Caça ao Vampiro de Malpetrim escrita por Frisber


Capítulo 8
Capítulo 7 - A Segunda noite de buscas


Notas iniciais do capítulo

A segunda noite e a primeira batalha! Esse é bem cumprido, espero que gostem! =D



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    Após uma bela manhã, o entardecer trazia consigo vastas e intermináveis nuvens. O caótico tempo, antes ameno, começou a esfriar e a afastar as pessoas das ruas. Fazia tempo que não ventava tanto. A grande feira teve, graças ao clima, o pior dia de toda sua existência.
    A ventania gélida, vinda do mar, causava mais do que desconforto. Tendas, tecidos e outras mercadorias voavam ou ameaçavam voar. O frio tornava as armaduras, da Guarda ou dos aventureiros, insuportáveis. Ysarc, o IV, já estava acordado quando Minaos acordou, incomodado pelo vento estalando a madeira da estalagem. Olhava pela janela admirando aquele espetáculo caótico que a natureza lhe oferecia. O minotauro se espreguiçou e bocejou, com toda a graça que um homem-boi de mais de dois metros de altura poderia ter.
    - Não dormiste, - perguntou Minaos ainda bocejando, - meu Lorde?
    - É claro que sim. Mas eu não sou tão preguiçoso quanto você, chifrudo folgado.
    - Como se fosse eu quem costuma dormir até depois da hora... Até onde eu me lembre, quem sempre lhe acorda sou eu...
    - O que voce está dizendo, imbecil? Você é preguiçoso e ponto final!
    - Sim senhor, meu lorde - disse Minaos colocando suas roupas com má vontade - Será que os outros já acordaram?
    - Não me interessa - respondeu secamente, olhando fixamente as tendas voando.
    - Mas e a missão?
    - Não mais me interessa.
    - Mas e o dinheiro?

   

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    Tsin já estava acostumado a dormir pouco. O vento também não ajudava. Nos postos de guarda, cochilos fora de hora podem lhe custar mais do que o emprego! Após prender o colete e embainhar a espada, o capitão resolveu descer para comer. Chegando no andar térreo da estalagem viu que havia alguém sentado à mesa onde eles haviam examinado, no dia anterior, o amuleto encontrado na caçada. Quem seria? Aproximando-se, Tsin reconheceu aquela roupa verde. "Pyxsk! Você dormiu pouco pequeno!"
    - Não dormi na verdade... Não estava com sono...
    - Seria bom descansar. Hoje a noite a busca será difícil com essa ventania toda.
    - Talvez... Outro que não dormiu foi Lawkan. Ele ficou passeando com o grifo a tarde toda. Disse que Angus precisava "esticar as asas".
    - Boa tarde! - disse o recém chegado elfo.
    - Falando no diabo... esse não morre mais !
    - A feira estava um caos. Foi bom eu ter saído, olhem o que eu trouxe.
    Abrindo uma sacola, Lawkan tirou alguns utensílios que, de acordo com eles, eram "indispensáveis" na busca. Entre eles havia : Um lampião, provisões e três cantis.
    - Vamos sentando - disse o cavaleiro dos Céus - os outros devem estar chegando.
    Apenas alguns minutos depois, todos já estavam sentados à mesa.
    - E então, como serão montados os grupos hoje? Os mesmos? Novos? - perguntou Draken, que parecia querer estar no meio daquela ventania toda, - Saibam que quem ficar junto com Ysarc e Minaos, deverá ficar na estalagem, não queremos ninguém vagando sozinho durante a noite.
    - Isso não vai acontecer ! Eu e esse boi estamos prontos. Não foi por preguiça que ficamos aqui ontem acordados a noite toda.

 

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    - Eu já vim aqui ontem. Não há nada para se achar...
    - Mas você não veio comigo. Talvez eu ache alguma coisa.
    Lawkan havia voltado às redondezas de onde ele e Myeen haviam estado  na noite anterior. Mas dessa vez, Draken estava com ele.
    Pousando sem nenhum ruído, Angus parou. Mal as patas do grifo haviam tocado o chão, Draken saltou do lombo do animal e começou a olhar em volta. Lawkan nunca havia visto um perito em rastreio em ação.
    Draken olhava em becos, andava em vielas, seguia marcas. Um rastro de 3 ou 4 objetos perdidos (algo que parecia um elástico de cabelo, uma bolsa encharcada, entre outros...) chamaram sua atenção. Andando sem fazer nenhum barulho, Draken adentrou rapidamente um arco que limitava um beco. Não deu nem 2 passos inteiros quando estagnou, olhou para o chão e falou para Lawkan que vinha logo em suas costas.
    - Parece que eu estava certo. Era só saber onde procurar.

 

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    - Já pegou tudo? Seu lerdo...
    - Eu estou pronto, meu Lorde. Mas parece que o gnomo não está...
    - Como não? Ei anãozinho! O que você está pensando? Vai nos atrasar desse jeito.
    O gnomo sentava ao lado de uma janela, com o olhar vago, mirava algum ponto perdido na noite... Talvez a lua cheia escondida entre nuvens... Talvez um vulto... Talvez nada. Na verdade não importava, ele não prestava atenção pois estava absorto e perdido em seus pensamentos.
    - Eu não vou. - disse o gnomo sem nem virar o rosto para olhar o alquimista ou o minotauro - Não sem uma condição...
    - Do que você está falando? - indagou, num misto de surpresa e susto, o alquimista.
    - Eu sei... Eu vi...
    - Quê?
    - Vi o que você fez. Roubou o amuleto. Não sei se você sabe mas eu não dormi ontem. Achou que não seria pego? Achou que passaria imune?
    - Do que ele está falando, meu Lorde? Por acaso você... Você acha que... Acha que conseguiu? Acha que aquele colar era o que procurava?
    Alguém que entrasse naquela sala não entenderia nada. Apenas veria um gnomo se levantando e olhando triunfantemente para dois seres muito maiores que ele. Um deles com uma cara de assustado, e o outro surpreso.
    - Qual a sua condição? - perguntou Yzarc IV, mudando sua expressão assustada, para um rosto rabugento e sério, e porque não dizer, até com um certo asco.
    - Eu sofro de... Um empecilho. Uma certa doença, que me causa muitos problemas. Eu quero uma cura, temporária para dar tempo de preparar a cura permanente.
    - E o que é?
    - Não é do seu interesse, mas uma poção de sanidade permanente serviria muito bem.
    - Você deve saber que isso me custará muito caro, certo?
    - Sim eu sei. Mas eu sei para que serve o quê você pegou. O que voce pode fazer com ele. Vale muito mais do que uma mera poção, certo?
    - Hunf... Malditinho extelionatário. Temos um acordo então. Agora vamos. Se nos atrasarmos atrairemos olhares curiosos.
    - Agora mesmo. - disse o gnomo se pondo em prontidão.
    - E se você der um pio, eu esmagerei esses seus ossinhos um a um, mas manterei você acordado para que sinta dor e sofrimento, e para se arrepender de ter dado com a língua nos dentes!
    - Não se preocupe. Minha boca está selada como um túmulo!
    - Sei... Vamos ver... - resmungou o alquismista, no instante em que já estavam sentindo o vento nos rostos, andando na escuridão da noite.


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     As trevas mantinham incógnitos Tsin e Myeen. Furtivos, ambos se mantinham em silêncio total, ignorados até mesmo pelos deuses. O capitão estava um pouco mais a frente, cumprindo com sua vocação natural para a liderança. Atento, o servo de Lin-Wu foi o primeiro a ouvir, talvez devido aos seus anos de treinamento com seu pai e com seu avô em Nitamura. Um baque surdo.
    Segundos depois, o espadachim e o clérigo olhavam para uma cena estarrecedora: Uma mulher caminhava mancando, pálida e nua, saindo de dentro do beco de onde ouviram o que parecia ser o som de uma queda.
    A mulher, outrora bela e amigável, era conhecida de Tsin. Ex - esposa de um antigo oficial da guarda, Eleonora era adorável e fazia doces como ninguém. Apesar da idade, era linda. Mas agora, parecia um mero espectro de sua antiga vida. Um monstro de olhos amarelos e brilhantes, de protuberantes presas e garras.
    Myeen tomou um susto quando, com velocidade, Tsin sacou sua espada. A mulher percebeu os dois e se virou, ameaçadora. Logo depois, ela virou a cabeça para trás e rosnou. Estava cercada!
    - Eu não falei que os passos vinham para cá? - perguntou, triunfante, o velho Draken a Lawkan, aparecendo na boca do beco.
    A predadora se vira acuada por meros mortais. Estava com muita fome e ainda era muito nova para raciocinar direito, com sua inteligência humana enevoada pela besta vampírica que estava sedenta no âmago de sua alma.
    Lawkan foi o primeiro a agir, disparando uma flecha na perna da vampira acertando-a com maestria. Se não fosse uma morta-viva, cairia de dor. Ela rugiu e saltou em direção ao elfo, caindo como uma pluma sem peso por sobre a cabeça de Angus. O grifo nem teve tempo de reagir, quando a vampira agarrou o arqueiro pela camiseta e jogou-o no chão.
    Ainda antes da tentativa de reação da montaria, Eleonora correu, caindo à frente de Draken. O bravo nômade sacou sua espada, mas não teve tempo de usá-la. Ele fora hipnotizado pelo olhar da vampira. Ela não havia nem sequer entendido suas habilidades, mas seus instintos a guiavam. Tanto que teve tempo de se abaixar antes de ser decapitada pela espada de Tsin. Sua rapidez era tremenda!
    No chão, ela rolou para frente, e com sua habilidade felina se pôs de pé e em guarda. Lawkan se levantava e Draken estava saindo da hipnose, quando a vampira então fugiu e despareceu da vista de todos...
    Quase todos...
    De repente, a vampira estava parada, arfando, como se respirasse rápido. Estava paralisada. E com medo.
    Myeen se concentrava, rezando para sua deusa. Ele era o responsável por paralizar a fera. Sua prece para Tenebra era capaz de paralisar mortos-vivos de resistência baixa. Enquanto ele entoasse seu cântico, eles estariam a salvo.
     Tsin, Draken e Lawkan, suados e cansados, se aproximaram da vampira. O capitão pensava em todo o barulho que estavam fazendo. Não fosse pelo assoviar absurdo do vento, estaria certo de que toda a população, de dentro de suas casas, os observava naquela pequena alameda em que estavam. Já Draken e Lawkan se preocupavam com um problema mais consistente: Seria aquela a assasina? Teria sido tão fácil assim?
    Um arco se desenhou no ar. Subitamente a vampira se desfez em fogo, sangue e cinzas, até se transformar em pó e ser levada pelo vento. Tsin embainhou sua espada tamuraniana assustado. Nem ele entendeu o que acontecera...
    - O que foi isso? - perguntou Lawkan, arrumando-se e recompondo-se.
    - Uma vampira - respondeu Tsin de prontidão, sem qualquer expressão no rosto. - Uma vampira no corpo de uma antiga moradora da cidade.
    - Foi para assassiná-la que fomos chamados? - perguntou Draken desapontado.
    - Duvido. - disse Myeen - Pelo que conheço os mortos-vivos, esta era uma vampira recém-criada.
    - E como voce sabe? - perguntou Lawkan.
    - Ela era irracional - afirmou Tsin, antes do clérigo - Vampiros geralmente são sábios e não se arriscariam assim. Além disso, ela foi enfeitiçada facilmente.
    - Brilhante dedução, eu não poderia dizer melhor. Como sabes disso tudo querido leão de chácara do prefeito? - espetou o clérigo.
    - Deduzi.
    - Creio que gostariam de ver isso. - disse, a alguns metros dali, o nômade Draken.
    Tsin, Myeen e Lawkan, ao chegarem perto de Draken, descobriram o que havia sido aquele baque surdo no beco. Uma garotinha repousava sobre a terra batida. Seca... Fria... Morta...
    - Irracional... - afirmou Tsin, aparentando uma frieza fora do comum.
    - Um monstro dsses merece ser DESTRUÍDO!! POR QUE SENHORA?? POR QUE ESTE SER TEVE QUE SER CRIADO?? - disse Myeen, aparentando um misto de revolta e sofrimento.
    - Por Glórien! Era apenas uma criança! - gritou Lawkan surpreso.
    Draken se manteve procurando pistas, investigando. Não gostava nem um pouco de estar próximo à cadáveres, apesar de já ter se acostumado com isso há anos.
    - Era a filha de Eleonora - afirmou Tsin.
    - Eleonora? - perguntou Myeen.
    - A vampira.
    - Você a conhecia, katana-vendida?
    - Não me chame assim - disse Tsin um tanto agressivo - Não lhe dei motivos para achar que eu sou um traidor! Essa mulher frequentava o posto de guarda. Sua filha também. Foi morta há algum tempo pelo que parece.
    - Sabes muito sobre vampirismo. Nunca tivestes experiência com isso antes, servo da humanidade?
    - Eu já falei pra você parar de me provocar! Não vou dizer novamente! - gritou furioso o capitão. Draken e Lawkan que conversavam sobre a luta que tiveram a pouco, agora fitavam o elfo e o clérigo.
    - Sinto muito, tamuraniano... - disse Myeen, aparentando medo em sua voz - Isso não vai se repetir... Não vou continuar perguntando-lhe sobre o caso se isso te irrita tanto.
    Draken e Lawkan se olharam ressabiados.
    -Tsin... Estávamos conversando... Por que você matou a mulher ao invés de prendê-la? Poderíamos interrogá-la, até estudá-la se ela não cooperasse - disse Lawkan.
    Silêncio.
    Tsin não respondeu. Virou-se e seguiu para a estalagem em que todos estavam hospedados a convite do prefeito.
    - Esse daí é muito estranho... - afirmou Myeen.


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    - Como assim DECAPITOU-A?? POR QUE NÃO PRENDERAM-NA?? Eu poderia descobrir sua espécie, SEUS ANIMAIS!! - gritou Yzarc IV, depois de Draken, Myeen e Lawkan relatarem o ocorrido.
    Estavam todos reunidos na estalagem, sentados à mesa, com exceção de Yzarc IV, que andava de um lado para o outro.
    - Ela tinha olhos amarelos, presas e garras. Trabalhe com isso. - disse Tsin, que pouco falava.
    - Ótimo. Devem haver apenas algumas centenas de raças assim. - disse Minaos, bufando sarcasticamente.
    - Vamos dormir, senhores... Amanhã descobriremos mais. - disse  Pyxsk, apagando seu cachimbo e levantando. - Estou morrendo de sono.
    E então foram dormir.

    Mal sabendo que nem todos eles acordariam.

 

 


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Notas finais do capítulo

O próximo é o meu favorito!!! Uma das melhores partes da história!!

E aí que que vcs acham, quem deles não vai acordar???? =D



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