Fênix Negra escrita por FireboltVioleta


Capítulo 2
A Ameaça




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— Rosie! Volta aqui!

Um grito agudo e alegre ecoou pelos corredores, seguido do som de pequenos passos apressados e desengonçados.

Rony atravessou o corredor, quase trombando com o pequeno bebê, que desviou elegantemente do pai, engatinhando velozmente para baixo da mesa de centro da sala de estar.

— Nossa – o rapaz segurou o riso, vendo a esposa, com os braços ocupados por uma toalha, tentando alcançar a criança.

— Não fique aí parado – ralhou Hermione, agachando-se – me ajude a tirar essa menina daqui!

— Sabia – Rony revirou os olhos, postando-se ao lado da mulher – ei, princesa. Saia daí. Você precisa tomar banho.

— Banu naum! - balbuciou a pequena, sacudindo a cabeça.

Hermione lançou um olhar condescendente ao marido.

— Rony…

— Ok – bufou o ruivo, erguendo as mãos para baixo da mesa – venha com o papai, florzinha. Não vou deixar a mamãe te levar pro banheiro. Prometo.

Era impossível não perceber a crua desconfiança nos olhos grandes e claros da menininha, cujos bracinhos gorduchos se cruzaram surpreendentemente, como faria um adulto contrariado.

Foi o bastante para Hermione desmanchar a expressão exasperada e começar a rir, fazendo coro com Rony.

— Fala sério – o jovem pai desatou a gargalhar – até nisso era é a sua cara, Hermione.

Contagiada pelo humor dos pais, Rose arrulhou, abrindo um sorriso cheio de covinhas. Talvez pela curiosidade, esgueirou-se lentamente para fora da mesa, como se procurasse o motivo deles estarem rindo tanto.

Foi a deixa para Rony capturar a pequena fugitiva, erguendo-a em seu colo, e inclinando a cabeça para não receber um minúsculo murro no rosto, assim que Rose começou a espernear.

— Papa… banu naum! - guinchou, parecendo extremamente magoada pela armadilha.

— Ei, querida – Hermione afagou as costas da bebê – olha… se você deixar a mamãe te dar banho… prometo que passearemos na casa da vovó amanhã. E vamos tirar os gnomos do jardim dela. Quer ver os gnomos?

Os olhos de Rose se arregalaram de animação.

— Nomu? Nomu faz vuuu? - perguntou, erguendo os braços, num imitação de voo.

— Sim… eles vão voar – olhou com censura para as feições risonhas de Rony - quer vê-los amanhã?

— Qué – assentiu a bebê.

— Então vamos tomar banho, mocinha.

Rose aparentou analisar suas poucas opções. Por fim, resignada, inclinou-se para o colo da mãe, deitando a cabecinha em seu ombro.

— Bate aqui – brincou, batendo a palma da mão na do marido.

Rony sorriu.

— Nunca subestime o poder do suborno. È o que eu sempre digo.

— Até por que você nunca subornou ninguém na sua vida, não é? - provocou Hermione, rindo, desaparecendo no corredor com a filha em seguida, fingindo não ouvir a exclamação falsamente indignada de Rony.

Antes que pudesse sequer terminar de retirar as roupinhas da filha, porém, foi interrompida pelo alvoroço de uma coruja, cujas garras tamborilavam de modo urgente na janela do banheiro.

Hermione suspirou, colocando Rose na banheira, certificando-se que um feitiço a impedisse de escorregar para dentro da água. Abriu a janela, recebendo a carta que a coruja trazia nas patas, voltando a fechá-la assim que a ave deixou o local.

— È, filha. Carta do Ministério. E urgente – fez uma careta, abrindo o envelope, começando a ler a mensagem.

A/C Alta Inquisidora Ministerial Hermione Weasley,

O  Departamento de Execução das Leis da Magia solicita urgentemente sua presença no Quartel-General dos Aurores, a tratar de assunto confidencial. Lamentamos pela inconveniência desta convocação durante seu recesso, e, infelizmente, frisamos que é de alta necessidade que compareça o mais breve possível.

Atenciosamente,

Oliviene Stark

Secretária do Departamento de Execução das Leis da Magia

A jovem bruxa balançou a cabeça.

— Sabia que estava bom demais para ser verdade – piscou – Rony!

Viu o marido surgir na porta do banheiro, erguendo as sobrancelhas.

— Sim?

Sacudiu a carta na mão, girando o olhar.

—Adivinha só.

— Droga – ele não parecia mais feliz do que Hermione – pode ir. Eu cuido dela.

— Obrigada – agradeceu, plantando-lhe um beijo carinhoso na boca – se cuidem – despediu-se da filha, que começara a bater as mãozinhas contra a água – eu volto assim que puder.

Saindo do cômodo, dirigiu-se ao quarto, começando e trocar de roupa rapidamente. Com alguma pressa, ajeitou o cabelo num coque, pegou a sua bolsinha de contas e saiu de casa, com a carta guardada cuidadosamente dentro do fundo extensível do acessório.

— Bom dia, Sra. Weasley – Harry a cumprimentou, assim que adentrou no elevador que a levaria para o Nível Dois.

— Que diabo, Harry. Me chame pelo primeiro nome – Hermione fungou, enquanto o amigo gracejava.

— Recebeu uma carta de convocação também? - o rapaz solidarizou-se – eu vou exigir que Kingsley estenda nossas férias depois disso. Já basta terem demorado dois meses para definir a escala de recesso – tirou os óculos de aro redondo, limpando-o na parte macia do colete – como estão aqueles dois?

— Rony e Rose? - ela lhe jogou um olhar sarcástico, fazendo-o rir – nosso aniversário de dois anos de casamento é na semana que vem, e ele ainda não sabe fazer a própria comida – ela sorriu – e Rose…

Hermione sentiu o peito se esquentar, só de pensar em sua pequena filha.

Há pouco mais de um ano, depois de várias tentativas, e após passar pela terrível experiência de um aborto natural, Hermione finalmente vira o destino lhe sorrir, dando-lhe a bênção de conceber sua primeira criança com Rony.

Tinha sido uma gravidez difícil. Mais de três vezes, havia precisado ser socorrida no St. Mungus, devido à deslocamentos leves na placenta, e crises de vômito que não permitiam que se alimentasse direito.

No entanto, quando viu o pequeno rosto pela primeira vez, percebeu que tudo aquilo não havia sido em vão. Aquela pequena garotinha ruiva em seus braços tinha valido toda a sua luta.

Uma mistura perfeita dela com o homem que amava.

Ela era seu pequeno milagre. Seu pequeno raio de sol.

Harry percebeu o deslumbramento interno de Hermione, fagando-lhe o ombro.

— Eles crescem rápido, não é? - comentou.

— Sim – concordou Hermione – é… assustador.

O elevador finalmente parou no Nível Dois.

— Vou subir – lamentou-se Harry – problemas com as negociações da próxima Copa Europeia de Quadribol no Departamento de Jogos e Esportes Mágicos.

— Está bem… até mais tarde – Hermione lhe acenou, deixando o elevador.

— Até mais, Hermione – ele lhe deu uma piscadela.

Esperou até que Harry desaparecesse para prosseguir seu caminho.

Porém, quando finalmente entrou no Quartel-General, percebeu uma comoção incomum dentro da área do escritório, como se todos os aurores tivessem decidido se acumular num único ponto.

— O que temos aqui, Oliviene? - fez questão de perguntar, num tom que deixava claro que esperava ser algo realmente importante.

A secretária do Ministro engoliu em seco, passando a mão pelos cabelos negros.

— Eu queria poder explicar, Hermione – confessou – mas é melhor deixar… melhor deixar que ele lhe diga. O achamos… entrando no Ministério. Ele já estava amarrado.

Tomando a dianteira na multidão de aurores reunidos, Hermione finalmente vislumbrou o que causava toda aquela agitação.

Havia um homem ajoelhado no piso do quartel, algemado com amarras mágicas nas costas. Seu rosto estava dilacerado por vários cortes purulentos e esverdeados, que se estendiam até o pescoço, provocando um efeito grotesco contra a pele avermelhada. Completando a visão repulsiva, o bruxo ostentava um largo sorriso, pousando os olhos injetados em Hermione.

— Ai está você – sibilou com dificuldade, como e cada palavra lhe rasgasse a garganta – a Serpente lhes ordena que rendam todos os aurores do Ministério da Magia.

As mãos de Hermione se fecharam em punhos.

Nos últimos meses, um movimento massivo de bruxos, ex-partidários de Voldemort, voltara a se reunir de modo suspeito ao longo do país. Pelo que as investigações do Ministério haviam extraído até então, estavam tentando se reagrupar em volta de um líder outra vez – um bruxo das trevas desconhecido, que simplesmente haviam denominado de Serpente.

Até então, não haviam recebido nenhuma manifestação daqueles Comensais desgarrados. Até agora.

— Render os aurores? - a jovem inquisidora deu uma risadinha de escárnio – e por que ele pensa que faríamos isso?

— Ele está lhes dando a chance de se renderem sem luta – o bruxo mutilado respondeu, rosnando – concordem com o termo da Serpente… mandem um auror com esta mensagem para a Floresta do Deão… - grunhiu mais alto – ou haverá sangue nas mãos de cada um de vocês – o homem começou a tossir, expelindo um líquido viscoso e negro – obedeçam à Serpente… - o sangue escorreu de sua boca – ou eles terão o meu destino…

O homem começou a sufocar, revirando os olhos, que verteram jorros de sangue pelas pálpebras.

E então, por fim, desabou no chão. Morto.


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