A pulga do fantasma e outros poemas escrita por Curupira
A marca da corda
Solitárias são as larvas corrompidas
Se alimentam de minhas entranhas semivivas
Até que com olhar fúnebre de espanto
Do profano túmulo me levanto
Obra mortal não mais me importa
Quando minha humanidade jaz morta:
Todo tempo é um instante
Todo instante é esgotante
Ao redor de toda terra necrosada
Como da vil carne crocante
Lembro-me de ser enforcada
Preciso vingar-me d'um amante
Tenebrosa é a noite chegada
Ímpeto segue da tempestade
Todo ódio é uma vaidade
Contudo, não me sinto culpada
Atravesso as ruas, macabra
Procuro indícios da velha casa
Em que morta fora encontrada
Após uma peleja ser exagerada
O parado coração volta a arder
Sinto o terrível odor de um covarde
Meu ex-marido me torna a ver
Uma vingança torna-se realidade
Mareja à beira mar
O céu cobre o mar como em papel de embrulho
A branca crista cacareja para o azúleo
Espuma que surge sua forma lastreia
Estique-se até alcançar a areia
Da pesca continuam trazendo o manjar
Despede da terra e adore Iemanjá
A rede recolhem, em suma vazia,
Navegam a rotina rumando em ruína
Vivem da matança em plena pobreza
O olho: na beira do mar mareja.
Meu amor
No amor sempre insisto
Que até eu como maldito
Escrevo um verso inocente
Para uma paixão ainda vigente
Transformado
Trabalhoso
em completo
tédio viver.
Curioso
foi o projeto
de novo ser.
Abandonei
os preceitos
antiquados,
se conceitos
transformados
necessitei.
Repetidas
as horas de
muito labor
e feridas
nas mãos, com dor.
Completude
falta no ter,
pouco querer
tem tornado
libertador ;
transformador
para o eterno
e arruinado
o moderno.
Não compreendo
A confusão de nossas causas
Não é ser feliz todo objetivo?
Não queremos as mesmas coisas?
Então o que falta para nos unirmos?
Por que toda causa humana jaz morta?
Tantas vertentes e nenhuma resposta?
É violência de cada parte e demagogia
Quão difícil pode ser salvar uma vida?!
Não gosto de sofrer, conheço os sutras
Conheço o caminho e meus mudras
Meu sofrimento ... , meu sofrimento ... É egoísmo
E quanto as mulheres? as gays? as crianças? o racis
mo? ...
Não penso apenas na minoria, admito
Todo direito humano tem princípio
Mas o opressor se liberta pelo oprimido
Educação, educai-vos, também preciso!
Abro as perniciosa tampas de meu raciocínio
Sou claustrofóbico, e eu me permito
Quão difícil é respeitar nossos direitos?
A ética universal toma forma individual?
Por que? Ó seres humanos perfeitos
A cada leitura sou mais depressivo
Também sou demasiadamente humano
E sou muitos anos e ...ano e ...ano ...
Tento o melhor e não consigo
Até que venho desfalecer sozinho
Desfaleço
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