A Senhora da Sorte escrita por Ana Letícia


Capítulo 16
Eu sou diferente agora




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Basicamente carregando Andrômeda, Lana pegou suas coisas no armário, e pegou a bolsa de Andrômeda na sala de aula, elas estavam quase no portão quando a diretora as parou.

— O que está acontecendo? - perguntou a diretora.

— Nos deixe ir embora agora! - ordenou Lana.

— Está bem. - respondeu ela automaticamente.

Elas passaram pelo portão. Andrômeda estava em estado de choque, Lana não fazia ideia que ela queria tanto assim a joia suprema, e não parava de pensar que isso tudo era pra ser dela, e não seu.

Chegando na rua da casa de Andrômeda, Lana viu alguém se aproximar.

— Ah, meu Deus, o que houve com ela?

Era uma senhora de rosto simpático, mas estava extremamente preocupada.

— Quem é você? - perguntou Lana.

— Sou a avó dela. Anna Montenegro.

Lana arregalou os olhos.

— Ela está em choque. - respondeu.

— O que você fez com ela?

— Ela só, não poderia ser a Senhora da Sorte.

— Eu avisei que isso ia destruí-la. Venha, vamos levar ela pra dentro.

Lana arrastou uma Andrômeda zumbi para dentro da casa. A mãe dela estava chorando.

— O que aconteceu, Lana? - perguntou a senhora Allen.

— Ela não era a Senhora da Sorte. Porque a sua ancestral deixou a essência para a minha família, eu sou a dona da sorte.

— Ela vai ficar bem? - perguntou a senhora Allen para a avó Montenegro.

— Vai, o tempo irá curar.

— Eu não queria que ela ficasse assim. Não pude evitar, eu… - disse Lana.

— Está tudo bem, Lana. Pode ir. - disse a senhora Allen.

Sem dizer mais nada, Lana foi para casa.

***

Já tinham se passado dois meses desde que Lana se tornara a Senhora da Sorte. Depois daquele dia que ela saíra da casa dos Allen, ela procurou Pablo, e disse que ele deveria deixar Andrômeda em paz, e ele obedeceu, não tinha escolha. Nesse mesmo dia a avó Montenegro apareceu em sua casa.

— Isso pertence a você. - ela lhe entregou uma caixa.

Lana olhou dentro.

— Meus diários! Obrigada, senhora Montenegro. A Andrômeda está melhor?

— Como eu disse, o tempo vai curar. Eu só peço uma coisa a você, Lana, não se torne uma pessoa ruim.

— Eu não pretendo ser ruim.

— Espero que sim. - disse ela de forma misteriosa e foi embora.

Andrômeda não apareceu mais na escola depois daquele dia, todos diziam que sua gripe se tornara uma pneumonia gravíssima, e ela estava internada em casa e não podia receber visitas. Mas Lana sabia que Andrômeda nunca estivera doente, ela só não conseguia se libertar dessa história, então ela nunca a procurou para agradecer por ter devolvido os diários.

Lana estava em sua cama, escrevendo em seu novo diário. Ela adorava ser a dona da sorte, mas se sentia diferente, então ela escrevia, só não queria se perder.

“Não se torne uma pessoa ruim”, as palavras de Anna Montenegro sempre ecoava em sua mente, e ela sempre respondia baixinho “Eu não pretendo”.

Ainda pensativa, Lana ouviu algo do lado de fora, e pensou ter visto alguém na janela. Ela se levantou para verificar, mas não havia ninguém, apenas a noite e a lua.

Cansada, Lana fechou a janela, apagou as luzes e foi dormir.

***

O semestre letivo acabou, e as férias chegaram. Lana estava ansiosa para a viagem em família, mas ainda faltava uma semana, ela sempre quis ir à Grécia, e finalmente conseguiu convencer os pais com ajuda do seu novo poder.

Suas amigas a convidaram para um luau na praia da cidade, Lana não estava muito afim de ir, ela não estava mais acostumada a fazer o que os outros queriam, era ao contrário, todo mundo fazia o que ela queria. Mas fez um esforço e concordou em ir.

— Ai eu disse pra ela, “Porque você não vai retocar essa raiz em vez de reparar se tem uma manchinha no meu sapato?” - disse Sarah concluindo a história.

Todas riram. A noite estava agradável, Lana estava bebendo um suco de morango, estava usando um vestido verde água e os meninos disseram que ela estava parecendo a Pequena Sereia.

Seus cabelos ruivos estavam soltos e mais longos penteados perfeitamente.

— Eu preciso caminhar sozinha. - disse ela às amigas.

Caminhando pela orla, Lana girava a pulseira. Ela definitivamente não era mais a mesma pessoa, manipulava tudo e todos ao seu redor, seu poder era tão grande que ela agora comandava os elementos da natureza, se infiltrava na parte mais íntima da mente das pessoas, não perdia em mais nada, e sabia de tudo, exatamente tudo, até podia prever coisas. Distraída, ela não percebeu que se aproximara de alguém.

— Ai. - disse uma voz masculina.

— Ai, me desculpe, eu estava distraída demais. - disse Lana.

— Lana? - era a voz de Andrômeda.

— Andrômeda! Eu nunca mais vi você, eu fiquei preocupada, você está melhor?

— Estou. - disse ela. - Este é o Daniel.

Ela apontou pro rapaz louro e forte que estava sentado no banco ao seu lado.

— Oi, sou Lana Winters. Desculpe mais uma vez.

— Tudo bem, Lana. - ele sorriu.

— Andrômeda, eu me sinto muito diferente, e eu não queria que você tivesse ficado daquele jeito. - disse Lana.

— Está tudo bem agora, Lana, finalmente pude ver do que me livrei. Não nasci para ser assim. - disse ela calmamente.

Lana a encarou por um tempo.

— Eu já volto, Daniel. - disse ela por fim.

— Eu mudei muito, Andrômeda, estou fora de controle. - sussurrou Lana.

— Imaginei.

— Eu não me controlo, quando percebo já convenci as pessoas a fazerem o que não queriam, já invadi a mente delas, eu sou insuportável ganho todos os jogos!

— É a sua sorte, Lana.

— Enfim, o Pablo te deixou em paz?

— Sim, ele só me ligou dizendo que deveríamos terminar, e que eu podia ficar com o colar. -disse Andrômeda amargamente- Fiquei bem satisfeita. - continuou ela.

— Que bom. -disse Lana – Pelo menos uma de nós está em paz.

— Eu estive pensando, você teve notícias da Lamína?

— Não, a última vez que a vi foi na casa dos Hinostroza.

— E não acha isso estranho? Ela estuda na mesma escola que nós.

— Você também não foi mais para a escola.

— Mas tenho amigos, quer dizer, Lorenzo perguntou se eu tinha notícias dela, ele achou que fossemos amigas por causa daquela noite.

— Ela sumiu, que bom.

— Você não se preocupa com isso? O que ela poderia estar fazendo?

— Eu não ligo pra ela, Andrômeda. Eu sou mais forte que todos na Terra.

Andrômeda cruzou os braços.

— Eu só tive uma sensação. Se cuida então, Lana. - disse ela e voltou para o lado de Daniel.

Lana continuou lá parada, ela não entendia como Andrômeda conseguia se preocupar com ela, ter consideração por ela, primeiramente ela tinha o que deveria ser de Andrômeda por direito, a essência da confiança, e segundo que se não fosse pela obsessão dela em ser a dona da sorte, Andrômeda ainda teria seu colar.

Andrômeda deveria ter raiva dela, pois ela tirou dela o que ela queria. E então ela entendeu tarde de mais a preocupação de Andrômeda, sentiu uma lâmina entrar pelo seu abdômen e gritou.

— Lana! - Andrômeda gritou.

— Achou que eu ia deixar isso barato, Winters? - disse Lamína. - Essa adaga também é herança de família, ela tem uma lâmina muito especial, daí vem o meu nome.

Lana só sentia dor, a dor mais agoniante de sua vida, ela não alcançava a adaga em suas costas. Andrômeda chegou até ela.

— Por que você fez isso, Lamína? - ela gritou.

— Quando ela morrer as joias voltam a ser quatro, e posso ter os meus brincos de volta.

— Você é maluca! - disse Andrômeda – Lana, por favor, não morra, Daniel foi buscar ajuda.

— Eu não estou aguentando. - Lana tossiu e saiu sangue.

— Não, Lana, a ajuda está vindo! - Andrômeda estava chorando.

— Chegue mais perto. - pediu Lana.

Andrômeda se aproximou, quase colando o ouvido em sua boca.

— Eu sou para você. A essência da confiança é sua. - sussurrou Lana.

Lana tossiu, e Andrômeda sentiu algo dentro dela, sentiu-se iluminada por dentro.

Lamína não sabia o que tinha acontecido. E não deveria saber.

Lana fechou os olhos e não se mexeu mais.

Nesse momento, a pulseira começou a brilhar no braço de Lana, a poça de sangue estava maior, e o seu vestido verde estava vermelho.

— Nem ouse se mexer, Allen. - disse Lamína.

Andrômeda não tinha muito tempo, ela precisava pegar a pulseira antes que Lamína percebesse, se ela pusesse as mãos nos brincos, Andrômeda jamais conseguiria pegá-los de novo.

Com um movimento rápido Andrômeda puxou a pulseira do braço se Lana e colocou no seu.

A pulseira começou a esquentar em sua pele, e começou a brilhar intensamente, e de repente, a luz cessou, e ela se sentiu a pessoa mais poderosa do mundo.

— O QUE VOCÊS FIZERAM??? - berrou Lamína.

— Cale a boca, e não se mexa. Você vai pagar por isso. - disse Andrômeda.

Segundos depois Daniel voltou correndo com um policial ao seu lado, e Andrômeda ouviu a sirene de uma ambulância.

Andrômeda se ajoelhou novamente ao lado de Lana e disse com todas as suas forças.

— Você não vai morrer, Winters.

E então, ela percebeu Lana respirando levemente.

— Foi ela que fez isso? - perguntou o policial apontando para Lamína.

— Sim. - disse Andrômeda. - Conte para ele o que você fez com Lana porque tinha inveja dela!

— Eu fiz isso. - disse Lamína – Porque tinha muita inveja dela.

Andrômeda não queria arriscar que Lamína contasse para a polícia sobre as joias mágicas.

Duas viaturas da polícia chegaram junto com a ambulância, eles levaram Lana para o hospital, e Lamína para a delegacia.

Depois que tudo se acalmou, Daniel a abraçou.

— O que aconteceu afinal? - ele quis saber.

Ela olhou pra ele e respirou fundo.

— Eu sou a Senhora da Sorte.


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