~Universo alternativo, narrativa em terceira pessoa.~

Leo e Calipso já estavam saindo fazia algum tempo. Ele, um garoto do Houston. Ela, uma intercambista grega. Ambos estavam estudando na Houston Public High School, e estavam no ensino médio. Seu relacionamento tinha sido construido em base de longas semanas de implicância e piadas.

~ Houston Public High School, 2º ano do ensino médio, Agosto, aula de história com o senhor Chase.~

— Alunos, hoje teremos uma aula um pouco fora do comum - começou o professor - hoje, estamos recebendo a visita de uma intercambista, que veio da Grécia! Calipso, pode vir aqui na frente, por favor?

Calipso assentiu e levantou-se, tímida. Enquanto subia no palanque, usando um vestido branco clássico, Leo, no meio da sala gritou:

—Kaliméra, Iliachtída!

Calipso, não sabendo se ficava irritada ou admirada com o "Bom dia, raio de sol!" Em grego que Leo havia gritado, respondeu:

— Kaliméra, mikró arouraío!

Okay, ela havia ficado irritada, e tinha respondido com um "Bom-dia, pequeno rato", que Leo não entendeu, obviamente. O garoto só havia treinado uma frase, pra chamar a atenção da intercambista que ele havia ouvido falar semanas antes. 

Calipso, divertida com a cara de Leo, subiu no palanque e se apressou-se em se apresentar:

— Bom dia, meu nome é Calipso Doce-Amarga, tenho 16 anos e vim de Ogígia, uma cidadezinha na Grécia. Gosto de costurar e de cantar também.

— Muito bem, senhorita Doce-Amarga. Alguém quer perguntar algo para nossa intercambista?

Ninguém respondeu de imediato, mas de repente uma mão se levantou e perguntou:

— Está livre na sexta?

Talvez esse tipo de cantada não existisse em Ogígia, pois Calipso olhou confusa e respondeu:

— Estou, mas acho que vou ficar na minha casa.

a sala explodiu em risadas fazendo o pequeno Latino, Leo, fechar a cara e afundar-se na cadeira.

~Houston Public High School, 2º ano do ensino médio, Novembro, aula de culinária com a senhorita Jackson~

Qual é, Calipso, só por que é bonita, não quer dizer que eu quero sair com você! Pare de deduzir que só dou em cima de você, como se fosse exclusiva.

Escreveu Leo em um bilhete para Calipso. Claro que ele queria sair com ela, mas depois do vexame que ele havia passado no primeiro dia de aula dela, e do episódio da excursão, onde ele acidentalmente quebrara o porta retrato que ficava na bolsa da grega, ele não iria deixar barato. Calipso também não iria admitir sua queda pelo garoto magricela de sua aula de história, não importasse o quão divertido ele fosse. Ele havia quebrado o porta retrato dela, com a única foto que ela tinha com o pai. A garota leu o bilhete e revirou os olhos, amassando-o e jogando no lixo. 

"Aquele garoto não aprende mesmo! Quando ele me pedir para sair, talvez eu pense no caso!"

~Excursão ao Grand Canyon, Janeiro, ônibus com o professor de educação física, treinador Hedge~

Leo e Calipso haviam sido praticamente obrigados a sentar juntos no ônibus. Todos os outros já tinham dupla, e os que não tinham eram gente como Octavian, o garoto estranho e maluco que acreditava que era o sacerdote de Deus. Nenhum dos dois queria sentar juntos (ao menos, não naquele lugar. Talvez  em um restaurante, como Calipso imaginava ou em uma oficina, que era o que passava na cabeça de Leo), mas também era melhor do que nada. Ficaram um bom tempo em silêncio, mas depois, Leo se cansou do jogo vaca amarela e começou:

— Pra sua informação, eu não sentaria do seu lado nem se minha mamacita já morta me pedisse.

Calipso, impressionada por Leo ter lhe contado algo sobre si mesmo ficou chocada.

— Sua mãe morreu? Sinto muito, eu não sabia.

Leo deu de ombros. Não sabia por que havia contado isso pra ela. Todo mundo dizia a mesma coisa...

—... e além de sentir muito, sei como se sente. Meu pai foi exilado da Grécia por ter cometido um crime. Ele matou meu padrasto depois de ter descoberto, que o cara havia planejado a morte de minha mãe. Sei que todos dizem isso de sinto muito, mas eu sei que sinto muito de verdade, não como o outros.

Leo ponderou a situação. Ela havia passado por piores do que ele.

— Seu pai é um homem de coragem. Ele ainda amava a sua mãe, mesmo depois do divórcio. Acho que você tem isso, da coragem, dele. Não que eu repare muito, mas você sempre é bem esforçada pelo que quer.

Ela sorriu, pensando que ele não fosse só mais um palhaço de sala. Ele tinha um bom coração e tinha passado por coisas ruins e entendia o peso de perder a mãe. Ela estava encarando Leo, quando o ouviu falar.

—Mas sabe de uma coisa? Eu não vou te deixar em paz só por que nos damos bem. Inclusive vou fazer uma coisa que vai te deixar bem irritada.

—Ah é? E o que seria?

—Isso!

Em um instante, ele a beijou e eles ficaram assim por um tempo, até que a necessidade de ar foi maior. Ele a olhou com um sorriso de deboche no rosto, e ela o fuzilou vermelha. Ambos estavam secretamente muito felizes, mas não iriam admitir isso. Logo depois do beijo cessado, Leo sorriu e disse:

— Chegamos, raio de sol. 

E levantou-se do banco, correndo para a porta.