The Last Night escrita por annab, nahinthesky


Capítulo 4
12h45


Notas iniciais do capítulo

hey, desculpem a demora
leiam as notas finais, porqe né..



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POV Claire 

 

 

A paisagem passando por meus olhos vagamente, já era quase um inicio de tarde, o sol quase a pino, nosso carro subia o resto da montanha, pararíamos no antigo estacionamento e depois continuaríamos quinze minutos de caminhada até o topo do vulcão.

O carro parou, já estávamos no estacionamento, não era grande coisa, o dia estava nublado, feio, com uma cara de morto e depressivo, não era um dos melhores dias para uma caminhada, mas mesmo assim subíamos pela trilha escorregadia, era apenas o que faltava para completar o dia chato e feio de hoje.

Ficamos lá, conversando, meus pais insistiam em tentar nos tornar em uma “família feliz”, quer dizer, não era isso que éramos, meu irmão era o orgulho da família, acabava o ultimo ano da escola cheio de méritos e coisas do tipo, mas nunca fora social com a família, quer dizer, era de certo modo um desgosto para nossos pais, porque nem ele nem eu gostávamos de ficar em família.

Estavamos sentados em uma toalha de piquenique no meio do vulcão, o ponto turístico quase vazio, devia ser por causa da chuva forte na noite anterior, o tédio me consumia lentamente, meu Deus, não havia imaginado que seria TÃO entediante vir a esse vulcão.

 

- Vou andar um pouco, já volto. – Avisei a meu irmão que lia pela centésima vez MacBeth e a meus pais que nutriam uma conversa sobre a modernização da cidade.

 

Blá, blá, blá.

Andei pela borda do vulcão, sentindo a brisa fresca pela chuva, com o cheirinho de terra molhada que me era acolhedor.

Andava distraída quando achei a pequena trilha, ela dava para uma daquelas pequenas planices de rocha, a trilha parecia bem marcada, deveria ser um lugar bem visitado, com uma boa vista.

Tomada por curiosidade comecei a descer pela direção, logo chegando ao final, a vista era bonita, mas algo me alertava, o velho aperto no meu coração quando algo perigoso ou trágico estava para acontecer, e hoje, eu o havia sentido duas vezes, a primeira me acordou, eu estava suando, inquieta, mal sentido o ar passar para meus pulmões e minha pele formigar como se estive sendo cortada por vidro.

A segunda foi pior, estava indo para casa, eu senti um pânico estranho passar por mim, olhei para os lados por segurança e sentei na calçada, quando comecei a respirar e enxergar com dificuldade... e depois passou.

Mas agora não tinha nenhum pânico, ou suor, ou formigamento, era apenas um aperto no coração, e uma pulsada estranha na cabeça.  

Olhei para o alto, percebendo como o céu havia aberto, agora o sol alto brilhava sobre a cidade.

Desviei meus olhos para o relógio no meu pulso e escutei o habitual “tic tac tic tac”, meio dia e quarenta e nove.

Olhei o chão, em um estado claro de tédio, vi a fita branca repousando no chão delicadamente, me abaixei para toca-lá, e quando meus dedos tocaram a seda fina ela se desfez como magica.

Confusa passei meus dedos pela terra agora meio seca, balancei a cabeça em negação, era apenas uma ilusão de minha mente, patético.

Levantei meus olhos encontrando os pés descalços de uma criancinha bem cuidada.

O vestido de epoca, azul, cheio de babados, o cabelo bem penteado, solto, ela segurava a fita entre os dois dedos, e tinha uma cara especialmente... assustada. Não sei bem.

A bochecha esquerda tinha uma mancha vermelha, como se houve-se levado um tapa, ou algo do tipo. A bochecha direita, perto do olho, uma especie de mancha de terra.

 

- Que-quem é você? - Eu perguntei baixo para ela.

- Emily. - Ela respondeu com a voz infantil.

 

- O que aconteceu Emily?

 

Ela não respondeu, olhou para mim, dando um sorrisinho de canto, se virou e correu, mas deu uma pequena parada no meio do caminho e fez um sinal para que eu a segui-se.

Não sei exatamente o motivo que me fez correr em sua direção, mas eu fui, e corri durante bons minutos até que meus pés pisaram em falso e eu cai.

Durante a queda percebi onde estava, a beira de um barranco, e quando senti meu corpo cair sobre o chão, eu senti a dor cortante em meu pé.

Talvez eu houvesse quebrado, ou destroncado.

Olhei em volta, procurando a garotinha e a trilha pelo qual vim, ironico era não achar nem a trilha, muito menos a garotinha, legal, ilusões eram só o que me faltavam.

Mas eu estava errada, ao piscar meus olhos com força, tentando apagar a dor errante no meu tornocelo, eu a vi de novo quando meus olhos estavam abertos.

Ela se sentava no chão, me olhando com a cabeça jogada para o lado, com  curiosidade nos olhos de criança.

Um sorriso se formou quando ela caminhou até mim, e se sentou apoiada nos joelhos.

 

- Você pode me ajudar Emily? Me ajudar a levantar? - Pedi entredentes, sentindo meu pé latejar.

 

Ela passou sua mão em meu cabelo, e eu franci as sobrancelhas, confusa. - Pode?

Ela gargalhou.

Sua mão então passou pelo meu rosto, suas unhas antes pequenas, agora eram grandes, e deixaram um grande arranhão ardente por onde passaram.

 

- O-o que você está fazendo? - Perguntei, segurando as lagrimas que pensaram em sair quando ela tirou os dedos de meu rosto e fez a menção de me ajudar a levantar.

 

Mas quando eu já estava meio levantada, apos no maximo três passos, Emily, que antes me dava apoio sumiu.

Emily era real?, eu pensava antes de meu corpo cair na terra umedecida.

Meu corpo rolou por toda a extensão do barranco, até o momento em que ele não tinha mais suporte.

Foi então que eu senti meu corpo cair mais e mais, sendo fisgado pela gravidade, caindo em alta velocidade.

Os cortes se abriam mais e mais, novos surgiam, e meu braço doía.

A respiração me faltava, creio ter quebrado ao menos uma costela enquanto caia, até finalmente parar naquela estranha e úmida clareira.

Tudo hoje estava úmido, aquela umidade salgada do mar, vulga, maresia.

Isso era viver na Califórnia, a umidade, o calor, as tempestades... mas não a dor.

Oh não, a dor não fazia parte de viver na Califórnia, porem, sentir dor parecia algo mais do que natural naquele inicio de tarde mais do que traumático.

Respirei fundo, causando uma dor tênue em meu pulmão, uma dor cortante e quase mortal, pela primeira vez naquela tarde eu desejei morrer.

Meus olhos tremularam se fechando, e possivelmente eu desmaiei.

 

-I Climb, I Slip, I Fall - Ouvi a voz infantil de Emily cantarolar me acordando, oh não, não, por favor, apenas me diga que ela não voltou, seja lá se ela for real ou não, só me diga de que estou a salvo e que foi tudo um sonho, por favor.

 

Sentir mais dor parecia anormal, mas a cada respiração, a cada batida de coração a dor aumentava.

Eu desejei a inconsciência novamente, assim eu talvez não sentisse dor.

Tentei inutilmente me mover, mas tanto minhas costas quando meu tornozelo gritaram em um cortante onda de dor.

O que eu poderia fazer?, eu me perguntava.

Nada, eu me respondia.

Pelo pouco que conseguia ver através de minha pálpebra entreaberta para evitar a dor do sol em meus olhos, eu vi Emily, sentada ao meu lado, olhando em meus olhos, sem ao menos piscar.

 

- Por favor... me... ajude. - As palavras saiam com dificuldade, com a mesma dificuldade que tinha para respirar.

 

Ela que parecia nem ao menos ligar me estendeu sua mão pequena de criança.

A droga da esperança surgiu em minha mente, aliviando parte da dor, com o sonho de que a dor seria aliviada sem a morte.

Sonho.

Boas palavras, infelizmente real, porque no fundo eu já sabia, só a morte acabaria com a dor, o trauma.

 

- Reaching for your hands. - Ela continuou cantando as belas melodias de Paramore, que provavelmente seriam as ultimas coisas que escutaria em toda minha vida.

 

Mas ela segurou minha mão, me dando apoio para voltar a andar, seria mesmo uma esperança?

Não, me respondi no momento em que ela me largou novamente no chão úmido com folhas secas e terra molhada de chuva.

De onde veio todo esse sol que penetra em minhas feridas me causando essa dor mais ardente?

Realmente, essa é a ultima coisa com que tenho de me preocupar.

 

- But I lay here all alone. - Ela sorriu, desaparecendo como fumaça, e eu tive vontade de gritar, mas já não tinha forças nem ao menos para me mover com clareza.

 

Obriguei minha mão a se mover, tocar na terra e sentir algo para me aparar ao menos, mas eu senti o meu próprio sangue melecar minha mão, trazendo junto meu olfato, senti o cheiro agonizante de ferro, e um grito abafado saiu de meus lábios.

Meu Deus, o quanto eu sangrava? Quanto tempo ficara desacordada?

 

- Sweating all your blood... - Ela passava os dedos por minhas feridas, causando mais e mais dor.

 

A maioria das pessoas não deseja morrer, e eu nunca desejara morrer com outro motivo a não ser... bem, a não ser Tom, mas agora, a morte me parecia um lindo final, pois era a única saída para toda minha dor.

Tom.

Lembrar dele fez cada ferida doer mais e mais, porque ele não me amava, e eu era uma simples iludida no amor.

Ele sempre estivera ali para me salvar, então, onde ele estava?

 

- If I could find out how... - Ela continuava com minha trilha sonora fúnebre.

 

Como te trazer até mim, me salvar de toda essa dor.

Porque você sempre forá meu heroi errado e sempre será.

Então, porque você não pode me salvar?

As lagrimas começaram a rolar meu rosto, agora também de tristeza, e magoa, como eu queria sentir seu abraço tão familiar mais uma vez.

 

- To make you listen now. - Ela sorriu, cravando suas unhas anormalmente grandes em meu rosto.

 

Eu gritei com todas as forças, desejando que ele me ouvisse, me salvasse.

As lagrimas me cegaram.

Dor física e emocional.

 

- Because I'm starving for you here... - Meus labios murmuravam a letra da música.

 

Era a música mais sobre  o que eu sentia do que sobre meu sofrimento físico, a letra apenas dava um empurrãozinho sobre todo o efeito.

Eu precisava dele, precisa dizer tudo o que eu um dia sentira por ele.

 

- With my undying love and I... - Ela me repreenderá, fincando suas unhas mais e mais sobre minha pele a ardência tomando conta das poucas forças que tinha.

 

Ainda era capaz de achar que ele era meu amor eterno, que ele sempre estaria aqui para me salvar, como estivera tantas outras vezes, sim ele me amava, mas não como eu o amava.

 

- Tola, ele não te salvará dessa vez, nada te salvará. - A doce voz de Emily murmurava, interrompendo a musica, antes de continua-lá com aquele verso sem final. - I wil...

 

Ela tinha razão, e isso me dava vontade de socá-la.

 

- Breathe for love tomorrow.

 

Não teria amanha, nada mais existiriam se meus olhos continuassem tão pesados e trêmulos.

Eu não sabia de onde as lagrimas vinham, mas elas simplesmente brotavam de meus olhos quando o resto de meu corpo pedia desesperadamente por escuridão.

Era quase como se elas estivessem fugindo de meu corpo, marcando minha morte junto ao sangue que cairá no chão durante seja lá quantas horas ficará aqui.

Meu cérebro gritou por Tom, pois minha voz não existia mais para chamá-lo.

Mesmo que ele nunca ouvisse nada dentro de minha mente, eu precisava tentar dizer a ele tudo o que sempre quisera dizer, dizer a ele que eu o amava, com todas minhas forças, mas meus olhos pareciam não colaborar, se insistindo em pesar cada vez mais.

 

- Cause there's no hope for today.

 

Eu te amo Tom, por tudo que existe hoje sobre essa terra, eu te amo.

Deixei a escuridão me levar para longe, deixando meu corpo relaxar sem quase nenhum sangue.

 


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Notas finais do capítulo

Reviews?
milhões de desculpas ><
eu realmente demorei para escrever esse capitulo, faltava disposição na verdade; a ana já ta escrevendo o capitulo dela .
Beeijos #gloryordie