Pelos Teus Olhos escrita por Caroline Bottura


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde... Desculpem a demora...

Dedico esse capítulo a uma pesoa muito especial... Juliana Ramos... TQM bjs.



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Os dias pareciam mais longos, quando sai daquele hospital sabia que a tinha perdido, mas não podia ficar sem fazer nada, eu estou tentando, mas sei que é difícil. Aqui estava eu de novo, na frente da casa dela, depois de mais de um mês, apenas na esperança de vê-la, nem que seja de longe, depois de algum tempo vou pra casa, entrando encontro minha mãe no sofá  chorando copiosamente , segurando um papel, corri até ela.

— Mãe, o que foi? – Me sentei ao lado dela, ela tremia com o papel nas mãos, não conseguia me falar nada, peguei o papel e li.

Mamãe, eu sinto tanto esta fazendo isso, mas preciso, não posso mais ficar nesse lugar, me perdoa por fugir assim, saiba que sempre vou manter contato por cartas, não quero que saibam onde estou. Dói muito o que aconteceu, apenas quero seguir em frente, te amo muito mãe, não se preocupe eu estou bem. A partir do momento em que sai de Cancun deixei tudo pra trás, menos você mamãe, esta sempre ao meu lado, dentro do meu coração, espero que um dia possa me perdoar, te amo sempre.

 

De sua filha

Victoria.

 

Meus olhos passavam pelas letras mais uma vez, não podia acreditar que ela se foi, olhei pra minha mãe, estava destruída, mais uma vez perdeu a filha, a puxei para os meus braços e a abracei forte, respirei fundo, não podia deixa-la sofrendo, eu sofreria, jamais procuraria ela de novo se apenas minha mãe pudesse saber onde ela estava, me levantei, ela me olhou.

— Eu vou saber pra onde ela foi, não se preocupe mamãe.

Ela limpou as lagrimas e se levantou. – Onde vai?

— Vou falar com o pai dela.

— Eu vou com você.

Apenas concordei, não demorou para chegarmos bati na porta ele atendeu, ia fechar quando viu quem era, não deixei e empurrei a porta.

— Pra onde ela foi?

— Eu não vou contar pra você, você destruiu ela.

— Olha eu juro que não vou atrás dela... – Ele me interrompeu.

— Não acredito, esta louco atrás dela, ela é minha filha... – Ele não terminou de fala, minha mãe entrou na casa.

— E minha também, onde ela esta Ramon, onde esta minha filha?

Ele apenas olhou pra minha mãe, abaixou a cabeça. – Não posso dizer, ela me fez prometer, ela não quer que ninguém saiba.

Minha mãe se aproximou dele, o olhou nos olhos, eu via o desespero dela, a magoa e o rancor.

— Você me tirou ela uma vez, vai tirar novamente?

— Ela quis ir, e ela quis que ninguém soubesse, não vou quebrar a confiança dela.

Eu apenas vi minha mãe esbofeteando ele, a segurei puxando pra mim.

— Calma mãe, por favor. – Eu podia sofrer tudo isso, eu merecia passar essa dor, mas minha mãe não, ela já sofreu tanto.

— Você é e sempre será um monstro Ramon.

Ela saiu dos meus braços e saiu da casa, apenas olhei o pai de Victoria, ele estava irredutível.

— Não senti nada vendo ela desse jeito, você privou ela da filha por todos esses anos e esta fazendo de novo, o que você tem dentro do peito?

— Dessa vez ela não sofre por minha culpa e sim pela sua, agora sai da minha casa. - Aquelas palavras eram como facas em meu peito, ele tinha razão, sai da casa dele e encontrei minha mãe já dentro do carro, o caminho foi feito em silencio.

Entramos em casa, ela colocou a bolsa no sofá e me olhou, me aproximei e a abracei, ela me acolheu enquanto eu chorava quem disse que homens não choram ou não sentem ou nunca sentiu nem amor e nem a dor de perdê-lo, ela apenas me segurou.

— Me perdoa mamãe, ela foi embora por minha culpa, agora a senhora esta sofrendo.

— O meu menino, ela não foi embora por sua culpa, ela foi embora por culpa da covardia, jamais vou te culpar, esta sofrendo também perdeu o seu amor.

Levantei a cabeça e limpei minhas lagrimas. – Eu prometo mamãe que vou acha-la, vou traze-la pra você.

Ela balançou a cabeça – Não meu amor, ela quis ir embora e ela que vai te que querer voltar, deixa o destino cuidar disso, enquanto isso eu cuido de você e você de mim, vamos viver, merecemos.

Depois da conversa, fui para o quarto, tirei a roupa e entrei no chuveiro, deixei a agua quente cair pelo meu corpo, ela não me deu uma chance de provar que não era culpado, foi embora, abandonando não só a mim, mas também a mãe. Preciso ser forte por ela, preciso guardar esse amor, pois sempre soube que ele era condenado.

Chegamos a cidade do México faz 4 meses, minha irmã veio comigo e claro minha fiel companheira Morena, consegui um emprego de secretaria com um amigo de papai, alugamos um apartamento, hoje eu teria uma consulta e saberia o sexo do bebe, a barriga já estava grande, sai mais cedo do serviço, iria sozinha pois Juju tinha trabalho da escola pra fazer, estava no ultimo ano, a clinica era perto da empresa, tinha algumas mulheres na minha frente, sentei na sala de espera, passei a mão pelo meu ventre, eu já amava meu bebe com todas as forças, ele era uma lembrança de um amor único, Heriberto sempre estava em meus pensamentos e em meu coração, mas tinha que sair de lá, doí privar ele do bebe mas jamais poderia voltar pra ele depois de descobrir que ele me atropelou, sai dos meus pensamentos ao ouvir meu nome, sorri pra medica e entrei na sala.

— Victória como esta?

— Bem, os enjoos passaram, estou me alimentando bem.

— Ótimo, vamos te pesar e partir para o ultrassom que eu sei que esta ansiosa.

Sorri não podendo nega minha ansiedade, ela me pesou e me levou para a sala de ultrassom, me arrumei e deitei, senti o gel gelado, olhei o monitor, a figura borrada apareceu, ela já deixou o som no alto e pude ouvir o coração do meu bebe, todo mês eu me emocionava, era perfeito o melhor som do mundo.

— Vamos saber oque é mamãe? – Balancei a cabeça pra medica, não conseguia falar, meus olhos já estava embaçados pelas lagrimas. – Daqui alguns meses teremos um menino nascendo, parabéns.

Sorri por entre as lagrimas, um menino, o meu menino, o exame demorou mais um pouco, ela me deu a foto do ultrassom, sai de lá direto pra casa, cozinhei uma coisa simples mas especial, Juju chegou, contei pra ela que era um menino, comemoramos e fomos dormir.

Chegou o dia, hoje meu filho ia nascer, estava com 10 dedos de dilatação, meu pai e a Juju estavam do lado de fora, a falta que minha mãe fazia era imensurável, mas teria que pagar pelo que tinha feito, teria meu filho sozinha, eu fechava os olhos e empurrava, a vontade de ver ele, imaginar o rostinho dele me dava forças, a m´dica pediu pra empurrar mais uma vez que seria a ultima, fechei os olhos e vi Heriberto, sorrindo pra mim, empurrei o mais forte possível e ouvi o choro do meu menino, se o som do coração era perfeito esse era o mais maravilhoso do mundo, descansei e relaxei o corpo, depois de algum tempo uma enfermeira colocou ele ao meu lado, ainda estava um pouco sujo, beijei sua cabeça, ele seria o meu mundo. 

Já estava no quarto com meu pai e a Juju, estava louca pra ver meu filho, quando a enfermeira entrou com bercinho portátil, me ajeitei na cama, ela o colocou ao meu lado, apenas o fiquei olhando, era perfeito.               Estava já agitado, queria comer, a enfermeira em deu ele, é uma emoção única, me explicou como fazia, abri a camisola do hospital e o coloquei próximo ao meu seio, sem demora ele pegou, começou a mama, era uma conexão única, era meu filho. Minha irma e meu pai se aproximaram.

— Ele é lindo Vick.

— Meu neto, já sabe como vai chama-lo filha?

Sorri. – Joaquim, significa Deus prevaleceu.

Olhei mais uma vez o portão de embarque, hoje minha mãe voltava pra casa, depois de quase 3 anos viajando ela resolveu voltar pra mim, olhei entre a multidão e a vi, Dona Olivia sempre seria assim, charmosa, ela me viu e eu andei ao encontro dela, ela soltou as malas e me abraçou forte.

— Meu filho que saudades.

Senti o cheiro dela. – Nunca mais deixo você me abandonar, te amo mamãe.

Ela se afastou e segurou meu rosto, eu abaixei minha cabeça  e ela me deu um beijo na testa.

— E eu de você meu menino.

Peguei a mala dela e a abracei, saímos do aeroporto.

— Como foi de viajem?

— Foi tranquilo, agora me conta você, como esta tudo?

— Tu bem, o hospital esta ótimo, como sabe virei diretor, esta tudo bem mamãe.

Ela sorriu, eu dei risada, sabia o que queria saber.

— Não brinque comigo Heriberto.

Ri mais e a olhei. – Eu estou namorando mamãe.

Ela abriu a boca de surpresa e sorriu. – Me conte tudo.

— O nome dela é Lorena, ela é filha de um dos donos do hospital, é arquiteta, começamos a sair e nos demos muito bem, firmamos compromisso faz 6 meses.

— Quero conhece-la.

— Marquei um jantar com ela hoje, em um restaurante perto do hospital.

Ela sorriu satisfeita, minha mãe resolveu voltar para Nova York, eu me dediquei ao hospital publico e a minha clinica, quando recebi uma proposta de trabalho no maior hospital da cidade, aceitei, um pouco mais de um ano trabalhando lá fui chamado para assumi a direção, foi como conheci Lorena, nos demos bem, ficamos amigos e as coisa foram acontecendo, ela era incrível, alegre  e muito bonita, dos damos muito bem e resolvemos assumir um namoro. Meu irmão sumiu, a mais de dois anos não sabemos nada dele, sei que minha mãe sofre, em dobro pois dois filhos dela estão longe sem ela saber onde, nunca soube de Victoria, enterrei esse amor, mesmo sabendo que não tinha colocado terra o suficiente segui minha vida. Chegamos em casa, levei as coisas da minha mãe para o quarto e fui me arrumar para o jantar.

Estava na sala esperando minha mãe. – Vamos meu filho, ela vai nos encontrar lá?

— Sim, ela vai direto para o restaurante. –

Chegamos ao restaurante e fomos para nossa mesa, Lorena chegou um pouco depois, me levantei a lhe dei selinho ela sorriu, minha mãe se levantou.

— Mãe essa é a Lorena, Lorena minha mãe Olivia.

Lorena sorriu e estendeu a mão. – Muito prazer senhora Olivia.

Percebi minha mãe a olhando, sorriu e a puxou para um abraço, minha mãe gostou dela.

— O prazer é todo meu querida.

Nos sentamos, começamos a conversar, minha mãe contou tudo de Nova York, eu do hospital Lorena falou um pouco sobre ela, assim foi o jantar, minha mãe pediu licença para ir ao banheiro, percebi ela um pouco inquieta, não demorou muito ela voltou, paguei a conta e saímos.

— Mãe vou levar Lorena até o carro dela, me espera por favor.

Quando olhei minha mãe ela estava com a mão no peito e falta de ar, corri ate ela que caiu em meus braços, olhei para Lorena que já chama uma ambulância, deitei minha mãe no chão e comecei a fazer os primeiros socorros, não demorou muito a ambulância chegou, fui com junto com ela enquanto Lorena foi de carro. Assim que chegamos já tinha uma equipe esperando, correram com ela pra dentro, segui até onde me deixaram, afinal era oftalmologista, parei na porta passando as mãos no cabelo, quando vi Lorena correr na minha direção, a abracei pedindo a Deus pra salvar minha mãe.

— Vem senta, vai fica tudo bem.

— Eu sou diretor daqui, tenho direito de fica la dentro.

— Sabe que não é assim, é pessoal o caso, estou aqui.

— Graças a Deus por isso. – A abracei, não sei por quanto tempo fiquei esperando, quando Henrique para na minha frente, era o pai de Lorena, era o melhor cardiologista do pais, o caso era serio.

— Como esta minha mãe? – Me levantei.

— Ela teve um infarto Heriberto, não é bom o estado dela mas conseguimos fazer uma intervenção cirúrgica, precisamos esperar pra ver como ela vai reagir, e estudar pra ver se não vai precisar de alguma outra cirurgia.

Respirei fundo. – Posso ve-la?

— Ela esta na Uti ainda, sabe que não é permitido mas como diretor pode.

Apertei a mão dele, beijei a testa da Lorena e fui e direção a UTI, tinha uma enfermeira com ela.

— Ela esta instável, daqui a pouco acorda.

Balancei a cabeça e me aproximei da cama, toquei a mão dela.

— Mãe, vai dar tudo certo, só não pode me deixar também, por favor. – Limpei minhas lagrimas, seria forte pra ela, vi ela se mexer, murmurou baixo, me aproximei ela chamava por Victoria, fechei os olhos e sai da UTI, encontrei Lorena com o pai.

— Como ela esta meu amor?

— Ela começou acordar, preciso sair um pouco pode ficar por aqui até eu voltar. – Lorena sorriu afirmando com a cabeça, beijei ela e sai do hospital, fiz um caminho que por quase 3 anos não fazia, pensei que jamais voltaria a fazer, parei na frente da casa e desci, bati na porta, ele abriu e me deu a mesma expressão.

— O que faz aqui?

— Preciso fala com o senhor, seu Ramon.

— Eu achei que você não ia mais voltar a querer saber dela, olha...

— Eu não quero, não é por mim, é pela minha mãe, ela esta em uma cama de hospital depois de um infarto, chamando pela filha, então por favor avise ela, e se ela tiver um pouco de amor pela mãe peça pra ela voltar. – Virei as costas e voltei para o hospital.

Joaquim estava na cadeirinha na cozinha, rindo pra Morena que tentava pega o patinho da mãe dele, enquanto eu preparava o almoço, olhei pra ele, estava lindo, os olhos eram iguais aos de Heriberto, a mesma expressão, os cabelos eram iguais aos meus, era uma linda mistura, joguei um beijo pra ele que riu, era a razão da minha vida, ouvi o telefone tocar desliguei o fogo e atendi, era meu pai.

— Oi papai, aconteceu alguma coisa? – Quando escuto meu pai falando parece que o chão se abre, minha mãe em um hospital, meu coração disparou, desliguei o telefone e corri para o quarto da minha irmã.

— Juju arruma as malas, vamos pra Cancun. – Expliquei pra ela o que tinha acontecido, liguei para agencia de viagens, eles tinham voo apenas para madrugada, comprei as passagens, falei com meu chefe, arrumeis minhas coisas e as de Joaquim. O tempo parecia parar, o avião demorou um pouco pra decolar, pedia a Deus que protegesse minha mãe, meu coração estava quebrado, eu fugi, deixei minha mãe sofrendo de novo, meu filho sem pai, olhei pra ele em meu colo dormindo, até o jeito de dormir era igual a Heriberto, beijei a cabeça dele. Acordei com minha irmã me chamando, tínhamos chegado, descemos, pegamos as malas e fomos para o desembarque de animais, peguei a Morena        , meu pai estava nos esperando, beijei Joaquim e o deixei com ele, fui direto para o hospital, ainda era cedo, mas precisava ver minha mãe, sem demora o taxi me deixa e frente ao hospital, entrei correndo parando na recepção, pedi informação sobre minha mãe, mas ela não teve tempo de falar, a voz dele parou todo meu mundo.

— Victoria...

 

Continua...  


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