Uma Noite de Amor escrita por Amélia


Capítulo 7
Saturno Basketball


Notas iniciais do capítulo

Hoje o capítulo será narrado pelo Leonardo! Boa leitura ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/721461/chapter/7

Leonardo Velasques.

As inscrições para os times do colégio estavam em seus últimos dias. Se eu já sabia para qual faria teste? A resposta é definitivamente não. Seguir os passos do meu pai, ou criar meus próprios trilhos? Se você souber, por favor, me diga.
Um dos meus defeitos, ou até mesmo pontos positivos, é que por mais que eu esteja aflito, ansioso, triste, brabo, eu consigo passar uma expressão extremamente calma, como se minha vida estivesse normal e nada acontecesse. Isso era o que realmente me ajudava em casa, pois assim poderia esconder de meu pai meus verdadeiros sentimentos.

Ultimamente estava usando a Amélia para poder esquecer meus problemas, pois ela tinha esse poder sobre mim que ninguém nunca teve. Amélia conseguia desenterrar felicidade onde havia aflição, com apenas um sorriso. O que esta menina tem que ninguém mais tem? Mais uma vez, não tenho respostas.

Antes de tudo eu precisava descobrir o que eu mais gostava, e também para o que eu tinha mais habilidade. Futsal sempre jogara com meu pai, assistia a seus treinos e competições, ele sempre me ensinou todas as regras e técnicas, nisto eu tinha vantagem. Por outro lado, basquete eu nunca havia jogado tanto quanto futsal, e quando jogava, era sozinho. Mas era algo que me libertava, me deixava feliz, mas não tinha tanta vantagem assim.

Mike era jogador de basquete e descobrindo meu secreto entusiasmo pelo mesmo, convidou-me para treinar com ele depois do colégio já que seu condomínio tinha uma quadra onde jogava nos finais de semana.
Lógico que não contei sobre minhas dúvidas, na verdade falei que pensava apenas em me inscrever para futsal, ninguém precisava saber daquilo além de mim, não é mesmo?

Almoçamos e descemos para a quadra, por conta do horário não havia ninguém no local o que me deixou mais confortável, ninguém vendo seria muito melhor. Como eu disse, nunca joguei com nenhuma pessoa.
Havia um parquinho para crianças ao lado esquerdo da quadra e ao direito, tinha três assentos com algumas árvores por trás. O clima estava fresco com apenas o vento balançando nossos curtos cabelos.

— Você sabe as regras, vamos começar – disse Mike oficializando o início do jogo.

Não acreditei quando em poucos minutos a primeira cesta foi minha. A segunda também, e quando dei por mim, já estava no décimo ponto. Basquete era minha felicidade secreta, e poder mostrar isso para alguém a não ser eu mesmo, era magnífico. Mike fez sinal de tempo e com suas mãos apoiou seus joelhos, em seguida sentou e com cara de cansaço ergueu seus olhos dizendo:

— Você tem certeza que nunca jogou com ninguém? Não fez treino nem nada?

— Tenho certeza – respondi satisfatoriamente.

— Cara, entra no Saturno e estamos garantidos na final.

— Que exagero, Mike – falei me sentando ao seu lado no chão.

Que ideia.

— Eu jogo basquete desde pequeno, não sou nem um pouco ruim e você conseguiu me vencer em poucos minutos de jogo. Não me venha dizer que é exagero.

— Eu sempre tive essa satisfação por basquete, mas preciso gostar de futsal para agradar meu pai.

— Por que? – perguntou Mike curiosamente tirando os cabelos de seu rosto.

— Meu pai é técnico do Savage Futsal Club, o sonho dele é que eu também jogue futsal igual ele jogava na minha idade, e talvez assim possa ganhar uma bolsa de estudos na melhor Universidade da cidade.

— Você também pode ganhar uma bolsa jogando basquete – falou Mike bebendo goles de água da sua garrafinha.

— Você não entende, ele quer que eu jogue futsal e não outro esporte, ele quer que eu seja igual ele para ter orgulho de mim – falei fitando o chão.

— Que situação chata, se eu pudesse ajudar você...

— Ninguém pode me ajudar, mas, por favor, não conte a ninguém sobre nossa conversa de hoje – pedi o interrompendo.

— Pode ficar tranqüilo, mas Leo, você precisa fazer o que você gosta e não o que os outros gostam. Pois quem vai jogar é você, é sua felicidade em jogo. Se você mudar de idéia, as inscrições ainda estão abertas, com certeza você entra. Claro que precisa treinar bastante, mas tu és ótimo. Você tem jeito, e o Saturno precisa de pessoas como você.

As palavras do Mike entraram e fizeram uma reviravolta em meus pensamentos. Futsal era minha prática, mas basquete era minha alegria. Eu só não sabia como lidar tudo isso com meu pai.

***

Estava na quadra do colégio, onde o Saturno treina. Ao meu lado estava Mike, ele me trouxera para assistir ao treino deles, com certeza querendo me convencer a me inscrever para basquete.

A quadra era imensa, como tudo daquele colégio é. Nas arquibancadas só havia pouquíssimas pessoas, algumas meninas que eram namoradas dos jogadores e alguns meninos que só estavam de passagem.
Sentei-me no meio das arquibancadas, onde dava para ter uma visão melhor do jogo. O treinador do Saturno para minha curiosidade era o nosso professor Bernardo de geografia. Fiquei meio desapontado por ser logo ele, pois o mesmo era muito fechado em sala de aula. Nunca sorria e mal conversava com os alunos.

Ele adentrou pela quadra e conversou com os jogadores, fizeram um curto alongamento e começaram a treinar. Mike ficava na posição de guarda, e eram engraçadas as caretas que ele fazia enquanto jogava.
Bernardo parou o treino e chamou atenção de um garoto que estava na ala, depois voltaram a jogar e assim sucessivamente.

O jogo estava tranqüilo, alguns gritos do técnico, mas tudo conforme precisa ser. Notei que havia um garoto alto; o armador; estava indo bem até então, mas infelizmente ele bateu de frente com outro jogador e caíram. Não foi nada grave, porém sua mão estava machucada e ele precisou sair da quadra.
Não tinha nenhum substituto no momento e pelo jeito Mike pensou em mim. Ele falou com o técnico e por vinte e longos segundos os dois me encaravam com a expressão muito pensativa. Bernardo assentiu, e Mike veio sorrindo em minha direção.

— Cara desce daí, porque você vai jogar com nós hoje.

— Eu o que? – falei tentando raciocinar cada palavra dita por ele.

— Só vem.

Fiquei paralisado, mas esta era uma oportunidade única e segundo o Mike eu não era tão ruim assim, jogar seria muito bom. Então desci da arquibancada e fui direto ao encontro dos demais jogadores. Hoje era o dia que eu me sentiria vivo, guardaria aquele momento para sempre.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Uma Noite de Amor" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.