Pierrot escrita por Crazy


Capítulo 1
Capítulo único - Pierrot


Notas iniciais do capítulo

Olá, gente! Como estão todos vocês? (Risos).

Well, ultimamente a Crazy-chan vem escrevendo muita one-shot baseada em música, e esta aqui - obviamente - não será exceção. Isso porque eu me apaixonei quase que instantaneamente pelo cover desta música, Pierrot, cantada pelo youtuber Ashe (link nas notas finais). Aí eu meio que fiquei viciada e enfim...

Sabem 'cumé, né? (Risos).

Sem mais delongas, tenham uma boa leitura!



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  Ela sempre chorava por tudo. Por menor que fosse a inconveniência, ela estava sempre aos prantos, e isso me deixava apreensivo. Não que eu pudesse fazer muito além de lhe oferecer um ombro amigo, mas vê-la sorrir com as piadas e palhaçadas que eu fazia para melhorar seu humor sempre me deixava mais feliz.

  “Não chora! Um sorriso fica melhor no seu rosto, sabia?”, eu lhe dizia toda vez que a via reclusa em um canto, os olhos inchados ameaçando derramar as lágrimas. Ela inicialmente ficava surpresa, porém não demorava muito para que acatasse o pedido e desencadeasse o sorriso mais bonito que eu já vira em todos os anos da minha vida.

  “Louise”, e lá estava o pai dela novamente, chamando-a em tom rancoroso. Lembro-me de sua expressão hostil em nossa direção, como se pudesse nos trucidar a qualquer momento com um único olhar. “Vamos logo!”.

  Se eu me ressentia com isso? Claro, mas eu não me permitia transparecer. Não ao lado dela, pelo menos, ao que sempre a fitava com toda intensidade quando tínhamos de nos separar. “Não se esqueça de sorrir, hein?”. E ela o fazia. Com muita relutância, óbvio, mas eu sentia que, se me mostrasse forte e inabalável, ela tomaria coragem para seguir em frente.   

  Eu era seu Pierrot, afinal.

  Não sei se era um problema de família, mas seus pais sempre a trataram com certa frieza, e era por isso que eu muitas vezes a via no jardim da casa, o semblante tipicamente entristecido. Então, como sempre, eu a confortava com aquele típico discurso esfarrapado: “Sorria! Não importa a circunstância, levante a cabeça sempre”. Lá ia ela.

  Para ser franco, ela era a única pessoa que não desdenhava de mim, parecendo gostar de minha companhia. Recordo-me até hoje daquele dia em que Armin, o suposto rapaz com o qual ela estava comprometida – por pressão da família, claro-, discutira com ela, fazendo-a correr em prantos até mim. Aquela fora a primeira vez que eu me atrevi a tocar em seu rosto, os dedos lentamente se embrenhando naqueles cabelos escuros.

  “Vai ficar tudo bem! Sorria!”. E então eu sorrira com ela, fazendo piadas até o amanhecer para que sua felicidade não se desfizesse. Os familiares não a levavam a sério, e nem ao menos se davam conta de que o futuro que haviam lhe reservado não era o que ela queria. Em partes, eu a entendia muito bem.

  Foi por isso que decidi fugir de casa, afinal.

  A questão é que aquela noite que passamos juntos sob a luz do luar realmente me rendeu problemas, pois Armin descobrira tudo. No dia seguinte, portanto, levaram-na para longe a fim de “conversarem” comigo, o que resultou em uma situação catastrófica.

  “Fique longe da minha noiva, ouviu?!”, ele me disse com sua voz autoritária, segundos antes de me desferir um soco no rosto. Era verdade que ele, junto do irmão mais velho dela – Castiel -, vinha me ameaçando há algum tempo. Mas eu não ligava.

    Não se fosse pelo bem dela.

   “Você é só um maldito sem-teto!”. Em partes eles estavam certos, e eu não os culpava por isso. Eu não tinha lar fixo exatamente devido a problemas familiares, situação crítica que – pelo que dava para perceber – a afetava também.

  “Hey, você está bem?”, ela inquiriu naquela tarde ensolarada, e eu me peguei mordendo os lábios em apreensão. Todo o lado esquerdo de meu rosto estava roxo por causa da surra que levara no dia anterior, fazendo-a se preocupar.

  Sorri.

  “Claro! Foi só um acidente...”, era mentira, lógico, mas eu não me submeteria a fazê-la triste por minha causa. Como sempre, eu queria vê-la sorrir, e foi com esse intuito que disfarcei toda a dor que sentia, mistificando tudo com uma gargalhada.

  Para minha surpresa, desta vez ela não me acompanhou. Olhei-a.

  “Sabe, você mentindo deste jeito não me deixa feliz”, aquela fala me fez instantaneamente corar de vergonha, derrotado. Eu tinha... Deixado transparecer com tanta facilidade assim?

  Não importava.

  “Não ligue para o que acontece comigo, ok? Contanto que você me sorria sempre, eu estarei feliz”, e então lhe estendi uma flor, colocando-a em seus cabelos. O resultado foi o que esperei: embora meio entristecida ainda, ela se forçou a sorrir, e eu a acompanhei.

  Estava tudo bem, ou – pelo menos - eu queria me convencer disso. E assim passaram-se os dias, comigo sempre tentando animá-la nas crises de tristeza. Claro, Armin e Castiel não me deixavam em paz nem por um segundo, mas, contanto que eu pudesse ver o sorriso dela, aquilo era irrelevante.

  A verdade era que ela era importante para mim, e nossa proximidade só me fez gostar ainda mais dela. Não que eu tivesse alguma chance de me tornar algo mais que um simples pierrot, mas eu não deixava de me sentir satisfeito. Para mim tanto fazia desde que pudesse estar ao lado dela para lhe pedir um sorriso, vê-la feliz.

  E isso até...

  “Você me atrapalhou pela última vez!”, a expressão de Armin era mordaz, aterradora. Não era preciso pensar muito para saber que ele estava notavelmente alterado, e foi só quando percebi algo reluzente em suas mãos que me afastei, temeroso.

  Um facão.

  “C- calma! A- a gente pode conversar!”, no desespero, tentei reverter a situação da forma mais inocente e absurda possível. Mas era claro que não daria certo. Ele estava sob efeito de bebidas, afinal, e foi por causa disso que investiu.  Uma dor alucinante me atingiu na região do estômago, fazendo-me cair para trás sem cerimônias.

  “Nathaniel!”, apesar da dor e de todo aquele desespero, a voz dela se sobressaiu. Ela havia presenciado tudo, havia visto tudo. Quando se ajoelhou ao meu lado, ignorando a presença do noivo escalafobético, pousou os dedos em meu rosto em um carinho sutil. “Você vai ficar bem, eu juro!”.

  Eu sabia que era mentira, pois minha visão já se enturvecia, a mente enevoada e lenta. Ainda assim, eu pude perceber que – como o costumeiro – aqueles olhos azuis estavam transbordantes de lágrimas, ao que – pela última vez – pousei os dedos sanguinolentos em seu rosto.

  “Sorria”, sibilei, e ela crispou os lábios, apertando-me contra si com toda força possível.

  “Por quê?!”, inquiriu em tom choroso, e então algumas lágrimas pingaram sobre meu rosto. Percebi, pelo canto dos olhos, que Armin havia fugido em desespero, sem nem se importar em prestar socorro após cometer o “acidente”. Ou com o fato de a noiva estar aos prantos em cima de um homem semimorto. “Sempre fingindo! Por quê?!”.

 Pisquei com dificuldade. E então algumas lágrimas me escapuliram também. Ela era o meu tudo, a minha salvação daquele mundo impetuoso que há muito tempo havia me esquecido, e fora exatamente por isso que eu me tornara seu pierrot. Eu a queria bem, afinal.

 “Tá... Tudo bem”, arrisquei-me a continuar mesmo sob a dor exorbitante que castigava todo o meu corpo e – aos poucos – drenava minha energia. Se aqueles seriam os meus últimos momentos, eu permitiria. Permitiria que ela visse minha face verdadeira, a que chora e sente tristeza. Era normal, ademais.

  Abraçou-me.

  “Vai ficar tudo bem”, mesmo que oculto, eu sabia que seu rosto esbanjava um sorriso. Ela havia, por fim, atendido ao meu pedido, ao pedido do pierrot que sempre estivera ao seu lado para alegrá-la.

  Sorri. E meu lado mentiroso – o que se ocultava sob aquela máscara de alegria – finalmente se eternizou.


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Notas finais do capítulo

AHHH! Armin, seu idiota! (Risos). E e essa minha relação de amor e ódio com o pobre gamer (risos). Mas fazer o que se o 'bacuri tem cara de vilão, né? Não faz mal, Armin, a Crazy-chan te ama do mesmo jeito, tá? (Risos).

Enfim, o que acharam? Eu sei que o tema foi mais dramático e tal, mas é como eu bem disse nas notas iniciais... Ouvi, me apaixonei (risos). Espero, do fundinho de meu coração, que tenham gostado também.

"Mas Crazy-chan! Por que Pierrot?". Simples, pessoinhas... Acho que fica evidente, mas, em todo caso, é uma metáfora. Não há circos de verdade na história, nem palhaços e coisa e tal (apesar de a música que serviu de inspiração realmente retratar isso, no literal). Apesar de Nath não ser um verdadeiro "pierrot", ele se considerava um pelo simples fato de estar sempre alegrando Louise, a garota sempre entristecida pela qual ele nutria certos "sentimentos" (os quais eu deixarei a encargo de vocês, hue!).

Link para a música: https://www.youtube.com/watch?v=CI6xlqNsklU
Link para o fancover em português: https://www.youtube.com/watch?v=qaLlh5YlPrI

Muito obrigada a todos os que leram até aqui! Até a próxima!



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