a parte dela porque acho ela tão debochada que me dá vontade de rir kkkk Ok, são doidices minhas, mas voltando ao que interessa... no próximo eu vou explicar algo mais sobre essa parte, sei que prometi explicar sobre o retorno da voz dela nesse capítulo, maaas... achei melhor adiar um pouco isso já que nem a própria Sakura não sabe o motivo, mas a Seika sabe muito bem e ela quem vai contar isso melhor para nós em breve! E tenho que dizer que acho que chegamos à metade da fic com isso, Uhuuul!
Novamente muito obrigada pelo carinho e até a próxima!

Beijos