Fênix Negra escrita por FireboltVioleta


Capítulo 8
Aliado




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Ronald estava absolutamente arrasado.

Um misto de emoções torturantes o invadia, desde que aquele inferno havia começado.

Presenciara a morte de sua única e adorada filha. Isso, por si só, já era algo que justificava toda a sua angústia e desespero.

Mas o Destino havia sido ainda mais cruel. Nenhum pai ou mãe deveria presenciar o enterro de suas próprias crianças. E era exatamente isso que tinha sido forçado a suportar.

E agora, com a estupefação misturando-se ao pesar, recebia a notícia de que Hermione estava inexplicavelmente desaparecida.

O auror encarou sofregamente a mulher diante de si, desolado.

— Não sabemos o que houve, Rony – Oliviene suspirou, condoída – você não a v~e desde a noite retrasada?

— Não – ofegou – havíamos nos retirado para dormir… - baixou a cabeça – no dia seguinte… ela já não estava mais em casa. Mandei cartas aos amigos mais próximos. Perguntei à minha família… - reprimiu um soluço – ninguém sabe o que pode ter acontecido.

— Nem sinal dela? - a secretária franziu o cenho, preocupada – ela também não apareceu no Ministério. Pedi para que todos os departamentos verificassem… fizeram uma procura no complexo inteiro. Ninguém a encontrou. Kingsley teve esperança de que a encontraria na reunião de aurores de hoje á tarde, mas… como vimos… ela não apareceu.

Viu Rony encurvar-se para baixo, cobrindo o rosto com as mãos.

— Eu estou com medo, Oliviene… - o rapaz arquejou, aflito – e se… se alguém a encontrou… e…

— Pare com isso, Rony – a moça segurou-lhe a mão – Hermione sabe se cuidar. Impossível que ela tenha conseguido se deixar capturar por qualquer bruxo das Trevas. Tenho certeza que ela vai reaparecer em breve, e teremos toda essa situação devidamente explicada.

Houve um minuto de incômodo silêncio.

— Descobriram alguma coisa?

Rony percebeu o olhar de Oliviene se arregalar por um momento.

— Céus… você não faz ideia… fui informada pouco tempo antes de vir para cá – hesitou por um momento – havíamos capturado u suspeito da participação do ritual… ele foi levado sob custódia, para ser interrogado na tarde de ontem.

— Foi? - arfou o ruivo – e o que extraíram dele?

A expressão da mulher tornou-se sobriamente perplexa.

— Nada. Não tivemos chance – guinchou – ele está morto… encontraram o corpo na cela, Sangue para todo lado.

O rapaz sentiu seu estômago gelar.

— Está me dizendo… que alguém o matou?

— Não sabemos. Estão tentando investigar desde a noite de ontem. Não há pista alguma sobre quem possa ter feito isso… ou o por quê. Quer dizer… não faz sentido. Talvez uma queima de arquivo… ou um suicídio. Mas ele estava completamente sozinho, e os aurores não viram nada de incomum… apenas o som de um estrondo. Nada mais.

O sofá gemeu quando o auror se ergueu.

— O assassino não deixou nada?

Percebeu, espantado, Oliviene estremecer.

— Deixou… não sei explicar. Soou como uma ameaça. Em sangue… na parede.

Uma frase, escrita em sangue na parede.

Aquilo lhe era terrivelmente familiar.

— O que dizia? - indagou, horrorizado.

— “Pois todos que lançam mão da espada… pela espada morrerão” - declarou Oliviene, arrepiada – isso não é… uma frase sobre vingança?

— Não exatamente – Rony sentia a boca extremamente seca – soa mais como um… acerto de contas. Pagar… na mesma moeda. Um aviso sobre o que virá... meu Deus…

Sua mente lutava para encaixar os acontecimentos numa ordem lógica, mesmo que não parecesse haver qualquer relação entre eles.

O desaparecimento de Hermione. A morte do bruxo. O sangue nas paredes.

Sentiu-se enregelar.

— Mais alguém ficou sabendo da localização do bruxo?

Jurou que Oliviene suou frio naquele momento.

— Você não vai acreditar… Kingsley jurou que eu apareci nesta manhã no Ministério da magia. Disse que havia me passado todas as informações sobre a investigação da morte das crianças… incluindo o paradeiro do tal Comensal da Morte. Mas isso… isso é impossível – ela contraiu o rosto – alguém… pode ter… tomado minha identidade.

Não foi difícil juntar as peças a partir dali.

Só havia uma pessoa que se interessaria pelas mesmas informações que o Ministério estava procurando. Alguém com habilidades furtivas impecáveis. Alguém com talento o suficiente para adentrar e sair de um local sem ser vista. Alguém cujo pesar anestesiaria qualquer piedade, condenando qualquer um tivesse relação com aquele hediondo infanticídio. Alguém que teria capacidade de drama mórbido suficiente para pincelar uma cela com sangue, imitando algo que já havia presenciado no passado, a fim de causar medo em seus inimigos.

Alguém cujo desespero seria o bastante para tentar fazer as coisas pessoalmente, tentando amenizar seu sofrimento, nem que, para isso, tivesse que deixar tudo para trás.

A mesma pessoa que, coincidentemente, não se encontrava ali – e nem em qualquer outro lugar.

Oliviene pareceu chegar à mesma conclusão.

— Impossível… - Oliviene sentiu vontade de vomitar – por quê?

Igualmente enjoado, Rony a fitou.

— Por que eu teria feito a mesma coisa, se não tivesse me ocupado apenas com o meu pesar – sussurrou, sentindo as lágrimas escorrerem por seu rosto – e agora… o Ministério ficou para trás…  - suas mãos se fecharam em punhos – preciso da sua coruja, Oliviene. Está na hora da Ordem voltar a se reunir..

 

 

 

 

Felbrigde.

Eles realmente haviam escolhido muito bem. Uma área fechada, perfeita para quem estivesse tentando viajar – ou se esconder – sem chamar nenhuma atenção. A vegetação densa ajudava a despistar quaisquer perseguidores.

A criança da foto, dentro do pingente entreaberto, piscou serenamente, parecendo encarar as copas das árvores. Reagiu, gracejando, ao polegar que lhe acariciou a face monocromática.

Hermione sentiu os olhos formigarem. Pequena e solitária, uma única lágrima escorreu por seu rosto.

— Sinto sua falta, meu anjo – sorriu tremulamente – você sempre gostou das árvores, não é? As histórias com florestas… eram suas favoritas.

Ergueu a cabeça, fechando delicadamente o medalhão, apertando-o contra o peito.

— Não se preocupe, Rose – seu sôfrego sorriso esmaeceu – eles não irão longe – farei isso por você, minha pequena. Por todos vocês. Custe o que custar.

Um mínimo ffarfalhar de folhas adiante lhe chamou a atenção.

Um observador menos experiente teria julgado ser o som de um pássaro pulando nos galhos das árvores, ou um tímido esquilo atravessando a folhagem de um arbusto. Mas Hermione reconhecia aquele som.

Sem dizer palavra, ergueu a varinha repentinamente, conjurando o feitiço invisível.

Houve um mínimo ofego de dor, e um volto encapuzado surgiu detrás de um dos pinheiros, segurando firmemente o braço.

Embora o sangue escorresse de seu braço, o recém-chegado ostentava um sorriso calculista.

— Boa mira, princesinha.

A garota pareceu despertar por alguns segundos se sua serenidade fria, erguendo uma sobrancelha ameaçadora para o rapaz que havia acabado de surgir em seu caminho. Voltou a empunhar a varinha, desta vez pronta para causar um estrago mais decente.

— Calma… - ele ergueu as mãos – só quero conversar.

Num novo feitiço não-verbal, retirou a varinha do oponente, recolhendo-a em sua mão aberta. Com a outra, ainda brandia sua própria arma na direção do homem.

Num gesto inesperado – o qual interpretaria como uma fraqueza, que não faria ser recorrente no futuro – Hermione curou-lhe o corte do braço, estancando a hemorragia que ela mesma causara.

Viu-o relaxar o corpo subitamente, ainda com as mãos espalmadas em rendição.

— Quem é você? - sibilou – o que quer?

Encarou o estranho, vendo-o soltar uma risada baixa.

— Fique tranquila, minha bela furiosa – ele se aproximou cautelosamente, parando quando ela lhe lançou um olhar de pura ameaça - de você, procuro apenas sua sede de vingança – a expressão do homem tornou-se séria e sombria, assim que acrescentou – perdi um dos meus filhos no kindermoord.

Ainda desconfiada, Hermione baixou sua varinha, mantendo-a caída ao lado do corpo.

— E o que pensa que vai conseguir comigo?

— Estamos no mesmo barco – respondeu – quero punir cada um deles… assim como você. Eles tiraram tudo de mim. A justiça que o Ministério procura jamais seria o bastante para mim,

A garota cerrou os dentes.

— Esteve me interceptando? Como?

O viu colocar as mãos dentro do colete que usava.

— Desde que você decidiu sair de sua casa naquela noite Segui seus passos ao longe. Estive no enterro das crianças da família Weasley… e eu te vi – subitamente, o olhar do rapaz pareceu abrandar-se – perdida. Desolada. Como eu estava. Soube naquele momento… vi em seu olhar. Você faria isso. E como eu quero o mesmo... – ergueu uma das mãos – me deixe ajudá-la Posso fazer com que mais ninguém consiga nos alcançar. Permita que eu cause a eles o mesmo sofrimento que causaram á nos dois – sacudiu os dedos persuasivamente - o que me diz, minha bela fênix negra?.

Hermione aparentou aprovar a denominação. Significativo.

Dizia o suficiente sobre a mulher ferida que havia ressuscitado dentro de si mesma, como que ressurgida das cinzas, reconstruída do golpe fatal que haviam lhe causado.

A jovem assentiu.

— Bem… sendo assim, melhor me apresentar devidamente – sacudiu a mão que Hermione lhe estendeu.

— Hermione Weasley – apresentou-se, sem demonstrar qualquer emoção.

O rapaz sorriu cruamente outra vez.

— Renato - inclinou a cabeça de modo enigmático - Renato Ciel Cavallone.

 

 

 

 

 


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