Este ano o natal vai estar cheio escrita por Segunda Estrela


Capítulo 7
Outra brincadeira idiota


Notas iniciais do capítulo

desculpa o atraso, fiquei um cadinho ocupada com a faculdade, prometo não atrasar de novo



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O calor do fogo queimava no rosto de Rey, e ela apreciava as chamas dançando na lareira. Não tinha entendido direito o que aconteceu no lago de gelo, apesar de parecer ter arranhado uma parte mais suportável de Kylo Ren, tudo voltou ao normal quando entraram no carro e dirigiram para casa.

Hux estava conversando com ela de uma forma estranha, e Ren olhava para os dois com o canto dos olhos. Rey tinha a impressão que ele estava escondendo alguma coisa.

— Então você faz engenharia mecânica? – O ruivo tinha perguntado para ela, quando estavam voltando. - E todas as garotas de lá são como você? – E seu tom de voz era estranho, como se estivesse insinuando alguma coisa, mas ela não sabia o que.

Rey não conseguia entender o flerte mal feito que Armitage montava, não porque tivesse qualquer interesse nela, mas porque sabia que isso irritaria Ren.

— Na verdade, tem poucas garotas na minha turma. – Essa resposta não pareceu ser a que ele esperava.

Rey uniu as sobrancelhas, se lembrando que ele não falou mais nada depois daquilo.

— Então, vamos começar? – Perguntou Leia, acordando a jovem de seus devaneios.

— Não acha que já me torturaram bastante noite passada? Não se cansam desses jogos idiotas? – Reclamou Ben, sentado com as pernas esticadas em cima da mesa.

Mas ninguém ouviu suas reclamações, ou melhor, ouviram, mas decidiram ignorar.

— Vocês só inventam essas coisas para não terem que ficar conversando uns com os outros durante horas. O que é compreensível, mas podiam pensar em um jeito melhor de passar o tempo.

Leia revirou os olhos, avaliando se seria apropriado bater no seu filho adulto na frente dos convidados.

— Eu já sorteei as duplas. Vocês sabem como funciona, mímica básica. Vocês pegam um filme de dentro do meu chapéu e fazem a mágica acontecer, a dupla que adivinhar ganha um ponto. – Falou Luke, com alguns papéis na mão. Deu um pigarro e continuou. – Hux e Leia.

O ruivo e a mulher mais velha se entreolharam, mas não disseram nada, Hux se levantou para sentar do lado dela.

— Chewie e Finn. Ben e Rey. - Nesse momento, ele se virou para o sobrinho com um sorriso arteiro e discreto, enquanto Kylo começava a achar que não tinha sido sorte que foram colocados juntos. - Eu e Poe, os mais bonitos da sala. E, ridículo, Han e Lando.

Os parceiros se olharam satisfeitos e se aproximaram uns dos outros. Ren foi temeroso, e sentou na cadeira ao lado de Rey. Ela o cumprimentou com um sorriso fraco, mas não teve uma boa resposta. O homem apenas acenou com a cabeça. Enquanto seu tio se sentava ainda com aquele olhar trapaceiro, Kylo o fitava estreitando os olhos. Se não estivesse com ela, provavelmente nem estaria jogando, não que fosse admitir.

— Tudo bem, Han, Lando, comecem. – Falou Luke, indo na direção dos dois com uma caixinha cheia de papéis com filmes aleatórios.

Ele e Lando pegaram um e sussurraram por um tempo, decidindo como seria feita a mímica.

— “Quanto mais idiota melhor” – Gritou Kylo, antes mesmo deles começarem.

Os mais velhos o fuzilaram, mas decidiram deixar passar. Rey levantou apenas uma sobrancelha, realmente não conseguia entender nada do homem sentado ao seu lado. Quando achava que tinha visto algo melhor nele, voltava tudo ao normal.

Han levantou o dedo simbolizando o número 1, depois fez vários zeros com as mãos.

— “Vou te pegar, trouxa”. – Kylo Ren continuava fazendo sugestões como se realmente fossem sérias. – “Idi e Ota”. Esse é um bom chute.

Han olhava para o filho incrédulo, levantando as mãos.

— É possível tirar pontos de alguém por ser chato? - Perguntou Poe.

— Por favor, não, eu ainda quero ganhar. - Rey implorou, mesmo sabendo que as chances seriam difíceis.

Enquanto os outros pareciam concentrados em descobrir, Hux e Leia estavam em um nível completamente diferente. A atenção deles era total e eles analisavam tudo com um fervor militar. Estavam determinados a ganhar, porque aquilo não era um jogo, era um teste de sua inteligência.

Os outros faziam sugestões como:

— Mil. – Sugeria Poe.

*Cem* Gesticulava Chewbacca.

— Um milhão. – Disse Finn, recebendo uma resposta positiva de Han.

— “Tirando o atraso”. – Falou Kylo.

— Isso nem mesmo começa com um milhão. – Luke falou diretamente para ele, mas foi ignorado.

— Espera. Eu sei, - E ele levantou o dedo na direção do seu pai, como se pensasse. – “Nasceu burro, não aprendeu nada, esqueceu metade”.

— Na boa, quantos filmes com potencial ofensivo você conhece? – Perguntou Poe, curioso e horrorizado.

Han se virou para Lando, seu dedo era como uma arma, e parecia prestes a atirar.

Hux sussurrou no ouvido de Leia, e a mulher levantou a voz com certeza:

— Um milhão de maneiras de pegar na pistola. – Falou ela.

— Certo! - Comemorou Lando. – Nossa, isso foi rápido.

— Graças a deus, não aguentaria mais uma rodada de insultos do Ben. – Han falou enquanto se jogava em seu sofá.

— Solos são todos fracos. – Respondeu Kylo Ren do outro lado da sala.

— É mesmo, Ben Solo? – Perguntou Leia, desafiadoramente.

— Quem é esse? – Disse ele, com a expressão neutra.

Rey apoiou a cabeça nas mãos, talvez valesse a pena tentar convencê-lo.

— Vamos lá. Não precisa insultar todo mundo na frente. Vamos tentar se divertir um pouco? Talvez?

E aquelas palavras o afetaram mais do que gostaria de admitir.

— Isso mesmo, pare de tentar dar respostas espertinhas. – Reclamou Leia.

— Mas eu ainda tenho o filme “Pare, se não mamãe atira” guardado para sua vez.

Luke e Poe se levantaram, e tomaram a frente. Pegaram um papel na caixa e viram seu filme sorteado.

— Ok, fácil. – Falou Poe.

— Mímicos não falam. – Protestou Kylo.

O latino de cabelos sedosos e belo sorriso cerrou os lábios e os fechou com uma chave imaginária, depois a beijou e jogou na direção de Ben, que inconscientemente desviou da chave invisível com nojo.

Poe estendeu as mãos e começou a teclar o ar na sua frente.

— O que é isso? Você tá massageando alguém? – Perguntou Han.

Ele repetiu o gesto.

— Teclado. – Sugeriu Leia.

Luke fez mais ou menos com suas mãos.

— Piano. – Rey falava pouco, mas estava pensando muito. Estava dando mais importância ao jogo do que realmente deveria. Não queria falhar e estava com medo de quando chegasse sua vez. Não sabia se Ren realmente tentaria jogar com ela.

— Pianista. – Disse Lando.

Luke fez positivo com os dedos, e sem saber como continuar, começou a apontar para Armitage Hux.

— O pianista ruivo? – Rey tentou.

— O pianista magrelo? – Dessa vez foi Finn.

— O pianista com complexo de grandeza. – Falou Ren, com uma sobrancelha levantada.

— Não tenho complexo de grandeza, Ren. – Hux respondeu, olhando para ele de cima. – Minha grandeza é real.

Luke balançou a cabeça, e continuou apontando para o jovem ruivo.

— O pianista de Hitler. – Exclamou Han, praticamente comemorando.

— Isso! – Gritou Poe.

Leia colocou a mão na testa, pasma.

— Meu deus, ser horrível deve estar no sangue dos homens dessa família.

— Ainda não entendo a obsessão que vocês têm em acreditar que faço parte de algum partido neonazi. Nem faz sentido. – E no momento, ele falou apenas para Leia.

Leia colocou a mão no seu ombro, simpatizando com o garoto pela primeira vez.

— Nós temos um problema sério no gene “Y” Skywalker, se chama idiotice aguda. Não tem cura.

E assim que Poe e Luke sentaram, Rey se colocou de pé. Kylo olhou para ela surpreso, mas a garota olhava com tanta determinação para ele que achou melhor não contrariar. Viram a caixa idiota e foram sorteados um filme: Simplesmente amor.

— Que estupidez sem tamanho. Eu nem sei sobre o que fala isso.

Rey estava igualmente confusa.

— Vamos pelo nome. Vamos fazer coisas fofas e românticas aleatórias.

O rapaz mais alto imaginou que aquilo poderia ser uma desculpa que ela inventou para se aproximar dele, mas lembrou-se da rejeição fria que tinha sofrido mais cedo no dia. E talvez, só talvez, estivesse se dando muito crédito.

— Por favor, eu realmente quero fazer direito. – E seu pedido parecia tão sincero que ele não conseguiu recusar.

— Tudo bem.

E assim, começaram. Rey fingiu estar andando pela rua e esbarrar em Ben. Fez uma expressão adoravelmente surpresa e escondeu o rosto como uma adolescente apaixonada.

Para Kylo, era estranho vê-la agindo tão aberta e vulnerável com ele, e acabou se vendo meio perdido. Rey segurou sua mão, e o homem sentiu um arrepio estranho lhe subir o braço. Logo depois ela o abraçou carinhosamente, como se realmente fosse seu namorado.

As pessoas sentadas estranhavam, e Poe ficava imaginando que tipo de tortura mental era aquele jogo.

Mas Rey continuava, se esforçando o máximo. Ela sorriu para Ren, o mesmo sorriso brilhante de antes. E ele podia ter certeza que suas pernas enormes fraquejaram. A garota enlaçou os braços no seu pescoço, e lenta e deliciosamente, dançaram sem música. Ou melhor, ela tentava dançar enquanto ele ficava parado como se estivesse brincado de estátua.

— Eu não faço ideia do que seja isso. – Falou Finn.

— A hora do espanto? – A expressão de Poe era realmente assustada.

Rey riu, e o rapaz que a segurava não entendeu porquê. O corpo pequeno dela praticamente queimava em seus braços, e ele começou a desejar que o jogo acabasse logo.

A garota fez corações com as mãos na direção de sua plateia e Ren.

— Isso não faz sentido. Vocês estão só namorando. – Reclamou Armitage.

 Rey apontou para ele, animada.

— Só namorando? – Repetiu.

Ela assentiu mais uma vez, apontando e fazendo o número um.

— Só?

— Apenas.

— Somente.

— Simplesmente.

Rey sorriu, batendo palmas. Então se voltou para o homem alto e pulou na sua direção, como se cada fibra do seu corpo sentisse falta dele. Enlaçou os dedos no seu pescoço pálido, e ainda com seus troncos colados, deu um beijo estalado na sua bochecha cheia de pintas. Com os rostos quase se tocando, ela riu para ele, o semblante todo se iluminando com aquele sorriso que desabrochava como uma flor.

Kylo Ren congelou, os braços duros como pedaços de pau. Seu rosto estava tão vermelho quanto um tomate, e mesmo que tentasse escondê-lo, suas orelhas vermelhas o entregariam.

— Amor? – Leia perguntou, e parecia ligeiramente chocada.

— Simplesmente amor! – Gritou Finn.

E Rey comemorou, ainda nos braços dele. Rindo como se nada demais estivesse acontecendo. E Kylo percebia que, para ela, realmente não importava. Então a afastou quase com brutalidade, como se a garota estivesse pegando fogo. Rey estranhou sua reação enquanto o via sentar com passos duros, mas não comentou nada.

O jogo continuou com outras adivinhações, mas ele não conseguia mais prestar atenção em nada. Tudo ao redor era apenas um zumbido distante enquanto ele mergulhava nos próprios pensamentos. Estava realmente interessado nela?

Ele colocou a mão no colar, por baixo da camisa. Sentindo a textura grossa da madeira com os dedos. Aquilo era tudo que Rey lembrava dele, aquele colar. Tinha esquecido tudo dele, menos o pingente pendurado no seu pescoço.

Queria que Anakin estivesse lá para aconselhá-lo. Seu avô, com seu inegável charme com mulheres, saberia o que fazer. Agora era tarde. E seria sempre tarde. E por isso, teria que se contentar com um homem muito inferior a Anakin.

Esperou o jogo terminar, foi uma vitória esmagadora de sua mãe e Hux. Não conseguiu interpretar ou fazer mais nada. E mesmo com Rey parecendo decepcionada, achou melhor ignorar. Esperou, pela primeira vez sem pressa. Quando todos tinham tomado seu rumo, seguiu seu pai até a cozinha e fez uma coisa que nunca imaginou que faria.

— Pai. Preciso de ajuda.  – Disse Ben, colocando as mãos na mesa. – Estou fodido.

Han Solo arqueou em surpresa. Não era sempre, aliás, nunca tinha pedido ajuda dele.

— É a polícia?

— O quê? Não.

— Então é uma garota. – E não era uma pergunta, Han sabia.

— Como sabe que é uma garota? – Perguntou Ben.

— Escute, você é um Solo. Se você está fodido e não está em perigo de ser preso, é por causa de uma mulher.

Por um momento de fraqueza, o rapaz quase viu sabedoria naquele homem, mas afastou o pensamento tão depressa quanto ele veio.

— Mas não sei se você faz o tipo da Rey. – Ele completou, tomando um grande gole de café.

Seu filho arregalou os olhos, e deu um passo para trás.

— Eu não sinto nada pela Rey. Quem disse que eu sentia? Foi o Armitage, não foi? – Havia a mistura certa de raiva e desespero em sua voz.

— O quê? Quem é Armitage?

— O homem ruivo que passou os últimos dias com a gente? Enfim, não é importante. Me conte como sabe disso. - Falava ele, cruzando os braços.

Han andou pela cozinha, e se pôs a lavar sua caneca com atenção.

— Filho, eu soube que você estava interessado quando deixou ela ficar no seu quarto sem tentar explodir a casa com um chilique.

— Eu não dou chilique. – Protestou.

— Você dá sim, rainha do drama.

Ben inflou de raiva, tinha vindo humildemente pedir um conselho, e tudo que o velho conseguia fazer era zombar dele.

— Tudo bem, esquece. – E se precipitou para ir embora.

— Espera, eu vou te dar o único conselho que você precisa saber. Não reconheça as qualidades dela fácil, ela tem que se esforçar para provar que te merece. Você é o que ela quer, ela só não sabe ainda.

O filho balançou o rosto em negação.

— Esse é o pior conselho que eu já ouvi na minha vida. E não é nem só um conselho, são dois. São os dois piores conselhos que eu já ouvi na minha vida.

— Eu sei, eu sou uma fraude. Eu não entendo nada de mulher, pergunta para a sua mãe. – Admitia ele com tristeza. – Eu sou um bon-vivant.

— Pare de dizer que é coisas que não sabe o que significa.

Han o ignorou e Ben pensou na sua sugestão. Não podia contar para sua mãe. Se contasse que estava cogitando ter um interesse por Rey, mesmo que apenas amigável, ela criaria grande caso. E o incentivaria com todas as forças, fazendo Rey acreditar que tinha uma obrigação moral de colocá-lo nos trilhos.

O rapaz não sabia o que fazer. Não sabia o que sentia por ela de verdade. Talvez estivesse só fantasiando e todos os sentimentos que o incomodaram até agora fossem só raiva mesmo.

Talvez ele mesmo nunca fosse descobrir.


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Notas finais do capítulo

Obrigada pelos comentários, não sabem como é bom. É bom pra jogar na cara dos meus amigos que dizem que escrever fanfic é coisa de gente desocupada. Toma essa Julia!