Caça ao Vampiro de Malpetrim escrita por Frisber


Capítulo 9
Capítulo 8 - A invasão.


Notas iniciais do capítulo

Notas:

Ragnar: Deus dos goblinóides e atualmente detentor do aspecto da morte não natural.



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    A manhã do dia seguinte não foi tão "bela" quanto a do dia anterior. A ventania aterrorizante continuava. E dessa vez, ela estava pior, trazendo consigo nuvens escuras e chuva. Muita chuva. A maior parte das tendas e das barracas nem mesmo foi montada.
    Minaos acordou relativamente cedo para quem foi dormir tão tarde. Yzarc, dormindo na única cama do quarto, ainda roncava incessantemente. Minaos se levantou, vestido apenas com um saiote de pano, bordado pela única pessoa que tornava Yzarc IV um homem suportável: Sua adorável (e, para desespero do minotauro, falecida) ex - mulher. Foi ao banheiro e olhou-se no espelho. Seu pêlo estava mais macio e brilhoso que o normal. O tratamento que estava fazendo com as poções que o alquimista lhe fazia estavam funcionando. Sorriu, e começou a escovar os dentes.
    Lawkan foi o segundo a acordar. Sentia algo estranho, mas não sabia dizer o quê. Recolheu suas flechas, que haviam caído da aljava com o vento. Deixara a janela, como era de costume, aberta, para o caso de Angus querer alguma coisa. Uma delas estava batendo, com o vento. Levantou-se, mas logo foi ao chão. Sentia-se tonto.
    Draken acordou, ao ouvir o piso de madeira tremer. Levantou-se do chão, onde sempre dormiu, com um pulo. Vestiu-se rapidamente, demorando apenas dois minutos para vestir completamente sua armadura de combate. Ao terminar, saiu pela porta correndo, com pressa.
    Ao entrar no quarto ao lado do seu, encontrou o elfo Lawkan desacordado no piso de madeira. Draken não sentiu cheiro de sangue. Ajoelhou-se ao lado do corpo inerte e mediu seu pulso. Estava vivo.
    O gnomo apareceu subitamente no quarto, como se tivesse se teletransportado. Aproximou-se de Lawkan. Minaos chegou no quarto, semi nu acompanhado por Myeen, envolvido em seu manto sobrenatural.
    - Aqui! - ouviram todos, pela janela, a voz de Tsin. - Angus, o grifo! Está morto!


    O cheiro ruim se espalhara por toda a estalagem, vindo do estábulo. Cheiro de carniça. De animal morto. Lá embaixo, Lawkan se mostrava desconsolado, se perguntando o porquê daquela crueldade.
    O animal, sua nobre companhia por toda a vida, fora torturado antes de ser assassinado. Sua língua fora arrancada de seu corpo. Seus olhos, suas patas, suas belas asas... Nada fora poupado...
    Minaos, horrorizado, saiu do estábulo antes que vomitasse. Por mais que suas crenças lhe dissessem que aquele era apenas um animal, não poderia aceitar que aquela barbaridade fosse natural e sem importância.
    Nem mesmo Myeen se manteve impassível, ajudando a Draken e a Tsin em sua nobre tarefa de consolar o pobre elfo. Enquanto isso, Yzarc e o gnomo olhavam ao redor, procurando por alguma evidência que pudesse ajudá-los a descobrir quem teria feito aquilo.
    - Isso foi um aviso - afirmou o alquimista.
    - Como assim? - perguntou, em meio a seus prantos, o transtornado elfo.
    - Está escrito aqui. - disse, apontando para a parede. - Foi escrito com o sangue da criatura.
    - CRIATURA?! - gritou Lawkan, se levantando do chão, onde estava ao lado do cadáver. - O NOME É ANGUS, SEU IDIOTA! - bradou, ao avançar no velho e lhe desferir um soco no rosto - ANGUS!
    Tsin e Draken agarraram o elfo e passaram algum tempo tentando acalmá-lo. Enquanto isso, Myeen e o gnomo conversavam, olhando fixamente para um Yzarc caído no chão, bravo e com um olho que ia ficar provavelmente roxo.
    Minaos irrompeu pela porta, carregando sua lança, arfando, assustado. Não por causa de Ysarc. Algo pior acontecera.


    - As poções, foram roubadas!
    - Não entendi... Qual a importância disso? - perguntou Tsin, um tanto aliviado. Esperava por algo pior.
    - As poções! As poções poderiam acabar com aquela criatura! Não precisaríamos nem de lutar! Maldição! - gritou Minaos, socando uma viga do estábulo, que ameçou ceder.
    Os outros não entenderam. Como poderia um minotauro preferir não lutar? Os homens boi eram notoriamente conhecidos por toda Arton como ferozes e apaixonados guerreiros.
    Ysarc agora se levantava enfurecido. Deitado, ouvira o que Minaos falara. Saiu pela porta, em direção ao seu quarto sem falar nada. Todos se mantiveram estáticos, surpresos pela falta de ação do alquimista. O que faria?
    Mal tiveram tempo para pensar. A porta do estábulo se abrira. Podiam ver a rua, fria e deserta. A porteira se abrira em um solavanco, mas não havia ninguém ali. Draken ordenou que fizessem silêncio, e furtivamente, se dirigiu a rua. Minaos fechou a porta que ligava o estábulo à estalagem e agarrou a sua lança.
    Repentinamente, Draken foi arremessado com um impacto à parede de madeira do lado oposto do estábulo, caindo desacordado em um monte de palha. No lugar onde estava Draken, agora estava um homem, vestido com um belo manto negro, que cobria suas caras roupas bufantes.
    O homem era já um senhor, de aproximadamente 40 anos, magro e alto. Seus cabelos grisalhos estavam longos e desgrenhados. Suas unhas agora mais pareciam garras. Ainda estava sujo, de terra e de sangue. Suas presas estavam à mostra. Era mais um vampiro.
    Willy, recém-acordado, ainda não recobrara sua consciência. Só o que sabia, só o que sentia, era fome. Atraído por um forte cheiro de sangue, (que vinha do corpo do grifo), agora aparecera no "covil" do grupo de aventureiros.
    Minaos pôs-se a frente, uma vez que era o único armado. Myeen agarrou Lawkan e escondeu-se nas sombras. Tsin e Pyxsk mantiveram-se parados, ainda surpresos pelo ataque (DIURNO!) do vampiro taverneiro. Com exceção do minotauro, estavam todos desarmados e despreparados. O vampiro desviou-se de um ataque de Minaos, que visava perfurá-lo, com um salto para o alto. Prendeu-se sobrenaturalmente no teto de madeira do estábulo, como se em seus dedos houvessem ventosas.
    Rosnou.
    Tsin notou que a porta da estalagem estava fechada. Não teria muito tempo, não poderia deixar o grupo ali para ir buscar sua espada. Agarrou um pedaço de madeira quebrada próximo ao monte de palha em que Draken ainda estava desmaiado.
    Pyxsk percebeu que o vampiro estava irracional. Não se intimidaria com suas ilusões. Teria que ser melhor, que fazer melhor. Sorrira. "Uma mentira bem contada faz mais efeito do que uma verdade mal explicada", dizia seu pai.
    O vampiro rosnou mais uma vez e desviou-se novamente de um ataque do gigantesco minotauro. Ele havia atirado sua lança, que agora ficara presa ao teto! Estava desarmado! O vampiro sorriu, e com um salto, desviara do ataque que Tsin tentara lhe aplicar com seu pedaço de viga. Com um giro enquanto se soltava do teto, desarmou o capitão e passou suas garras no peito do mesmo, rasgando-lhe não só a roupa, mas também carne e pele. Tsin gritou. Caiu de joelhos, ensanguentado.
    Cortes profundos...
    Dor...
    Sangue...
    O minotauro ainda tentava desencravar a lança do teto, quando o vampiro começou a ir em sua direção. Até que um som cortou o ar velozmente. e outro. E outro. Lawkan saiu das sombras, munido de seu arco e suas flechas.
    - Como? De onde surgiram essas armas? - Perguntou Minaos parecendo surpreso e aliviado, após ver o vampiro cair no chão com inúmeros projeteis presos ao corpo.
    Quieto...
    Morto...
    - As sombras de Myeen trouxeram! Ele está procurando as outras armas!
    O grupo todo ainda se recobrara do susto. Draken se levantava. Minaos enfim retirara sua lança do teto, quando então repararam em Tsin. O gnomo lhe fazia curativos ilusórios, mas tocáveis.
    Estava fraco.
    Estava ferido.
    Estavam atônitos.
    E não perceberam quando o vampiro se levantou, atrás deles. Nem perceberam quando ele ergueu seu braço. Mas ouviram o grito de dor fantasmagórico. Sentiram a brisa do sopro de Ragnar.
    Lawkan estava trespassado pelo braço de Willy.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

É gente, todos erraram! E que venha o final da luta!!!



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