Eram 7:30 quando chegou ao seu consultório em Mystic Falls, cumprimentou a secretária e foi para sua sala se organizar para os primeiros pacientes do dia. Gwen era psicóloga e tinha chegado há pouco tempo na cidade, mas já tinha uma boa quantidade de pacientes por ser uma cidade pequena e com menos opções do que uma cidade grande.

O dia transcorreu normalmente e ao final do expediente decidiu ir pela primeira vez ao famoso Mystic Grill dar uma relaxada e, quem sabe, conhecer novas pessoas na cidade. Sentou-se numa mesa, pediu um cappuccino e continuou a leitura do livro Anna Karenina do russo Liev Tolstói.

— Hey, eu sou Damon Salvatore - Levou um leve susto ao ver o moreno dos olhos claros sentando-se à sua frente.

— Gwen Sheperd - Respondeu gentilmente com um sorriso sem mostrar os dentes.

— Não pude deixar de reparar que você é nova na cidade, o que te trouxe para Mystic Falls? - Pelo seu tom ele parecia querer extrair alguma informação "secreta" dela.

— Sim, cheguei há pouco tempo, vim trabalhar como psicóloga, meu consultório é a duas quadras daqui - Seu cappuccino chegou e ela agradeceu o garçom - E você, Damon, o que faz aqui?

— Resolvo os problemas que meu irmão cria - Disse com uma certa arrogância e ela percebeu que aquilo havia sido um eufemismo e que ele também não era o santo da história.

— Ele está te incomodando, sweetheart? - Klaus apareceu atrás dela com um olhar ameaçador para Damon.

— Não, estávamos só conversando - Virou-se e sorriu para o loiro que havia conhecido há alguns dias.

— Klaus? - O moreno revezava o olhar entre Gwen e Klaus desconfiando de algo, mas apenas se levantou dando-se por vencido. Ela percebeu que a presença dele ali o intimidou - Eu já estava de saída, bem vinda à Mystic Falls, Gwen - Despediu-se passando pelo Original e recebendo um olhar assassino em resposta.

— Percebi uma tensão no ar ou foi só impressão minha? - Ela comentou.

— Não foi nada, mas devo dizer que os Salvatore não são boas companhias - Sorriu - Posso? - Indagou apontando para a cadeira à sua frente.

— Por favor.

Os dois começaram a conversar animadamente e a psicóloga não pode deixar de notar alguns olhares sobre eles, todos pareciam muito atentos à conversa dos dois e isso a deixava desconfortável, mesmo que não fosse um assunto confidencial era uma falta de respeito.

Mesmo incomodada decidiu ignorar e manter seu foco totalmente em Klaus e no assunto sobre o qual conversavam. Além de ser um homem lindo e extremamente charmoso com seu sotaque, ele também tinha ótimos assuntos, comentou sobre o livro que ela lia, arte, história, culturas em geral que era um de seus tópicos preferidos. Passaram horas conversando até se darem conta de que o bar estava prestes a fechar.

— Já é essa hora? - Ela comentou espantada e riu.

— Quando a conversa é boa o tempo voa.

— Vou pagar minha conta e ir para casa, tenho que acordar cedo amanhã.

— Não, deixa que eu pago.

— Klaus...

— Eu insisto - Disse interrompendo-a.

— Obrigada - Sorriu - Foi ótimo encontrá-lo novamente, vejo você por aí?

— Na verdade, você tem algum compromisso amanhã à noite?

— Não, vou estar em casa, por que?

— Nos vemos amanhã então, love— Ele disse sorrindo e a deixou ali confusa.

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— Quem é ela? - Caroline perguntou enquanto se acomodava em um dos sofás da sala dos Salvatore. Damon, Stefan e Elena estavam lá.

— Ela parece normal - Stefan começou - A não ser pelo fato de ser amiga do Klaus.

— Exatamente, e vocês já ouviram falar de algum amigo dele? Nem os irmãos dele são grandes fãs dele - Damon comentou.

— Mas o que ela seria então? - Elena iniciou uma linha de raciocínio - Ela não é uma bruxa, senão ia saber na hora o que Damon é, mas ela também não deve ser uma vampira porque ela anda no sol sem qualquer colar ou anel...

— E os assuntos dela com ele pareciam assuntos normais - Stefan completou.

— Lobisomem? - Damon sugeriu.

— A conversa entre vocês dois teria sido diferente - O irmão rebateu.

— Então a única coisa que sabemos é que eles são amigos? - Caroline parecia pensar em algum detalhe que havia perdido.

— É o que aparenta - Elena respondeu.

— Na verdade a única certeza que temos é de que, amigos ou não, ele se importa com ela - Stefan disse e todos concordaram.

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Já passava das onze da noite quando Gwen estava distraída vendo alguma de suas séries na sala, pensava que Klaus a visitaria pelo o que havia dito no dia anterior, mas até então ele não tinha dado as caras. Estava adormecendo no sofá quando ouviu baterem sua porta, levantou-se um pouco sonolenta e viu que era o loiro com uma mão apoiada no batente da porta e a cabeça baixa. Abriu a porta e quando ela viu seu rosto assustou-se, havia sangue ao redor de seus lábios até seu queixo e seu olhar parecia cansado.

— Me desculpe o atraso, love, mas tive uns problemas para resolver - Klaus comentou como se nada tivesse acontecido e percebeu a expressão de medo no rosto de Gwen - Trouxe as roupas que me emprestou e uma garrafa de vinho... Sei que não é um horário muito apropriado, mas preciso de um ouvido amigo.

— C-claro - Ela gaguejou e abriu espaço para que ele entrasse mesmo com o medo dominando seu corpo.

— Não precisa ficar com medo, eu posso explicar - Ele sorriu - E eu jamais te machucaria, Gwen - Ele olhava fundo nos seus olhos e percebeu que, apesar de toda aquela situação ser estranha, ele dizia a verdade.

Assim que ele entrou, Gwen fechou a porta atrás de si, guardou as roupas que ele lhe havia devolvido, pegou duas taças de vinho e o acompanhou até a lareira onde cada um se sentou em uma poltrona. A essa altura Klaus já tinha limpado o sangue em seu rosto.

— Eu não sei se você percebeu, mas as pessoas desse lugar não são grandes fãs de mim - Ele começou enquanto servia uma taça para ela - É muito cedo para eu lhe contar qualquer coisa sobre mim ou sobre os segredos dessa cidade, mas as circunstâncias me obrigam. Além do mais, confio que você vai manter esse conversa apenas entre nos dois...