Fênix Negra escrita por FireboltVioleta


Capítulo 7
Questionamentos




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Kingsley Shackebolt ainda estava horrorizado.

Como Ministro da Magia, sabia que todos estavam contando com sua diligência e imposição para solucionar aquele terrível acontecimento.

Mas como avô, ainda estava destroçado demais para tomar qualquer decisão consciente, recordando-se da carta angustiada que noticiava a morte de seu pequeno neto.

Nessa situação, o apoio da secretária oficial do ministro lhe era mais do que necessário. Foi com parco alívio que recebeu a jovem de cabelos negros em seu gabinete.

— Ah... Oliviene – suspirou, perpassando a mão pelo rosto abatido – que bom que retornou...

A secretária assentiu tristemente, passando uma mão consoladora pelos ombros do Ministro da Magia.

— Eu sinto muito, Quim...

— Estão todos arrasados – ofegou Kingsley – Angela disse que enterraram Ferdinand... – o bruxo cedeu, caindo sofregamente em sua cadeira – a comunidade inteira está em caos.

Viu Oliviene baixar a cabeça.

— Sei que não é uma boa hora, ministro... – ela parecia medir cada palavra que dizia – mas... já temos alguma informação sobre os causadores deste kindermoord?

Ainda aflito para responder, o ministro entregou-lhe uma pasta, amarrotada de modo incomum, como se as informações contidas em seu interior tivessem sido reunidas com excepcional pressa.

Oliviene abriu-a, folheando uma série de anotações e fotos.

— Os aurores da região sudeste Identificaram uma atividade mágica incomum em East Sussex. Suspeitam que o ritual tenha sido feito em alguma parte da Floresta de Ashdown.

A secretária dedilhou a fotografia de um denso bosque, estranhamente borrada, como se seu fotógrafo tivesse capturado o cenário toscamente com uma câmera trouxa. Ainda assim, era visível uma mancha negra sobre o céu da imagem, que se dispersava para vários cantos acima da copa das árvores.

— East Sussex? – indagou Oliviene, franzindo o cenho – mais alguma pista?

Shackebolt ergueu os olhos, estranhando a aparente ansiedade de Oliviene.

— Até agora, nenhuma – negou, balançando a cabeça – parecem ter escondido muito bem qualquer rastro. Mas os aurores capturaram um bruxo suspeito naqueles arredores. Trouxeram-no para uma das celas do Cárcere Temporário de Londres, e irão interrogá-lo á noite. Esperamos extrair mais informações á partir de seu depoimento.

— Entendo – a jovem murmurou, rodeando a escrivaninha do gabinete – algumas famílias estão... inquietas. Querem satisfações urgentemente.

A moça observou seu rosto, encovado de tristeza, ficar ainda mais contraído.

— Eu compreendo – pigarreou baixo, tentando recuperar uma pose diplomática – por favor... designe quantos curandeiros puder do St. Mungus para dar apoio ininterrupto ás famílias enlutadas, Oliviene. E notifique que o Ministério já está no encalço dos criadores dessa terrível heresia.

— Sim, senhor.

A secretária retirou-se, deixando o gabinete do ministro para trás, lançando um último olhar penalizado na direção de Kingsley antes de sair.

Fechou os olhos por um segundo, levando a mão ao seu pingente.

E então prosseguiu seu caminho.

 

 

 

Alguns minutos depois, o ministro, pego de surpresa, recebeu novamente Oliviene Stark em seu gabinete.

A jovem estava ofegante, balançando um pergaminho em uma das mãos.

— Quim... vim o mais rápido que pude – arquejou, aproximando-se da mesa de Shackebolt – recebi sua carta há menos de meia hora...

O ministro franziu o cenho, perplexo.

— Que carta, Oliviene?

— Esta aqui! – a moça parecia tão confusa quanto ele – está assinada pelo senhor!

Atônito, o Ministro da Magia puxou o pergaminho das mãos de Oliviene, lendo seu conteúdo.

— “Convocação urgente. Necessito lhe repassar informações importantes acerca do kindermoord, bem como condutas para diminuir a onda de pânico na comunidade bruxa” – Shackebolt sacudiu a cabeça, espantado – “Atenciosamente, Kingsley Shackebolt”.

— Senhor?

O bruxo levantou o olhar para sua secretária de confiança.

— Não escrevi nenhuma carta de convocação, Stark – inspirou – e você esteve aqui no gabinete mais cedo, não é?

Stark pareceu absolutamente chocada.

— Estive até agora na residência dos Lovegood, Quim. Não retornei para o Ministério da Magia desde a noite retrasada.

Foi o bastante para Kingsley ofegar, sentindo seu estômago dar uma cambalhota completa.

— Se você não esteve aqui, Oliviene...

Houve um mínimo ruído quando Oliviene Stark recuou, esbarrando em uma das prateleiras do gabinete.

— Outra pessoa... – ciciou – o senhor contatou... outra pessoa.

O ministro levantou—se.

— Convoque todos os aurores do Quartel-General para uma reunião extraordinária, Oliviene. Sem exceção – acrescentou, taxativo – agora.

 

 

Ridark Rockstell estava aborrecido, andando de um lado para o outro em sua cela temporária.

Haviam interceptado o veneno que trazia para o caso de ser capturado, e agora apenas lhe restava que retornassem para escoltá-lo até o Ministério da Magia. Acharia outra maneira de destruir os segredos que guardava, cometendo um suicídio digno, em prol da obra da Serpente.

Por hora, estava se contentando em aproveitar suas últimas horas de vida virando um uísque de dragão, que surpreendentemente haviam lhe oferecido minutos atrás.

No entanto, sentia um gosto a mais na caneca de plástico, que não parecia desprender-se da composição da bebida alcoólica.

Identificou, tarde demais, o sabor do Soro da Verdade.

Houve um estalo audível dentro da cela, e Rockstell recuou, recostando-se á parede.

Abaffiato... hum... – ouviu alguém dizer – a magia antifuga daqui é facilmente contornável com uma aparatação adaptada. Que descuido...

Atônito, fitou uma sombra encapuzada aproximar-se. Encolheu-se contra o canto da cela, rilhando os dentes, sabendo o que o aguardava.

— Quem... é você?

O vulto abaixou-se, ficando diante do Comensal.

— Não... – ouviu a voz rir em tom baixo – quem é você?

— Ridark... Rockstell – resmungou o bruxo, ainda lutando para que a verdade não saísse por seus lábios.

— Ridark... esteve participando de um ritual em East Sussex?

— Estive... – guinchou, ofegante – o kindermoord... foi arranjado lá...

— Muito bem... – observou a pessoa que o interrogava envergar a cabeça – quero saber onde está a Serpente, Ridark. Mas presumo que você seja apenas um seguidor... talvez nem tenha contato com esse líder invisível, não é? Ela tem um escudeiro... um bruxo de confiança?

— Andrew... Blackhole – grasnou Rockstell.

— Onde ele está?

— Não sei... eles não... não nos disseram... para onde iam.

— E onde vocês foram?

— Esconderijo... em Felbridge. Próximo... a estrada... – rosnou, agoniado – o Ministério... – pareceu sufocar por um momento – você é do... Ministério?

Houve um momento de silêncio.

— O Ministério está por sua conta – a voz tornou-se baixa e fria – eu sou aquilo que vocês fizeram de mim. Vocês me destruíram... mas eu retornei, e irei dar um fim á tudo isso.

Baixando o capuz, a jovem bruxa encarou imperiosamente seu interrogado.

— Você...!

Do exterior do cárcere, finalmente se ouviu um estampido violento, audível o bastante para que os guardas mais próximos corressem velozmente para dentro do complexo.

Quando chegaram, no entanto, não tiveram problemas em localizar a origem da explosão – a cela destruída no fim do corredor.

Um dos aurores se aproximou, lançando luz através da ponta de sua varinha.

E o que viu ali o fez segurar uma terrível vontade de vomitar.

Acima do cadáver mutilado do Comensal da Morte, escritas em sangue, destacavam-se palavras em letras garrafais.

 

POIS TODOS OS QUE LANÇAM MÃO DA ESPADA PELA ESPADA MORRERÃO

 

 


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